Videoaula: Artérias e veias
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Olá pessoal! Aqui é a Amanda, do Kenhub, e hoje vamos dar uma olhada mais detalhada no seu encanamento interno. Em outras palavras, vamos falar sobre a histologia das artérias e das veias.
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Leia maisOlá pessoal! Aqui é a Amanda, do Kenhub, e hoje vamos dar uma olhada mais detalhada no seu encanamento interno. Em outras palavras, vamos falar sobre a histologia das artérias e das veias.
Você provavelmente já sabe que a principal função dos vasos sanguíneos é transportar nutrientes e resíduos metabólicos pelo corpo para serem processados nos locais corretos. As artérias transportam sangue oxigenado para longe do coração em direção às células do corpo, e veias transportam sangue desoxigenado de volta para o coração. Capilares são minúsculos vasos que permeiam os tecidos do corpo e fornecem sangue para todas as células que alcançam.
A videoaula de hoje vai nos ensinar sobre as características histológicas das artérias e das veias. Aqui podemos ver uma artéria à esquerda e uma veia à direita. À primeira vista, podemos ver que existem diferenças entre as duas, e até o final desta videoaula você será capaz de não somente perceber e descrever as características gerais dos vasos sanguíneos, mas também de determinar as características específicas que fazem da artéria uma artéria, e da veia uma veia.
Veremos ainda as camadas de um vaso sanguíneo e os componentes que vamos encontrar nessas camadas. A partir daí, vamos ver os tipos de artérias, capilares e veias, e vamos terminar com uma nota clínica na qual vamos falar sobre a aterosclerose. Sem mais adendos, vamos dar uma olhada mais de perto nas camadas de um vaso sanguíneo.
Para começar, vamos discutir as várias camadas e os tipos de células que compõem um vaso sanguíneo. As artérias e as veias diferem levemente em suas estruturas, já que são ambas adaptadas para acomodar diferentes níveis de pressão sanguínea, mas os seus elementos principais, como vamos ver daqui a pouco, são essencialmente os mesmos.
Esta imagem aqui é de um vaso sanguíneo cortado longitudinalmente. As paredes do vaso sanguíneo estão em cima e embaixo na imagem, e entre essas duas paredes está o lúmen do vaso. O lúmen é o espaço por onde o sangue cursa.
Vamos começar com a camada mais próxima ao lúmen e seguir até a parte externa da parede do vaso sanguíneo. Os vasos sanguíneos têm três camadas com as quais devemos nos familiarizar, e à medida em que avançarmos por essas camadas vamos falar primeiro sobre a versão arterial da camada, e depois mostramos as diferenças presentes nesta mesma camada de uma veia.
A primeira camada é a túnica íntima. Aqui temos uma imagem da túnica íntima de uma artéria destacada em verde. Esta é a camada do vaso sanguíneo mais próxima do lúmen e do sangue, e ela é composta por uma única camada de endotélio, depois o subendotélio subepitélio, e então a membrana elástica interna.
Vamos dar uma olhada mais de perto nessa camada. O endotélio do vaso sanguíneo está em contato direto com o lúmen. Esta imagem da esquerda mostra o endotélio de uma artéria destacado em verde, e esta imagem da direita mostra o endotélio de uma veia. Mas não se preocupe com as diferenças específicas entre as duas aqui, porque essas imagens são apenas um exemplo.
O endotélio é composto por numerosas células endoteliais destacadas individualmente aqui. As células endoteliais têm várias funções, incluindo a absorção de nutrientes e oxigênio do sangue e a eliminação de resíduos para o sangue. Em algumas partes do corpo, como no cérebro, as células endoteliais estão ligadas tão fortemente às células vizinhas que elas agem como uma barreira, evitando a passagem de qualquer material entre as células e o meio. Essa barreira é comumente conhecida como barreira hematoencefálica. Logo abaixo do endotélio temos o subendotélio, destacado aqui em verde.
O subendotélio se localiza entre o endotélio e a membrana elástica interna. É uma camada de tecido conjuntivo, e sua principal função é sustentar o endotélio. A membrana elástica interna é uma camada única de tecido conjuntivo elástico que sustenta as duas camadas acima. Fibras elásticas aparecem como fibras escuras e onduladas.
Quando vistas em várias imagens histológicas, esta característica específica te permite diferenciá-las facilmente de outras fibras. A elasticidade dessas fibras permite que os vasos sanguíneos se ajustem às flutuações da pressão sanguínea, e a retração das fibras elásticas ajuda na propulsão do sangue através do sistema vascular. Vamos ver fibras elásticas em outras camadas dos vasos sanguíneos, e também vamos ver muito mais delas nas artérias do que nas veias; vamos explorar isso daqui a pouco nesta videoaula.
