Videoaula: Microanatomia dos vasos sanguíneos
Você está assistindo uma prévia. Torne-se Premium para acessar o vídeo completo: Vista microscópica de uma artéria e uma veia em secção transversa.
Unidade de estudos relacionada
Artigo relacionado
Transcrição
Você sabia que se você pegasse todos os vasos sanguíneos do seu corpo e colocasse um na frente do outro eles mediriam cerca de cem mil quilômetros? Esse tamanho é suficiente para dar duas voltas e ...
Leia maisVocê sabia que se você pegasse todos os vasos sanguíneos do seu corpo e colocasse um na frente do outro eles mediriam cerca de cem mil quilômetros? Esse tamanho é suficiente para dar duas voltas e meia no planeta Terra! Mas do que exatamente é formado um vaso sanguíneo? Vamos descobrir agora enquanto exploramos a anatomia microscópica dos vasos sanguíneos.
Na videoaula de hoje nós vamos aprender sobre a anatomia microscópica dos dois principais tipos de vasos sanguíneos: as artérias e as veias. Quando falarmos sobre esses vasos, vamos prestar especial atenção na estrutura e na espessura de suas paredes. Nós vamos ver que as artérias e as veias compartilham uma organização estrutural, que consiste em três camadas - a túnica íntima, a túnica média e a túnica externa. Nós vamos investigar como a estrutura dos vasos está relacionada às suas funções. E é claro que nós também vamos comparar a composição dessas camadas nos dois tipos de vasos. Depois que cobrirmos tudo isso, vamos concluir, como sempre, com uma nota clínica.
Mas antes, o que é o sistema circulatório? Antes de mergulharmos fundo aqui, vamos recapitular um pouco sobre o sistema circulatório. O sistema circulatório é o nosso próprio serviço biológico de delivery. Ele tem como função entregar oxigênio, nutrientes e hormônios para as células de todo o corpo enquanto, simultaneamente, remove qualquer produto metabólico indesejado, levando-o para outras partes do corpo, para ser eliminado.
O sangue é transportado por todo o corpo através de uma rede de artérias e veias de tamanhos variados que estão interconectados por capilares. As artérias são definidas como vasos que levam o sangue para longe do coração. Na circulação sistêmica, as artérias transportam sangue oxigenado e rico em nutrientes para vários tecidos e órgãos do corpo. A exceção à essa regra é a circulação pulmonar, na qual as artérias transportam sangue desoxigenado do coração até os pulmões. Existem três tipos de artérias no corpo: artérias elásticas, artérias musculares e arteríolas.
Já as veias transportam o sangue do restante do corpo em direção ao coração. Uma exceção é a veia porta, que transporta sangue do trato gastrointestinal até o fígado. Na circulação sistêmica, as veias transportam sangue desoxigenado, enquanto na circulação pulmonar as veias transportam sangue oxigenado dos pulmões até o coração. A estrutura das veias não é tão variada como a das artérias e elas são subdivididas apenas por seu tamanho em veias pequenas, médias e grandes.
Com exceção dos menores vasos, todas as artérias e veias são formadas por três camadas concêntricas conhecidas como túnicas. De interno para externo elas são: túnica íntima, túnica média e, finalmente, túnica externa, que você pode ver nessas ilustrações.
Agora que já cobrimos o básico, vamos ver a primeira camada dos vasos sanguíneos - a túnica íntima.
A túnica íntima é a camada mais interna e mais fina de um vaso sanguíneo e está em contato direto com sangue que circula no lúmen do vaso. Apesar de ser a camada mais fina, a túnica íntima talvez seja a mais complexa dentre as três túnicas e é formada por quatro componentes: uma camada epitelial específica dos vasos sanguíneos conhecida como endotélio, uma membrana basal, uma camada de tecido conjuntivo subendotelial e, finalmente, uma membrana elástica interna.
Vamos falar sobre elas mais detalhadamente. Nós vamos começar com o endotélio, que é uma camada de epitélio simples escamoso que recobre a superfície luminal de todos os vasos sanguíneos. As células são orientadas de maneira que o seu maior eixo é paralelo à direção do fluxo sanguíneo, o que é ideal para a hemodinâmica dentro do lúmen vascular. O endotélio é responsável por várias das funções do vaso sanguíneo. Ele ajuda a regular a difusão das substâncias através da parede vascular, o que significa que ele ajuda a controlar o que entra e o que sai do sangue. O endotélio também tem um papel importante no controle do fluxo sanguíneo através da secreção de moléculas vasoativas e, em alguns locais, pode detectar variações na pressão sanguínea. Ele também é importante na coagulação sanguínea quando ocorre uma lesão. O endotélio repousa em uma membrana basal que funciona como uma fundação para as células epiteliais acima e conecta o endotélio à camada de tecido conjuntivo subendotelial logo abaixo.
