Fíbula
Neste artigo, vamos discutir a anatomia da fíbula (perônio). A fíbula é um osso da perna fino e cilíndrico, que se localiza na sua região posterior. Este osso se encontra junto a outro osso longo, a tíbia. Um osso longo se define como um osso cujo corpo tem um comprimento maior do que a largura.
Tal como outros ossos longos, a fíbula tem uma extremidade proximal (com cabeça e colo), um corpo ou diáfise, e uma extremidade distal. A fíbula e a tíbia são paralelas uma à outra na perna e têm um comprimento semelhante, mas a fíbula é muito mais fina do que a tíbia. Isso é indicativo da função de suporte de peso de cada osso. Em outras palavras, a tíbia, mais espessa, tem uma função muito maior no suporte de peso do que a fíbula.
Extremidade proximal |
Ápice – processo estiloide Cabeça da fíbula – com faceta para articular com o côndilo lateral da tíbia Colo – com o nervo fibular comum posterior a ele |
Corpo (diáfise) |
Três bordas – anterior, interóssea, posterior Três superfícies – medial, lateral, posterior |
Extremidade distal |
Maléolo lateral Ponto para fixação ligamentar |
Articulações |
Articulação tibiofibular superior – articulação sinovial plana Articulação tibiofibular média – fixada pela membrana interóssea Articulação tibiofibular inferior – sindesmose Também participa na articulação “mortise do tornozelo” |
Vascularização | Artéria fibular |
Inervação |
Extremidade proximal – ramo genicular do nervo fibular comum Extremidade distal - nervo fibular profundo Periósteo - nervos fibulares superficial e profundo |
Notas clínicas |
Fraturas geralmente traumáticas Fraturas isoladas da fíbula são mais raras do que as fraturas combinadas da fíbula e tíbia Fraturas da extremidade proximal associam-se a lesão do nervo fibular comum Fraturas da extremidade distal podem ser descritas usando o sistema de Weber (Danis-Weber) |
Mnemônico | FíbuLA é LAteral |
Existem vários fatos importantes sobre a fíbula que a maioria dos estudantes de anatomia deve conhecer. Esses e outros pontos importantes sobre a anatomia, a vascularização, a inervação e as fixações musculares e ligamentares são abordados neste artigo. O artigo também discutirá fraturas importantes da fíbula.
- Desenvolvimento
- Extremidade proximal
- Corpo (diáfise)
- Extremidade distal
- Articulações
- Fixações musculares
- Vascularização e inervação
- Notas clínicas
- Referências
Desenvolvimento
A fíbula faz parte do esqueleto apendicular e se desenvolve por ossificação endocondral. A ossificação da fíbula começa em três pontos:
- no corpo, por volta da 8.ª semana de gestação.
- na extremidade distal, no final do primeiro ano de vida.
- na extremidade proximal, pelos 4 anos em rapazes e pelos 3 anos em meninas.
Os centros de ossificação no corpo e na extremidade distal acabam por se fundir durante a adolescência (por volta dos 15 anos nas meninas e 17 anos nos meninos). Os centros de ossificação da extremidade proximal e do corpo da fíbula são os últimos a fundir, no final da adolescência (por volta dos 17 anos nas meninas e 19 anos nos meninos).
Extremidade proximal
A extremidade proximal da fíbula é formada por uma cabeça de formato irregular e um colo curto. Possui três segmentos que se projetam em diferentes direções: anterior, posterior e lateral. Uma questão importante que surge em muitas provas de anatomia é com qual estrutura óssea a cabeça da fíbula se articula? Existe uma área arredondada e achatada na parte medial da cabeça da fíbula, conhecida como faceta, a qual se articula com uma faceta complementar na parte inferolateral do côndilo lateral da tíbia (articulação tibiofibular proximal). A faceta também atua como um ponto de fixação para o ligamento capsular tibiofibular. Além disso, o ligamento capsular tibiofibular envolve a faceta articular da fíbula.
Existe um processo estiloide da fíbula que se estende superiormente a partir da cabeça; é mais frequentemente conhecido como o ápice da cabeça da fíbula. Esta saliência apical se projeta da parte posterolateral da cabeça da fíbula. O colo da fíbula é uma região curta imediatamente inferior à cabeça da fíbula. Quais são as estruturas mais importantes que se relacionam com o colo da fíbula? É importante notar que o nervo fibular comum (também chamado de nervo peronial comum) passa posterolateralmente ao colo da fíbula. Isso tem significado clínico, pois um traumatismo no colo da fíbula pode levar a déficits neurológicos.
A função da extremidade proximal da fíbula é fornecer pontos de inserção para ligamentos de sustentação menores da articulação do joelho. Há o ligamento colateral lateral, que se origina do ápice da fíbula e é envolvido pelo tendão do bíceps femoral.
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Corpo (diáfise)
A maior parte da fíbula é a sua diáfise. Esta parte do osso é triangular em secção transversal e, consequentemente, existem três bordas (anterior, interóssea e posterior) e três superfícies (lateral, medial e posterior) ao longo da diáfise da fíbula.
