Videoaula: Músculo liso
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Oi pessoal! Aqui é a Tainara do Kenhub e na videoaula de hoje nós vamos discutir o tecido que mantém nossos corpos se movimentando sem que nós tenhamos que pensar sobre isso. Um tecido muito especial ...
Leia maisOi pessoal! Aqui é a Tainara do Kenhub e na videoaula de hoje nós vamos discutir o tecido que mantém nossos corpos se movimentando sem que nós tenhamos que pensar sobre isso. Um tecido muito especial conhecido como músculo liso.
Como você já deve saber, o tecido muscular é um dos quatro principais tipos de tecidos do corpo humano. Os outros três são o tecido conjuntivo, o tecido epitelial e o tecido nervoso. Todos os tecidos musculares são formados por células especializadas, conhecidas como miócitos, como as que nós vemos destacadas em verde nessa micrografia. Elas são células alongadas que contêm proteínas contráteis no seu citoplasma: a actina e a miosina. As células são distribuídas em feixes, e podem ser facilmente diferenciadas do tecido ao seu redor.
Mas nem todos os músculos são iguais. Na verdade existem subtipos fáceis de diferenciar. O tecido muscular é classificado de acordo com suas propriedades funcionais e com a contratilidade das células musculares em três tipos principais - músculo esquelético, músculo cardíaco e músculo liso. Vamos começar falando brevemente sobre o músculo esquelético.
O músculo esquelético, que você pode ver aqui nessa micrografia, também é conhecido como músculo voluntário, e está conectado aos ossos e tendões. Ele está sob o controle voluntário do sistema nervoso somático.
O segundo tipo de músculo encontrado no corpo humano é o tecido muscular cardíaco, e podemos ver nessa micrografia um exemplo dele. Como seu nome sugere, esse tipo de tecido muscular é encontrado no coração. A contração muscular altamente sincronizada das células musculares cardíacas fazem do coração uma bomba que distribui sangue para todo o corpo.
O terceiro tipo de tecido muscular é o foco da videoaula de hoje. É claro que estou falando do músculo liso! Nós podemos ver um exemplo de tecido muscular liso nessa micrografia aqui. Esse tipo de tecido também pode ser chamado de músculo involuntário, pois sua atividade não é nem iniciada nem monitorada de maneira consciente.
Nesta videoaula nós vamos, é claro, ver o músculo liso em mais detalhes. Veremos particularmente onde ele é encontrado no corpo, sua estrutura e composição e, finalmente, vamos focar em como ele é estruturado nos órgãos ocos como o trato digestivo. Então, sem mais delongas, vamos começar vendo alguns exemplos de onde podemos encontrar o tecido muscular liso no copo.
Como regra geral, nós podemos encontrar músculo liso onde a contração involuntária acontece. Um exemplo disso são as paredes do trato gastrointestinal. Aqui as camadas de músculo liso permitem a mobilidade gastrointestinal através de uma combinação de contrações tônicas e contrações forçadas. Nós vamos entrar em mais detalhes mais para frente sobre como o músculo liso funciona em órgãos ocos como esses vistos aqui, para mover o alimento pelo sistema digestivo.
Além disso, nós também podemos encontrar músculo liso no trato respiratório, especificamente nos brônquios e bronquíolos, que são essas estruturas aqui. Aqui, o músculo liso ajuda a regular o fluxo de ar para os pulmões. Nós também encontramos tecido muscular liso no útero, especificamente na camada da parede uterina conhecida como miométrio. Aqui a função do músculo liso é induzir as contrações uterinas - por exemplo durante a menstruação ou o parto.
Nós também podemos encontrar um pequeno anel de músculo liso no olho, que é conhecido como músculo ciliar. Ele controla a acomodação do cristalino quando a visão dos objetos variam em distância e também regula o fluxo de humor aquoso para o canal de Schlemm.
O último exemplo de músculo liso que eu vou mencionar hoje é encontrado nos vasos sanguíneos. Aqui a função do músculo liso é regular o calibre dos vasos sanguíneos ao controlar o grau de vasodilatação e vasoconstrição. Isso tem um efeito direto na pressão arterial, já que muita vasoconstrição leva ao aumento da pressão arterial e muita vasodilatação pode fazer a pressão arterial cair muito.
Agora que você já tem uma ideia de onde o tecido muscular liso pode ser encontrado pelo corpo, vamos nos aprofundar na histologia e ver mais detalhes de sua estrutura e composição.
