Pâncreas
O pâncreas tem um duplo papel, pois além de ser uma glândula exócrina do sistema digestivo, é também uma glândula endócrina produtora de hormônios. Ele é um órgão retroperitoneal, formado por cinco partes e por um sistema interno de ductos. O pâncreas é vascularizado pelas artérias pancreáticas, e é inervado pelo nervo vago (NC X), plexo celíaco e plexo mesentérico superior.
Este órgão é incrivelmente potente, e seu funcionamento desregulado e excessivo pode resultar na sua autodigestão, enquanto sua insuficiência pode levar ao coma.
Neste artigo, iremos explorar a anatomia do pâncreas, incluindo a sua localização, vascularização, inervação, drenagem linfática, função e alguns aspectos clínicos relevantes.
Localização | Retroperitoneal Regiões epigástrica, hipocôndrio esquerdo e umbilical |
Partes |
Externas: cabeça, processo uncinado, colo, corpo, cauda Internas: ducto pancreático principal (de Wirsung), ducto pancreático acessório (de Santorini) |
Função | Digestão através da liberação de peptidases, lipases, nucleases e amilases Regulação hormonal pela liberação de insulina (células beta), glucagon (células alfa) e somatostatina (células delta) |
Vascularização | Artérias pancreaticoduodenal, esplênica, gastroduodenal e mesentérica superior |
Inervação |
Parassimpática: nervo vago (NC X) Simpática: nervos esplâncnicos maior e menor |
Drenagem linfática | Linfonodos pancreáticos, esplênicos e pilóricos |
- Anatomia
- Função
- Vascularização
- Inervação
- Drenagem linfática
- Nota clínica
- Referências
- Artigos relacionados
Anatomia
Localização
O pâncreas é um órgão alongado de aproximadamente 15 cm que se localiza obliquamente na parede abdominal posterior, ao nível dos corpos vertebrais de L1 e L2. A sua posição oblíqua faz com que seja impossível visualizá-lo em sua totalidade usando apenas um corte transversal. O pâncreas está em contato com diversas estruturas, uma vez se estende por várias regiões abdominais (epigástrica, hipocôndrio esquerdo e umbilical).
Anterior | Estômago, bolsa omental, mesocólon transverso, artéria mesentérica superior |
Posterior | Aorta, veia cava inferior, artéria renal direita, veias renais direita e esquerda, vasos mesentéricos superiores, veia esplênica, veia porta hepática, rim esquerdo, glândula suprarrenal esquerda |
Superior | Artéria esplênica |
Lateral | Baço |
Medial | Duodeno (partes descendente e horizontal) |
Todo o pâncreas, com exceção de sua cauda, está localizado no espaço retroperitoneal da cavidade abdominal.
Partes
Agora que você já conhece a localização do pâncreas, está na hora de explorarmos a sua anatomia. Esse órgão parenquimatoso é dividido em cinco partes anatômicas: cabeça, processo uncinado, colo, corpo e cauda.
A cabeça é a porção medial e expandida do pâncreas. Ela fica em contato direto com as partes descendente e horizontal do duodeno, que formam um C em torno da cabeça do pâncreas. O processo uncinado projeta-se inferiormente a partir da cabeça do pâncreas e estende-se posteriormente em direção à artéria mesentérica superior. Lateralmente à cabeça encontramos o colo, uma estrutura pequena, com cerca de 2cm, que conecta a cabeça e corpo do pâncreas. Posteriormente ao colo estão a artéria e a veia mesentéricas superiores e a origem da veia porta hepática - formada pela união das veias mesentérica superior e esplênica.
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Lateralmente ao colo encontramos o corpo pancreático, formado por duas superfícies (anterior e posterior) e duas margens (superior e inferior). O colo está localizado anteriormente à vértebra L2, e forma o assoalho da bolsa omental. A aorta, a artéria mesentérica superior, os vasos renais esquerdos, o rim esquerdo e a glândula suprarrenal esquerda estão localizados posteriormente ao corpo do pâncreas. Finalmente, a cauda (intraperitoneal) está intimamente relacionada ao hilo do baço, e segue juntamente com os vasos esplênicos próximo ao ligamento esplenorrenal.
Agora que você aprendeu as relações anatômicas do pâncreas, avalie seus conhecimentos com o teste a seguir:
Ductos pancreáticos
O ducto pancreático principal (de Wirsung) atravessa todo o parênquima pancreático, desde a cauda até à cabeça. Ele se junta ao ducto biliar, na cabeça do pâncreas, para formar o ducto hepatopancreático, também conhecido como ampola de Vater, que desemboca na parte descendente do duodeno, através da papila duodenal maior. O fluxo através da ampola de Vater é controlado por um esfíncter muscular liso, chamado esfíncter de Oddi (hepatopancreático), que também previne o refluxo de conteúdo duodenal para o ducto hepatopancreático. As partes terminais dos ductos pancreático principal e biliar também têm esfíncteres, que desempenham um papel importante no controle do fluxo dos fluidos pancreático e biliar.
Além do ducto principal, o pâncreas também contém um ducto acessório (de Santorini). Ele se comunica com o ducto pancreático principal ao nível do colo pancreático, e desemboca na parte descendente do duodeno através da papila duodenal menor.