A borda anterior começa na cabeça da fíbula e continua distalmente em direção ao maléolo lateral, onde se divide em duas cristas que envolvem a superfície subcutânea triangular. Na superfície medial da fíbula encontra-se a borda interóssea ou medial, que é o ponto de fixação da membrana interóssea fibrosa que forma a articulação tibiofibular média. Este septo fibroso atua como uma barreira entre os músculos extensores e fibulares da perna. Existe uma borda posterior ao longo da parte posterior da fíbula. A parte proximal dessa borda parece ligeiramente arredondada. No entanto, a borda se torna mais proeminente distalmente, à medida que se aproxima do segmento medial do maléolo lateral.
As bordas interóssea e anterior da fíbula servem como limites medial e lateral da superfície medial. Essa superfície fornece ponto de fixação para os músculos extensores do pé, que fazem com que os dedos dos pés apontem para cima (dorsiflexão).
A superfície lateral encontra-se no lado oposto da superfície medial, entre as bordas posterior e anterior. A parte proximal dessa superfície está voltada lateralmente; no entanto, a superfície gira distalmente e, como tal, a parte mais distal dessa superfície se volta posterolateralmente. Em virtude disso, a parte distal da superfície lateral está em continuidade com o sulco posterior do maléolo lateral. A superfície lateral fornece um ponto de fixação para os músculos fibulares (peroniais).
A superfície posterior situa-se entre as bordas posterior e interóssea. Essa superfície é muito mais estreita na parte proximal (onde as bordas interóssea e posterior estão mais próximas) do que distalmente (onde as bordas estão mais afastadas). Essa superfície fornece fixação para os músculos flexores do pé, que são responsáveis por apontar os dedos para baixo (flexão plantar).
Extremidade distal
A extremidade distal da fíbula forma o maléolo lateral do membro inferior. Esta é uma projeção óssea observada na superfície lateral do tornozelo, que é complementar a outra projeção óssea na face medial do tornozelo chamada de maléolo medial (formado pela tíbia). O maléolo lateral se estende posteroinferiormente, é arredondado e rugoso anteriormente, e tem um sulco largo posteriormente. A superfície lateral é coberta por pele (portanto, não há camada muscular nesta área) e a superfície medial possui uma área triangular que é convexa ao longo do eixo vertical. A extremidade distal da fíbula termina como uma projeção apical que se articula com a face lateral do tálus.
A extremidade distal permite a fixação de vários ligamentos que sustentam a articulação do tornozelo. Os ligamentos tibiofibular posterior, talofibular posterior, calcaneofibular e tibiofibular interósseo (médio) têm todos fixação nessa extremidade da fíbula e participam da estabilidade dessa articulação.
Articulações
A tíbia e a fíbula se articulam por meio de três articulações - as articulações tibiofibulares superior, média e inferior. A articulação tibiofibular superior é uma articulação sinovial plana (permite apenas movimento de deslizamento), sendo que a linha articular transversal atravessa o côndilo tibial lateral e a cabeça medial da fíbula. A cápsula é mais espessa anterior e posteriormente, e se une ao ligamento anterior da cabeça da fíbula, relacionando-se intimamente com o tendão do bíceps femoral.
A tíbia e a fíbula também se articulam por meio de uma membrana interóssea, também chamada de ligamento tibiofibular médio. Essa membrana é constituída por uma lâmina aponeurótica fina formada por fibras oblíquas, fixando-se medial e lateralmente às margens interósseas da tíbia e da fíbula, respectivamente. A membrana interóssea separa os músculos da parte posterior da perna dos músculos localizados na parte anterior da perna.
A articulação tibiofibular inferior é uma sindesmose (articulação fibrosa ligeiramente móvel), imediatamente superior à região do tornozelo, que se encontra entre a extremidade distal medial da fíbula e a região da incisura fibular da tíbia. Não existe uma cápsula fibrosa em torno dessa articulação, mas existe o ligamento tibiofibular anterior, que desce lateralmente entre os dois ossos da perna.
Para mais informações sobre a fíbula, tíbia, joelho e articulação do tornozelo, explore as unidades de estudo abaixo:
Fixações musculares
Qual é a função da fíbula? Nesse osso originam-se vários músculos do pé. No entanto, apenas um músculo se insere neste osso longo. Afinal, quais são as estruturas que se fixam na fíbula? A tabela abaixo resume os músculos que se originam e se inserem na fíbula. Note que os músculos são listados no sentido de cranial para caudal, e os músculos que se fixam na superfície anterior são listados antes dos que se fixam na superfície posterior.