As células musculares lisas, também conhecidas como fibras musculares, geralmente estão organizadas em feixes. Essas células fusiformes alongadas possuem extremidades cônicas e estão conectadas entre si por junções celulares especiais chamadas de “junções comunicantes”. As células musculares lisas variam em tamanho: de 0,2 a 10 micrômetros de diâmetro e de 50 a 200 micrômetros de comprimento. É claro que, como você deve imaginar, o formato das células musculares lisas e de seus núcleos variam dependendo se o músculo está relaxado ou contraído.
As células do músculo liso nessa micrografia foram cortadas longitudinalmente. Nós podemos ver que seus núcleos são alongados e basofílicos, o que significa que eles coram em roxo quando o corante hematoxilina é usado. Nós também podemos ver que o citoplasma é eosinofílico e se cora em rosa quando a coloração hematoxilina combinada com eosina é usada, uma outra forma de coloração. A cor uniforme dada pela eosina no citoplasma dessas fibras musculares se deve à concentração de actina e miosina dentro do citoplasma, que se coram em rosa.
As fibras de músculo liso são menores do que as do músculo estriado. É importante lembrar que as células musculares lisas podem se alinhar, com seus eixos longos se distribuindo longitudinalmente de maneira paralela, fazendo que a porção central mais larga de uma célula fique próxima à extremidade cônica de outra. Essa organização permite um arranjo mais compacto e uma transferência mais eficiente de força de célula a célula. Essa aparência se contrasta com a das células do músculo esquelético, que possuem um diâmetro consistente em cortes transversais e núcleos localizados perifericamente ao longo de seu comprimento.
Cada uma das fibras musculares é revestida pelo sarcolema, que é basicamente uma membrana plasmática e uma lâmina externa. Nessa micrografia você pode ver o sarcolema destacado em verde. O termo sarcolema é derivado das palavras gregas “sarco”, que significa carne, e “ lemma”, que significa casca ou bainha. Os finos filamentos de actina encontrados no citoplasma das células musculares lisas também se ancoram no sarcoplasma pelas densidades citoplasmáticas que também são conhecidas como corpos densos.
A fixação dos finos filamentos ao sarcolema através dos corpos densos é importante para a transmissão das forças contráteis que são produzidas dentro da célula para a superfície da célula. Aqui nessa micrografia, nós vemos os núcleos dos fibroblastos presentes no tecido muscular liso. Fibroblastos são células que secretam colágeno, glicoproteínas e glicosaminoglicanos, os quais ajudam a manter a matriz extracelular.
Aqui nós podemos ver o endomísio destacado em verde, que é formado por uma rede de tecido conjuntivo reticular. O endomísio reveste individualmente cada fibra muscular ou miócito e sua principal função é manter um ambiente químico adequado para concentrar as forças geradas por cada fibra muscular, de modo a facilitar a contração do músculo liso, por exemplo durante a peristalse. Ele faz isso juntamente com o sarcolema que vimos antes, a membrana plasmática que também reveste as fibras musculares.
Como nós já mencionamos, actina e miosina são proteínas contráteis encontradas no citoplasma de células musculares lisas. O citoplasma das células musculares é conhecido como sarcoplasma. A contração das células musculares lisas ocorre quando os espessos filamentos de miosina se deslizam ao longo dos finos filamentos de actina. É importante notar que essas proteínas contráteis não formam sarcômeros, que são característicos de outros tipos de tecido muscular.
Se olharmos para essa micrografia de tecido muscular esquelético, nós poderemos ver claramente essas estriações pálidas transversais - e esses são os sarcômeros. Estou mencionando isso porque a principal característica que diferencia o músculo liso é que ele não forma sarcômeros e por isso ele não tem aparência estriada. E esse é o motivo dele ser chamado de músculo liso.
Mais cedo nessa videoaula eu mencionei que o músculo liso pode ser encontrado nas paredes de órgãos ocos. Essa é uma função particularmente importante do músculo liso, então vamos dar uma olhada em alguns detalhes sobre como o músculo liso funciona nesse tipo de órgão.
Nós vimos que o músculo liso é um músculo involuntário que possui forte poder contrátil e reveste órgãos ocos, como por exemplo os órgãos do trato gastrointestinal. Nesses órgãos, o músculo liso está organizado em duas camadas - uma camada muscular circular interna e uma camada muscular longitudinal externa. Primeiro vamos ver a camada muscular circular.
