Videoaula: Músculos da região anterior do pescoço

Olá a todos! Sejam muito bem-vindos a mais uma videoaula de anatomia. Hoje vamos falar sobre os diferentes músculos da região anterior do pescoço.

O que estamos vendo agora é uma imagem da região anterior do pescoço, e você pode ver que se nós removermos a pele, a gordura, os vasos e os nervos dessa região, ficamos apenas com os ossos e alguns músculos.

Agora eu vou remover este músculo aqui, que é conhecido como platisma, para expor os outros músculos sobre os quais vamos falar nesta videoaula. Nós vamos discutir as origens, as inserções, a inervação e as funções de cada um desses músculos da região anterior do pescoço.

E quais são, então, exatamente esses músculos? Bem, a lista de músculos anteriores do pescoço que vamos ver hoje inclui o esternocleidomastóideo, os músculos escalenos, o grupo de músculos infra-hióideos, o grupo de músculos supra-hióideos, o músculo longo da cabeça, o músculo longo do pescoço e o platisma - aquele primeiro músculo que eu removi da imagem. Então temos muita coisa para cobrir neste tutorial, não é?

Então vamos começar com este músculo que você vê aqui, destacado em verde, o músculo esternocleidomastóideo, que é um músculo do pescoço composto por duas cabeças. Nós temos um músculo esternocleidomastóideo de cada lado do pescoço, como você pode ver claramente nesta imagem.

O esternocleidomastóideo é um músculo bem superficial. Por isso, ele é facilmente visível e palpável, e todos nós já vimos ou ouvimos falar desse músculo em algum momento. Você pode ver e tocar o músculo esternocleidomastóideo do lado esquerdo quando vira a cabeça para a direita e vice-versa.

Como eu já mencionei antes, o músculo esternocleidomastóideo tem duas cabeças, que são a cabeça esternal e a cabeça clavicular. A cabeça esternal se origina do manúbrio do esterno, como você pode ver claramente nesta imagem, enquanto a cabeça clavicular se origina do terço medial da clavícula, como você também pode ver aqui. O músculo se insere principalmente no processo mastoide do osso temporal, mas a linha nucal superior do osso occipital também serve como ponto de inserção adicional.

Em relação à sua inervação, o esternocleidomastóideo é inervado pelo nervo acessório, ou seja, o 11º nervo craniano. Você pode ver claramente aqui o nervo acessório destacado em verde, perfurando os músculos esternocleidomastóideos de ambos os lados para inervá-los. Observe que aqui estamos vendo as estruturas do pescoço de uma vista posterior, e também podemos identificar os músculos da faringe e os diferentes vasos sanguíneos que encontramos nesta região. Além do nervo acessório, o músculo esternocleidomastóideo também é inervado por ramos diretos do plexo cervical, originados das raízes de C2 e C3.

Agora vamos falar sobre as funções do músculo esternocleidomastóideo. A contração unilateral do músculo flexiona a coluna cervical para o mesmo lado, o que chamamos de flexão ipsilateral - é isso que está sendo indicado aqui pela seta. Esse tipo de movimento ocorre quando tentamos encostar a orelha no ombro, por exemplo. A contração unilateral também gira a cabeça para o lado oposto, o que é conhecido como rotação contralateral. 

Por outro lado, a contração de ambos os músculos esternocleidomastóideos simultaneamente resulta na extensão dorsal da articulação atlanto-occipital, ou seja, na elevação da cabeça. Realizamos esse movimento ao olhar para o céu, por exemplo. Ao mesmo tempo, a contração bilateral dos músculos flexiona o pescoço nas vértebras cervicais inferiores, e também leva à elevação da clavícula e do manúbrio do esterno na articulação esternoclavicular.

Vamos falar agora algumas curiosidades sobre o músculo esternocleidomastóideo. Além das funções que acabamos de ver, esse músculo também serve como ponto de referência para a palpação do pulso carotídeo, que pode ser facilmente palpado no terço médio da margem anterior do esternocleidomastóideo.

É importante mencionar também que ramos sensitivos do plexo cervical se juntam na margem dorsal do músculo, num local chamado de ponto de "Erb" ou punctum nervosum. Esse ponto pode ser puncionado para a realização de uma anestesia local.

Agora estamos prontos para passar para o próximo grupo de músculos que você vê aqui na imagem. Esses músculos são conhecidos como músculos escalenos.

Existem três músculos escalenos que você precisa conhecer: o escaleno anterior, o escaleno médio e o escaleno posterior. Em latim, a palavra “scaleno” significa “escada”, então você pode se lembrar desses músculos imaginando que são como uma escada entre as costelas e as vértebras.

