Glândula adrenal
As glândulas adrenais, também conhecidas como glândulas suprarrenais, são um par de glândulas endócrinas localizadas junto aos polos superiores dos rins. Elas possuem um importante papel na regulação de algumas funções vitais, como a pressão sanguínea, mas também estão envolvidas na mediação da resposta do corpo ao estresse.
Cada glândula adrenal é formada por um córtex e uma medula, que frequentemente são considerados órgãos distintos, uma vez que a suas origens embriológicas e funções são diferentes. O córtex se origina a partir da mesoderme, enquanto a medula se origina da crista neural. A função da glândula adrenal é regulada pelo hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) secretado pela adeno-hipófise, pela angiotensina II produzida pelos rins e pelo sistema nervoso simpático, através dos nervos esplâncnicos maiores. Esses mecanismos serão explicados mais adiante.
Definição | Glândulas endócrinas localizadas junto aos polos superiores dos rins, que secretam corticosteroides, hormônios androgênios e catecolaminas |
Camadas e hormônios |
Córtex adrenal Zona glomerulosa: aldosterona Zona fasciculada: cortisol Zona reticulada: deidroepiandosterona (DHEA) Medula adrenal |
Funções |
Resposta ao estresse Regulação dos níveis de hormônios androgênios Metabolismo de carboidratos e glicose |
Este artigo discute a anatomia, as funções e os hormônios do córtex e da medula adrenais.
- Localização e relações anatômicas
- Estrutura e função
- Vascularização e drenagem linfática
- Notas clínicas
- Referências
Que tal fazer uma revisão geral do sistema endócrino antes de continuar a leitura?
Localização e relações anatômicas
As glândulas adrenais repousam sobre os polos superiores dos rins, e são revestidas pela fáscia renal. Superiormente, elas estão conectadas aos pilares diafragmáticos.
As glândulas direita e esquerda possuem formatos ligeiramente diferentes. A glândula direita é mais piramidal e possui ângulos mais marcados. Isso ocorre porque ela dispõe de menos espaço, em função da presença do fígado. A glândula esquerda possui formato de meia-lua, e se orienta mais em direção ao aspecto medial do rim, sobre o seu hilo.
Cada glândula adrenal possui um hilo, através do qual as veias e os vasos linfáticos deixam a glândula. Os nervos e artérias, por outro lado, entram na glândula por outros locais.
Estrutura e função
A glândula adrenal é formada por duas camadas concêntricas: o córtex e a medula.
Córtex adrenal
O córtex adrenal produz hormônios que incluem os corticosteroides e os androgênios, que promovem retenção de água e sódio durante períodos de estresse. O resultado final desse efeito é o aumento da pressão sanguínea. O córtex adrenal é subdividido em três camadas:
- A zona glomerulosa é a camada mais externa. Ela produz mineralocorticoides, dos quais o mais importante é a aldosterona. Este hormônio atua na retenção de sódio, potássio e água pelos rins. A produção de aldosterona é promovida principalmente pela angiotensina II.
- A zona fasciculada é a camada intermediária. Ela produz glicocorticoides, principalmente o cortisol. Este hormônio estimula a gliconeogênese - a síntese de glicogênio, e suprime a atividade do sistema imunológico. A secreção de cortisol é regulada por um mecanismo de retroalimentação negativa que começa com o ACTH. O ACTH (hormônio adrenocorticotrófico) estimula a liberação de cortisol, que, ao alcançar os níveis adequados na corrente sanguínea, inibe a liberação de ACTH, resultando na redução da liberação de cortisol.
- A zona reticulada é a camada mais interna do córtex adrenal. A sua função é produzir androgênios fracos, como a deidroepiandosterona, ou DHEA, que é logo convertida em testosterona (tanto no sexo feminino quanto no masculino). A secreção de DHEA também é regulada pelo ACTH.
