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Drenagem linfática do abdome e da pelve

Visão geral da anatomia, funções e principais estruturas do sistema linfático.

A drenagem linfática do abdômen e da pelve é feita por uma rede de vasos e linfonodos que coletam e transportam a linfa. Um importante papel do sistema linfático inclui a remoção de várias substâncias (rejeitos celulares, água, proteínas etc.) do fluido intersticial. Ele também está envolvido na absorção de gordura no intestino e na proteção contra patógenos.

A linfa é filtrada nos linfonodos, através de suas células imunes, prontas para montar uma resposta imunológica. Ele é semelhante ao sistema de segurança de um aeroporto - não dá pra escapar devido a sua posição estratégica, é desconfortável para os “bandidos” e revista constantemente cada pessoa.

Fatos importantes sobre a drenagem linfática do abdômen e da pelve
Parede abdominal Sistema superficial: para os linfonodos axilares, paraesternais e inguinais superficiais 
Sistema profundo: para os linfonodos lombares 
Retroperitônio Para os linfonodos lombares
Trato gastrointestinal Para os linfonodos mesentéricos superiores e inferiores
Glândulas adrenais Para os linfonodos lombares
Órgãos do sistema urinário Para os linfonodos lombares e ilíacos
Órgãos reprodutores Para os linfonodos lombares, ilíacos e inguinais
Abdômen e pelve Para o ducto torácico

Este artigo vai focar no sistema linfático do abdômen e da pelve, explicando a drenagem dos órgãos destas regiões e seus linfonodos associados.

Conteúdo
  1. Drenagem do abdômen e da pelve 
  2. Parede abdominal 
  3. Peritônio 
  4. Estômago 
  5. Intestinos delgado e grosso 
  6. Fígado e vesícula biliar 
  7. Pâncreas
  8. Baço
  9. Rins 
  10. Bexiga
  11. Órgãos reprodutores 
  12. Nota clínica 
  13. Referêncais
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Drenagem do abdômen e da pelve 

A linfa dos órgãos abdominais chega aos troncos linfáticos lombares (direito e esquerdo) e intestinais, passando pelos linfonodos ao redor dos grandes vasos abdominais. Estes troncos se unem na cisterna do quilo (cisterna chyli), formando o ducto torácico. Este grande vaso linfático se esvazia no sistema circulatório venoso, na junção entre a subclávia esquerda e as veias jugulares internas.

A drenagem linfática da pelve se parece muito com a do abdômen. A linfa das vísceras pélvicas chega aos linfonodos ilíacos comuns após passar por outros linfonodos (ilíacos externos, ilíacos internos e sacrais), localizados junto aos grandes vasos sanguíneos pélvicos. Os troncos linfáticos lombares coletam subsequentemente a linfa dos linfonodos ilíacos comuns.

Aprenda mais sobre os sistemas do corpo humano e, especialmente, sobre o sistema linfático.  

Parede abdominal 

A parede abdominal anterior possui dois sistemas de drenagem linfática: 

  • um sistema superficial que drena a pele e o tecido subcutâneo;
  • um sistema profundo que drena principalmente a musculatura e os ossos.

O sistema superficial é dividido em dois territórios por um plano horizontal imaginário que passa a nível do umbigo (plano transumbilical). A maioria da linfa do território supra-umbilical é drenada por vasos linfáticos que se esvaziam nos linfonodos axilares anteriores ou peitorais, com uma pequena porção drenando nos linfonodos paraesternais. Já os vasos linfáticos do território infra-umbilical seguem os vasos epigástricos superficiais e drenam nos linfonodos inguinais superficiais.

Já os vasos linfáticos do sistema profundo seguem o curso de alguns vasos mais profundos, possuindo três principais vias:

  • A via epigástria superior, que segue a artéria epigástrica superior e drena nos linfonodos paraesternais 
  • A via epigástrica inferior, que segue a artéria epigástrica inferior e drena nos linfonodos ilíacos externos
  • A via intercostal, que segue as artérias intercostal inferior e subcostal e drena nos linfonodos mediastinais posteriores. 

Para mais informações sobre a anatomia da parede abdominal, acesse o link a seguir.

