Videoaula: Histologia do coração
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O coração é um órgão incrível que começa a bater com somente quatro semanas de gestação. Esse batimento continua por toda a nossa vida, com cerca de cem mil batimentos por dia, agindo como a força ...
Leia maisO coração é um órgão incrível que começa a bater com somente quatro semanas de gestação. Esse batimento continua por toda a nossa vida, com cerca de cem mil batimentos por dia, agindo como a força motriz para o transporte de oxigênio e nutrientes pelo corpo. Em somente um dia, o coração bombeia aproximadamente nove mil litros de sangue. É muito trabalho! Então vamos dar uma olhada na arquitetura celular do coração que faz com que tudo isso seja possível. Chegou a hora de estudar a histologia do coração.
Na videoaula de hoje, vamos dar uma olhada nas camadas e nos componentes do coração do ponto de vista microscópico. Então vamos ver do que esse órgão tão resiliente é capaz!
Para começar, vamos relembrar a anatomia macroscópica do coração, incluindo as quatro câmaras e as quatro valvas cardíacas. Vamos então nos aprofundar um pouco para ver as características histológicas do coração numa escala microscópica, começando com as camadas do coração, que incluem o epicárdio, o miocárdio e o endocárdio. Depois vamos ver algumas características relacionadas ao sistema de condução do coração, assim como sua inervação autonômica.
Em seguida, vamos ver as valvas cardíacas em mais detalhes, identificando as camadas que compõem essas estruturas e, finalmente, vamos falar sobre um cenário clínico que pode ser analisado através de lâminas histológicas do tecido cardíaco.
O coração é um órgão muscular responsável pelo bombeamento e pela circulação de sangue por todo o corpo. Ele está localizado no mediastino do tórax, anterior às vértebras torácicas e ao esôfago, e entre os pulmões. Anteriormente ao coração encontramos o esterno.
O coração é formado por quatro câmaras - os átrios direito e esquerdo, e os ventrículos direito e esquerdo. O sangue desoxigenado entra primeiro no átrio direito. A partir daí, segue para o ventrículo direito. Quando essa câmara se contrai, o sangue segue para os pulmões, para que libere o dióxido de carbono e capte oxigênio. O sangue oxigenado então retorna para o coração, entrando pelo átrio esquerdo. Finalmente, ele segue para o ventrículo esquerdo, que é a câmara potente o suficiente para propelir o sangue rico em oxigênio para a circulação sistêmica e para todo o corpo.
Também existem quatro valvas cardíacas, e podemos ver todas elas nessa imagem aqui. Estamos vendo o coração de uma perspectiva superior, com os átrios direito e esquerdo removidos. Anteriormente, na parte de cima da sua tela, está a valva pulmonar, que está localizada entre o ventrículo direito e a base do tronco pulmonar. Posteriormente a ela está a valva aórtica, encontrada entre o ventrículo esquerdo e a aorta ascendente.
À esquerda da sua tela e também do lado esquerdo do coração está a valva mitral, também conhecida como valva atrioventricular esquerda ou valva bicúspide, encontrada na junção entre o átrio e o ventrículo esquerdos. E, finalmente, à direita, está a valva tricúspide, também chamada de valva atrioventricular direita, localizada entre o átrio e o ventrículo direitos. Vamos discutir as valvas cardíacas com um pouco mais de detalhes mais adiante na videoaula.
Vamos começar então a falar sobre a histologia do coração. As imagens que vamos ver ao longo da videoaula vão ser bastante parecidas com essa aqui - nelas, vamos identificar os vários componentes do coração do ponto de vista microscópico. Nesse slide podemos ver a parede do ventrículo esquerdo, assim como a valva mitral - vamos identificar essas partes daqui a pouco.