Medula adrenal
A medula é a parte central da glândula adrenal. Ela é derivada embriologicamente da crista neural, assim como todos os gânglios nervosos do corpo. É por isso que alguns autores consideram que a medula adrenal é um conjunto de neurônios simpáticos pós-ganglionares modificados.
A medula adrenal é formada por células cromafins. A principal função dessas células é secretar catecolaminas como a adrenalina (epinefrina) e a noradrenalina (norepinefrina). A secreção desses hormônios é regulada pelo sistema nervoso simpático, em outras palavras, pelas fibras nervosas simpáticas que inervam a glândula adrenal. Essas fibras chegam à medula adrenal através dos nervos esplâncnicos maiores.
O aumento da liberação de catecolaminas ocorre durante períodos de estresse. Os efeitos desses hormônios incluem a vasoconstrição (que aumenta a pressão arterial), o aumento da frequência cardíaca e o aumento dos níveis de glicose no sangue.
Vascularização e drenagem linfática
As glândulas adrenais recebem irrigação de três fontes:
- As artérias frênicas inferiores: originam as artérias suprarrenais superiores
- A aorta abdominal: origina as artérias suprarrenais médias
- As artérias renais: originam as artérias suprarrenais inferiores
As artérias frênicas inferiores se originam da face anterior da aorta abdominal, logo acima do tronco celíaco. Cada uma delas cursa superolateralmente, ao nível da margem medial da glândula, e emite numerosos ramos suprarrenais superiores, que entram na adrenal.
As artérias suprarrenais médias, por sua vez, se originam diretamente da face anterolateral da aorta abdominal, próximo ao tronco celíaco. Essas artérias possuem um trajeto horizontal até alcançar a margem medial da glândula através dos seus ramos.
Além disso, cada artéria renal origina um ramo suprarrenal inferior que entra no aspecto inferior da glândula adrenal. A artéria suprarrenal inferior esquerda cursa em um sentido vertical até a glândula, enquanto a artéria suprarrenal inferior direita possui um trajeto mais oblíquo para alcançar a glândula correspondente. O sangue das glândulas adrenais é drenado pelas veias suprarrenais direita e esquerda.
A veia suprarrenal direita possui um trajeto curto e horizontal, drenando diretamente na veia cava inferior. Por outro lado, a veia suprarrenal esquerda cursa verticalmente para se abrir na veia renal esquerda, que por sua vez drena na veia cava inferior. A drenagem linfática das adrenais se dirige aos gânglios linfáticos para-aórticos.
Consolide seu conhecimento com o seguinte teste sobre o sistema endócrino:
Notas clínicas
Síndrome de Cushing
As patologias da glândula adrenal envolvem o córtex ou a medula. Os adenomas hipofisários podem resultar em uma hipersecreção de ACTH. O excesso de ACTH causa um estímulo excessivo do córtex adrenal, o que resulta em hipercortisolismo, também conhecido como síndrome de Cushing. Essa patologia é mais comum em jovens do sexo feminino, e tem como sintomas imunossupressão, atrofia muscular, aumento de peso e hiperglicemia. O tratamento pode ser realizado com medicamentos ou com cirurgia.
Feocromocitoma
O feocromocitoma é um tumor primário da glândula adrenal. Esses tumores são raros, e provocam hipertensão arterial, que pode chegar a ser fatal. O feocromocitoma pode ainda afetar as células cromafins que se localizam fora das glândulas adrenais. O tumor provoca um aumento da secreção de catecolaminas, que resulta em uma resposta simpática excessiva. Os sintomas associados à doença incluem:
- diaforese (sudorese excessiva)
- dor na região lateral do abdome
- ansiedade
- tremores
- taquiarritmia (batimentos cardíacos rápidos e irregulares)
- cardiomiopatia (patologia do músculo cardíaco)
- hipotensão postural ou ortostática (diminuição drástica da pressão sanguínea ao assumir o ortostatismo)
O feocromocitoma pode ser tratado com cirurgia, em conjunto com a terapia medicamentosa.
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