Agora, que já vimos as camadas encontradas na túnica íntima, vamos então comparar rapidamente esta camada nas veias e nas artérias. A túnica íntima de uma veia é semelhante à de uma artéria, tendo as mesmas camadas, que por sua vez têm espessuras relativamente semelhantes. Podemos ver isso aqui destacado em verde. No entanto, essa camada de fato se difere um pouco, uma vez que as veias têm válvulas, que são essencialmente dobras de túnica íntima que se projetam para dentro do lúmen do vaso. As válvulas não podem ser vistas nesta imagem, então quando você vê as duas lado-a-lado assim, podemos ver que elas são bem semelhantes.
Diferenciar uma artéria de uma veia é mais fácil quando examinamos o formato do vaso, uma vez que as veias são menos estruturadas e mais colapsadas do que as artérias, que parecem mais circulares. A característica mais distinta, no entanto, é a camada média do vaso sanguíneo - a túnica médica. A túnica média é a camada intermediária das três camadas de um vaso sanguíneo.
A parte em destaque nesta imagem é a túnica média de uma artéria. Essa camada especificamente consiste em tecido muscular liso, fibras elásticas e tecido conjuntivo em graus variáveis, dependendo de qual artéria estamos vendo ou de qual tipo de vaso sanguíneo estamos analisando sob o microscópio. O tecido muscular liso dos vasos sanguíneos está sob controle involuntário dos sistemas nervosos simpático e parassimpático. Nesta imagem podemos ver que a túnica média parece ser quase composta por múltiplas camadas transversais empilhadas umas sobre as outras. Uma característica importante de se observar na túnica média são as lamelas elásticas.
O termo “lamelas” significa apenas as camadas de algum tipo de tecido. Como mencionamos anteriormente, fibras elásticas aparecem como fibras escuras, e estão destacadas em verde nessa imagem. Aqui está uma que não está destacada, só para podermos ver como elas se coram de uma cor bem escura em comparação com os tecidos vizinhos. Também podemos ver que as lamelas elásticas estão separadas umas das outras por camadas de de músculo liso e tecido conjuntivo.
A espessura dessa camada e a quantidade de fibras elásticas e de músculo liso muda drasticamente na estrutura das veias. Ao olhar para a túnica média das artérias e das veias lado a lado, é bem aparente como elas possuam tamanhos diferentes.
A túnica média da veia geralmente tem mais fibras elásticas do que músculo liso, e a túnica média da artéria tem maior quantidade de músculo liso do que a sua contraparte venosa. Bem, antes de mergulharmos na camada final do vaso sanguíneo, existe uma camada que separa a túnica média desta camada mais externa, que é conhecida como membrana elástica externa. Esta camada é semelhante à sua contraparte interna, uma vez que atua como um limite entre as duas camadas. Também composta por tecido elástico, a membrana elástica externa age como um limite entre a túnica média e a túnica externa, que é a nossa próxima e última camada.
A túnica externa é a camada mais externa, ou a camada mais distante do lúmen, e algumas vezes é chamada de túnica adventícia. Esta imagem à esquerda mostra a túnica externa de uma artéria destacada. Ela é composta principalmente por tecido conjuntivo, que sustenta o vaso e ajuda a ancorá-lo às estruturas vizinhas.
Observando a túnica externa da veia à direita, podemos ver que ela é composta por tecido conjuntivo semelhante. A espessura variável da túnica externa tanto nas estruturas arteriais quanto nas venosas depende da localização e do tamanho do vaso que estamos vendo. Não é possível distinguir uma artéria de uma veia apenas olhando para a túnica externa. Agora que já discutimos as camadas dos vasos sanguíneos de uma forma geral, e como essas camada se diferem nas artérias e nas veias, vamos mergulhar nos vários tipos de artérias e veias. Vamos começar com os diferentes tipos de artérias.
O primeiro tipo de artéria que vamos ver são as artérias elásticas. Na nossa imagem aqui podemos ver uma camada rosada cheia de células e diferentes tipos de tecidos. Esta é a túnica média de uma artéria. A principal característica das artérias elásticas é o grande número de fibras colágenas e elásticas que encontramos na sua túnica média. Esta característica em particular permite que os vasos sanguíneos se expandam, impulsionando o sangue pela circulação através da retração das suas fibras elásticas. A aorta e as artérias pulmonares são exemplos de artérias elásticas que impulsionam grandes volumes de sangue pelas circulações sistêmica e pulmonar, respectivamente.
