Videoaula: Principais artérias do membro inferior
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Doutor, este paciente está com cianose distal do membro e está se queixando de claudicação intermitente na sua perna esquerda. Seus pulsos tibial posterior e pedioso dorsal estão ambos monofásicos, ...
Leia maisDoutor, este paciente está com cianose distal do membro e está se queixando de claudicação intermitente na sua perna esquerda. Seus pulsos tibial posterior e pedioso dorsal estão ambos monofásicos, sugerindo uma doença arterial periférica. Eu acho que nós vamos ter que levá-lo para cirurgia. Eu concordo. Vamos prepará-lo e levá-lo para o bloco cirúrgico. Mas, nós estamos prontos? Estamos prestes a iniciar uma angioplastia transluminal percutânea da artéria femoral, mas espere! Onde eu devo fazer a incisão, e onde eu encontro a artéria?
Hmm… talvez eu deva revisar as principais artérias do membro inferior antes de começarmos, e é exatamente isso que vamos aprender hoje. Para manter as coisas o mais simples possível nós vamos explorar as principais artérias do membro inferior dividindo-o em quatro regiões principais - o quadril e a coxa, o joelho, a perna e o pé. Isso vai nos ajudar a compreender melhor a área ou região que essas artérias vascularizam. Nós vamos finalizar essa videoaula com uma breve nota clínica relacionada a uma das principais artérias do membro inferior.
Então vamos começar! Assim como no resto do corpo, o suprimento arterial do membro inferior se origina da aorta, que fornece o sangue oxigenado vindo do coração. A aorta abdominal termina mais ou menos ao nível da abertura pélvica, onde ela se divide, ou se bifurca, em duas artérias ilíacas comuns.
As artérias ilíacas comuns se subdividem nas artérias ilíacas interna e externa, que irrigam estruturas da pelve, do períneo e do membro inferior. A artéria ilíaca externa se direciona inferiormente e não entra no períneo. Ela cursa abaixo desta estrutura aqui, que é conhecida como ligamento inguinal, para então entrar na coxa. Um dos principais papéis da artéria ilíaca externa é vascularizar o membro inferior; entretanto, ela também vasculariza algumas estruturas da parede anterior do abdome e da pelve. A artéria ilíaca interna segue pela cavidade pélvica, se dividindo em numerosos ramos para suprir as paredes e os órgãos pélvicos, a genitália externa e o períneo, bem como a região glútea e a região medial da coxa.
Assim, nós podemos dizer que todas as artérias da região do quadril e da coxa se originam como ramos das artérias ilíacas interna e externa. Vamos agora ver mais de perto alguns dos ramos que vascularizam a região do quadril e da coxa. A artéria obturatória é um dos ramos da artéria ilíaca interna. Ela irriga o aspecto medial da região anterior da coxa, suprindo os músculos dessa região, bem como a cabeça do fêmur.
Outros ramos da artéria ilíaca interna relevantes para o membro inferior são as artérias glúteas. As artérias glúteas superior e inferior se originam da artéria ilíaca interna na pelve e cursam posteriormente para atingir os músculos desta região. A principal artéria do membro inferior é a artéria femoral. A artéria femoral se origina como uma continuação da artéria ilíaca externa após ela passar profundamente ao ao ligamento inguinal. Ela recebe seu nome da palavra em latim ‘femoralis’, que significa ‘da coxa’, e continua sob o ligamento inguinal para chegar à região anterior da coxa. A artéria femoral pode ser palpada em uma pequena sub-região medial da região anterossuperior da coxa - o trígono femoral.
O trígono femoral é delimitado pelo músculo sartório lateralmente, pelo músculo adutor longo, medialmente, e pelo ligamento inguinal, superiormente. Então se você algum dia precisar encontrar a artéria femoral, apenas encontre um desses músculos e se localize a partir dele.
A parte proximal da artéria femoral dá origem a vários ramos menores para a parede anterior do abdome e regiões superficiais da pelve. Entretanto, o principal ramo da artéria femoral é a artéria femoral profunda. Essa artéria cursa profundamente à artéria femoral e dá origem aos ramos que são conhecidos como ramos perfurantes, que são posteriores ao fêmur e suprem a região posterior da coxa. Ramos circunflexos da artéria femoral profunda também suprem o colo do fêmur e a região do quadril.
Conforme a artéria femoral desce pela coxa ela segue através de um hiato ou abertura, juntamente com um dos grandes músculos da região medial da coxa - o adutor magno. Nesse ponto essa artéria passa a ser conhecida como artéria poplítea. Depois de passar pelo músculo adutor magno ela se curva para atingir a região posterior do joelho, a fossa poplítea. A curta artéria poplítea se localiza profundamente na fossa poplítea e é cercada por gordura, tornando-a, às vezes, uma artéria difícil de ser palpada.
