Videoaula: Sangue
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Olá pessoal! Aqui é a Amanda do Kenhub e nesta videoaula de histologia nós vamos discutir uma das partes mais móveis do corpo humano - o sangue.
Normalmente quando as pessoas pensam em sangue elas ...
Leia maisOlá pessoal! Aqui é a Amanda do Kenhub e nesta videoaula de histologia nós vamos discutir uma das partes mais móveis do corpo humano - o sangue.
Normalmente quando as pessoas pensam em sangue elas pensam em alguma coisa dolorosa ou desagradável que possa ter acontecido, como uma lesão e, de fato,
muitas pessoas têm aversão a sangue. Mas o sangue, como você verá durante esta videoaula, é uma substância fascinante, não só porque ele é tão complexo que até hoje estamos descobrindo novas coisas sobre sua composição, mas porque ele é essencial para a vida. O sangue tem nos fascinado por milênios. Na Grécia antiga o sangue era conhecido como “hema” e era considerado sinônimo de vida.
Para visualizar os componentes celulares do sangue usando um microscópio óptico, uma simples preparação conhecida como esfregaço sanguíneo é usada. Aqui nós vemos uma micrografia mostrando um esfregaço sanguíneo e, como você pode ver, várias células podem ser vistas e diferenciadas.
O sangue é composto por células e fragmentos celulares suspensos em uma solução aquosa chamada de plasma. Esta técnica usa uma única gota de sangue, que é colocada em uma lâmina de vidro. A gota é espalhada finamente sobre a superfície da lâmina, para produzir uma única camada de células. Deixa-se a amostra secar ao ar livre e, para visualizar as células, um corante é adicionado. Estes corantes normalmente contêm azul de metileno ou outros componentes azuis, que são corantes básicos, e eosina, que é um corante ácido.
Nesta lâmina, você pode ver como o corante tinge as células sanguíneas de diferentes cores. Por exemplo, o roxo claro das células vermelhas e o roxo escuro dos linfócitos. Estes pequenos pontos roxos são as plaquetas. Os diferentes componentes se ligam a diferentes partes das células, permitindo que elas sejam diferenciadas uma das outras. O corante é aplicado ao esfregaço sanguíneo seco por alguns minutos e depois é enxaguado. Os corantes Giemsa e Wright são dois corantes comuns usados em preparações de esfregaços sanguíneos. Nossa imagem de hoje é de um corante de Wright, que é feito por uma combinação de azul de metileno e eosina. O corante de Wright é usado para mostrar células sanguíneas e, às vezes, parasitas maláricos.
O plasma sanguíneo, que é a solução aquosa na qual os componentes celulares do sangue estão suspensos, é formado pelas proteínas albumina; alfa, beta e gama globulinas; fibrinogênio e outros componentes protéicos. Nesta lâmina, é claro, o plasma sanguíneo é transparente e corresponde aos espaços brancos que você vê na imagem.
Vamos falar brevemente sobre o que nós vamos ver nesta videoaula. Nós vamos focar nos componentes celulares do sangue, começando pelos eritrócitos ou células vermelhas sanguíneas, depois veremos os leucócitos ou células brancas sanguíneas e, finalmente, nós vamos ver as plaquetas, que são outro componente importante do sangue. Então, sem mais delongas, vamos começar com os eritrócitos.
Os eritrócitos, mais comumente conhecidos como células vermelhas sanguíneas ou hemácias, formam cerca de 5% do volume total de sangue. Elas são, é claro, as células que você pode ver com destaque em verde. A porcentagem de hemácias no sangue é conhecido como hematócrito.
Como nós podemos ver neste pequeno diagrama aqui, as hemácias não possuem núcleos e têm formato bicôncavo. Elas medem cerca de 7,5 micrômetros em diâmetro, cerca de 2,6 micrômetros nas bordas e somente 0,75 micrômetros no centro. Sua função primária é o transporte de oxigênio para os tecidos e de dióxido de carbono para longe dos tecidos. O que permite isso é o fato das hemácias serem preenchidas pela proteína hemoglobina, que é uma proteína carreadora de oxigênio. Na verdade todo o citoplasma da hemácia é preenchido por hemoglobina, que se liga reversivelmente ao oxigênio e ao dióxido de carbono, permitindo que as hemácias transportem estes gases dos pulmões até os tecidos e vice-versa, para a troca gasosa.
