Trato iliotibial
O trato iliotibial, também chamado de banda iliotibial, é uma faixa espessa de fáscia profunda que cursa pela superfície lateral da coxa. É formado a partir da fáscia profunda da coxa, a fáscia lata, e recebe as partes distais dos músculos glúteo máximo e tensor da fáscia lata. O trato iliotibial atua como uma aponeurose para esses dois músculos.
A ação primária do trato iliotibial é estabilizar o quadril e o joelho, embora também auxilie nos movimentos do quadril e do joelho através da ação dos músculos glúteo máximo e tensor da fáscia lata.
Descrição | Faixa fascial espessa localizada na face lateral da coxa Parte da fáscia profunda da coxa (fáscia lata) |
Origem | Crista ilíaca (aspecto lateral do lábio externo, tubérculo ilíaco) e cápsula articular do quadril (parte lateral) Aponeurose do músculo glúteo máximo (¾ superficiais) e tensor da fáscia lata |
Inserção | Tubérculo do trato iliotibial (tubérculo de Gerdy), localizado na face anterolateral do côndilo lateral da tíbia proximal |
Ação | Estabilização lateral do quadril e joelho Flexão, extensão, abdução, rotação lateral e rotação medial do quadril (através das ações do glúteo máximo e tensor da fáscia lata) |
Inervação | Nervo glúteo superior (L4-S1) e nervo glúteo inferior (L5-S2) |
Vascularização | Artéria glútea superior, ramo ascendente da artéria femoral circunflexa lateral |
Este artigo irá discutir a anatomia e a função do trato iliotibial.
- Origem e inserção
- Relações anatômicas
- Inervação
- Vascularização
- Função
- Síndrome da banda iliotibial
- Referências
Origem e inserção
O trato iliotibial é uma faixa de tecido conjuntivo espesso que cursa ao longo da face lateral da coxa. Faz parte da fáscia profunda da coxa (fáscia lata). A porção superior do trato iliotibial divide-se em duas camadas, com a parte superficial originando-se da face lateral da crista ilíaca (aspecto lateral do lábio externo, tubérculo ilíaco) e a parte profunda da face lateral da cápsula articular do quadril.
O trato iliotibial atua como aponeurose para dois músculos da pelve, o tensor da fáscia lata e o glúteo máximo. As partes superficial e profunda do trato iliotibial envolvem o músculo tensor da fáscia lata, ancorando o músculo ao ílio e proporcionando uma fixação aponeurótica para sua face distal. A inserção do tensor da fáscia lata no trato ocorre em torno de um terço do seu comprimento. Quanto ao músculo glúteo máximo, cerca de três quartos de suas fibras superficiais inserem-se no trato iliotibial, diretamente inferior à inserção do tensor da fáscia lata (as fibras profundas restantes se inserem na tuberosidade glútea do fêmur). Dessa forma, ambos os músculos influenciam a função do trato iliotibial e atuam através dele para realizar movimentos da coxa.
O trato iliotibial passa sobre o epicôndilo lateral do fêmur ao cursar distalmente até a articulação do joelho, se inserindo no fêmur por meio de fibras que passam para o septo intermuscular femoral lateral. O trato termina ao nível do joelho, inserindo-se no tubérculo do trato iliotibial (tubérculo de Gerdy), que está localizado na face anterolateral do côndilo lateral da tíbia proximal.
Relações anatômicas
O trato iliotibial faz parte da fáscia profunda da coxa e suas fibras se misturam, incluindo as fibras do septo intermuscular femoral lateral. No joelho, o trato recebe fibras do retináculo patelar lateral e da cápsula articular do joelho. Aqui, existe um pequeno recesso entre o epicôndilo femoral lateral e o trato iliotibial. Esse recesso contém uma extensão sinovial da cápsula articular do joelho, o recesso sinovial lateral.