Artérias elásticas geralmente impulsionam o sangue em direção às artérias musculares, que podem se contrair ou dilatar, controlando assim o fluxo do sangue para áreas específicas do corpo. O mecanismo pelo qual isso acontece é resultado do grande número de células musculares lisas que podem ser encontradas na túnica média desses vasos. Podemos ver bem aqui as camadas de células musculares lisas que, quando estimuladas ou não, podem controlar o diâmetro do vaso.
As artérias musculares vão então começar a drenar sangue para vasos menores chamados de arteríolas. Nas imagens aqui podemos ver várias arteríolas destacadas em verde. Esses vasos são bem menores do que as artérias musculares e elásticas, e eles são os últimos vasos pelos quais o sangue percorre antes de entrar nos capilares para despejar nutrientes e oxigênio no tecido.
Arteríolas têm um endotélio e uma túnica média bem menor, que geralmente consiste em apenas algumas camadas de músculo liso. Arteríolas desempenham um papel importante no controle da resistência vascular. Elas podem se contrair, causando o desvio de grandes quantidades de sangue de áreas específicas do corpo, ou podem se dilatar e permitir que mais sangue flua a qualquer parte do corpo onde elas possam estar.
Das arteríolas o sangue então flui para os menores de todos os vasos sanguíneos - os capilares. Vamos dar uma olhada mais de perto neles agora. Mesmo sendo os menores vasos sanguíneos através dos quais o sangue flui, os capilares são alguns dos mais importantes vasos sanguíneos do corpo. Neles as células vermelhas do sangue seguem como se estivessem em fila única, devido ao pequeno diâmetro dos vasos. Isso permite que os nutrientes e o oxigênio deixem as células vermelhas do sangue para entrarem nos tecidos. Isso também permite que as células vermelhas e o sangue coletem dióxido de carbono e resíduos metabólicos para reciclagem ou para expulsão do corpo.
Existem três tipos de capilares que vamos ver aqui. Vamos começar primeiro com os capilares contínuos. Como o nome sugere, capilares contínuos não têm interrupções ou orifícios em suas paredes, e continuam como um túnel para as células sanguíneas atravessarem.
A imagem aqui mostra um capilar contínuo destacado em verde. Essa imagem foi retirada de uma porção de tecido pulmonar, e mostra um capilar encontrado ao longo da parede alveolar. Se dermos uma olhada mais de perto nesse vaso, podemos ver algumas células sanguíneas vermelhas dentro do capilar. Nesta imagem também podemos ver como o diâmetro do capilar é apenas largo o suficiente para permitir que as células sanguíneas fluam através do vaso uma a uma.
Uma outra característica importante, mas que não pode ser totalmente contemplada nessa imagem, é que as células endoteliais dos capilares contínuos estão fortemente conectadas através das junções de oclusão onde as células vizinhas se tocam. Isso contrasta completamente com nosso próximo tipo de capilar, conhecido como capilar fenestrado. Esse tipo de capilar permite uma maior troca de resíduos e nutrientes entre o sangue e o tecido vizinho. Nós encontramos capilares fenestrados em áreas que requerem maior troca de materiais entre o sangue e o ambiente ao redor. Os capilares fenestrados podem ser encontrados nos rins, nas glândulas endócrinas e no intestino delgado. Por último, como se fosse um caso extremo de capilar fenestrado, temos o capilar sinusoide. Encontramos capilares sinusoides quase que exclusivamente no fígado, e você pode vê-los destacados em verde na imagem. Os capilares sinusoides atuam despejando sangue em um tecido. Neste caso, desintoxicando o fígado, permitindo que os hepatócitos eliminem toxinas, recebam nutrientes e removam resíduos facilmente e de forma eficiente.
Conforme o sangue passa pelos capilares, ele eventualmente atinge os vasos sanguíneos venosos. Vamos dar uma olhada nos diferentes tipos de veias agora. De forma semelhante ao que acabamos de discutir para as artérias, da maior para a menor, o sangue que deixa os capilares entra no menor tipo de veia, que eventualmente drena para veias maiores e maiores até o sangue retornar para o coração. O primeiro dos dois tipos de veias que vamos ver hoje são as vênulas.
O sangue que sai dos capilares entra em um sistema de vênulas que são, essencialmente, a contrapartida venosa das arteríolas. Uma característica particular das vênulas e das veias de forma geral é que, quando elas são vistas sob um microscópio, elas geralmente têm uma parede fina e um formato irregular. Você pode ver em ambas essas imagens que essas vênulas não assumem uma forma circular quase simétrica vista em muitas artérias. A partir das vênulas, o sangue então segue para as veias médias.