O citoplasma das hemácias não só não possui um núcleo como também não possui organelas. E só para te lembrar, caso você tenha se esquecido, uma organela é uma estrutura especial organizada, que possui uma função particular na célula, como um pequeno órgão. A ausência de organelas nas hemácias permite que mais hemoglobina seja armazenada no citoplasma e, portanto, mais oxigênio seja transportado. As células perdem seus núcleos e organelas durante a diferenciação na medula óssea, logo antes de serem liberadas na circulação sanguínea.
Ainda neste ponto, vamos dar uma rápida olhada nos precursores das hemácias, conhecidos como reticulócitos, alguns dos quais nós podemos ver na micrografia aqui. Reticulócitos são hemácias imaturas, que se desenvolvem na medula óssea antes de serem liberados na circulação, onde após cerca de um ou dois dias, eles eventualmente se tornam hemácias maduras. Em indivíduos saudáveis, os reticulócitos formam apenas 1 ou 2% das células do sangue, entretanto, este número aumenta em situações nas quais a demanda de oxigênio ultrapassa o suprimento e, nestes casos, reticulócitos são liberados da medula óssea antes de se transformarem em eritrócitos, para aumentar a capacidade de transporte de oxigênio do sangue. E por isso, a contagem de reticulócitos pode ser usada como um marcador de anemia e para a checagem de doenças da medula óssea.
Voltando para os nossos eritrócitos mais maduros, suas estruturas fazem que eles sejam muito flexíveis e isto permite que eles se deformem facilmente e se dobrem para passar nos estreitos vasos do leito capilar. Glicoproteínas e glicolipídeos, ambos tipos de antígenos, estão presentes na superfície das hemácias. Existem três tipos de antígenos que diferem um pouco em sua composição e são identificados pelas letras A, B e O. A presença, ou ausência, destes antígenos em um indivíduo é o que determina o tipo sanguíneo da pessoa. Por exemplo, pessoas com antígenos do tipo A na superfície das hemácias são descritas como tendo sangue do tipo A, e assim por diante. A presença destes antígenos e o conhecimento deles é clinicamente importante no que diz respeito a transfusão sanguínea e compatibilidade sanguínea.
O tempo de vida de uma hemácia na circulação sanguínea é cerca de 120 dias. Quando a hemácia fica velha ela perde sua habilidade de se deformar, o que é detectado por células especializados do baço. O baço as extrai do sangue, as quebra e envia seus componentes para que sejam reciclados pelo fígado.
Agora vamos ver outro tipo de célula que está presentes no sangue, conhecida como leucócito. Leucócitos são mais comumente conhecidos como células brancas sanguíneas. A palavra leucócito é derivada da palavra grega “Leukos”, que significa branco ou limbo e “cyte”, que significa célula. Estas células geralmente possuem uma vida média de 120 dias.
Nesta lâmina, você sabe que nós estamos olhando para um leucócito sob microscopia eletrônica e não em um microscópio óptico, como evidenciado por estes leucócitos em roxo claro que você pode ver aqui.
Existem cinco tipos de leucócitos que nós vamos cobrir nesta parte da nossa videoaula. Eles são os neutrófilos, eosinófilos e basófilos, bem como os linfócitos e os monócitos. Eles podem ser classificados em duas categorias diferentes. Granulócitos contêm grânulos específicos em seus citoplasmas. Agranulócitos, por outro lado, não possuem estes grânulos específicos em seus citoplasmas. Entretanto, vale a pena observar que tanto os granulócitos quanto os agranulócitos possuem grânulos azurófilos não específicos conhecidos como lisozimas.
Vamos dar uma olhada em cada tipo de leucócitos em mais detalhes, começando com os neutrófilos. Nesta imagem, note que nós estamos olhando para uma pintura artística de um neutrófilo em um zoom muito ampliado, de uma forma que não conseguimos vê-lo a olho nu. Como acabamos de ver, neutrófilos pertencem ao grupo dos granulócitos dos leucócitos. Eles possuem entre 12-15 micrômetros de diâmetro e formam entre 54 a 62% das células brancas circulantes no sangue. Como você pode ver nesta micrografia, o núcleo de um neutrófilo é lobulado e exibe tipicamente três a cinco lobos. E é por isso que, em alguns livros, você pode ver os neutrófilos serem chamados de leucócitos polimorfonucleares ou PMN. Estes lobos são conectados por finas extensões nucleares. Em mulheres, o cromossomo X inativo aparece como um apêndice em formato de bastão. Em um destes lobos, que nós podemos ver na nossa imagem aqui, vemos o apêndice que é conhecido como corpúsculo de Barr. Ele nem sempre é visível, mas é útil saber que ele existe.