A drenagem linfática da parede abdominal posterior segue um caminho semelhante, com as redes superficial e profunda drenando esta região. A drenagem superficial é feita nas regiões lombar e ilíaca via vasos linfáticos que seguem os vasos sanguíneos circunflexos superficiais. Os vasos linfáticos profundos seguem duas vias de drenagem principais:

  • A via lombar que segue as artérias lombares e drena nos linfonodos aórticos laterais.
  • A via ilíaca que segue a artéria circunflexa ilíaca profunda e drena nos linfonodos ilíacos externos.

Peritônio 

O peritônio é uma membrana serosa que reveste a parede abdominal e a maioria dos órgãos internos.

Para compreender melhor o peritônio, não deixe de conferir o artigo abaixo.

Posterior a ele está o espaço retroperitoneal, no qual estão as estruturas anatômicas que não são revestidas pelo peritônio visceral (como os rins, os cólons ascendente/descendente, entre outros). Como a linfa é drenada do retroperitônio? Os linfonodos lombares ou retroperitoneais estão comummente localizados ao redor da aorta abdominal e da veia cava inferior, formando três grupos distintos: lombar esquerdo (para-aórtico), lombar direito (para-caval) e linfonodos intermediários. Este último grupo está situado entre os dois grandes vasos abdominais.  

Os linfonodos lombares esquerdos ou para-aórticos estão situados na vizinhança da aorta abdominal. Eles são divididos em vários subgrupos e drenam parte do tracto gastrointestinal, os órgãos internos localizados no lado esquerdo do abdômen, o ovário/testículo esquerdo, assim como tecidos profundos da parede abdominal posterior. Já os linfonodos lombares direitos ou para-cavais, circundam a veia cava inferior. Eles também são formados por vários subgrupos e drenam parte do tracto gastrointestinal e outras estruturas localizados no lado direito do abdômen (ex: rim e glândula adrenal direitos), bem como a gônada direita.

Faz sentido, certo? Se você se lembrar que a aorta fica um pouco à esquerda no abdômen e que a veia cava fica mais à direita, o aprendizado fica lógico sem demandar muita memorização.

Resumo dos linfonodos (retro)peritoneais
Lombares esquerdos (para-aórticos)  Localização: adjacente à aorta abdominal 
Grupos: pré-aórtico (celíaco, mesentérico superior, mesentérico inferior), aórtico lateral, retro-aórtico
Drenagem: tracto gastrointestinal, estruturas abdominais esquerdas, testículo/ovário esquerdo
Lombares direitos (para-cavais) Localização: adjacente à veia cava inferior 
Grupos: pré-caval, caval lateral, retro-caval 
Drenagem: tracto gastrointestinal, estruturas abdominais direitas, testículo/ovário direito
Lombares intermediários Localização: entre a aorta abdominal e a veia cava inferior 

Estômago 

Como você sabe, o peritônio recobre vários órgãos internos, então vamos ver um de cada vez e entender cada drenagem linfática. O estômago é um órgão do sistema digestivo que possui quatro partes e duas curvaturas, todas muito relacionadas com sua drenagem linfática. Os vasos linfáticos que drenam todo este órgão correm ao longo das curvaturas maior e menor do estômago e se esvaziam nos linfonodos gástricos e gastro-omentais (gastro-epiplóicos). A porção pilórica é drenada pelos linfonodos pilóricos, que se esvaziam nos linfonodos celíacos. Este último se localiza ao redor do tronco celíaco.

Para mais detalhes sobre a drenagem linfática do estômago, dê uma olhada nas seguintes fontes: 

Intestinos delgado e grosso 

Avançando no sistema digestivo, chegamos aos intestinos delgado e grosso. O intestino delgado está ancorado à parede abdominal pelo mesentério, uma estrutura chave para a sua drenagem linfática. O mesentério contém uma extensa rede de linfáticos com aproximadamente 150 linfonodos, que são organizados em três grupos:

  • linfonodos justa-intestinais (encontrados ao longo das arcadas arteriais periféricas) 
  • linfonodos mesentéricos intermediários (localizados ao longo das artérias jejunal e ileal), e 
  • linfonodos mesentéricos superiores (centrais) (encontrados ao longo da artéria mesentérica superior). 

Você fica perdido entre tantos detalhes anatômicos? Confira o guia de estudo em anatomia humana para saber qual o caminho percorrer. 