Do ponto de vista histológico, o primeiro assunto que vamos discutir são as camadas que compõem a parede do coração. Vamos fazer nosso trajeto da parte externa para a parte interna, identificando as estruturas microscópicas que podem ser observadas em uma lâmina histológica. Vamos começar com o epicárdio. No interior do epicárdio vamos ver o mesotélio e o tecido conjuntivo subepicárdico. Vamos então seguir internamente para o miocárdio, o tecido muscular cardíaco. Em seguida vamos ver a camada mais interna, o endocárdio, que por sua vez é composto por quatro camadas próprias. Essas camadas são, novamente da parte mais externa para a parte mais interna, a camada subendocárdica, a camada mioelástica, a camada subendotelial e, finalmente, o endotélio endocárdico.
Então vamos começar.
A camada mais externa do coração é chamada de epicárdio - é essa parte do slide que podemos ver destacada em verde. O epicárdio, também chamado de de camada visceral do pericárdio seroso, é uma camada protetora composta principalmente por tecido conjuntivo. Ele tem dois componentes em sua estrutura, que vamos ver agora.
A camada mais externa do epicárdio, e consequentemente, a camada mais externa do próprio coração, é o mesotélio. Podemos ver essa camada agora destacada em verde. O mesotélio é composto por epitélio simples escamoso, que reveste o epicárdio do coração. Ele também pode ser encontrado na camada mais externa dos tecidos que revestem outras cavidades serosas, tais como a pleura e o peritônio.
Logo abaixo do mesotélio há uma outra camada do epicárdio, chamada de tecido conjuntivo subepicárdico, que podemos ver agora destacada em verde. Essa camada, como o nome sugere, é formada por tecido conjuntivo, incluindo também tecido adiposo ou gordura. Ela compõe a maior parte do epicárdio, como você pode ver nessa imagem. A espessura dessa camada varia ao redor do coração de acordo com a quantidade de gordura presente. Na região do sulco coronário, por exemplo, o epicárdio é mais espesso por causa do depósito de gordura nesse local.
A segunda camada do coração, ou seja, a camada intermediária, é chamada de miocárdio. Podemos ver parte dessa camada destacada em verde nesta imagem. O miocárdio é a camada contrátil do coração, composta principalmente por músculo cardíaco. Nós não vamos entrar em detalhes sobre esse tipo de músculo hoje, mas se você quiser saber mais, dê uma olhada na nossa videoaula dedicada especificamente ao músculo cardíaco. Ela vai te explicar tudo o que você precisa saber.
Assim como no epicárdio, a espessura do miocárdio também varia bastante - o miocárdio é bem mais fino nos átrios do coração. Os ventrículos, principalmente o ventrículo esquerdo, que precisa de uma força maior para bombear o sangue por todo o corpo, têm camadas bem espessas de miocárdio.
A última camada da parede do coração é a mais interna, chamada de endocárdio. O endocárdio é a camada da parte interna das câmaras cardíacas, então é ela que está em contato direto com o sangue que passa por ali. E, mais uma vez, a espessura dessa camada varia, sendo mais fina nos ventrículos e mais espessa nos átrios - o oposto do que acabamos de ver para o miocárdio.
O endocárdio, por sua vez, é composto por quatro subcamadas a camada subendocárdica, a camada mioelástica, a camada subendotelial e, finalmente, o endotélio endocárdico, que é a parte mais interna. O que podemos ver agora destacado em verde é a camada subendocárdica, a camada do endocárdio que está logo abaixo do miocárdio. Essa camada contém o sistema de condução do coração, que vamos ver daqui a pouco nessa videoaula.
A próxima camada tem uma espessura variável, e é conhecida como camada mioelástica. Como o nome sugere, ela é composta por um tecido conjuntivo denso irregular e fibras elásticas, assim como algumas células musculares lisas esparsas.
A camada subendotelial, que podemos ver agora destacada em verde, é composta por tecido conjuntivo, assim como por algumas células musculares lisas. É uma das camadas do meio do endocárdio, localizada entre a camada mioelástica, que acabamos de discutir, e o endotélio endocárdico, que vamos ver em seguida.
Então, finalmente, chegamos à última camada da parede do coração. A camada mais interna de todas, o endotélio endocárdico, é uma camada única de epitélio escamoso simples que reveste as câmaras do coração e, assim, é a camada que de fato entra em contato com o sangue circulante.