Neutrófilos pertencem ao grupo dos granulócitos dos leucócitos, pois eles contêm grânulos específicos em seu citoplasma, que se coram de rosa claro após uso do corante hematoxilina e eosina. Estes grânulos específicos secretam enzimas que degradam a matriz extracelular. Os grânulos também dão aos neutrófilo sua capacidade fagocítica funcional. Você pode pensar nos neutrófilos como os primeiros respondedores. Eles são os primeiros a chegar no local de infecção após serem atraídos pelos mediadores químicos e o processo de movimentação até o local é conhecido como quimiotaxia.
Por serem fagócitos, os neutrófilos engolem as células bacterianas e outras partículas pequenas. Eles são fundamentais na resposta inflamatória. Neutrófilos liberam citocinas polipeptídicas e mediadores lipídicos da inflamação. A liberação de quimiocinas polipeptídicas age atraindo outros leucócitos, que direcionam a atividade dos neutrófilos e de outras células envolvidas na resposta imune. A vida média de um neutrófilo é curta, cerca de 1 a 4 dias.
O próximo tipo de leucócito que nós vamos ver são os eosinófilos. Mais uma vez estamos olhando para uma ilustração artística. Os eosinófilos são cerca de 3% dos leucócitos e se assemelham aos neutrófilos. Eles também são granulócitos e se desenvolvem e maturam dentro da medula óssea e, após este processo, eles são liberados na corrente sanguínea periférica.
Aqui nesta micrografia nós vemos um eosinófilo em um esfregaço sanguíneo. Como você pode ver, este tipo celular de granulócito possui um núcleo bilobulado e, assim como os outros granulócitos, ele contém grânulos ovais em seu citoplasma. Além disto, os eosinófilos também contêm outras substâncias, como proteínas básicas principais, peroxidases e enzimas eosinofílicas e outras toxinas que agem matando helmintos e vermes parasitários. Os eosinófilos podem ser encontrados em abundância em locais onde ocorre inflamação crônica, como nos pulmões e no tecido conjuntivo de revestimento intestinal. Isto porque os eosinófilos, entre suas outras funções, modulam a resposta inflamatória. Os eosinófilos são colocados em ação nos processos alérgicos e eles liberam substâncias químicas como as citocinas, mediadores lipídicos e quimiocinas.
O terceiro tipo de leucócito que nós temos são os basófilos, que também são granulócitos, e formam menos de 1% dos leucócitos. Eles possuem de 12 a 15 micrômetros de diâmetro e contêm grânulos específicos que se coram em roxo ou por substâncias básicas em um esfregaço sanguíneo. Aqui nós voltamos para a nossa micrografia de um esfregaço sanguíneo, com um basófilo destacado aqui em verde.
Os grânulos dos basófilos se coram muito, pois eles contêm heparina e outras glicosaminoglicanas sulfatadas. Além disso, os grânulos presentes nos basófilos também contêm histamina, fatores pró-inflamatórios chamados de leucotrienos e outros mediadores inflamatórios que são liberados em resposta a certos alérgenos e antígenos.
Agora que nós vimos os granulócitos, vamos olhar para os leucócitos que são classificados como agranulócitos, começando pelos linfócitos. Os linfócitos são o segundo tipo de leucócito mais abundante na corrente sanguínea, constituindo cerca de 25a 33% de todos os leucócitos, e eles são tipicamente os menores dentre todos os leucócitos.
Eles possuem um núcleo esférico, que nós podemos ver aqui nesta micrografia do linfócito. Como você pode ver aqui, no centro do leucócito é um núcleo arredondado com pouquíssimo citoplasma. Linfócitos podem ser subdivididos em grupos, baseado nas moléculas de superfície que eles possuem, conhecidas como cluster de diferenciação ou marcadores CD, como você deve conhecê-los. Estes marcadores CD, que podem ser diferenciados por imunohistoquímica usando anticorpos, subdividem os linfócitos em quatro classes principais - linfócitos B, linfócitos T helper, linfócitos T citotóxicos e células natural killer ou NK- todos eles desempenham diversos papéis na resposta imune contra parasitas, microorganismos e células anormais.