Para consolidar os seus conhecimentos sobre a anatomia dos ductos pancreáticos confira o teste abaixo:
Função
O pâncreas é um órgão único, pois possui tanto funções endócrinas como exócrinas. A sua função exócrina inclui a síntese e a liberação de enzimas digestivas no duodeno. A sua função endócrina envolve a liberação de insulina e glucagon na corrente sanguínea, dois importantes hormônios responsáveis pela regulação do metabolismo da glicose, dos lípidos e das proteínas.
As glândulas exócrinas pancreáticas sintetizam e liberam nos ductos pancreáticos enzimas digestivas inativas, chamadas de zimogênios. Ao atingir o duodeno, os zimogênios são ativados por enzimas proteolíticas, tornando-se peptidases, amilases, lipases e nucleases ativas, que atuam para digerir ainda mais os alimentos que entram no intestino delgado provenientes do estômago.
A função endócrina do pâncreas é desempenhada pelas ilhotas pancreáticas de Langerhans. Essas glândulas endócrinas secretam hormônios diretamente na corrente sanguínea, e possuem três tipos celulares principais: alfa, beta e delta. Não se preocupe, você não vai precisar de aprender todo o alfabeto grego para saber as funções do pâncreas! Resumidamente, as células alfa liberam glucagon, as células beta secretam insulina e as células delta produzem somatostatina. Esses hormônios são fundamentais para a regulação não só do metabolismo da glicose, mas também das funções gastrointestinais.
Se você está à procura de uma descrição mais aprofundada sobre a estrutura interna do pâncreas, incluindo a sua histologia, dê uma olhada no conteúdo a seguir.
Vascularização
O pâncreas recebe o seu suprimento sanguíneo de várias fontes. O processo uncinado e a cabeça do pâncreas são vascularizados pelas artérias pancreaticoduodenais superior e inferior, ramos das artérias gastroduodenal e mesentérica superior, respectivamente. Cada artéria pancreaticoduodenal tem um ramo anterior e um posterior que se projetam ao longo das respectivas faces do colo do pâncreas, onde formam as arcadas pancreaticoduodenais responsáveis por vascularizar cada face.
Por sua vez, o corpo e a cauda do pâncreas são irrigados pelas artérias pancreáticas, que se ramificam a partir das artérias esplênica, gastroduodenal e mesentérica superior. A artéria esplênica é a mais relevante para a vascularização dessas zonas do pâncreas.
A veia pancreaticoduodenal anterior superior desemboca na veia mesentérica superior, enquanto a veia pancreaticoduodenal anterior posterior desemboca na veia porta hepática. Tanto a veia pancreaticoduodenal anterior inferior como a veia pancreaticoduodenal posterior inferior drenam na veia mesentérica superior, enquanto as veias pancreáticas drenam o sangue venoso do corpo e da cauda do pâncreas na veia esplênica. Quer aprender mais sobre o suprimento sanguíneo do pâncreas? Aproveite os seguintes recursos!
Inervação
O pâncreas recebe inervação involuntária através do sistema nervoso autônomo (SNA). A sua inervação parassimpática provém do nervo vago (NC X), e a sua inervação simpática, dos nervos esplâncnicos maior e menor (T5-T12). Os dois tipos de fibras autônomas seguem até ao gânglio celíaco e plexo mesentérico superior, projetando-se, por fim, no pâncreas.
Dentro do órgão, essas fibras transportam impulsos nervosos para as células acinares e para as ilhotas pancreáticas. As fibras parassimpáticas estimulam a secreção das células acinares, levando à liberação de suco pancreático, insulina e glucagon. Já as fibras simpáticas promovem a vasoconstrição e a inibição da secreção exócrina, ou seja, inibem a liberação do suco pancreático.
A inervação simpática regula também a secreção hormonal, estimulando a liberação de glucagon e inibindo a de insulina.
Drenagem linfática
A linfa do corpo e da cauda do pâncreas é drenada nos linfonodos pancreáticos e esplênicos, localizados ao longo da artéria esplênica; enquanto a linfa da cabeça pancreática é drenada nos linfonodos pilóricos. Subsequentemente, a linfa é transportada para os linfonodos celíacos ou mesentéricos superiores.
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Nota clínica
Pancreatite
A pancreatite é um processo inflamatório do pâncreas que pode ser crônico ou agudo. As causas mais comuns de pancreatite aguda são cálculos biliares (obstrução do fluxo pancreático) e alcoolismo (aumento da síntese de enzimas pancreáticas). A pancreatite aguda manifesta-se com dor epigástrica severa, náuseas e vómitos. Ao exame físico, os pacientes revelam dor epigástrica, redução dos ruídos intestinais, febre, taquipneia, equimoses periumbilicais e no flanco esquerdo e, possivelmente, icterícia, se a causa for um cálculo biliar. Os exames laboratoriais evidenciam um aumento dos níveis séricos de amilase e lipase. O controle da pancreatite aguda envolve terapia de fluidos, manejo da dor, monitorização atenta e tratamento da causa subjacente.
Por outro lado, a pancreatite crônica envolve a inflamação progressiva ao longo de um grande período de tempo que causa dano estrutural permanente. A pancreatite crônica manifesta-se de forma não específica ou mesmo assintomática, até que evolua para a insuficiência pancreática. Nesta altura, o paciente começa a experienciar fezes claras com “cor de barro” (esteatorreia), devido à má absorção de gorduras e diabetes. O controle da pancreatite crônica geralmente envolve o manejo da dor, a suplementação de enzimas pancreáticas, assim como de vitaminas e lipases.
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