Músculos e movimentos dos membros superiores
O membro superior (extremidade superior) é uma parte consideravelmente complexa da anatomia humana. Para melhor compreendê-lo, podemos dividi-lo didaticamente em componentes: regiões, articulações, músculos e vasos sanguíneos. Ao olhar para os seus componentes separadamente, podemos analisar e fragmentar as informações por compartimentos e, em seguida, visualizar o membro superior como um todo e compreender como suas partes funcionam em conjunto.
Por esse motivo, a anatomia dos músculos do membro superior será revisada topograficamente. Vamos explicar todos os aspectos anatômicos dos músculos da escápula, braço, antebraço e mão, discutindo a anatomia geral (estrutural) e funcional (movimentos) dos músculos do membro superior, músculos esses que fazem parte do sistema muscular do corpo humano.
A mão é a parte terminal e principal do membro superior. As mãos humanas são bastante especiais em sua anatomia, o que nos permite sermos tão hábeis. Ela conta com os músculos do membro superior para auxiliá-la em seus movimentos. Iremos também discutir a relevância clínica do membro superior.
- Região escapular
- Ombro
- Braço
- Flexores do antebraço
- Extensores do antebraço
- Mão
- Aspectos clínicos
- Referências
Região escapular
A região escapular se encontra na superfície posterior da parede torácica. Pode parecer estranho que ela seja incluída na anatomia do membro superior. No entanto, a escápula é fundamental para a movimentação do ombro através do manguito rotador/coifa dos rotadores e músculos adicionais. O acrônimo para o manguito rotador/coifa dos rotadores é S.I.R.S., que abrevia supraespinal, infraespinal, redondo menor e subescapular. A escápula não possui ligações ósseas diretas com o tórax, sendo mantida em sua posição e estabilizada através de fixações musculares. É importante observar que a escápula se articula com a porção acromial da clavícula , formando a articulação acrômio-clavicular (articulação AC, figura 1), bem como com a cabeça do úmero através da cavidade glenoide, onde é formada a articulação glenoumeral.
Redondo maior
O músculo redondo maior se origina da superfície posterior do ângulo inferior da escápula, e se insere no lábio medial do sulco intertubercular do úmero. Ele atua como um adutor (para "adicionar" ao corpo), auxilia na extensão e rotação medial, bem como na estabilização da escápula. O nervo subescapular inferior, responsável pela inervação do músculo, é um ramo do fascículo posterior do plexo braquial.
Se você estiver um pouco perdido em meio a tantos músculos, talvez seja uma boa ideia se familiarizar mais com a anatomia geral do membro superior antes de prosseguir.
Redondo menor
Esse músculo origina-se da borda lateral da escápula e se insere na tuberosidade maior do úmero. Ele atua como um rotador lateral e como um adutor fraco do ombro. Possui ainda papel na estabilização do úmero e é um dos quatro músculos do manguito rotador/coifa dos rotadores. Esse músculo impede ainda que a cabeça do úmero se desloque muito superiormente enquanto o deltoide atua, assim como todos os músculos do manguito rotador/coifa dos rotadores. Sua inervação é fornecida pelo nervo axilar, um ramo do fascículo posterior do plexo braquial.
Infraespinal
Esse músculo está localizado na fossa infraespinhal da escápula, que encontra-se inferior à espinha da escápula. É o principal rotador lateral do ombro, e também contribui na modulação do movimento do deltoide. Sua inervação é fornecida pelo nervo supraescapular (superior e inferior), que é formado pela união dos ramos ventrais dos nervos espinhais C5 e C6 (C = cervical).
Supraespinal
Esse músculo do manguito rotador/coifa dos rotadores é profundo, se origina da fossa supraespinal, que está localizada na porção póstero-superior da escápula, e se insere na faceta superior do tubérculo maior do úmero. Atua como um abdutor do ombro, possuindo um papel essencial para iniciar os primeiros 15o de abdução (afastar o membro do corpo). Devido a este movimento, o músculo é comumente referido como o músculo "mala"; i.e .: imagine-se segurando uma mala ou a pasta ao seu lado. Esse músculo modula ainda o movimento do deltoide, como os outros músculos do manguito rotador/coifa dos rotadores. Impede ainda que a cabeça do úmero se desloque inferiormente. Sua inervação é fornecida pelo nervo supraescapular superior.