Vamos começar falando sobre o primeiro escaleno da lista, o escaleno anterior. Ele se origina nos processos transversos da terceira à sexta vértebras cervicais e cursa inferiormente para se inserir na primeira costela. E você pode ver claramente aqui nesta imagem o músculo se inserindo na primeira costela.

Vamos falar agora sobre o escaleno médio. O escaleno médio se origina nos processos transversos da terceira à sétima vértebras cervicais. Vamos virar a imagem agora para que a gente possa ver o ponto de inserção do músculo de uma vista lateral esquerda - e, como você pode ver, o músculo escaleno médio também se insere na primeira costela, logo atrás da inserção do escaleno anterior. 

E o último escaleno é o escaleno posterior. Ele se origina nos processos transversos da quinta à sétima vértebras cervicais, e também segue inferiormente, mas diferente dos escalenos anterior e médio, o escaleno posterior não se insere na primeira costela, e sim na segunda costela. 

A inervação de todos os três músculos escalenos é realizada por ramos diretos dos plexos cervical e braquial.

Em relação às suas funções, os músculos escalenos realizam a elevação das costelas, como está sendo mostrado agora pela seta azul, e consequentemente também elevação do tórax. Por isso, esses músculos também são considerados músculos acessórios da inspiração.

Quando os músculos escalenos se contraem apenas de um lado temos o que chamamos de contração unilateral. Essa contração inclina a coluna cervical para o lado dos músculos que estão contraindo, o que é chamado de flexão lateral ipsilateral. E, especificamente em relação ao escaleno anterior, quando esse músculo se contrai de ambos os lados ao mesmo tempo, o que chamamos de contração bilateral, ele promove uma flexão da coluna cervical para a frente – o que chamamos de flexão ventral. E você pode ver isso aqui também, representado por uma seta.

Agora estamos prontos para passar para o próximo grupo de músculos que você vê agora na tela. Estes são conhecidos como músculos infra-hióideos, e há uma lista de quatro músculos sobre os quais vamos falar: o esternotireóideo, o tireo-hióideo, o esterno-hióideo e o omo-hióideo. Espera, não entre em pânico! Esses nomes são um pouco complicados e podem confundir um pouco, mas na verdade eles nos dão algumas pistas sobre os pontos de origem e inserção desses músculos.

Muito bem, sem mais delongas vamos falar sobre os primeiros músculos infra-hióideos da nossa lista, o esternotireóideo e o tireo-hióideo.

Esses dois músculos são na verdade contínuos: o músculo tireo-hióideo é a continuação do esternotireóideo. O músculo esternotireóideo se origina na superfície dorsal do manúbrio do esterno, como você pode ver aqui nesta imagem. Por outro lado, o tireo-hióideo se origina da cartilagem tireóidea, como você pode ver aqui. 

Quanto aos locais de inserção desses músculos, é fácil ver aqui que, como um músculo é a continuação do outro, o esternotireóideo se insere na cartilagem tireóidea, que você pode ver aqui e que é justamente o local de origem do tireo-hióideo. E o tireo-hióideo então, que se origina na cartilagem tireóidea, segue para se inserir no corpo, e no corno maior do osso hioide, como você pode ver aqui.

Vamos passar agora para o próximo músculo da lista, o músculo esterno-hióideo, que você pode ver destacado em verde na imagem. E, como o nome indica, esse músculo se origina no manúbrio do esterno, que podemos ver claramente aqui. Para ser mais específico, o músculo esterno-hióideo se origina na superfície dorsal do manúbrio do esterno, assim como na articulação esternoclavicular. Depois, ele segue superiormente para se inserir no corpo do osso hioide. Como você pode ver, o músculo esterno-hióideo é o mais superficial de todos os músculos infra-hióideos.

Vamos passar agora para o próximo músculo da nossa lista, visto aqui destacado em verde: o músculo omo-hióideo. O músculo omo-hióideo tem um ventre superior e um inferior. 

O ventre inferior do músculo omo-hióideo se origina na borda superior da escápula, depois sobe craniomedialmente e se agrupa em um tendão intermediário ao nível da região cervical lateral.

Já o ventre superior se origina no tendão intermediário e se insere no corpo do osso hioide.

Vamos falar agora sobre a inervação dos músculos infra-hióideos. Enquanto os músculos omo-hióideo, esternotireóideo e esterno-hióideo são inervados pela alça cervical, que se origina do plexo cervical, o músculo tireo-hióideo é inervado por fibras nervosas do ramo anterior do nervo espinal C1, que chegam até ele através do nervo hipoglosso, ou décimo-segundo nervo craniano.

