Baço
O baço é o maior órgão do sistema linfático, uma subdivisão do sistema imunológico. A rede de trabéculas, vasos sanguíneos e tecido linfoide que formam o órgão, compõem um ambiente onde os linfócitos proliferam e os eritrócitos danificados são reciclados.
Embora possa parecer dispensável, pois é possível viver sem ele, o baço está constantemente filtrando o sangue para detectar a presença de microorganismos. Além disso, ele também contém um grande reservatório de sangue que pode ser bombeado de volta para a circulação, se necessário.
Definição | Órgão linfático intraperitoneal encontrado do lado esquerdo do abdome, inferiormente ao diafragma |
Localização | Hipocôndrio esquerdo (quadrante superior esquerdo) |
Estrutura | Cápsula, trabéculas, polpa branca, polpa vermelha |
Função | Vigilância imunológica, proliferação e maturação dos linfócitos, degradação de eritrócitos senescentes e danificados |
Vascularização e inervação | Artéria: artéria esplênica Veia: veia esplênica Linfonodo: linfonodo celíaco Inervação: plexo celíaco |
Notas clínicas | Esplenectomia, ruptura do baço |
Este artigo abordará a anatomia e a função do baço.
- Localização do baço
- Anatomia
- Anatomia microscópica
- Vascularização
- Drenagem linfática
- Inervação
- Função
- Notas clínicas
- Referências
Localização do baço
Para melhor detalhar a localização do baço, descreveremos suas relações anatômicas. O baço encontra-se no hipocôndrio esquerdo do abdome (quadrante superior esquerdo). Mais precisamente, ele está localizado posteriormente ao estômago e anteriormente ao hemidiafragma esquerdo, ao nível das costelas 9-10. Medialmente ao baço encontra-se o rim esquerdo; superiormente, o diafragma; e inferiormente ele repousa diretamente sobre a flexura cólica esquerda (flexura esplênica).
Embora o baço possa descer até a sínfise púbica, como acontece no linfoma de células do manto, ele normalmente não se estende além do arco costal esquerdo e, portanto, não é palpável em indivíduos saudáveis.
Anatomia
O baço é um órgão roxo do tamanho de um punho. É envolvido por uma cápsula fibroelástica que permite o aumento significativo do seu tamanho quando necessário. É um órgão intraperitoneal, de modo que todas as suas superfícies estão recobertas por peritônio visceral. Apenas o hilo do baço, o local por onde passa a artéria e veia esplênicas, é livre de peritônio.
Os órgãos adjacentes ao baço deixam impressões em sua superfície que podem ser facilmente observadas e descritas.
- Superfície diafragmática (lateral): inclina-se sobre a porção adjacente do diafragma, portanto é ligeiramente convexa para se encaixar perfeitamente na concavidade do hemidiafragma esquerdo. Esta superfície também mostra impressões das costelas 9-11.
- Superfície medial do baço: possui três áreas de impressão. A área cólica é a impressão da flexura cólica esquerda, a área gástrica é a impressão do estômago e a área renal é a impressão do rim esquerdo. O hilo esplênico pode ser encontrado na região central dessa superfície.
O baço possui três margens (superior, inferior e anterior), assim como duas extremidades (anterior e posterior). A margem superior limita a área gástrica, a margem inferior limita a área renal e a margem anterior limita a área cólica.
Ligamentos esplênicos
Os ligamentos esplênicos são três. Eles se originam de estruturas vizinhas e seguem até o baço. Dois desses ligamentos se conectam ao hilo esplênico e são atravessados pelos vasos esplênicos. O ligamento gastroesplênico conecta o hilo à curvatura maior do estômago, e contém os vasos gástricos curtos e as artérias e veias gastromentais (gastroepiplóicas). O ligamento esplenorrenal conecta o hilo esplênico ao rim esquerdo, e transporta a artéria e a veia esplênicas. Por último, o baço repousa no ligamento frenocólico, que se origina no cólon e também é conhecido como sustentaculum lienis.
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Anatomia microscópica
É importante entender a anatomia microscópica do baço para compreender a sua função. Numerosos septos chamados de trabéculas se estendem desde o tecido conjuntivo denso fibroelástico irregular da cápsula até o parênquima do baço. Tanto a cápsula como as trabéculas contêm células mioepiteliais que têm a capacidade de se contrair. Como o baço armazena uma quantidade significativa de sangue, quando o corpo necessita, as células mioepiteliais se contraem, bombeando o sangue armazenado para o sistema circulatório. Isso acontece, por exemplo, durante atividade física intensa ou em uma hemorragia maciça.