Serrátil anterior
Esse músculo é assim chamado devido às suas digitações anteriores que possuem uma aparência serrilhada, digitiforme. O músculo se origina do primeiro ao oitavo arcos costais, algumas vezes incluindo o nono arco costal. Ele se insere na parte medial da borda anterior da escápula. Passa anteriormente e ao redor da caixa torácica, como se a envolvesse. Age como um estabilizador da escápula, agindo em sua protração, como quando se estica o membro superior ou se realiza o movimento de empurrar, e auxilia na rotação da escápula. É por isso que esse músculo é bem desenvolvido em lutadores de boxe, que realizam esses movimentos nas fases finais de seus golpes, para maximizar o seu alcance. A inervação é fornecida pelo nervo torácico longo, que emerge das raízes neurais de C5, C6 e C7.
A escápula alada (fig 2) é causada por uma lesão do nervo torácico longo. Ela pode ser observada quando um paciente realiza o movimento de circundução (movimento circular) no membro superior afetado. A lesão do nervo causa um enfraquecimento do serrátil anterior, levando à incapacidade de mover a escápula para 'baixo' e para 'dentro' durante a circundução. Isso resulta em uma restrição da amplitude de movimento.
Subescapular
Esse é outro músculo do manguito rotador/coifa dos rotadores, que é profundo e se origina da fossa subescapular anterior. Ele cursa lateralmente e se insere no tubérculo menor do úmero. É o principal rotador medial do ombro e modula o movimento do deltoide. A inervação é fornecida pelos nervos subescapulares superior e inferior.
Levantador da escápula
O músculo levantador da escápula é um pequeno e profundo músculo que se insere no ângulo superior e na porção superior da borda medial da escápula. Ele surge dos processos transversos das quatro vértebras cervicais superiores (C1-C4). Sua ação é a elevação da escápula, bem como a rotação superior da mesma. É inervado pelos nervos espinhais C3, C4 e C5 através do nervo escapular posterior (dorsal).
Romboide maior
O músculo romboide maior é um músculo em forma de fita que se origina dos processos espinhosos das vértebras torácicas de T2-T5 e se insere na borda medial da escápula. Sua função primária é retrair a escápula, elevar sua borda medial e também estabilizá-la junto à parede torácica. É inervado pelo nervo escapular posterior.
Romboide menor
Esse é um músculo menor, com a mesma forma do romboide maior, sobre o qual está localizado. Ele se origina do ligamento nucal e dos processos espinhosos de C7 a T1. Insere-se na borda medial da escápula, imediatamente superior ao romboide maior. As ações e inervação do músculo romboide menor são as mesmas do romboide maior.
Trapézio
O músculo trapézio é um músculo grande e superficial, que apresenta um formato de leque e é encontrado no dorso. Ele surge dos ossos occipitais, da protuberância occipital e das linhas nucais, bem como dos processos espinhosos de C7 a T12. Insere-se na espinha da escápula, no acrômio e no terço lateral da clavícula. O músculo pode ser dividido em três grupos de fibras: superiores, médias e inferiores. As fibras superiores atuam na extensão do pescoço, sua elevação e rotação superior. As fibras médias atuam na retração (abdução). As fibras inferiores na elevação e na depressão. Ele é inervado pelos nervos espinhais C3 e C4 e pelo nervo acessório (nervo craniano XI).
Ombro
O ombro se move na articulação glenoumeral. Há uma série de outras articulações na região, que se movem todas em união para gerar um movimento estável.
Peitoral maior
O músculo peitoral maior é um músculo grande e superficial, com forma de leque, que forma a maior parte do volume da região peitoral (peito). Ele possui duas cabeças: a esternocostal e a clavicular. A cabeça clavicular se origina dos dois terços mediais da superfície inferior da clavícula. A cabeça esternocostal se origina do esterno e da sexta e sétima cartilagens costais superiores. O músculo se insere no lábio lateral do sulco intertubercular (sulco bicipital) do úmero. A cabeça clavicular permite ao músculo agir como um flexor (reduzir o ângulo entre as articulações) do braço e do ombro, enquanto a cabeça esternocostal permite ao músculo agir como um extensor (aumentar o ângulo entre as articulações). Quando todo o músculo age como uma unidade, ele atua como um rotador medial e adutor do braço e do ombro. Ele é inervado pelos nervos peitorais medial (C8-T1) e lateral (C5-C7).
