Ossos do carpo
O carpo é um conjunto de oito ossos de formato irregular localizados na região do punho. Esses ossos fazem a ligação entre as extremidades distais dos ossos longos do antebraço (rádio e ulna) e os aspectos proximais dos ossos metacarpais.
Os ossos do carpo estão organizados em duas fileiras: uma proximal e uma distal. De lateral (radial) para medial (ulnar), a fileira proximal inclui os ossos escafoide, semilunar, piramidal e pisiforme. A fileira distal inclui os ossos trapézio, trapezoide, capitato e hamato.
Cada osso do carpo tem a sua própria forma única e múltiplas superfícies, o que significa que eles têm a capacidade de se articular com vários ossos, músculos e ligamentos adjacentes do antebraço e mão. Assim, os ossos do carpo dão flexibilidade e permitem que os tecidos moles da mão realizem vários tipos de movimentos. Eles também são os principais constituintes da estrutura esquelética do punho, que permite a passagem das diferentes estruturas neurovasculares da mão.
Esse artigo discutirá a anatomia e função dos ossos do carpo.
Definição | Os ossos do carpo são oito pequenos ossos que formam o punho e fazem a ligação da mão com o antebraço |
Fileira proximal | Ossos escafoide, semilunar, piramidal e pisiforme |
Fileira distal | Ossos trapézio, trapezoide, capitato e hamato |
Fileira proximal
Osso escafoide
O escafoide é o maior osso da fileira proximal do carpo. Possui forma semelhante à de um barco (“scaphos” em Grego significa barco, daí o seu nome), e se localiza imediatamente inferiormente à tabaqueira anatômica. Ele se articula proximalmente com o rádio e distalmente com o trapézio e o trapezoide. Além disso, o escafoide também se articula com os ossos semilunar e capitato.
O escafoide tem uma proeminência óssea localizada na sua superfície palmar chamada de tubérculo do escafoide. Como esse tubérculo é subcutâneo, pode ser palpado facilmente na palma da mão. O escafoide é o osso mais frequentemente fraturado do punho. Essas fraturas geralmente ocorrem quando uma pessoa cai sobre a mão estendida.
Osso semilunar
O próximo osso da fileira proximal é o osso semilunar, localizado entre os ossos escafoide e piramidal. Proximalmente, o osso semilunar articula-se com a cabeça do rádio (superfície articular do carpo) e com o disco articular da articulação radioulnar distal, enquanto distalmente se articula com o osso capitato. Ele recebe o seu nome devido à sua forma semelhante a uma meia-lua.
Osso piramidal
Fiel ao seu nome, o osso piramidal tem uma forma semelhante a uma pirâmide, e está localizado na região medial do carpo. Ele se articula com o osso semilunar, lateralmente, e com o osso hamato, distalmente. Além disso, o osso piramidal tem uma faceta articular isolada de forma oval na sua superfície palmar distal, para articulação com o osso pisiforme.
Osso pisiforme
O pisiforme é um pequeno osso em forma de ervilha localizado junto à superfície palmar distal do osso piramidal, com o qual se articula através de uma faceta articular dorsal. O pisiforme é um osso sesamoide, ou seja, está totalmente incorporado a um tendão, mais especificamente o tendão do músculo flexor ulnar do carpo. Além disso, ele também é um osso superficial da palma da mão, podendo ser facilmente palpado.
Fileira distal
Osso trapézio
O trapézio é o primeiro e o mais lateral dos ossos da fileira distal do carpo. Ele se articula com o escafoide, o trapezoide, e o 1.º e 2.º metacarpais. O osso trapézio tem um tubérculo e um sulco na sua superfície palmar. Esses marcos ósseos são locais de fixação ou passagem para tendões e ligamentos. A superfície dorsal do osso está intimamente relacionada com a artéria radial.
Osso trapezoide
O trapezoide é um osso em forma de cunha da fileira distal dos ossos do carpo. Ele pode parecer bem pequeno em comparação com os outros ossos de uma perspectiva palmar, contudo, é muito maior no seu lado dorsal. Ele se articula com o osso escafoide, proximalmente, lateralmente com o trapézio, medialmente com o capitato, e sua faceta distal permite que se articule com o segundo metacarpal.