Os músculos infra-hióideos, em geral, são responsáveis ​​pelo posicionamento do osso hioide, juntamente com os músculos supra-hióideos. Eles também estão envolvidos na deglutição e na movimentação da laringe e do osso hioide, todas funções que estão relacionadas aos pontos de origem e inserção desses músculos. 

Se quisermos ser um pouco mais específicos, todos os músculos infra-hióideos abaixam o osso hioide, ou seja, tracionam esse osso para baixo, com exceção do músculo esternotireoideo. O músculo esternotireóideo não se insere no osso hioide e, portanto, não tem ação sobre esse osso. Em contrapartida, o músculo realiza o abaixamento ou depressão da laringe quando o osso hioide está fixo, enquanto o tireo-hióideo realiza o movimento oposto, ou seja, de elevação da laringe.

O músculo omo-hióideo tem uma função adicional devido à sua estrutura. Se você se lembrar bem, o músculo tem um tendão intermediário que está conectado à bainha carotídea, e contém a veia jugular interna, a artéria carótida comum, o nervo vago e linfonodos. Ao tracionar a bainha carotídea, o músculo omo-hióideo evita o colapso da veia jugular, mantendo uma pressão baixa no interior do vaso. Dessa forma, aumenta o retorno do sangue da cabeça para a veia cava superior.

Agora estamos prontos para passar para o próximo conjunto de músculos, os músculos supra-hióideos. Os músculos supra-hióideos são quatro músculos que vão da mandíbula até o osso hioide. Junto com os tecidos adjacentes, eles formam o assoalho da boca.

Os músculos supra-hióideos incluem o músculo digástrico, o milo-hióideo, o genio-hióideo e o estilo-hióideo.

Vamos começar com este músculo que você vê aqui destacado em verde: o músculo digástrico. "Digástrico", em latim, significa "duas barrigas", o que explica o seu nome já que ele possui dois ventres. Seus ventres são separados por esse tendão intermediário que você pode ver aqui.

Em relação aos pontos de origem desse músculo, o ventre anterior se origina da fossa digástrica da mandíbula, e o ventre posterior se origina da incisura mastóidea do osso temporal. Os dois ventres se inserem juntos no tendão intermediário que nós acabamos de ver. 

Agora estamos prontos para passar para o próximo músculo da lista, o músculo milo-hióideo. Ele se origina na linha milo-hióidea da mandíbula, bilateralmente, e suas fibras musculares seguem medialmente em direção a um tendão intermediário conhecido como rafe milo-hióidea, onde ambas as partes do músculo se encontram. A rafe milo-hióidea então continua seu trajeto inferiormente para se inserir no corpo do osso hioide. E você pode ver claramente aqui na imagem a rafe milo-hióidea e sua inserção no corpo do osso hioide. 

O músculo milo-hióideo é inervado pelo nervo mandibular, destacado aqui em verde, através de um de seus ramos, o nervo milo-hióideo. Lembrando que o nervo mandibular é um dos três ramos do nervo trigêmeo, o quinto par craniano.

Um ponto importante a ser observado é que tanto o músculo milo-hióideo quanto o ventre anterior do músculo digástrico são inervados pelo nervo milo-hióideo.

O próximo músculo da nossa lista é esse músculo que você vê aqui, destacado em verde: o músculo genio-hióideo. Ele se origina das espinhas genianas, na superfície interna da mandíbula, e se insere distalmente no corpo do osso hioide, como você pode ver aqui.

Em relação à inervação do músculo genio-hióideo, é importante mencionar que ele tem uma inervação dupla: é inervado por ramos do plexo cervical - como você vê aqui, destacado em verde nesta imagem - e também pelo nervo hipoglosso, ou nervo craniano número 12, que você pode ver destacado em verde nesta imagem da direita.

Agora estamos prontos para passar para o próximo músculo que você pode ver aqui, o músculo estilo-hióideo. Ele se origina no processo estiloide do osso temporal e se insere no corpo do osso hioide. Importante observar que, em sua parte mais distal, o músculo estilo-hióideo se divide em dois tendões, como você pode ver na imagem apontado pela seta. Nesta imagem podemos ver agora um nervo destacado em verde. Este é o nervo facial, ou nervo craniano número 7, que inerva o músculo estilo-hióideo. 

Então, um fato importante para lembrar é que tanto o músculo estilo-hióideo quanto o ventre posterior do músculo digástrico são inervados pelo nervo facial.