Bíceps femoral | Se insere na cabeça da fíbula |
Extensor longo dos dedos | Metade proximal da superfície medial da fíbula (e côndilo tibial lateral) |
Fibular longo | Cabeça da fíbula, ⅔ superiores da superfície lateral da tíbia, septo intermuscular |
Extensor longo do hálux | Superfície medial da fíbula, membrana interóssea |
Fibular curto | ⅓ inferior da superfície lateral da fíbula |
Fibular terceiro | Superfície anteromedial distal da fíbula |
Sóleo | Cabeça da fíbula, borda posterior da fíbula (e borda medial e linha solear da tíbia) |
Tibial posterior | Superfície posterior da fíbula, membrana interóssea (e superfície posterior da tíbia) |
Flexor longo do hálux | Superfície posterior da fíbula, membrana interóssea |
Vascularização e inervação
Um ramo da artéria fibular transporta o sangue rico em oxigênio para o osso. Este ramo passa através de um forame nutrício na superfície posterior da fíbula, que facilita a passagem de um ramo da artéria fibular para o osso. O forame encontra-se alguns centímetros proximalmente ao ponto médio da diáfise.
Os nervos que irrigam a articulação do joelho (ramo genicular do nervo fibular comum) e a articulação do tornozelo (nervo fibular profundo) também inervam as extremidades proximal e distal da fíbula, respectivamente. Da mesma forma, os nervos fibulares superficiais e profundos, que inervam os músculos que se fixam na fíbula, também inervam o periósteo da fíbula.
Notas clínicas
As fraturas da fíbula se devem geralmente a lesões traumáticas. Associam-se, quase sempre, a fraturas concomitantes da tíbia ou ruptura da articulação do tornozelo. No entanto, embora raramente aconteça, há casos de fraturas fibulares isoladas. Logicamente, como a fíbula é mais fina do que a tíbia, a fíbula fratura mais facilmente. No entanto, a infrequência de fraturas fibulares isoladas está relacionada ao fato de que a fíbula não é o principal osso que sustenta o peso da perna. Como resultado, é mais comum a ocorrência de fraturas da tíbia do que da fíbula. A natureza da fratura depende do mecanismo da lesão.
As fraturas combinadas de tíbia e da fíbula podem ser o resultado de forças rotacionais ou angulares. As forças rotacionais geram fraturas espirais, enquanto que as forças angulares geram fraturas transversais ou oblíquas. As fraturas isoladas da diáfise da fíbula são frequentemente o resultado de trauma direto na área sobre o osso. Costumam estar presentes os sintomas de fratura óssea, como dor localizada, edema e história de trauma no local da lesão. A imobilização da fratura tem o objetivo de evitar trauma na pele sobrejacente, músculos adjacentes ou estruturas neurovasculares próximas.
As fraturas proximais da fíbula geralmente resultam em lesão do nervo fibular comum. Isso resulta em uma diminuição da sensação na face lateral do antepé e em fraqueza da dorsiflexão do tornozelo, levando a que os dedos dos pés estejam sempre apontados para baixo. A essa alteração é dado o nome de pé caído ou marcha escarvante. A fratura de Maisonneuve ocorre quando as forças transmitidas levam à fratura da fíbula proximal depois de uma lesão no tornozelo. Isso geralmente se associa a fratura do maléolo medial, da fíbula proximal ou da diáfise da fíbula e lesão da sindesmose tibiofibular distal.
As fraturas da fíbula distal resultam frequentemente em ruptura da articulação em “mortise” do tornozelo, devido ao fato de que o maléolo lateral tem um papel importante na estabilidade dessa articulação. Em 1949, um cirurgião geral belga, Robert Danis, classificou os diferentes tipos de fraturas do maléolo lateral. Essa classificação foi posteriormente reorganizada e se tornou mais amplamente usada em 1972, graças a Bernhard Georg Weber (um cirurgião ortopédico suíço). A classificação de Weber (ou Danis-Weber) analisa o nível das fraturas do maléolo lateral em relação à articulação do tornozelo.
Tipo A | Fratura transversal inferiormente ao topo do tálus (cúpula do tálus) Sindesmose tibiofibular intacta Ligamento deltoide intacto Maléolo medial pode fraturar Relativamente estável |
Tipo B | Fratura em espiral estendendo-se até ou um pouco acima da cúpula do tálus Alargamento da articulação tibiofibular distal, mas a sindesmose pode permanecer intacta O ligamento deltoide pode romper Maléolo medial pode fraturar Pode requerer intervenção cirúrgica (redução aberta e fixação interna) |
Tipo C | A fratura se estende acima da articulação do tornozelo Alargamento da articulação tibiofibular distal com ruptura da sindesmose Pode resultar de uma fratura de Maisonneuve; requer radiografias de comprimento total Instável e requer intervenção cirúrgica (redução aberta e fixação interna) |
As fraturas de esforço da fíbula são relativamente comuns, afetando tipicamente o colo da fíbula de recrutas militares ou atletas após treinamento vigoroso. As lesões metastáticas podem resultar em fratura por estresse do osso. O terço distal da fíbula é mais comumente afetado. No entanto, as outras partes do osso também podem ser atingidas.
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