A linfa passa sequencialmente através desse grupo de linfonodos antes de chegar aos linfonodos mesentéricos superiores. A linfa do duodeno proximal é drenada através dos linfonodos pancreaticoduodenais superiores, pilóricos e hepáticos, até chegar aos linfonodos celíacos. O íleo terminal também é uma exceção, pois sua linfa segue a artéria ileocólica até os linfonodos ileocólicos. A linfa do intestino delgado é importante no transporte de lipídeos e vitaminas lipossolúveis. 

O intestino grosso representa a última parte do sistema gastrointestinal e é dividido em várias partes, cada uma com sua própria drenagem linfática.

Drenagem linfática do intestino grosso
Ceco Linfonodos cecais -> linfonodos ileocólicos -> linfonodos mesentéricos superiores
Apêndice Linfonodos apendiculares -> linfonodos mesentéricos superiores
Cólon ascendente Parte inferior: linfonodos ileocólicos e paracólicos;
Parte superior: linfonodos cólicos direitos -> linfonodos mesentéricos superiores e/ou lombares direitos 
Cólon transverso Linfonodos cólicos médios -> linfonodos mesentéricos superiores 
Cólon descendente Linfonodos direitos -> linfonodos mesentéricos inferiores
Cólon sigmóide Linfonodos sigmóides -> linfonodos mesentéricos inferiores
Reto Parte superior: linfonodos retais e pararretais superiores -> linfonodos mesentéricos inferiores
Parte inferior: linfonodos pararretais -> linfonodos sacrais e ilíacos internos
Canal anal Acima da linha pectínea: linfonodos ilíacos internos
Abaixo da linha pectínea: linfonodos inguinais superficiais

No final, os linfonodos celíacos e mesentéricos, que como você pode ver, drenam a maior parte do tracto gastrointestinal, se esvaziam no tronco linfático intestinal. Quer saber mais sobre como os 7.5 metros de intestino são drenados e para onde vai a linfa? Dê uma olhada nos links em baixo:

Fígado e vesícula biliar 

O fígado e a vesícula biliar são dois órgãos acessórios do sistema digestivo responsáveis por muitas funções importantes, como por exemplo desintoxificação e emulsificação da gordura. A drenagem linfática do fígado é dividida em dois sistemas, um superficial e um profundo: 

  • A rede linfática superficial está localizada na cápsula fibrosa superficial do fígado (cápsula de Glisson). Os vasos linfáticos da superfície anterior/convexa do fígado seguem a tríade portal, drenando nos linfonodos hepáticos localizados na veia porta. A linfa continua até aos linfonodos celíacos, que subsequentemente drenam na cisterna do quilo. Ao contrário, os vasos linfáticos superiores da porção posterior do fígado drenam principalmente nos linfonodos frênicos (diafragmáticos) e linfonodos mediastinais posteriores. Após passar através de vários linfonodos no caminho, a linfa desta região chega finalmente ao ducto linfático direito e ao ducto torácico.   
  • Os vasos linfáticos profundos do fígado seguem o tecido conjuntivo ao redor das veias hepáticas até a veia cava, onde eles alcançam os linfonodos mediastinais posteriores. Estes também se esvaziam no ducto linfático direito e no ducto torácico.

Os vasos linfáticos da vesícula biliar e do sistema biliar drenam em três vias, que são os linfonodos císticos, hepáticos e os linfonodos do forame omental. Destes locais, a linfa continua em direção aos linfonodos celíacos. 

Que tal testar os seus conhecimentos sobre a drenagem linfática do estômago, fígado e vesícula biliar?

Pâncreas

O pâncreas é outro órgão acessório do sistema digestivo que também tem um papel crucial no sistema endócrino. Ele é uma glândula tanto exógena que facilita a digestão, como endógena, que liberta insulina e glucagon. A cauda do pâncreas é drenada por vasos linfáticos que se esvaziam nos linfonodos esplênicos localizados ao longo da artéria esplênica. A linfa drenada do corpo do pâncreas é esvaziada principalmente nos linfonodos pancreáticos superiores e inferiores, enquanto os vasos que drenam a cabeça se esvaziam nos linfonodos pancreaticoduodenais. A linfa de todos estes linfonodos é subsequentemente transportada aos linfonodos mesentéricos superiores ou celíacos.

Só ler sobre anatomia pode se tornar algo cansativo. Por que você não aprende tudo sobre a drenagem linfática do pâncreas através das explicações dos experts em anatomia do Kenhub?

