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Glândula tireoide

Glândulas tireoide e paratireoide vistas em perspectiva anterior e posterior.

A glândula tireoide é uma glândula endócrina localizada na região anterior do pescoço, anterior e inferiormente à laringe. A grosso modo, observa-se que a glândula tem uma coloração vermelho-acastanhada; é formada por dois lobos, direito e esquerdo, conectados pelo istmo. 

A principal função da tireoide é produzir, armazenar e secretar os hormônios da tireoide, mais especificamente a triiodotironina (T3) e a tiroxina (T4). Esses hormônios à base de iodo possuem vários efeitos no metabolismo das gorduras, das proteínas e dos carboidratos, assim como também  são fundamentais no desenvolvimento do sistema nervoso central e no crescimento do organismo como um todo. 

Os hormônios tireoidianos são regulados pelo eixo hipotálamo-hipófise-tireoide através do hormônio liberador de tireotrofina (TRH, produzido pelo hipotálamo) e pelo hormônio estimulador da tireoide ou hormônio tireoestimulante (TSH, produzido pela glândula hipófise). 

Este artigo explica a anatomia, a histologia e a função da glândula tireoide.

Fatos importantes sobre a glândula tireoide
Função Secreção dos hormônios tireoidianos que regulam o metabolismo corporal (T3, T4) e a homeostase do cálcio (calcitonina)
Anatomia Lobo esquerdo, lobo direito, istmo, lobo piramidal (pode estar ausente)
Histologia Células: Tireócitos (sintetizam tireoglobulina e liberam T3 e T4), células parafoliculares (células C, secretam calcitonina)
Unidade funcional:
folículo tireoidiano - lúmen central cheio de coloide (reserva de tireoglobulina), cercado por tireócitos e células C
Regulação endócrina Redução de hormônios tireoidianos T3/T4 → aumento de TRH (hipotálamo) e TSH (hipófise) → aumento da síntese de T3/T4

Aumento de hormônios tireoidianos T3/T4 → redução de TRH (hipotálamo) e TSH (hipófise) → redução da síntese de T3/T4 (retroalimentação negativa)
Vascularização Artérias: artérias tireóideas superior e inferior
Veias:
veias tireóideas superior, média e inferior
Inervação Gânglios cervicais (sistema simpático), nervo laríngeo recorrente (sistema parassimpático)
Conteúdo
  1. Anatomia
  2. Histologia
  3. Síntese de hormônios da tireoide
  4. Vascularização e inervação
    1. Artérias
    2. Drenagem venosa
    3. Inervação
    4. Drenagem linfática
  5. Notas clínicas
    1. Hipertireoidismo
    2. Hipotireoidismo
  6. Referências
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Anatomia

A glândula tireoide tem um formato de borboleta e, por ser altamente vascularizada, uma coloração vermelho-acastanhada. É uma glândula endócrina localizada no centro da região cervical anterior. Em circunstâncias normais, estende-se entre os níveis da quinta vértebra cervical (C5) e da primeira vértebra torácica (T1), e pesa, aproximadamente, 15 a 25 gramas, sendo considerada, portanto, a maior glândula endócrina do organismo.

Sua estrutura irregular encontra-se encapsulada na região pré-traqueal da fáscia cervical profunda. É formada por dois lobos, direito e esquerdo, que são conectados através de um istmo central. Entre os 8 meses e os 15 anos de idade, não há diferenças entre a tireoide dos homens e a das mulheres. A partir dos 15 anos, entretanto, a glândula é um pouco mais pesada nas mulheres em comparação com homens da mesma idade.

Cada lobo da tireoide tem um formato cônico, com seus vértices voltados num sentido superolateral e suas bases dirigidas inferior e medialmente (entre o quarto e o quinto anéis traqueais). Em seu ponto mais largo, cada lobo mede aproximadamente 3 cm no plano transversal e 2 cm na dimensão anteroposterior. Cada lobo tem cerca de 5 cm de largura. O istmo da tireoide localiza-se sobre a segunda e terceira cartilagens traqueais e mede 1,25 cm nos planos transversal e vertical. Em alguns indivíduos pode existir um terceiro lobo conhecido como lobo piramidal da tireoide. Ele tem uma estrutura cônica e se estende desde o istmo até o osso hioide. Em alguns casos, também pode se estender a partir da porção inferomedial dos lobos direito ou esquerdo, sendo mais comuns que se origine do lobo esquerdo. 

