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Timo

Visão geral da anatomia, funções e principais estruturas do sistema linfático.

Timo (vista anterior)

O timo é um órgão linfoide primário localizado no mediastino. Ele é formado por dois lobos conectados por um istmo. Histologicamente, o timo é dividido em lóbulos, cada um possuindo uma medula central e um córtex periférico.

O timo é um componente essencial do sistema imune. Ele é o local inicial da maturação das células T por processos de seleção positivos e negativos. As células T são nomeadas assim justamente por se maturarem no timo, enquanto as células B recebem seu nome por se maturarem na medula óssea (bone marrow, em inglês).

Este artigo vai descrever a anatomia, histologia e função do timo.

Informações importantes
Localização Entre a glândula tireoide (superiormente) e a quarta cartilagem costal (inferiormente) dentro do mediastino superior e da parte anterior do mediastino inferior
Estrutura Macroscópica: dois lobos interconectados por um istmo
Microscópica:
cápsula, septos, córtex (periférico), medula (central), junção corticomedular
Vascularização Artéria torácica interna, artérias tireóideas (superior e inferior)
Inervação Nervo vago e tronco simpático
Função Local onde os precursores hematopoiéticos das células T sofrem maturação por seleção positiva e negativa
Conteúdo
  1. Anatomia
    1. Localização
    2. Vascularização
    3. Drenagem linfática
    4. Inervação
  2. Histologia
    1. Córtex
    2. Junção corticomedular
    3. Medula
  3. Função
  4. Desenvolvimento
  5. Notas clínicas
    1. Timomas
    2. Miastenia gravis
    3. Síndrome de DiGeorge (deleção 22q)
  6. Referências
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Anatomia

Localização

A timo é uma glândula macia, bilobulada e encapsulada. Ele é encontrado no mediastino superior e na porção anterior do mediastino inferior, próximo ao pericárdio.

O timo se localiza anteriormente aos grandes vasos do coração e profundamente ao esterno. Ele se estende desde nível dos polos inferiores da glândula tireoide, superiormente, até a quarta cartilagem costal, inferiormente. Paralelamente à glândula, dos seus lados direito e esquerdo, estão os nervos frênicos (que vão inervar o diafragma). Os dois lobos do timo estão conectados na linha média por um istmo.

Vascularização

A vascularização do timo vem da artéria torácica interna, bem como das artérias tireóideas superior e inferior. A drenagem venosa é realizada pela veia inominada esquerda, bem como pelas veias tireóideas superior, média e inferior.

Existem várias artérias tímicas que seguem o curso dos septos interlobulares e entram na substância do órgão. No córtex do timo as artérias formam uma série de complexos de arcadas e, em associação com as células retículo-endoteliais e as células brancas sanguíneas (linfócitos e macrófagos), formam a barreira hematotímica. Os capilares tímicos não possuem endotélio fenestrado e sua lâmina basal é espessa, fazendo com que eles sejam impermeáveis às proteínas. O sangue é então drenado pelas veias medulares.

Drenagem linfática

O timo não possui vasos linfáticos aferentes. A linfa é drenada até os linfonodos tímicos localizados perto da glândula, ou seja, os linfonodos mamários-paraesternais, traqueobronquiais-hilares e mediastinais-braquiocefálicos.

Inervação

A inervação do timo é mínima, e se origina do nervo vago e do sistema nervoso simpático, que se estende profundamente no timo através das fibras pós ganglionares noradrenérgicas.

Para mais informações sobre o timo, especialmente sobre a sua localização, dê uma olhada nas unidades de estudo a seguir:

Histologia

O timo é revestido por uma cápsula de tecido conjuntivo, da qual se originam septos que penetram no tecido e dividem a glândula em lóbulos incompletos. Cada lóbulo possui uma zona periférica escura, o córtex e uma zona mais clara no meio, a medula. A cápsula é formada por uma camada interna e uma externa de fibras reticulares e colágenas e os linfócitos são encontrados entre elas.

Córtex

Essa é a porção externa do timo, onde um grande número de pequenos precursores de linfócitos T (timócitos) densamente agrupados é encontrado, juntamente com células retículo-epiteliais e macrófagos. Os vasos sanguíneos do timo também se localizam dentro dessa rede de células retículo-epiteliais. É no córtex que ficam os timócitos em seus primeiros estágios de maturação e onde a reorganização dos genes dos receptores de superfície das células T ocorre.