Peitoral menor
O músculo peitoral menor encontra-se profundo ao peitoral maior e se origina da terceira à quinta margens costais esternais e sua fáscia associada (tecido conectivo que envolve um grupo muscular). O peitoral menor se insere no processo coracoide da escápula. Esse músculo é considerado um músculo acessório da respiração. Ele atua na movimentação lateral, anterior e inferior da escápula, bem como na sua estabilização. É o principal responsável pela movimentação anterior e inferior da escápula. É inervado pelos nervos peitoral medial e lateral.
Deltoide
O nome do músculo deltóide deriva da letra grega "delta", que possui uma aparência triangular. É um músculo poderoso e superficial do ombro. Assim como o trapézio, esse músculo pode ser dividido em três grupos de fibras: anterior, lateral e posterior. Devido a essa organização, o deltoide possui uma grande área de origem: o acrômio, a porção lateral superior da escápula e o terço lateral da espinha da escápula. Ele se insere na tuberosidade deltoide, que é uma rugosidade elevada encontrada na superfície lateral do úmero. Assim, o músculo atua como um flexor, extensor e abdutor do ombro. Ele auxilia ainda na rotação medial (fibras anteriores) e lateral (fibras posteriores). Tais movimentos são utilizados na prática do boliche/bowling e no movimento dos braços ao caminhar. O músculo é inervado pelo nervo axilar.
Coracobraquial
A beleza do músculo coracobraquial é que seu nome explica sua origem, inserção e ação. É um músculo profundo que se origina do processo coracoide da escápula e se insere na superfície medial da diáfise umeral. Atua como um adutor, rotador medial e flexor do braço na articulação do ombro. É inervado pelo nervo musculocutâneo, um ramo do fascículo lateral do plexo braquial. Devido à sua inserção ele geralmente é classificado como um dos músculos do braço, mas as suas ações envolvem somente a parte do ombro, motivo pelo qual foi incluído na seção de ombro neste artigo.
Quer aprender a identificar os músculos dos membros superiores rapidamente? Veja a nossa apostila de exercícios sobre os músculos do corpo humano.
Latíssimo do dorso
O músculo latíssimo do dorso é um músculo grande, com formato de leque, que possui uma grande área de origem. Ele surge dos processos espinhosos das vértebras torácicas e lombares de T7 a L5, da oitava a décima segunda costelas e do ângulo inferior da escápula, além da crista ilíaca. Ele se funde à fáscia toracolombar, que atua na estabilização das articulações sacroilíacas juntamente com os músculos glúteos máximos. O músculo forma a prega axilar posterior e roda para se inserir no assoalho do sulco intertubercular do úmero. Devido à sua grande extensão e aos vários pontos de origem e inserção, o músculo latíssimo do dorso tem ação nos membros superiores e no tronco. Assim, promove a rotação interna, adução e retroversão do úmero, e elevação e anteriorização do tronco. Além isso, também atua como um músculo auxiliar da respiração. É inervado pelo nervo toracodorsal, um ramo do fascículo posterior do plexo braquial.
Avalie seus conhecimentos com o nosso teste sobre os músculos do ombro:
Braço
Os leigos se referem a todo o membro superior como 'braço'. Entretanto, os anatomistas sabem que 'braço' ou ‘brachium’ é somente a região entre o ombro e a articulação do cotovelo. Ele possui relativamente poucos músculos, que possuem movimentos e funções fáceis de se aprender.
Braquial
O músculo braquial é o principal flexor profundo do cotovelo, e se origina da parte inferior da superfície anterior do úmero. Ele se insere no processo coronoide e na tuberosidade da ulna. É inervado pelo nervo musculocutâneo.
