Tonsilas
As tonsilas são agregados de tecido linfoide localizadas na entrada dos tratos respiratório e digestivo. Elas são a primeira linha de defesa contra os patógenos ingeridos ou inalados, configurando uma parte importante do nosso sistema imune. Há quatro tipos de tonsilas que formam um anel circundando a faringe (orofaringe e nasofaringe), conhecido como anel de Waldeyer ou anel circunfaríngeo:
- Tonsilas palatinas, popularmente conhecidas como amígdalas;
- Tonsilas faríngeas, popularmente conhecida como adenoides;
- Tonsilas linguais
- Tonsilas tubárias
Este artigo abordará a anatomia das tonsilas, incluindo a sua irrigação sanguínea e inervação, assim como sua histologia e desenvolvimento embrionário. Nós também vamos discutir a sua função e relevância clínica.
Anatomia
Tonsilas palatinas (amígdalas)
As tonsilas palatinas, popularmente conhecidas como amígdalas, estão localizadas na fossa tonsilar, um espaço formado pelo istmo das fauces, que é uma cavidade delimitada anteriormente pelo músculo constritor superior da faringe e pela fáscia faringobasilar. O istmo das fauces é delimitado anteriormente pelo arco palatoglosso e posteriormente pelo arco palatofaríngeo. Lateralmente, as tonsilas palatinas estão fixas à parede orofaríngea por uma cápsula fibrosa e são revestidas por um epitélio escamoso estratificado no lado faríngeo. As tonsilas possuem 15-20 criptas formadas por invaginações da mucosa. O lúmen das criptas contém linfócitos, bactérias e células epiteliais do tipo não queratinizadas.
As tonsilas palatinas são irrigadas pelos ramos tonsilares de cinco artérias:
- Ramo palatino ascendente da artéria facial
- Ramo tonsilar da artéria facial
- Ramo faríngeo ascendente da artéria carótida externa
- Ramo dorsal da artéria lingual
- Ramo palatino menor da artéria palatina descendente
A drenagem venosa é feita para a veia jugular interna, através do plexo peritonsilar das veias lingual e faríngea
A inervação das tonsilas palatinas é feita pela divisão maxilar do nervo trigêmeo (NC V2), assim como pelos ramos tonsilares do nervo glossofaríngeo (NC IX). O nervo glossofaríngeo também fornece a inervação sensitiva responsável pela sensibilidade e pelo paladar do terço posterior da língua.
Tonsila faríngea (adenoides)
As tonsilas faríngeas, também conhecidas como adenoides, são as tonsilas mais superiores, encontradas na região superior da nasofaringe. Estão presas ao periósteo do osso esfenoide através de tecido conjuntivo. As adenoides não possuem criptas e são revestidas por epitélio pseudoestratificado ciliado, que possui células ciliadas, células basais e células caliciformes.
A cápsula de revestimento das tonsilas faríngeas é mais fina do que a cápsula das tonsilas palatinas. A lâmina própria contém uma massa de tecido linfático com numerosos nódulos linfáticos, que originam pregas mucosas recobertas pelo epitélio.
As tonsilas faríngeas recebem irrigação sanguínea de diversos vasos:
- Artéria palatina ascendente
- Artéria faríngea ascendente (ramo da artéria carótida externa)
- Ramo faríngeo da artéria maxilar
- Artéria do canal pterigóideo
- Artéria basiesfenoidal
- Ramo tonsilar da artéria facial
A drenagem venosa é realizada por numerosas veias que drenam para o plexo venoso faríngeo.
A inervação das tonsilas faríngeas é originada a partir de fibras nervosas dos nervos vago (NC X) e glossofaríngeo (NC IX).
Tonsilas linguais
As tonsilas linguais são pequenas elevações redondas próximas à região mais posterior da base da língua. Elas são consideradas um agregado de tecido linfoide e têm grande variação na sua forma e tamanho. As tonsilas linguais são revestidas por um epitélio escamoso estratificado que se invagina formando uma cripta única.
A irrigação dessas tonsilas é feita pela artéria lingual, pelo ramo tonsilar da artéria facial e pelo ramo faríngeo ascendente da artéria carótida externa.