A região do joelho é suprida por várias pequenas artérias interconectadas do joelho, que se originam principalmente da artéria poplítea. Essas artérias se conectam ou se anastomosam com as pequenas artérias adjacentes da perna e da coxa para irrigar o joelho. Uma anastomose é uma conexão entre vasos sanguíneos adjacentes, como por exemplo entre artérias adjacentes.
Agora vamos dar uma olhada nas artérias que suprem a perna. Continuando distalmente para a perna nós podemos ver suas principais artérias se originando como uma continuação da artéria poplítea. Conforme a artéria poplítea deixa a fossa poplítea ela se bifurca em dois ramos terminais - as artérias tibiais anterior e posterior.
A artéria tibial anterior cursa entre a tíbia e a fíbula para atingir o compartimento anterior da perna, e irriga todos os músculos dessa região. Ela emite outros ramos na região do tornozelo e do pé, que nós vamos ver em breve.
O outro ramo terminal da artéria poplítea - a artéria tibial posterior - continua distalmente pela região posterior da perna, irrigando os seus músculos, bem como a própria tíbia. A arteria tibial posterior termina entre o maléolo medial e o calcâneo no aspecto plantar do pé. Essa parte da artéria cursa superficialmente nessa região, e portanto pode ser facilmente palpada. Por que você não tenta palpá-la em si mesmo usando o seu indicador ou dedo médio?
Um dos principais ramos da artéria tibial posterior é a artéria fibular, que se ramifica logo após a bifurcação terminal da artéria poplítea. Ela irriga os músculos do aspecto posterolateral da perna, bem como a fíbula. Na extremidade distal da perna nós encontramos uma rede de vasos comunicantes conhecidos como artérias maleolares. Estas artérias irrigam a região do tornozelo e são nomeadas com base nas protrusões ósseas do tornozelo - os maléolos. As artérias maleolares incluem o ramo maleolar medial da artéria tibial posterior e o ramo maleolar lateral da artéria fibular.
A última região do membro inferior é o pé. O pé é dividido nas regiões superior ou dorsal e inferior ou plantar. A região dorsal tem sua superfície voltada para cima, enquanto a região plantar é a região cuja superfície mantém contato com o chão, também conhecida como sola do pé. As artérias que irrigam essas regiões se originam das artérias tibiais anterior e posterior.
A artéria dorsal do pé - dorsal pois irriga a região dorsal do pé - é a continuação distal da artéria tibial anterior. Essa artéria supre os músculos da região dorsal do pé. Ela cursa bem superficialmente na superfície dorsal do pé, e portanto geralmente pode ser palpada ao longo de sua raiz. Ela dá origem a vários ramos - as artérias tarsais medial e lateral, e a artéria arqueada - antes de finalmente terminar como artéria plantar profunda e primeira artéria metatarsal dorsal. Vamos dar uma olhada rápida em cada um desses ramos agora.
As artérias tarsais medial e lateral são dois ramos que se originam da artéria dorsal do pé, no dorso do pé. Essas artérias irrigam a região tarsal, que é formada pelos sete ossos tarsais proximais do pé. A artéria tarsal lateral se anastomosa com a artéria arqueada na base dos ossos metatarsais, suprindo estruturas dessa região, enquanto a artéria tarsal medial cursa sobre os ossos tarsais mediais e se anastomosa com a rede maleolar medial.
Outro ramo da artéria dorsal do pé é a artéria arqueada. Essa artéria permanece na superfície dorsal do pé na base dos metatarsais, vascularizando os músculos e estruturas dessa região. Antes de se anastomosar com a artéria tarsal lateral, a artéria arqueada dá origem às artérias metatarsais dorsais, que cursam ao lado dos metatarsais 2 a 5.
A primeira artéria metatarsal dorsal, que cursa junto do primeiro metatarsal, se origina diretamente da artéria dorsal do pé. As artérias metatarsais dorsais terminam conforme atingem as falanges, que são os ossos dos dedos, onde continuam como artérias digitais dorsais. Essas artérias digitais suprem a região dorsal do hálux e dos dígitos, que são os termos corretos para descrever os dedos dos pés. A artéria plantar profunda cursa entre o primeiro e o segundo dígitos para se conectar com o arco plantar profundo na superfície plantar do pé. As últimas artérias do pé são as artérias plantares.
Conforme a artéria tibial posterior segue inferiormente pelo aspecto posterior da perna, ela passa posteriormente ao maléolo medial para chegar à planta do pé. Ela então termina em uma bifurcação, formando as artérias plantares medial e lateral do pé.
A artéria plantar medial do pé cursa superiormente até a extremidade do hálux, que é o nome anatômico do dedão do pé. Ela irriga as estruturas do aspecto medial da planta do pé. A artéria plantar lateral começa a cursar superiormente no aspecto lateral do pé, mas faz uma curva abrupta para formar um arco na superfície plantar, na base dos ossos metatarsais. Esse arco é conhecido como arco plantar profundo do pé, e ele origina ramos perfurantes que são conhecidos como artérias metatarsais plantares. Essas artérias suprem a superfície plantar dos dígitos 2 a 5. O arco plantar profundo termina se anastomosando, ou conectando-se, com a artéria plantar profunda, entre o primeiro e o segundo ossos metatarsais.