Bíceps (bicípite) braquial
O músculo bíceps (bicípite) braquial é um músculo superficial que forma o volume do compartimento anterior do braço. Ele possui uma cabeça longa e uma cabeça curta. A cabeça longa se origina do tubérculo supraglenoidal da escápula e cursa no sulco intertubercular, dentro de sua própria bainha sinovial. A cabeça curta se origina do processo coracoide, e as duas cabeças se unem distalmente. O músculo então assume um trajeto descendente, dirigindo-se inferiormente para se inserir na tuberosidade do rádio, bem como auxiliar na criação da aponeurose bicipital, uma expansão que se insere na fáscia profunda do antebraço e na ulna. Ele atua primariamente como um supinador do antebraço, bem como um flexor do cotovelo. Seu efeito supinador é máximo quando o cotovelo encontra-se flexionado. O músculo é inervado pelo nervo musculocutâneo.
Tríceps (tricípite) braquial
O músculo tríceps (tricípite) braquial é o único músculo do compartimento posterior do braço. Ele possui três cabeças: longa, lateral e medial. A cabeça longa se origina do tubérculo infraglenoidal, e consiste principalmente de fibras do tipo 2b. Ela permite uma poderosa extensão do cotovelo (como durante a realização de uma flexão de braço). A cabeça lateral se origina da superfície posterior do úmero, acima do sulco radial do úmero. Consiste principalmente em fibras do tipo 2a e fornece força e resistência à extensão do cotovelo. A cabeça medial se origina da superfície posterior do úmero, abaixo do sulco radial. Consiste principalmente de fibras musculares tipo 1, e portanto auxilia na extensão sustentada do cotovelo. As três cabeças se unem e se inserem no olécrano e na fáscia da ulna.
O músculo é inervado pelo nervo radial, uma porção do ramo posterior do plexo braquial.
Flexores do antebraço
O antebraço é a região entre o cotovelo e o punho , e é composto de um compartimento extensor e um compartimento flexor. Quanto mais próximo à mão, mais músculos estão presentes, já que os movimentos mais finos exigem uma precisão cada vez maior. Estudaremos esses músculos em profundidade.
Existem vários músculos no compartimento flexor do antebraço. A origem do flexor comum é o epicôndilo medial. Esse compartimento é anterior, na posição anatômica.
Pronador quadrado
Na camada mais profunda do antebraço está o pronador quadrado, que é encontrado conectando o rádio (inserção) à ulna (origem) em seus pontos distais, como uma faixa. Ele realiza um movimento de pronação do rádio, e é inervado pelo ramo interósseo anterior do nervo mediano.
Flexor longo do polegar
O flexor longo do polegar é encontrado superficialmente, dentro da camada profunda. Ele se origina da superfície anterior do rádio e da membrana interóssea adjacente. O tendão do músculo passa através de seu próprio túnel para entrar na palma da mão, e se insere na base da primeira falange distal. O tendão é mantido próximo aos ossos por uma série de bainhas tendinosas flexoras, que o lubrificam e previnem danos. Ele causa flexão da articulação interfalângica do polegar, bem como flexão da articulação metacarpofalângica. É inervado pelo nervo mediano, um ramo dos fascículos lateral e medial do plexo braquial.
Flexor profundo dos dedos
Se origina da superfície proximal anterior da ulna e da membrana interóssea adjacente, além da fáscia profunda do antebraço. Se insere nas falanges distais do segundo ao quinto dedos e atua na flexão das articulações interfalângicas distais dos dedos. Ele contribui ainda na flexão das articulações interfalângica proximal, metacarpofalângica e articulações do punho, apesar de esta ser uma função secundária. O músculo possui dupla inervação. A cabeça medial é inervada pelo nervo ulnar, e a cabeça lateral pelo ramo interósseo anterior.
Flexor superficial dos dedos
Esse músculo localiza-se na camada intermediária, e possui duas cabeças. A cabeça umeroulnar se origina do epicôndilo medial e a cabeça ulnar se origina da superfície anterior superior da diáfise do rádio. O músculo se insere nas superfícies laterais das falanges médias do segundo ao quinto dedos. Ele se divide e permite que o tendão do flexor profundo dos dedos passe através do quiasma de Camper (divisão tendínea). Os músculos atuam na flexão das articulações interfalângicas como função primária. Ele ainda flexiona as articulações metacarpofalângicas e do punho, embora essas sejam funções secundárias. O músculo causa uma flexão do punho, e um desvio radial quando atua com o extensor radial do carpo. Ele é inervado pelo ramo interósseo anterior.