A drenagem venosa das tonsilas linguais é realizada pelo ramo dorsal da veia lingual.
A sua inervação vem dos ramos tonsilares do nervo glossofaríngeo (NC IX).
Tonsilas tubárias
As tonsilas tubárias estão localizadas imediatamente posteriores à abertura da tuba auditiva (trompa de Eustáquio) na nasofaringe, uma região conhecida por toro tubário. Elas são recobertas por epitélio pseudoestratificado ciliado.
A irrigação arterial dessas tonsilas é feita principalmente pela artéria faríngea ascendente. A drenagem venosa, assim como nas tonsilas faríngeas, é feita através do plexo venoso faríngeo.
As tonsilas tubárias são inervadas pelos nervos maxilar (CN V2) e glossofaríngeo (CN IX).
Histologia
As tonsilas são parte do tecido linfoide associado às mucosas, denominado MALT (do inglês mucosa associated lymphoid tissue), que também é encontrado nas placas de Peyer do intestino. Microscopicamente, as tonsilas são agregados de folículos linfoides suportados por uma rede de tecido conjuntivo. O centro de cada um destes folículos é densamente povoado por linfócitos, e chama-se centro germinativo. As criptas tonsilares (que só não estão presentes nas tonsilas faríngeas) penetram desde a superfície, quase até ao centro do folículo da tonsila. As superfícies luminais das tonsilas são revestidas por um epitélio escamoso estratificado não queratinizado, que é o mesmo da orofaringe circundante.
As tonsilas têm células apresentadoras de antígenos na sua superfície que ativam as células B e T subjacentes, constituintes do sistema imune adaptativo. Além disso, as células B produzem anticorpos, principalmente IgA, que são responsáveis pela resposta imune nas mucosas do corpo humano.
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Notas clínicas
Tonsilite (amigdalite)
Essa doença é uma inflamação das tonsilas causada por infeções virais ou bacterianas. Manifesta-se por:
- Infecção na garganta
- Febre
- Rouquidão ou perda da voz
- Dificuldade de deglutição
No exame físico observa-se uma placa branco amarelada revestindo as amígdalas.
O tratamento inclui analgésicos e, em casos graves ou em doentes imunodeprimidos, antibióticos. A tonsilite recorrente é definida como 4 a 7 infecções por ano. No caso de infecções recorrentes e persistentes das tonsilas, está recomendada a sua remoção cirúrgica.
Tonsilectomia
Esse é o nome do procedimento cirúrgico através do qual se removem as tonsilas palatinas de cada lado da orofaringe. A cirurgia é geralmente necessária devido à:
- Obstrução da via aérea pelas tonsilas aumentadas
- Apneia do sono
- Roncopatia
- Tonsilite recorrente
As outras tonsilas também podem ser removidas durante a mesma cirurgia. Devido à sua elevada vascularização, as tonsilas sangram muito durante a cirurgia, e por isso a hidratação, assim como o uso de analgésicos, são essenciais para uma boa recuperação.
Hipertrofia das adenoides (tonsilas faríngeas)
Em algumas crianças as tonsilas faríngeas (adenoides) podem sofrer hipertrofia ou processos inflamatórios e infecciosos recorrentes, determinando diversos sinais e sintomas:
- Dificuldade em respirar pelo nariz (respiração oral)
- Ruídos respiratórios e roncos
- Apneia durante o sono
- Faringites, sinusites e otites de repetição
- Alterações na audição
- Problemas no alinhamento dentário e alterações do crescimento dos ossos da face
O principal problema relacionado à hipertrofia das adenoides, no entanto, é que ela pode levar a uma dificuldade respiratória que causa redução da oxigenação, principalmente durante o sono. No longo prazo isso pode prejudicar o desenvolvimento neurológico dessas crianças e causar dificuldade de aprendizado e concentração, irritabilidade, hiperatividade ou sonolência diurna. Pode ainda ser uma causa de atraso no crescimento.
O tratamento inicialmente pode ser conservador, com antibióticos, anti-inflamatórios e corticoides. Se não houver resposta positiva pode ser necessária uma intervenção cirúrgica (tonsilecotmia).
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