O parênquima do baço é chamado de polpa. Com base na coloração da polpa em cortes a fresco, podemos distinguir a polpa branca e a polpa vermelha. A polpa branca é o principal tecido linfoide do baço, representando o acúmulo de linfócitos ao redor de um vaso arterial. Esta agregação de linfócitos constitui o tecido linfático conhecido como bainha linfática periarterial (BLPA), que é a primeira a reagir caso cheguem ao baço microorganismos através da corrente sanguínea. Os vasos arteriais centrais nos nódulos da BLPA são ramos da artéria esplênica.
A polpa vermelha consiste em seios venosos e cordões esplênicos (de Billroth), com um revestimento de macrófagos esplênicos ao redor dos seios. A artéria central da BLPA continua a partir da polpa branca e entra na polpa vermelha como um capilar. Esses capilares drenam para os cordões esplênicos, onde os macrófagos fagocitam os eritrócitos velhos e danificados. A partir daí, o sangue se difunde nos seios esplênicos, retornando assim, à circulação venosa.
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Vascularização
O suprimento arterial do baço vem da tortuosa artéria esplênica, que alcança o órgão à medida que segue através do ligamento esplenorrenal. Essa artéria emerge do tronco celíaco, que é um ramo da aorta abdominal.
A drenagem venosa do baço ocorre através da veia esplênica, que também recebe sangue da veia mesentérica inferior. Posteriormente ao colo do pâncreas, a veia esplênica se une à veia mesentérica superior para formar a veia porta hepática.
Drenagem linfática
Os linfonodos esplênicos encontram-se no hilo e recebem linfa através dos vasos linfáticos perivasculares e subcapsulares. Em seguida, drenam para os linfonodos pancreáticos superiores (pancreaticosplênicos) encontrados na superfície superior do pâncreas. A partir daí, a linfa é drenada para os linfonodos celíacos.
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Inervação
O baço é inervado pelos nervos autônomos do plexo celíaco, que fornecem ao baço tanto nervos simpáticos como parassimpáticos. Esses nervos formam o plexo esplênico, que chegam ao hilo esplênico cursando ao longo da artéria esplênica e seus ramos.
Função
O baço é um órgão linfoide secundário. Isso significa que o baço filtra o sangue e apresenta partículas estranhas (antígenos) aos linfócitos esplênicos. Desta forma, o baço estimula a maturação e a ativação dos linfócitos.
Ao filtrar o sangue, o baço também recicla eritrócitos senescentes e danificados. Em indivíduos saudáveis, aproximadamente um terço do total de plaquetas (trombócitos) é armazenado no baço. Nas doenças que resultam em aumento do baço (esplenomegalia), a quantidade de plaquetas sequestradas no baço aumenta até 90%, resultando em trombocitopenia (um baixo número de plaquetas no sangue circulante). Quando a trombocitopenia é grave, pode resultar em sangramento espontâneo, o que pode ser muito perigoso, especialmente se ocorrer no sistema nervoso central.
Nos fetos o baço é o local onde ocorre a hematopoiese, o que significa que ele é o local de formação de células sanguíneas até que a medula óssea se torne competente para assumir esse processo.
Notas clínicas
Esplenectomia
A esplenectomia é a remoção cirúrgica do baço. Apesar de sua importante função para o sistema imunológico, o baço não é um órgão vital. As razões para remover o baço incluem:
- Esplenomegalia maciça
- Ruptura do baço
- Infecção grave
- Baço errante
- Certos distúrbios do sangue, como anemia falciforme e púrpura trombocitopênica imune
Pessoas sem baço são mais propensas a infecções e precisam de vacinas adicionais e antibióticos profiláticos.
Ruptura do baço
O baço é o órgão abdominal lesado com maior frequência. A ruptura do baço pode ocorrer tanto em traumas penetrantes como em traumas fechados, e deriva da lesão da cápsula fibroelástica e consequente lesão do parênquima esplênico. Paradoxalmente, apesar do baço estar protegido posteriormente pelas costelas inferiores, a causa mais frequente de lesão do baço é a fratura dessas costelas. Outras causas de trauma esplênico são: traumas em outras regiões do abdome que causam aumento súbito da pressão intra-abdominal, podendo levar a ruptura da cápsula do baço e lesões durante cirurgias abdominais.
O baço é um órgão altamente vascularizado e sua ruptura leva a um grande sangramento para a cavidade peritoneal, podendo inclusive ocasionar um choque hemorrágico. As pequenas lacerações da cápsula, secundárias ao trauma fechado, e as hemorragias de pequeno volume podem ser tratadas com métodos conservadores, como a administração de substâncias hemostáticas. Porém, lesões com hemorragias ameaçadoras da vida devem ser tratadas com esplenectomia.
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