As cartilagens laríngeas fornecem sustentação à estrutura da glândula. Posteromedialmente, a glândula se liga às cartilagens cricoides através dos ligamentos laterais. Em algumas ocasiões, o levantador da glândula tireoide, uma estrutura fibromuscular, une o istmo ou o lobo piramidal ao osso hioide. Entretanto, sua presença não é muito frequente e, quando encontrada, deve ser considerada uma variação anatômica.

A melhor forma de garantir que vai reter o que aprendeu é testar os conhecimentos recém-adquiridos. Para isso, experimente nosso teste sobre a anatomia da glândula tireoide:

Histologia

Tipicamente, as células de uma glândula endócrina assumem uma configuração em cordão e os produtos secretados por elas são armazenados em cada uma dessas células. A glândula tireoide é uma exceção a essa regra. 

A glândula encontra-se encapsulada por uma camada de tecido conjuntivo fino que entra para dentro do parênquima glandular, subdividindo-o em unidades lobulares irregulares. Cada lóbulo tem um conjunto de folículos, que constituem as unidades estruturais e funcionais da glândula tireoide.

Cada folículo tireoidiano está circundado por estroma de tecido conjuntivo rico em capilares fenestrados (ao longo dos nervos simpáticos que os inervam) e vasos linfáticos. O epitélio folicular é um epitélio simples composto por células colunares baixas, cúbicas ou escamosas dependendo do nível de atividade do folículo. Quando estão ativos, o epitélio apresenta células cúbicas ou colunares, e quando estão inativos as células são escamosas. 

As células foliculares transportam aminoácidos precursores e iodo da membrana basal até a superfície apical, e liberam o produto hormonal final para a corrente sanguínea através de sua superfície basal. As células são responsáveis pela produção de tireoglobulina (uma proteína que é incorporada ao iodo, formando os precursores inativos dos hormônios tireoidianos), que é armazenada na forma de uma substância semi-sólida (coloide) na luz dos folículos. 

O coloide se tinge de rosa pelo método de coloração hematoxilina e eosina (H&E), enquanto as células foliculares se tingem de lilás. O grau de atividade de cada folículo pode ser determinado com base na quantidade e na aparência do coloide que contém. A luz de um folículo inativo é maior, o coloide mais abundante e de aparência sólida. Em contrapartida, a luz de um folículo ativo é menor, e pouco ou nenhum coloide está presente. 

Um outro tipo de célula que pode ser identificado nas preparações histológicas de tecido tireoidiano são as células parafoliculares, também conhecidas como células C (claras). As células C parecem claras mesmo tingidas na preparação com hematoxilina e eosina. Elas também podem ser encontradas na lâmina basal dos folículos, sem atingirem a luz folicular, ou entre os folículos na superfície interfolicular, de forma isolada ou em pequenos grupos de células. 

As células parafoliculares são um subtipo de células neuroendócrinas que produzem a calcitonina, ou tireocalcitonina. Esse hormônio participa da regulação dos níveis de cálcio através da regulação da reabsorção óssea (degradação do osso com consequente liberação de minerais no sangue) e da limitação à reabsorção de cálcio nos rins. 

Síntese de hormônios da tireoide

Síntese de hormônios tireoidianos

A síntese de hormônios tireoidianos começa quando o hormônio tireoestimulante (TSH) se liga aos receptores de TSH, presentes na superfície basolateral das células foliculares. Essa ligação estimula os simportadores de Na+/I- , que absorvem sódio e iodo para dentro da célula (o excesso de sódio é removido através das bombas de Na+/K+ ATPases).

O iodo absorvido pela célula é transportado até a membrana apical e a luz folicular, onde é utilizado para organificar a molécula de tireoglobulina, ou seja, o iodo é incorporado à tireoglobulina. Essa organificação gera a monoiodotirosina (MIT, uma molécula de iodo) e a diiodotirosina (DIT, duas moléculas de iodo), que são as moléculas precursoras dos hormônios tireoidianos. Todo esse processo é catalisado pela enzima tireoperoxidase (TPO). Subsequentemente, a TPO também realiza o acoplamento das moléculas de MIT e DIT, juntando uma molécula de MIT e uma de DIT para formar a triiodotironina (T3) e 2 moléculas de DIT para formar a tiroxina (T4)

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Vascularização e inervação

Artérias

A artéria tireóidea superior (ramo da artéria carótida externa) e a artéria tireóidea inferior (proveniente do tronco tireocervical da artéria subclávia) trazem sangue oxigenado e rico em nutrientes à glândula. De forma inconstante, também pode existir uma artéria tireóidea ima, que se origina diretamente do tronco braquiocefálico e também irriga a glândula. 