A camada subendotelial é uma região de tecido conjuntivo frouxo que normalmente é bem fina, exceto nos grandes vasos. Ela é formada por uma matriz extracelular fibrocartilaginosa, alguns fibroblastos e quantidades variadas de fibras musculares elásticas e lisas, dependendo do tipo de vaso. Por exemplo, a densidade de fibras musculares elásticas e lisas em artérias elásticas é maior do que nos vasos menores. A camada subendotelial permite que a túnica íntima se mova como um todo, independentemente das outras túnicas, já que as artérias maiores se expandem quando há aumento na pressão sistólica. O subendotélio das artérias e às vezes das veias maiores é separado da túnica média por uma camada fenestrada conhecida como membrana elástica interna. As fenestrações permitem a difusão de substâncias da corrente sanguínea até as camadas mais profundas dos vasos, enquanto as fibras elásticas fornecem estrutura para as artérias e ajudam na recuperação após sua distensão.
As imagens da artéria e da veia que nós temos aqui são representações simplificadas de grandes artérias e veias. Apesar delas não representarem nenhum tipo específico de vaso, elas representam as principais diferenças entre as artérias e veias. Vamos dar uma olhada nas diferenças na túnica íntima.
Em termos de composição, as duas são muito semelhantes, entretanto, a túnica íntima é um pouco mais espessa nas artérias e aparece ondulada nos cortes transversais, enquanto a túnica íntima das veias é mais fina e lisa. Se você olhar nossas ilustrações você também vai identificar uma grande diferença entre a túnica íntima das artérias e das veias: a presença das válvulas. Elas são mais comumente encontradas nas veias do membro inferior e são formadas por um par de cúspides, que são extensões da túnica íntima da veia. Elas são revestidas por células endoteliais, assim como a parede vascular, e possuem uma superfície luminal, voltada para a cúspide oposta, e uma superfície parietal, voltada para a parede vascular. Nas artérias, a pressão sanguínea é relativamente alta, o que garante o fluxo unidirecional do sangue. Entretanto, nas veias a pressão é muito mais baixa e essas válvulas previnem o refluxo do sangue.
Também existem algumas diferenças na membrana elástica interna. Essa camada varia em espessura. Ela não é facilmente identificada nas artérias elásticas, pois elas já contêm fibras elásticas semelhantes na túnica média, mas é facilmente visível nas artérias musculares e médias, e vai ficando mais fina nas pequenas artérias e frequentemente ausente nas arteríolas. Ela está ausente nos capilares e é muito fina nas veias.
Muito bem, agora que nós cobrimos a túnica íntima, vamos seguir para a túnica média. A túnica média é a camada média da parede dos vasos sanguíneos. Vamos falar um pouco sobre a sua composição. O principal e mais óbvio elemento da túnica média é o músculo liso. Se nós olharmos mais de perto você vai ver que as fibras de músculo liso estão organizadas em camadas circulares. A contração e o relaxamento da túnica média reduz e aumenta o diâmetro do lúmen do vaso, respectivamente. No caso das artérias, a vasoconstrição faz com que o lúmen se estreite, reduzindo o fluxo sanguíneo o que, por sua vez, aumenta a pressão sanguínea. Essa função é importante para restringir o fluxo sanguíneo em áreas específicas, como para reduzir a perda sanguínea no caso de lesões ou a perda de calor pela pele. A vasodilatação, por outro lado, permite que o lúmen se amplie, que o fluxo sanguíneo aumente e que a pressão sanguínea caia. A contração das fibras musculares da túnica média é controlada pelo que é conhecido como “nervi vasorum”, que literalmente quer dizer “nervos do vaso”. Eles correm dentro das paredes vasculares e são principalmente fibras simpáticas que causam vasodilatação ou vasoconstrição em circunstâncias específicas.