O tempo de vida dos linfócitos varia de acordo com suas funções específicas e eles podem sobreviver na circulação sanguínea desde poucos dias até vários anos em determinados tecidos.
Agora vamos dar uma olhada em outro tipo de agranulócito, e no último tipo de leucócitos que vamos ver nesta videoaula, conhecido como monócito. Monócitos têm tipicamente 12 a 15 micrômetros de diâmetro e seus núcleos têm formato de C. Seu citoplasma é basófilo, como você pode ver nesta micrografia e contém pequenos grânulos azurófilos chamados de lisossomos. A grande quantidade de lisossomos é o que faz com que o citoplasma dos monócitos tenham essa coloração azulada, como você pode ver nesta micrografia. Devemos notar que os monócitos são células precursoras do sistema fagocítico mononuclear, incluindo osteoclastos, micróglia e macrófagos, como este visto aqui nesta lâmina. Todas as células derivadas de monócitos são células apresentadoras de antígenos e, sendo assim, têm um importante papel na defesa imune do corpo.
Agora vamos dar uma olhada em outro componente importante do sangue, que é a plaqueta. Estas células não nucleadas medem entre 2 e 4 micrômetros e sua função é promover a coagulação sanguínea. As plaquetas também atuam no reparo tecidual, como na cicatrização de pequenas roturas e vazamentos nas paredes dos vasos sanguíneos.
Aqui nesta micrografia, nós vemos plaquetas, que também são chamadas de trombócitos. Na verdade, elas são fragmentos da membrana fosfolipídica de uma célula maior, chamada de megacariócito, encontrada na medula óssea, que as liberou na corrente sanguínea. No sangue, a contagem normal de plaquetas ou trombócitos é entre 150 mil e 400 mil por microlitro e sua vida média típica é cerca de 10 dias.
Agora que nós vimos os componentes do sangue, vamos aprender rapidamente sobre uma doença que se origina no sangue e afeta milhões de pessoas, resultando em centenas a milhares de mortes todos os anos, que é a malária. Malária é uma doença infecciosa transmitida para humanos e outros animais pela fêmea infectada do mosquito Anopheles. Uma picada de uma fêmea do mosquito introduz o parasita plasmodium da saliva do mosquito na corrente sanguínea, o que pode ser visto nesta magnificação aqui. Estes parasitas causam sintomas de malária, que ocorrem entre dez e quinze dias depois da infecção. Eles incluem febre, vômitos, cefaleia e fadiga. Em casos graves esta doença pode levar à morte.
A malária pode ser diagnosticada através do exame microscópico de esfregaços sanguíneos, como este visto aqui ou por testes rápidos baseados na detecção de antígenos. Esfregaços sanguíneos, como este visto aqui, detectam o parasita usando microscopia óptica e técnicas de coloração específica. Para tratar esta doença, medicações como a cloroquina, mefloquina ou doxiciclina são prescritas, para matar o plasmodium no sangue.
Isto nos traz ao fim da videoaula. Agora, vamos resumir rapidamente. Nós aprendemos que o sangue consiste em células sanguíneas suspensas em uma solução aquosa, conhecida como plasma sanguíneo. Nós também vimos que o sangue é formado por diferentes tipos celulares, o primeiro sendo os eritrócitos, também conhecidos como células vermelhas sanguíneas. Eritrócitos são células não nucleadas e seu citoplasma contém muita hemoglobina, que é o que permite que eles carreguem oxigênio e dióxido de carbono para e a partir dos tecidos do corpo. Os eritrócitos são formas maduras dos reticulócitos, que também são não nucleados e são formados na medula óssea, antes de serem liberados na corrente sanguínea. Um número alto destas células no sangue pode ser um indicador de anemia ou de doenças da medula óssea.
Depois nós vimos os leucócitos, que também são conhecidos como células brancas sanguíneas. Eles podem ser subdivididos em dois grupos, o primeiro sendo os granulócitos, que incluem neutrófilos, eosinófilos e basófilos. O segundo grupo são os agranulócitos, que incluem os linfócitos e os monócitos. Nós também vimos outro tipo celular encontrado no sangue e conhecido como plaquetas. Elas são responsáveis pela coagulação e atuam no reparo tecidual dos vasos sanguíneos.
E é isto! Espero que você tenha gostado desta videoaula e tenha aprendido um pouco mais sobre este tecido conjuntivo especializado chamado de sangue.
Bons estudos!