Existem vários pontos de anastomose, tanto intraglandulares quanto periglandulares, entre os grandes vasos e seus ramos. A artéria tireóidea superior se divide dentro da glândula em um ramo anterior, que segue sobre o istmo, e um ramo posterior, que desce posteriormente ao lóbulo. Ambos esses ramos se anastomosam com o ramo ascendente da artéria tireóidea inferior. A artéria tireóidea inferior se divide fora da fáscia pré-traqueal em 4-5 ramos que perfuram a fáscia e alcançam o polo inferior do glândula para irrigá-la.

Durante uma cirurgia da tireoide, é de fundamental importância que o cirurgião conheça a relação próxima entre a artéria tireóidea superior e o ramo externo do nervo laríngeo superior. Esse nervo encontra-se próximo à artéria em sua região superior. Além disso, é frequente que o nervo laríngeo recorrente se relacione com o ramo posterior da artéria tireóidea inferior. O dano a um desses nervos durante a cirurgia pode levar a complicações graves, como rouquidão, prejuízo na emissão de sons de alta frequência e manutenção do timbre vocal e insuficiência glótica. 

A bifurcação da artéria tireóidea superior ocorre depois que os vasos perfuram a fáscia pré-traqueal para acessar a glândula. Essa bifurcação gera os ramos anterior e posterior, que perfundem as superfícies anterior, lateral e média, respectivamente. A artéria tireóidea também se bifurca nos ramos ascendente (superior) e inferior quando se aproxima da região inferior da glândula. Esses ramos irrigam as superfícies posterior e inferior. 

Drenagem venosa

As veias tributárias da tireoide se unem para formar as veias tireóideas superior, média e inferior. A veia tireóidea superior surge na região superior da glândula e segue acompanhando a artéria de mesmo nome. Ela passa pela bainha carotídea e, em seguida, drena para a veia jugular interna. A veia tireóidea média surge do aspecto lateral da glândula, carregando sangue desoxigenado da parte inferior da glândula, e também drena para a veia jugular interna. 

Existe um plexo venoso glandular que permite a comunicação entre as veias tireóideas superior e média. Esse plexo, localizado na face anterior da tireoide e anterior à traqueia, dá origem à veia tireóidea inferior. Do lado esquerdo, a veia tireóidea inferior drena para a veia braquiocefálica esquerda. À direita, a veia tireóidea inferior segue um trajeto oblíquo, cruzando a veia braquiocefálica direita e drenando o sangue ou para esta, ou diretamente para a veia cava superior. 

Inervação

A cadeia ganglionar simpática é um par de estruturas, uma de cada lado da coluna vertebral, constituída por um conjunto de fibras nervosas autônomas e seus corpos celulares associados. Ela pode ser subdividida nas regiões cervical, torácica, lombar e sacral. Ambas as cadeias simpáticas terminam no gânglio coccígeo.

Na cadeia simpática ganglionar podemos encontrar os gânglios simpáticos superior, médio e inferior. O maior desses é o gânglio superior, estendendo-se de C1 a C3. O gânglio médio geralmente está localizado ao nível de C6, e o inferior pode ser encontrado na junção entre C7-T1. Apesar de os três gânglios fornecerem inervação autônoma à glândula tireoide e a seus vasos sanguíneos, o gânglio inferior forma um plexo ao redor da artéria tireóidea inferior. Esse plexo se comunica com o nervo laríngeo recorrente e com o ramo externo do nervo laríngeo superior, que também fornecem inervação parassimpática à glândula. 

Drenagem linfática

O plexo linfático que surge na glândula tireoide se comunica com o plexo linfático traqueal. Ambos drenam para os linfonodos pré-laríngeos, localizados abaixo do istmo da glândula. Há uma drenagem adicional para os linfonodos paratraqueais e pré-traqueais. Existe também evidência de uma drenagem linfática desde a glândula tireoide até o linfonodo braquiocefálico, próximo ao timo. 

O linfonodo cervical profundo recebe linfa da parte lateral da tireoide, conduzida por canais linfáticos que seguem junto com a veia tireóidea superior. Existem outros vasos linfáticos que se originam na tireoide e drenam diretamente para o ducto torácico. 

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Kim Bengochea Kim Bengochea, Universidade de Regis, Denver
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