O trato situa-se, proximalmente, superficial aos músculos glúteo médio e glúteo mínimo. As fibras mais profundas do músculo glúteo máximo passam profundamente ao trato iliotibial para se inserir na tuberosidade glútea, entre os músculos vasto lateral e adutor magno. O reto femoral se origina próximo à inserção profunda do trato iliotibial, podendo ocorrer alguma mesclagem das fibras. Há também inúmeras bursas nesta região, incluindo:
- Bursa trocantérica do músculo glúteo máximo: entre o músculo glúteo máximo (fibras superiores) e o trocânter maior do fêmur.
- Bursa isquiática do músculo glúteo máximo: entre o músculo glúteo máximo (face inferior) e a tuberosidade isquiática. Essa bursa pode estar ausente. Sinônimo: bursa ciática do músculo glúteo máximo.
- Bursa glúteofemoral: entre o trato iliotibial e a inserção proximal do vasto lateral. Sinônimo: bursa glútea intermuscular.
Em seu aspecto distal, o trato iliotibial situa-se superficialmente à cabeça do vasto lateral do quadríceps femoral, onde algumas fibras se fundem. Sua inserção no tubérculo de Gerdy é anterior à inserção do bíceps femoral na cabeça da fíbula. Algumas fontes discutem a presença de uma bursa iliotibial, enquanto outras não acreditam na sua existência. Pesquisas conduzidas por Fairclough et al (2006) sobre a etiologia da síndrome da banda iliotibial, ou síndrome do trato iliotibial, não encontraram a presença dessa bursa em nenhum dos cadáveres de seu estudo. Textos que mencionam sua presença descrevem a localização dessa bursa como sendo entre a parte distal do trato iliotibial, próximo à inserção no tubérculo de Gerdy, e a superfície tibial adjacente.
Inervação
O trato iliotibial compartilha sua inervação com os músculos tensor da fáscia lata e glúteo máximo, através dos nervos glúteo superior (L4-S1) e glúteo inferior (L5-S2).
Vascularização
O trato iliotibial compartilha sua vascularização com o tensor da fáscia lata, recebendo sangue arterial da artéria glútea superior e do ramo ascendente da artéria circunflexa femoral lateral.
Função
As fibras do tecido conjuntivo do trato iliotibial têm pouca flexibilidade, o que permite que o trato realize várias funções estruturais e posturais. Proporciona estabilidade lateral às articulações do quadril e do joelho e atua como um tendão longo para os músculos glúteo máximo e tensor da fáscia lata, permitindo que esses músculos exerçam sua função na coxa e na perna.
O trato iliotibial tem uma função postural, por meio da qual ajuda a manter o corpo na posição ereta. Ele fornece estabilidade lateral tanto para o quadril, quanto para o joelho estendido. Na articulação do quadril, pode ajudar a evitar a inclinação pélvica, enquanto no joelho atua para estabilizar o fêmur na tíbia, neutralizando qualquer movimento de oscilação lateral do corpo. Isso proporciona uma forte estrutura, semelhante a um pilar, na qual podemos ficar de pé (especialmente se estivermos em uma perna) ou ajudar a estabilizar a pelve durante a deambulação.
A fáscia profunda do membro inferior forma uma forte estrutura arredondada ao redor dos músculos da coxa, que atua limitando a expansão externa dos músculos durante a contração, o que auxilia na compressão das veias e no retorno do sangue ao coração.
Por fim, o trato iliotibial atua como aponeurose para os músculos tensor da fáscia lata e glúteo máximo, auxiliando esses músculos a realizarem suas ações.
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Síndrome da banda iliotibial
A síndrome da banda iliotibial, ou do trato iliotibial, é uma causa comum de dor na lateral no joelho. Essa síndrome é considerada uma lesão por uso excessivo, decorrente do atrito do trato iliotibial sobre o epicôndilo femoral no joelho, causando inflamação crônica dolorosa. A condição é normalmente vista em pessoas jovens e fisicamente ativas devido à atividade física intensa, como corrida de longa distância ou ciclismo.
Pesquisas recentes sugerem que o trato iliotibial não passa sobre o epicôndilo femoral de maneira anteroposterior. Em vez disso, ocorre compressão medial do trato contra o epicôndilo e, portanto, a etiologia da síndrome pode, de fato, ser a compressão de tecido gorduroso sob o trato, em vez de fricção repetitiva induzindo inflamação.
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