A seguir, vamos dar uma olhada no sistema de condução do coração. O coração gera seus próprios impulsos elétricos através do sistema de condução. Lembre-se que dissemos que o sistema de condução cardíaco é encontrado no tecido subendocárdico, que veremos agora.
Vamos dar uma olhada, mais especificamente, nas fibras de Purkinje do sistema de condução do coração. Nós podemos vê-las destacadas em verde nessa imagem. As fibras de Purkinje são células cardíacas modificadas, ou seja, são parecidas com as células cardíacas propriamente ditas, mas têm duas diferenças principais. A primeira delas é que as fibras de Purkinje são maiores do que as células cardíacas; a segunda é que elas têm uma aparência mais pálida na lâmina histológica. Você pode ver aqui a diferença entre essas fibras de Purkinje e as células cardíacas adjacentes. É importante observar que mesmo que as fibras de Purkinje conduzam potencial de ação para gerar contração do músculo cardíaco, elas não são classificadas como nervos ou tecido nervoso, e sim como células musculares cardíacas especializadas, como mencionado antes.
As fibras de Purkinje são os filamentos terminais do tecido nervoso no coração, e suas extremidades estimulam os ventrículos a se contraírem.
Além do seu próprio sistema de condução, o coração também é inervado pelo sistema nervoso autônomo, e é através desses nervos que o cérebro consegue acelerar ou lentificar os batimentos cardíacos. Os nervos do sistema nervoso autônomo são encontrados no epicárdio, assim como em algumas regiões do nó sinoatrial e do nó atrioventricular.
Nesta imagem podemos ver um nervo do sistema nervoso autônomo destacado em verde no epicárdio. Essa parte mais externa do epicárdio é o mesotélio, e essa área é o tecido conjuntivo subepicárdico. No tecido conjuntivo subepicárdico podemos ver um corte transversal de um nervo do sistema nervoso autônomo.
O coração recebe inervação tanto da divisão simpática quanto da divisão parassimpática do sistema nervoso autônomo. A estimulação parassimpática é recebida através do nervo vago, gerando redução da frequência cardíaca, enquanto a inervação simpática aumenta a frequência cardíaca acelerando a atividade dos nós sinoatrial e atrioventricular.
O último assunto que vamos abordar nessa videoaula é a histologia das valvas cardíacas.
Vamos começar com uma visão geral de uma cúspide valvar. Esta projeção da parede cardíaca destacada em verde é uma cúspide da valva aórtica, que é a valva localizada entre o ventrículo esquerdo e a aorta ascendente. Essa imagem à direita mostra uma vista superior do coração com a valva aórtica destacada em verde. Lembre-se que a valva aórtica, juntamente com a valva pulmonar, é uma valva semilunar, e é composta por três cúspides ou folhetos.
A cúspide valvar nessa imagem é uma cúspide da valva mitral, também conhecida como valva atrioventricular esquerdadireita ou valva bicúspide, localizada entre o átrio esquerdo e o ventrículo esquerdo. Como o seu nome sugere, ela é composta por duas cúspides. E quando formos falar sobre as diferentes partes de uma cúspide, vamos usar essa imagem da cúspide de valva mitral. O que podemos ver destacado nessa imagem é o anel fibroso da valva mitral. Existem quatro anéis fibrosos no coração, um para cada valva. Essas estruturas são as aberturas no esqueleto cardíaco que sustentam as valvas propriamente ditas. Então, aqui podemos ver que o anel fibroso é essa área entre a cúspide da valva e a parede do coração.
Deve-se observar que o termo “esqueleto cardíaco” se refere ao arcabouço fibroso de tecido conjuntivo denso que passa transversalmente pelo coração, incluindo as valvas cardíacas e formando, assim, os quatros anéis fibrosos que fornecem inserção para o miocárdio atrial e ventricular. O esqueleto cardíaco também funciona como uma estrutura isolante, ou seja, isola eletricamente os átrios dos ventrículos.
Quando olhamos mais de perto para a cúspide valvar, podemos ver que ela possui quatro camadas, que são a lâmina atrial, a lâmina esponjosa, a lâmina fibrosa e a lâmina ventricular.