Baço

O baço tem uma drenagem linfática muito semelhante à da cabeça do pâncreas. Os vasos linfáticos viajam ao longo da artéria esplênica e drenam nos linfonodos esplênicos. Como você sabe, por sua vez, estes linfonodos drenam nos linfonodos celíacos

Aproveite esse momento para testar os seus conhecimentos sobre a drenagem linfática do pâncreas, duodeno e baço.

Rins 

Os rins são dois órgãos retroperitoneais responsáveis pela filtração do sangue e produção de urina. Sua drenagem linfática segue o curso das veias renais e acaba nos linfonodos para-cavais (lombares direitos) e para-aórticos (lombares esquerdos). Situada no topo dos rins, estão as glândulas adrenais, duas glândulas endócrinas que podem induzir a resposta de “fuga ou luta” quando enfrentamos algo perigoso. Os seus vasos linfáticos drenam nos linfonodos lombares ipsilaterais.

Bexiga

A urina produzida nos rins chega até a bexiga urinária através dos ureteres, local onde ela é armazenada até a micção. Os ureteres descem da pelve renal dos rins transportando a urina até a bexiga. A drenagem linfática dos ureteres é dividida em três partes; o terço superior é drenado pelos linfonodos lombares, o terço médio pelos linfonodos ilíacos comuns, enquanto o terço inferior é drenado pelos linfonodos ilíacos externos e internos.

A linfa da bexiga é drenada para os linfonodos ilíacos internos e externos. Os primeiros recebem a linfa principalmente do colo e do fundo da bexiga. A bexiga é contínua com a uretra, uma estrutura tubular que transporta a urina para o ambiente externo. A uretra feminina drena principalmente para os linfonodos ilíacos internos. Entretanto, a uretra masculina, mais longa, drena em duas direções: a parte proximal para os linfonodos ilíacos internos e a parte distal, para os linfonodos inguinais. Melhore a sua memorização a longo prazo da drenagem linfática dos órgãos urinários com os recursos abaixo.

Agora é uma boa hora para fazer uma pausa na leitura e testar seus conhecimentos sobre a drenagem linfática dos órgãos do sistema urinário.

Órgãos reprodutores 

A reprodução é essencial para a sobrevivência da espécie humana, pois ela envolve a geração de novas populações e passa nossos genes para as futuras gerações. O sistema reprodutor masculino possui várias partes anatômicas, algumas das quais são internas enquanto outras são externas. Elas estão evidenciadas na tabela a seguir, juntamente com suas drenagens linfáticas.

Drenagem linfática do sistema reprodutor masculino
Testículos e Epidídimo Testículo direito: linfonodos lombares direitos (para-cavais)
Testículo esquerdo: linfonodos lombares esquerdos (para-aórticos)
Ducto deferente, Ducto ejaculatório, Vesículas seminais, Glândulas bulbouretrais, Próstata Linfonodos ilíacos internos e externos
Pênis Pele: linfonodos inguinais superficiais
Glande e corpo cavernoso: linfonodos inguinais superficiais, inguinais profundos e ilíacos externos
Escroto Linfonodos inguinais superficiais

O sistema reprodutor feminino tem funções similares ao masculino, porém ele é mais complexo devido a sua necessidade de acomodar um feto em desenvolvimento. Ele também está associado a um ciclo hormonal menstrual intrincado que induz mudanças fisiológicas e anatômicas importantes no corpo. A drenagem linfática de cada parte específica está destacada abaixo:

Drenagem linfática do sistema reprodutor feminino
Ovários Linfonodos lombares direitos e esquerdos 
Trompas de Falópio Linfonodos lombares direitos/esquerdos e ilíacos internos
Útero Fundo: linfonodos lombares e inguinais superficiais 
Corpo: linfonodos ilíacos externos
Cervix: linfonodos ilíacos internos e sacrais
Vagina Porção superior: linfonodos ilíacos internos e externos
Porção média: linfonodos ilíacos internos
Porção inferior: linfonodos sacrais e ilíacos comuns
Orifício externo: linfonodos inguinais superficiais
Vulva (genitália externa feminina) Linfonodos inguinais superficiais e profundos

Os vasos linfáticos que drenam cada parte do sistema reprodutor feminino, seguem a trajetória dos vasos sanguíneos, por isso um conhecimento amplo da anatomia dos sistemas reprodutores do homem e da mulher é essencial. Clique abaixo para melhorar seus conhecimentos! 

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Kim Bengochea Kim Bengochea, Universidade de Regis, Denver
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