Agora que nós conhecemos todas as principais artérias do membro inferior, vamos ver brevemente algumas notas clínicas. O drama que nós vimos mais cedo nessa videoaula pareceu bastante intenso, não é? Por que não continuamos de onde paramos e descobrimos o que é uma angioplastia transluminal percutânea?
Estreitamentos ou oclusões causados por placas e aterosclerose podem se desenvolver em qualquer artéria do corpo. Quando isso ocorre na artéria femoral o membro inferior é acometido, já que há redução do fluxo sanguíneo para essa região. A redução do fluxo sanguíneo para o membro inferior pode levar a uma cicatrização deficiente, à necrose, e, se deixada sem tratamento, até resultar numa amputação. É por isso que, nesses casos, é importante realizar uma angioplastia transluminal percutânea da artéria femoral. Esse procedimento é minimamente invasivo e evita os riscos de uma cirurgia vascular aberta.
A artéria femoral pode ser facilmente acessada no trígonofemoral, na região anterior da coxa. Quando o ponto de obstrução é localizado, um cateter com um pequeno balão em sua ponta é inserido na artéria. Quando o cateter atinge o local do estreitamento o balão é insuflado para empurrar todas os e coágulos e placas que estavam bloqueando a artéria. Um stent pode então ser inserido para manter a artéria aberta e manter o fluxo sanguíneo para o membro inferior.
Agora nós chegamos ao final desta videoaula sobre as principais artérias do membro inferior. Vamos rever brevemente o que nós aprendemos hoje. Nós começamos esta videoaula identificando a origem do suprimento sanguíneo do membro inferior.
A aorta leva sangue oxigenado do coração, seguindo inferiormente pelo tórax e pelo abdome, para então se dividir nas duas artérias ilíacas comuns. As artérias ilíacas comuns então se dividem nas artérias ilíacas interna e externa. A artéria obturatória é uma pequena artéria no aspecto medial da região anterior da coxa. Essa artéria se origina da artéria ilíaca interna e cursa medialmente para vascularizar a cabeça do fêmur e a coxa.
As artérias glúteas também são ramos da artéria ilíaca interna, e saem da pelve posteriormente para vascularizar as regiões glútea e do quadril. A artéria femoral é uma continuação da artéria ilíaca externa, e é a principal artéria do membro inferior. A artéria femoral supre as regiões anterior e medial da coxa. Um dos principais ramos da artéria femoral é a artéria femoral profunda, que supre a região posterior da coxa.
A artéria poplítea é a continuação da artéria femoral. Essa artéria é a principal fonte de sangue para o joelho. Ela se localiza posteriormente ao joelho, na fossa poplítea, e origina pequenos ramos que se anastomosam e suprem as regiões medial, lateral e anterior do joelho. Continuando do joelho para a perna nós vimos as artérias tibiais anterior e posterior.
A artéria poplítea se bifurca na parte inferior da fossa poplítea, originando as artérias tibiais anterior e posterior. A artéria tibial anterior passa para a região anterior da perna para irrigá-la, enquanto a artéria tibial posterior supre a região posterior da perna.
A artéria tibial posterior emite a artéria fibular, que supre os aspectos posterior e lateral da perna. Conforme a artéria tibial anterior segue inferiormente pela perna, ela emite pequenos ramos maleolares para o tornozelo, irrigando esta região.
A artéria tibial anterior termina na região anterior do tornozelo, e a partir daí é chamada de artéria dorsal do pé. Essa artéria se ramifica nas artérias tarsais, na artéria arqueada e na primeira artéria metatarsal dorsal, antes de terminar como artéria plantar profunda. A artéria arqueada permanece no dorso do pé, emitindo as artérias metatarsais dorsais, que vascularizam os dígitos 2 a 5. A primeira artéria metatarsal dorsal e o restante das artérias metatarsais dorsais continuam como as artérias digitais, vascularizando os dedos, ou dígitos.
A artéria plantar profunda cursa inferiormente para a planta do pé para se anastomosar com o arco plantar profundo. A artéria tibial posterior termina se dividindo nas artérias plantares medial e lateral quando atinge a planta do pé. A artéria plantar medial vasculariza o aspecto medial do pé, enquanto a artéria plantar lateral supre a região lateral proximal do pé e forma o arco plantar profundo. Esse arco origina ramos que suprem o aspecto plantar dos dígitos do pé.
A artéria plantar profunda se anastomosa com o arco plantar profundo entre o primeiro e o segundo metatarsais.
Nós então chegamos a algumas notas clínicas. Aqui nós exploramos as complicações das placas ateroscleróticas na artéria femoral e como remover essas oclusões através de uma angioplastia transluminal percutânea da artéria femoral.
Chegamos ao fim desta videoaula. Eu espero que você tenha gostado de aprender sobre as artérias do membro inferior.
Bons estudos!