A camada do lado atrial da cúspide é chamada de lâmina atrial. Essa camada é formada sobretudo por fibras elásticas e colágeno. Ela é contínua com a camada subendocárdica e coberta por uma camada de células endoteliais que estão em contato com o sangue que circula através do átrio.
A camada da cúspide mitral que podemos ver aqui destacada em verde é a lâmina esponjosa, uma camada composta por tecido conjuntivo frouxo e por algumas fibras colágenas. A lâmina esponjosa é mais desenvolvida na margem livre da cúspide, onde entra em contato com a cúspide oposta da valva mitral.
A terceira camada da cúspide da valva mitral é a lâmina fibrosa. Essa camada está mais próxima do lado ventricular da cúspide, e é composta por colágeno, que se conecta ao anel fibroso.
Por fim, a última camada da cúspide da valva mitral é a lâmina ventricular, que está do lado ventricular da cúspide e é coberta por uma camada de células endoteliais.
As últimas estruturas que vamos identificar hoje são as cordas tendíneas, que podemos ver agora destacadas em verde. As cordas tendíneas se ligam somente às valvas atrioventriculares - e a valva mitral é uma delas. Essas estruturas em cordão ligam as cúspides à parede ventricular, mais especificamente aos músculos papilares, para evitar o prolapso das valvas quando o ventrículo contrai.
Então agora vamos dar uma olhada num cenário clínico que podemos identificar através de uma lâmina histológica. Quando ocorre um infarto do miocárdio, popularmente conhecido como ataque cardíaco, o tecido cardíaco é privado de oxigênio. Quando isso acontece, o tecido sofre algumas mudanças que podemos identificar nas lâminas histológicas. Nesta imagem estamos vendo um fragmento de tecido cardíaco. Você consegue ver a diferença de um tecido cardíaco normal?
A principal alteração que podemos ver nessa imagem é que existem algumas estruturas diferentes aqui, aqui, aqui, e em vários lugares. Essas estruturas onduladas em rosa escuro são chamadas de bandas de contração. As bandas de contração são formadas quando o tecido se contrai excessivamente. Isso acontece nos casos de infartos do miocárdio, nos quais aquela área de tecido foi privada de oxigênio e posteriormente exposta a altos níveis de cálcio. Esses altos níveis de cálcio induzem uma contração excessiva que leva à formação das bandas de contração e, consequentemente, à necrose isquêmica em bandas de contração, que é o padrão que observamos nas lâminas histológicas.
Ok, então agora você já é um especialista na histologia do coração. Mas antes de você ir, vamos relembrar as estruturas que vimos hoje.
Começamos vendo o coração como um todo para nos lembrar das quatro câmaras e das quatro valvas cardíacas. Depois, passamos para a histologia do coração, começando com as quatro camadas que compõem a parede cardíaca. A camada mais externa é o epicárdio, dentro do qual vimos também o mesotélio e o tecido conjuntivo subepicárdico.
Nós então nos aprofundamos um pouco mais e vimos o miocárdio, que é a camada muscular do coração. E a última camada que vimos, que é também a camada mais interna do coração, foi o endocárdio. No endocárdio, identificamos a camada subendocárdica, que contém o sistema de condução do coração, a camada mioelástica, a camada subendotelial e, finalmente, o endotélio.
Em seguida exploramos o sistema de condução do coração, incluindo as fibras de Purkinje, que identificamos na camada subendocárdica. E falando de condução, identificamos um nervo do sistema autônomo no tecido conjuntivo subepicárdico. A última parte do coração que exploramos foram as valvas e as partes que as compõem. Essas partes são o anel fibroso - a abertura fibrosa da valva; a lâmina atrial, a lâmina esponjosa, a lâmina fibrosa e a lâmina ventricular.
E para terminar, identificamos o que você poderá ver em uma lâmina histológica de um coração que sofreu um infarto do miocárdio, evidenciando a necrose isquêmica em bandas de contração.
Muito obrigado por se juntar a mim. Espero que você tenha aproveitado a videoaula de hoje sobre a histologia do coração. Bons estudos!