Vamos falar então sobre as diferentes funções dos músculos supra-hióideos. Como eu já mencionei antes, eles formam o assoalho da boca. Por isso, desempenham um papel importante na mastigação, na deglutição e na fala. Além disso, juntamente com os músculos infra-hióideos, são responsáveis ​​pelo posicionamento do osso hioide. Para entrar um pouco mais em detalhes sobre as funções de cada músculo individualmente, podemos dizer que os músculos digástrico e estilo-hióideo realizam a elevação do osso hioide durante a deglutição e também ajudam a manter a boca aberta.

Já o músculo genio-hióideo traciona o osso hioide para frente e sustenta a abertura e o movimento lateral da mandíbula.

Por outro lado, a principal função do músculo milo-hióideo é a elevação do assoalho da boca, mas ele também pode auxiliar os movimentos de abertura da mandíbula e mastigação.

Agora estamos prontos para passar para outros dois músculos que vamos discutir nesta videoaula sobre a região anterior do pescoço. Estes músculos são o longo da cabeça, visto aqui do lado esquerdo, e o longo do pescoço, visto à direita. Eles podem ser encontrados profundamente no pescoço, na frente da coluna, e são responsáveis pela flexão da cabeça - como o movimento que fazemos quando estamos afirmando alguma coisa com a cabeça.

Dê uma olhada mais de perto aqui no músculo longo da cabeça. Ele se origina nos tubérculos anteriores dos processos transversos da terceira à sexta vértebras cervicais, e se insere na parte basilar do osso occipital.

Vamos dar uma olhada agora no músculo longo do pescoço. Podemos ver que este músculo tem vários pontos de origem, desde a terceira vértebra torácica até a quinta vértebra cervical.
Seus pontos de inserção estão localizados nas vértebras cervicais superiores, nos processos transversos da quinta e sexta vértebras cervicais e no tubérculo anterior do atlas.

Em relação à inervação, tanto o músculo longo da cabeça quanto o músculo longo do pescoço são inervados por ramos do plexo cervical.

Vamos falar agora rapidamente sobre as funções desses músculos. A principal delas é flexionar a cabeça para frente – o que é conhecido como flexão ventral. Além disso, quando os músculos se contraem unilateralmente, causam a flexão lateral da coluna cervical e da articulação atlanto-occipital. Ou seja, quando os músculos se contraem de um lado só, eles flexionam a coluna para o mesmo lado da contração, o que chamamos de flexão ipsilateral.

Agora estamos prontos para passar para o último músculo da nossa lista, o músculo platisma, que você pode ver aqui destacado em verde. O platisma é um músculo superficial e plano do pescoço, considerado parte dos músculos faciais. Ele é um músculo com uma característica especial que faz com que ele seja, no mínimo, interessante: ao contrário de outros músculos, ele se insere diretamente na pele, cobrindo completamente ambos os lados do pescoço. Por causa da sua inserção direta na pele, ele pode alterar a expressão facial assim como os outros músculos faciais.

O músculo platisma se origina na fáscia que cobre as partes superiores do músculo peitoral maior e também o músculo deltoide. Suas fibras cruzam a clavícula e seguem numa direção oblíqua, superior e medialmente, ao longo da região lateral do pescoço em direção à pele da região inferior da mandíbula.

Assim como outros músculos faciais, o platisma também é inervado pelo nervo facial, esse nervo que você vê aqui, destacado em verde. Como você pode ver, ele é inervado por ramos inferiores do nervo facial, ou seja, pelos ramos cervicais desse nervo.

Em relação às funções do platisma, sua contração leva ao rebaixamento da mandíbula, do lábio inferior e dos cantos da boca. O músculo também tensiona e encurta a pele do pescoço e é responsável pela expressão facial característica quando damos um grito ou ameaçamos um inimigo, por exemplo.

Como acabamos de explorar um dos músculos faciais, eu gostaria de encerrar este tutorial com esta imagem que você vê agora na sua tela.

Estamos vendo uma imagem do livro de Charles Darwin, "A expressão das emoções no homem e nos animais”, publicado em 1872, que explora aspectos geneticamente determinados do comportamento. O livro foi publicado treze anos depois de "A Origem das Espécies". Na obra, Darwin tenta rastrear as origens animais das expressões e emoções humanas, como quando apertamos os lábios quando estamos concentrados, ou quando franzimos as sobrancelhas e contraímos os músculos ao redor dos olhos quando estamos com raiva ou tentando se lembrar de alguma informação.

O autor pediu a opinião de alguns importantes psiquiatras britânicos da época durante a preparação deste livro, que se tornou a principal contribuição dele para a área de psicologia.

E com essa curiosidade, nós chegamos ao fim desta videoaula. Obrigada por ficar aqui comigo até agora e nos vemos na próxima!