Quando comparadas, a túnica média arterial é geralmente a camada mais espessa da parede arterial e é formada por várias camadas de músculo liso. Nas veias ela é muito mais fina com menos músculo liso e uma proporção maior de fibras colágenas. As veias não se contraem como as artérias, e é por isso que elas não precisam de tanto músculo liso. Nas artérias elásticas, essas camadas são separadas por bainhas fenestradas de tecido conjuntivo elástico que funcionam como uma espécie de reservatório elástico que propele o sangue para frente e mantém a perfusão do órgão durante o relaxamento ventricular. Isso é conhecido como recolhimento elástico ou efeito Windkessel. Em grandes artérias a túnica média é separada da nossa próxima camada, a túnica externa, pela lâmina elástica externa, também conhecida como membrana elástica externa. Ela geralmente não é vista nas artérias menores e não é encontrada nas veias.
Muito bem, vamos seguir para nossa última camada vascular - a túnica externa. A túnica externa, também conhecida como túnica adventícia, é semelhante nas artérias e nas veias e é formada por tecido conjuntivo, que tem como função a proteção dos vasos. A organização longitudinal das fibras de colágeno da túnica externa também ajuda a prevenir que o vaso se distenda além do normal, bem como ajuda a ancorar o vaso nos tecidos vizinhos.
Também associada à túnica externa está a vasa vasorum. A vasa vasorum é composta por finos vasos sanguíneos que fornecem nutrição e removem os resíduos das células das camadas mais externas dos vasos sanguíneos que são muito grandes para receber nutrição através da difusão a partir do sangue do lúmen vascular. Em veias maiores, a vasa vasorum vai penetrar mais profundamente na túnica média, devido à baixa concentração de oxigênio no sangue venoso.
Agora vamos dar uma rápida olhada nas diferenças entre as túnicas externas das artérias e das veias. Nas artérias, ela geralmente é mais fina do que a túnica média, exceto no caso das grandes artérias. Ela também possui fibras elásticas dentro de sua composição. Já nas veias, a túnica externa normalmente é a camada mais desenvolvida da parede vascular e não possui grande quantidade de fibras elásticas.
Muito bem, agora você é um profissional nas camadas dos vasos sanguíneos e nas suas diferenças entre as artérias e veias. Mas falta só uma coisa pra nós fazermos, dar uma olhada no significado clínico disso tudo!
Um aneurisma é uma alteração no sistema circulatório causada por uma fragilidade localizada na parede vascular. Aneurismas podem ocorrer em qualquer vaso sanguíneo e apesar de sua causa exata não ser conhecida, seu aparecimento pode ser influenciado por fatores hereditários e por algumas doenças adquiridas.
Um aneurisma pode ser classificado pela sua localização. Por exemplo, um aneurisma renal ocorre na artéria renal ou na veia renal. Ele também pode ser classificado pelo seu tipo: um aneurisma fusiforme se projeta em todos os lados do vaso, enquanto um aneurisma sacular se projeta em apenas um lado. O aneurisma afeta todas as três camadas de uma artéria.
Vários aneurismas são assintomáticos a não ser que eles se rompam ou comprimam estruturas vizinhas importantes. Se um aneurisma se romper, um sintoma clássico é o choque hipovolêmico, causado pela redução do volume sanguíneo no sistema circulatório. Isso pode levar à isquemia de órgãos vitais e à morte, se não for tratado rapidamente. Se o aneurisma for identificado antes de se romper, pode não ser necessário um tratamento imediato e a técnica de observar e esperar pode ser adotada.
O tratamento cirúrgico envolve tipicamente a colocação de um stent na artéria afetada para que o sangue seja desviado do aneurisma. Após a ruptura, o único tratamento é a cirurgia em caráter de emergência para parar o sangramento e suturar a artéria afetada.
Antes de nos despedirmos, vamos só recapitular o que nós aprendemos hoje. Nós começamos discutindo as três túnicas que formam as paredes das artérias e das veias.
Primeiro nós vimos a túnica íntima, que é formada por endotélio, membrana basal e camada subendotelial. Nós vimos que ela é mais espessa nas artérias e tem uma aparência ondulada. Nas veias, a túnica íntima pode se refletir para dentro do lúmen do vaso formando as válvulas.
A túnica média é caracterizada pelas camadas de músculo liso separadas por lâminas elásticas e por colágeno tipo três e é muito mais espessa nas artérias.
Finalmente, nós vimos a túnica externa que se caracteriza pela grande quantidade de colágeno tipo um, pelo vasa vasorum e nervi vasorum. Ela é ligeiramente mais espessa nas artérias.
Nós também discutimos a membrana elástica interna entre a túnica íntima e a túnica média e a membrana elástica externa entre a túnica média e a túnica externa. E assim, concluímos nossa videoaula.
Nós aprendemos muita coisa então pode se parabenizar! Obrigada por assistir e bons estudos!