Flexores radial e ulnar do carpo
Na camada superficial o antebraço é onde encontramos os flexores radial e ulnar do carpo. Ambos se originam do epicôndilo medial, com o radial inserindo-se na base do segundo e terceiro metacarpos, e o ulnar no pisiforme, no hâmulo do hamato e base do quinto metacarpo. O músculo causa flexão do punho e desvio ulnar, quando atua com o extensor ulnar do carpo. Ambos os músculos são inervados pelo ramo interósseo anterior.
Palmar longo
Esse músculo pode estar ausente em algumas pessoas. Ele encontra-se diretamente superficial ao flexor superficial dos dedos. Atua como um fraco flexor do punho e tensiona a aponeurose (fáscia) palmar quando se segura algum objeto com a mão. A aponeurose palmar auxilia na resistência de forças de corte aplicadas à palma da mão, como acontece durante escaladas e uso de ferramentas. Ele é inervado pelo ramo interósseo anterior.
Pronador redondo
É o maior dos músculos pronadores, e possui duas cabeças. A cabeça umeral origina-se da linha supracondilar medial do úmero, e a cabeça ulnar do processo coronoide da ulna. O músculo se insere na superfície lateral anterior da diáfise do rádio. Ele atua na pronação do antebraço e é um fraco flexor do cotovelo. É inervado pelo nervo mediano, que passa entre suas duas cabeças para entrar no antebraço. O músculo forma ainda a borda medial da fossa cubital.
Extensores do antebraço
Este compartimento também contém vários músculos. A origem comum dos extensores é o epicôndilo lateral. Esse compartimento é localizado posteriormente, na posição anatômica.
Supinador
É um pequeno músculo que se origina do epicôndilo lateral do úmero, da crista do supinador na ulna, bem como dos ligamentos anular e colateral radial, que fixam o rádio à ulna. O músculo atua na supinação do antebraço e forma a borda lateral da fossa cubital. É inervado pelo ramo profundo do nervo radial.
Extensor dos dedos
Esse músculo encontra-se no compartimento extensor e se origina do epicôndilo lateral. Corre inferiormente no compartimento posterior do antebraço e se insere nas falanges média e distal do segundo ao quinto dedos. Tal posicionamento causa a extensão das articulações interfalângicas, das articulações metacarpofalângicas e do punho. Ele também atua separando os dedos uns dos outros durante a extensão das articulações metacarpofalângicas. É inervado pelo ramo interósseo posterior.
Extensor ulnar do carpo
Esse músculo se origina do epicôndilo lateral e cursa distalmente para se inserir na superfície dorsal da base do quinto metacarpo e na diáfise ulnar. Atua na extensão do punho, fixa o punho durante o fechamento da mão e quando age com o flexor ulnar do carpo ele contribui para o desvio ulnar do punho. É inervado pelo ramo interósseo posterior.
Extensores radiais longo e curto do carpo
O músculo longo se origina da crista epicondilar lateral e se insere na superfície dorsal do segundo metacarpo. Atua na extensão do punho e contribui também com o desvio radial do punho. O músculo curto se origina do epicôndilo lateral e se insere na base dorsal do terceiro metacarpo. Também atua como extensor do punho e no desvio radial. Ambos os músculos são conhecidos como "músculos do soco", já que eles contribuem com o desvio radial do punho, que é essencial para lutadores de boxe. O longo é inervado pelo nervo radial e o curto pelo ramo interósseo posterior.
Extensor do dedo indicador
Esse músculo se origina da porção posterior do terço distal da ulna e da membrana interóssea, e se insere nas falanges média e distal do dedo indicador. Ele age auxiliando o músculo extensor dos dedos na extensão do dedo indicador e do punho. É inervado pelo ramo interósseo posterior.