Osso capitato
O osso capitato é o maior de todos os ossos do carpo. A sua principal articulação se dá distalmente com o 3.º metacarpal. Além disso, ele também se articula com outros ossos do carpo adjacentes: trapezoide, escafoide, semilunar e hamato.
Osso hamato
O hamato também tem uma forma semelhante a uma cunha, e é o osso mais medial da fileira distal do carpo. Ele se articula distalmente com o 4.º e o 5.º metacarpais, lateralmente com o capitato, e proximalmente com o piramidal.
A principal característica anatômica do osso hamato é o seu hâmulo, uma estrutura óssea alongada que se projeta a partir do aspecto distal da sua superfície palmar. O hâmulo do hamato contribui para a formação da parede medial do túnel do carpo e também da parede medial do túnel ulnar (canal de Guyon). O hâmulo também é o local de fixação de vários músculos e ligamentos da mão e antebraço, incluindo o retináculo dos flexores.
Notas clínicas
Fratura do osso escafoide
A fratura mais comum que ocorre nos ossos do carpo é a fratura do escafoide. Essa lesão geralmente ocorre quando uma pessoa tenta impedir uma queda esticando a mão e apoiando-se sobre a palma com a mão em abdução. Os sintomas são dor e edema de uma região conhecida como tabaqueira anatômica.
As complicações surgem devido à falta de suprimento sanguíneo para a área, devido à lesão do ramo carpal palmar da artéria radial. Essa insuficiência sanguínea, acompanhada da privação de nutrientes, pode levar a uma osteonecrose avascular (ou seja, a morte do osso secundária a uma vascularização inadequada) e, consequentemente, uma doença articular degenerativa do punho.
Luxação do osso semilunar
A luxação do osso semilunar é uma lesão rara, mas grave, que, ao contrário da fratura do osso escafoide, geralmente resulta de uma queda sobre um punho dorsifletido. Geralmente o osso semilunar é deslocado em direção palmar, enquanto os demais ossos do carpo permanecem na sua localização habitual. Isso pode levar a uma compressão do nervo mediano, causando síndrome do túnel do carpo. Tal como na fratura do osso escafoide, a luxação do semilunar também pode levar a uma vascularização inadequada, e consequentemente à necrose avascular do osso. Os sintomas são dor e edema, além dos sintomas típicos da síndrome do túnel do carpo. Essa situação é uma emergência, que deverá ser tratada com correção da luxação e imobilização, ou, em casos mais graves, excisão cirúrgica do osso semilunar.
Síndrome do túnel do carpo
A síndrome do túnel do carpo é um termo utilizado para fazer referência a uma condição conhecida como a compressão do nervo mediano, e é a forma mais comum de neuropatia compressiva. A etiologia mais frequente é ocupacional, devido à realização de movimentos repetitivos como flexão e extensão do punho, levando ao uso excessivo das estruturas anatómicas que trabalham diretamente na realização desses movimentos. Como consequência, há um aumento do volume e da pressão exercida no túnel do carpo, levando à compressão do nervo mediano, e a distúrbios sensitivos em suas áreas de inervação.
A compressão crônica pode levar a danos neuronais permanentes e à atrofia tenar, que se manifesta como fraqueza nos 1.º e 2.º dedos da mão. O diagnóstico da síndrome do túnel do carpo é clínico. Diante de sintomas sugestivos dessa condição, devem ser realizados testes provocatórios para confirmar o diagnóstico, como o teste de Phalen e o teste de Tinel. No teste de Phalen, o paciente deverá manter o punho em flexão máxima durante um minuto (exemplo: colocando a parte dorsal de ambas as mãos voltadas uma contra a outra, com os cotovelos fletidos). O teste de Tinel, por outro lado, consiste na percussão sobre o trajeto do nervo mediano no túnel do carpo. Os testes serão positivos se essas manobras provocarem dor e/ou parestesias no território do nervo mediano. Apesar do diagnóstico ser clínico, os testes eletrodiagnósticos podem ser importantes para a confirmação do diagnóstico e seleção do tratamento. O tratamento inclui repouso e imobilização do punho durante algum tempo. A área pode ser imobilizada usando talas e ligaduras, em casos mais graves poderá ser necessário o uso de anti-inflamatórios, analgésicos ou até a realização de cirurgia.
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