Junção corticomedular

Essa região possui numerosos vasos sanguíneos, um pouco de tecido conjuntivo e linfócitos T maduros. Células B e células dendríticas também são encontradas aqui, bem como células retículo-epiteliais tipo IV.

Medula

Essa é a porção central do timo, onde a rede de células retículo-endoteliais é mais densa e as células linfoides são encontradas em menor quantidade. Existem também alguns corpos concêntricos chamados de corpúsculos de Hassall. Eles são formados por células retículo-epiteliais achatadas, organizadas concentricamente e preenchidas por filamentos de queratina. Dentro desses corpúsculos também existe uma massa central de alguns granulócitos. Parte do desenvolvimento dos timócitos, nos estágios finais, também ocorre na medula. Os timócitos localizados aqui passaram pelo córtex e sofreram uma reorganização gênica e uma seleção positiva, com uma pequena quantidade de seleção negativa. A medula é, portanto, o local onde a maior parte da seleção negativa acontece. 

Função

Timócitos (lâmina histológica)

O timo é o local onde os precursores hematopoiéticos sofrem maturação em células T. Pró-linfócitos vão migrar da medula óssea e entrar na glândula tímica na junção corticomedular. Uma vez que o processo de maturação se completa, essas células T entram na circulação e formam as bases do sistema imune adaptativo. As células T possuem receptores que são gerados por um embaralhamento aleatório de segmentos gênicos. Inicialmente, um processo conhecido como seleção positiva (que ocorre no córtex) funciona e confere se o desenvolvimento da célula T a tornou capaz de reconhecer proteínas MHC próprias (complexo maior de histocompatibilidade: um grupo de proteínas nas superfícies celulares do indivíduo que é essencial para que o sistema imune adaptativo reconheça patógenos) e que, portanto, consiga diferenciar as células do próprio corpo de células externas. As células que não apresentam essa reação - ou a apresentam de uma maneira muito fraca -  não continuam seu desenvolvimento.

O próximo estágio é a seleção negativa, na qual as células T passam por um processo de interação com as células dendríticas tímicas . As células com um alto nível de auto-reatividade são eliminadas para reduzir a chance de reações auto-imunes. Como resultado desse processo, existe uma grande quantidade de células T acumuladas durante a vida, de forma que na idade adulta o órgão está obsoleto e degradado. A glândula continua tendo uma função endócrina.

As células T são divididas em células T-helper e células T-killer (células citotóxicas). As células citotóxicas possuem proteínas CD8+ em sua superfície e se ligam às células infectadas para destruí-las diretamente. As células T-helper recebem informações sobre o patógeno pelas células apresentadoras de antígenos (células B e macrófagos) e coordenam a resposta imune, liberando citocinas que aumentam a divisão das células brancas sanguíneas, aumentando a produção de células B de memória para futuras infecções por aquele patógeno, etc.

Desenvolvimento

O timo tem uma dupla origem embrionária. O epitélio do timo se desenvolve durante a sexta semana de gestação, originando-se do epitélio diverticular ventral da terceira bolsa faríngea, juntamente com a glândula tireoide e paratireoide. Ele se estende posterolateralmente ao mesoderma formando duas estruturas semelhantes a cantis. As células que revestem essas estruturas semelhantes a cantis estimulam ainda mais a proliferação celular e eventualmente são circundadas e invadidas pelo mesoderma. O timo compartilha sua origem com as glândulas tireoide e paratireoide. Durante a oitava semana de gestação o timo desce e chega até sua posição final no mediastino anterosuperior e se funde com a porção contralateral. Mais à frente no desenvolvimento, as células precursoras hematopoiéticas da medula óssea (de origem mesenquimal) migram para o timo, e é assim que os timócitos entram em contato com a glândula tímica. O tecido linfoide se torna então unificado com a rede de células epiteliais do timo. O crescimento e desenvolvimento do timo continua até a puberdade. Existem dois tipos celulares diferentes dentro do timo: as células linfoides (timócitos) e as células reticulo-epiteliais.

Na infância, a população de células T no córtex do timo é grande. A medida que as células T se desenvolvem elas passam para a medula, antes de serem liberadas na circulação. Na adolescência o timo começa a se atrofiar. Vários fatores são responsáveis por esse processo involucional, como o nível de circulação de hormônios no sangue, ou seja, os hormônios sexuais também fazem com que a glândula se atrofie e seja substituída por gordura.

Como um último passo no seu aprendizado, por que não avaliar seus conhecimentos sobre o timo e outros órgãos do sistema endócrino?!

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Kim Bengochea Kim Bengochea, Universidade de Regis, Denver
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