Aqui nós vemos uma micrografia do músculo circular, que forma a camada interna da túnica muscular ou camada muscular de órgãos como os intestinos, o estômago, a vesícula biliar e outros órgãos ocos. Essa camada circular de músculo liso forma esfíncteres em alguns locais do trato gastrointestinal. É necessário notar que a túnica muscular está situada profundamente à camada submucosa ou à túnica submucosa desses órgãos ocos. A contração da camada muscular circular reduz o diâmetro do lúmen.
A camada externa da túnica muscular é formada por fibras musculares lisas longitudinais. A camada de músculo longitudinal geralmente é mais espessa do que a camada de músculo circular da túnica muscular e também tem funções diferentes, por conta da orientação de suas fibras. Por exemplo, no intestino, a contração das fibras circulares reduz o diâmetro do lúmen, enquanto a contração das fibras musculares longitudinais encurtam o segmento do intestino, subsequentemente ampliando o lúmen.
Entre essas duas camadas da túnica muscular existe uma camada de tecido conjuntivo. Essa fina camada de tecido conjuntivo possui vasos sanguíneos e linfáticos.
Na parede intestinal nós também encontramos o plexo mioentérico, visto em verde aqui nessa micrografia. Esse é um plexo de células neurais, também encontrado na camada de tecido conjuntivo que separa as duas camadas da túnica muscular. Os axônios das células neurais se espalham caudalmente para inervar principalmente o músculo circular. Esse plexo nervoso controla a motilidade da parede intestinal.
O plexo mioentérico também é conhecido como plexo de Auerbach. A degeneração das células desse plexo pode levar a várias doenças, sendo a mais conhecida a acalasia da cárdia. Essa é uma doença motora do esôfago na qual existe uma falha no relaxamento do esfíncter cárdico-esofágico e perda da peristalse no corpo esofágico devido a degeneração dos neurônios do plexo mioentérico.
Agora que nós já cobrimos os principais pontos dessa videoaula, vamos ver rapidamente uma nota clínica relacionada ao tecido muscular liso.
Uma doença muito rara que afeta as células musculares lisas é conhecida como síndrome da disfunção multissistêmica do músculo liso. Ela é causada por uma mutação no gene ACTA2, que codifica a actina alfa-dois do músculo liso e, como nós vimos, essa é uma das proteínas que formam os componentes contráteis do tecido muscular. A outra é a miosina.
Como essa mutação afeta o músculo liso, as pessoas que sofrem da síndrome de disfunção multissistêmica do músculo liso exibem vários sintomas que incluem disfunção da bexiga, anormalidades nas paredes dos vasos sanguíneos, problemas gastrointestinais devido ao enfraquecimento da musculatura lisa do trato gastrointestinal e pupilas que ficam fixas e dilatadas ou possuem uma redução na resposta à luz, apenas para citar alguns sintomas.
E assim finalizamos nossa videoaula. Vamos fazer um breve resumo.
Primeiro eu introduzi o músculo liso e nós vimos que ele é um tipo involuntário de tecido muscular. Depois nós aprendemos que o músculo liso pode ser encontrado em vários locais pelo corpo. Por exemplo, revestindo as paredes dos órgãos ocos do trato gastrointestinal, no trato respiratório, no miométrio do útero, no músculo ciliar do olho, bem como em estruturas tubulares como os vasos sanguíneos.
Depois nós vimos a estrutura e a composição do músculo liso em mais detalhes. Vimos que ele é formado principalmente por feixes de células fusiformes alongadas, que são cônicas e possuem núcleos compridos. Elas são revestidas por uma membrana conhecida como sarcolema, bem como por núcleos de fibroblastos, destacados aqui em verde.
Em seguida nós vimos o endomísio, que reveste os miócitos individualmente para facilitar a contração da musculatura lisa. Depois vimos o sarcoplasma, que é o citoplasma das células musculares. Lembre-se que o músculo liso tem uma aparência lisa, não-estriada, devido ao fato de não conter sarcômeros. Nós também vimos as camadas do músculo liso encontradas nas paredes dos órgãos ocos, que são a camada circular e a camada longitudinal. Finalmente, nós conversamos sobre o plexo mioentérico que controla a motilidade das paredes intestinais.
E assim concluímos nossa videoaula sobre o tecido muscular liso. Nos vemos da próxima vez. Bons estudos!