Extensor do dedo mínimo
Esse músculo se origina da superfície anterior do epicôndilo lateral do úmero. Ele se insere na quinta falange medial (dedo mínimo). Atua na extensão do dedo mínimo, bem como do punho. É inervado pelo ramo interósseo posterior.
Braquiorradial
Esse músculo encontra-se entre os compartimentos flexor e extensor do antebraço. Ele se origina da crista epicondilar lateral e se insere no processo estiloide do rádio. Sua função é a flexão do cotovelo. Também é capaz de uma fraca supinação e pronação do antebraço. Seu efeito supinador é máximo quando o cotovelo encontra-se estendido. É inervado pelo nervo radial.
Mão
A mão é realmente o ápice da complexidade anatômica. Ela possui numerosos músculos e uma complexa gama de movimentos. Nosso polegar opositor é essencial para o nosso desenvolvimento enquanto espécie. Os músculos discutidos abaixo são essenciais para tarefas cotidianas e para movimentos avançados, como a escrita.
Eminência tenar
Consiste de três músculos: flexor curto do polegar, abdutor curto do polegar e oponente/opositor do polegar. Os músculos são nomeados conforme suas funções, com o músculo flexor sendo o mais medial, o abdutor sendo o mais lateral e o oponente situado profundamente. Os músculos se originam principalmente do retináculo dos flexores e do tubérculo do trapézio, e se inserem na falange proximal ou no metacarpo do polegar. O flexor curto do polegar atua na flexão do polegar na primeira articulação metacarpofalângica, e é inervado pelo nervo mediano. O abdutor curto do polegar promove a abdução do polegar e também é inervado pelo nervo mediano. Ele se origina do retináculo dos flexores, do tubérculo do escafóide e do trapézio. Insere-se na superfície radial da primeira falange proximal. O oponente do polegar atua na oposição do polegar aos outros dedos (rotação do polegar no sentido oposto aos outros dedos, não somente a flexão sobre a palma). Ele se origina do trapézio e do ligamento carpal transverso. Insere-se no aspecto radial do primeiro metacarpo. Também é inervado pelo nervo mediano.
Eminência hipotenar
Formada pelos músculos hipotenares, que são o flexor curto do dedo mínimo, o abdutor do dedo mínimo e o oponente do dedo mínimo. O abdutor do dedo mínimo se origina do pisiforme, do ligamento pisohamato e do retináculo dos flexores. Ele se insere no aspecto ulnar da quinta falange proximal. O flexor curto do dedo mínimo se origina do osso hamato e se insere no aspecto ulnar da base da quinta falange proximal. O oponente do dedo mínimo se origina do hâmulo do hamato e do retináculo dos flexores. Insere-se no aspecto medial do quinto metacarpo. Os músculos são nomeados conforme suas funções, sendo o músculo flexor o mais lateral, o abdutor o mais medial, e o músculo oponente situado profundamente. Eles são inervados pelo nervo ulnar.
Interósseos
Esses são agrupados em quatro interósseos dorsais e três interósseos palmares, e são uma parte do grupo palmar intermediário. Os músculos interósseos palmares são músculos unipenados, e os interósseos dorsais são bipenados. Eles se originam dos ossos metacarpais e se inserem nos capuzes extensores de cada dedo. Os músculos interósseos dorsais causam abdução dos dedos e os interósseos palmares causam adução dos dedos. Todos são inervados pelo ramo profundo do nervo ulnar, que entra na palma através do canal de Guyon, um túnel formado pelo pisiforme e pelo hâmulo do hamato.
Lumbricais
O músculos lumbricais da mão são músculos 'em forma de lombriga', que se originam dos tendões do flexor profundo dos dedos. Eles se inserem nas falanges proximais do segundo ao quinto dedo. Como o músculo cursa anteriormente para as articulações metacarpofalângicas e atingem sua inserção, eles causam flexão da articulação metacarpofalângicas e extensão das articulações interfalângicas. Os dois lumbricais radiais são inervados pelo nervo mediano, e os dois lumbricais ulnares pelo nervo ulnar.
É muita informação e nós sabemos disso. Mas não se desespere! Para fixar melhor, não deixe de fazer nosso teste sobre os músculos principais dos membros superiores.