A coisa mais evidente que notamos ao olhar para a imagem neste próximo slide, quando comparado àquelas que acabamos de ver, é que as veias médias são muito maiores do que as vênulas. Elas ainda têm paredes finas e um formato irregular, e também podemos ver que esses vasos têm uma grande quantidade de células sanguíneas dentro de seu lúmen, bem aqui. As veias médias então drenam para, ou se juntam à outras veias médias, para formar veias maiores, como as veias cavas superior e inferior. Essas grandes veias são semelhantes em estrutura às veias médias, com lúmens de formato irregular, mas são caracterizadas por uma túnica externa muscular espessa que contém fibras musculares lisas dispostas longitudinalmente.
Então, isso é tudo para nossas principais artérias, capilares e veias. No entanto, como em todos os outros tecidos, os vasos sanguíneos maiores e mais espessos precisam de algum mecanismo pelo qual podem receber nutrientes e eliminar resíduos. Isso é realizado pelo que é chamado de vasa vasorum, que veremos rapidamente agora.
Nesta imagem, você pode ver a vasa vasorum destacada em verde. Esses vasos sanguíneos menores são encontrados na parede de vasos sanguíneos maiores, e atuam como seu suprimento sanguíneo. Devido à espessura desses grandes vasos sanguíneos, os nutrientes e o oxigênio não são capazes de penetrar através de sua parede e suprir todas as camadas da parede do vaso sanguíneo. Por isso, a vasa vasorum é necessária para atenuar esse problema. E com isso concluímos a histologia dos vasos sanguíneos.
Agora vamos falar sobre uma nota clínica importante que é importante de você conhecer. A aterosclerose é uma condição que afeta as artérias. Em uma artéria saudável, o sangue consegue fluir através do vaso livremente e sem obstrução; no entanto, a aterosclerose começa quando lipídeos e colesterol presentes no sangue conseguem atravessar a a túnica íntima de um vaso sanguíneo. Uma vez abaixo da túnica íntima, as gorduras podem oxidar e atrair células sanguíneas brancas e outras células do sangue e da parede do vaso sanguíneo. As células brancas do sangue agem nessas gorduras, liberando diversos produtos que resultam na formação de uma placa sólida na parede do vaso sanguíneo. À medida que a placa cresce, ela empurra a túnica íntima suprajacente cada vez mais para dentro do lúmen do vaso sanguíneo, fazendo com que o lúmen fique mais estreito.
À esquerda dessa imagem, podemos ver a placa se projetando no lúmen da artéria. Se o lúmen do vaso sanguíneo ficar muito estreito, o suprimento sanguíneo pode ficar comprometido para a estrutura que está sendo irrigada pelo vaso ocluído. Se isso ocorrer no coração, o tecido cardíaco pode morrer pela falta de nutrição do sangue, levando a um infarto miocárdico. Ou, se ocorrer em uma artéria no cérebro, o mesmo pode ocorrer no tecido nervoso levando a um acidente vascular encefálico.
E isso nos trás ao final da nossa videoaula. Agora que chegamos ao final, vou recapitular rapidamente o que abordamos hoje. Sinta-se à vontade para usar esse resumo como um checklist para os seus estudos sobre a histologia das artérias e das veias.
Primeiro começamos com os componentes de um vaso sanguíneo, falando sobre as diferenças de alguns desses componentes entre as artérias e as veias. Abordamos a primeira camada de um vaso sanguíneo – a túnica íntima - e seus quatro componentes – endotélio, células endoteliais, subendotélio, e membrana elástica interna.
Abaixo da túnica íntima encontramos a túnica média, que contém lamelas elásticas e a membrana elástica externa, que delimita o início da última camada do nosso vaso sanguíneo, conhecida como túnica externa.
Depois que abordamos os componentes, seguimos com os três tipos de artérias - artérias elásticas, artérias musculares e, por último, as menores das artérias, as arteríolas.
Das arteríolas seguimos com os três tipos de capilares - capilares continuos, capilares fenestrados - na imagem aqui do lado - e capilares sinusoides, que são encontrados basicamente no fígado. Por último, mas não menos importante, discutimos os dois tipos de veias - as menores, vênulas, e as veias médias.
Também mencionamos brevemente a vasa vasorum, que fornece suprimento sanguíneo para os vasos sanguíneos maiores.
E assim terminamos a histologia das artérias e das veias. Obrigada pela companhia!