Você sabia que também pode customizar o seu próprio quizz? Preparamos para você um teste sobre os músculos do membro superior, que é o tema deste artigo, mas sinta-se à vontade para testar seus conhecimentos na área que escolher!
Aspectos clínicos
Luxação glenoumeral (luxação do ombro)
A articulação do ombro (articulação glenoumeral) é uma articulação inerentemente instável, e portanto exige um elevado grau de suporte muscular, na forma do manguito rotador/coifa dos rotadores. O ombro torna-se mais instável durante a extensão e rotação externa. Ele geralmente se desloca anteriormente (95%), e pode lesionar o nervo axilar. A luxação posterior pode ocorrer em pacientes epilépticos ou ocasionada por choques elétricos. As luxações inferiores são as menos comuns, e fazem com que pareça que o paciente está sustentando o membro superiormente. As manifestações clínicas são a limitação dos movimentos do ombro e dor intensa.
Ruptura do manguito dos rotadores/coifa dos rotadores
O manguito rotador/coifa dos rotadores é formado por quatro músculos: supraespinal, infraespinal, redondo menor e subescapular. A ruptura ocorre mais frequentemente no tendão do supraespinal. Como o supraespinal cursa sob o arco subacromial, ele fica vulnerável à ruptura por um esporão ósseo. A ruptura do supraespinal resulta na incapacidade de iniciar o movimento de abdução do ombro. Uma ruptura do manguito rotador/coifa dos rotadores se apresenta com dor generalizada nas atividades que exigem elevação do membro superior acima da cabeça, e pode se apresentar com dores noturnas.
Síndrome do arco doloroso
É comumente chamada de síndrome do pinçamento. Trata-se de uma inflamação dos músculos do manguito rotador/coifa dos rotadores, devido a um 'pinçamento' que ocorre quando eles passam através do espaço subacromial. O paciente pode se apresentar com dor, fraqueza e perda dos movimentos do ombro entre 60o e 120o de abdução. Isso ocorre devido ao uso excessivo, como nos nadadores ou nos arremessadores de peso.
Fratura de Galeazzi
Esta é uma fratura do terço distal da diáfise radial, com luxação da articulação radioulnar distal. Ela geralmente ocorre devido a uma queda sobre a mão espalmada. As manifestações mais comuns são dor, edema e deformidade da articulação.
Fratura de Monteggia
Esta é uma fratura do terço proximal da ulna, associada a luxação da articulação radioulnar proximal. Um tipo comum de fratura de Monteggia ocorre nas crianças, no qual a cabeça do rádio é luxada devido a um puxão forte pelo braço.
Fratura de Colles
Esta é uma fratura do rádio distal (a dois centímetros da articulação do punho), com translocação dorsal do fragmento distal. Esse tipo de trauma faz a mão parecer estar em flexão dorsal. A mesma fratura, porém fazendo a mão apresentar uma flexão palmar, é chamada de fratura de Smith, na qual a mão aparenta estar internalizada e deslocada inferiormente. Ela ocorre frequentemente após uma queda sobre a mão espalmada.
Fratura do escafóide
O osso escafóide forma o assoalho da tabaqueira anatômica e se articula com o rádio no punho. Uma queda sobre a mão espalmada pode fraturá-lo. O paciente se apresentará com dor ao toque na região da tabaqueira anatômica. O suprimento sanguíneo do osso cursa de distal para proximal, uma vez que o ramo nutriente da artéria radial entra no polo distal do osso, e cursa proximalmente. A necrose avascular do segmento proximal é uma complicação comum. Esta necrose leva a um achatamento da eminência tenar.
Dedo em martelo
Esta lesão é comumente chamada de 'dedo do baseball'. É causada por lesão ao complexo tendíneo extensor, em sua inserção na falange distal do qualquer um dos dedos. A falange distal fica portanto em flexão permanente, com a aparência de um martelo.
Deformidade em botoeira
Esta é uma deformidade óssea dos dedos da mão ou dos pés, associada com artrite reumatoide e trauma da extremidade distal de um dedo estendido. É causada por uma flexão da articulação interfalângica proximal e uma extensão da articulação interfalângica distal. Resulta na incapacidade de estender o dedo.
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