Videoaula: Testículos
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Adivinhe só - quantos espermatozoides você acha que os testículos produzem por segundo? Dez? Cem? Que tal 500? O que? Ainda acha muito pouco? Mil? Isso aí, agora estamos chegando perto. Na verdade, os ...
Leia maisAdivinhe só - quantos espermatozoides você acha que os testículos produzem por segundo? Dez? Cem? Que tal 500? O que? Ainda acha muito pouco? Mil? Isso aí, agora estamos chegando perto. Na verdade, os testículos produzem 1500 espermatozoides por segundo. Nesse ritmo, um pouco menos de 130 milhões de espermatozoides são produzidos por dia. Nossa! Por que tantos, e como será que os testículos conseguem fazer isso? Nessa videoaula vamos explorar as células e a complexa microestrutura dos testículos, que tornam isso tudo possível.
Bem vindo à nossa videoaula sobre a histologia dos testículos. Durante essa videoaula, vamos abordar todas a estruturas que podem ser vista nessa lâmina histológica - um corte do testículo corado por um tricrômico.
Vamos começar com as túnicas que envolvem os testículos. Depois vamos discutir a microestrutura lobular interna dos testículos, incluindo os vários tipos de células e como podemos distingui-las. Depois que já tivermos entendido a histologia, vamos terminar com algumas notas clínicas.
Então vamos direto ao assunto sem perder tempo. Tudo o que sabemos é que os testículos são um par de órgãos sexuais primários do sexo masculino localizados na região sub-púbica da pelve, juntamente com as outras estruturas reprodutivas masculinas. Eles têm dois papéis principais, que são a produção de espermatozoides e a secreção de testosterona. Hoje vamos ver exatamente como a microanatomia dos testículos desempenha essas funções.
Os testículos são envolvidos estreitamente por revestimentos conhecidos como túnicas. Existem três dessas túnicas - a mais externa é chamada de túnica vaginal. É um revestimento de dupla camada derivado do peritônio abdominal. Ela é composta por uma camada parietal externa e uma camada visceral interna. Como é comum em cortes histológicos dos testículos, a camada parietal externa não está presente na nossa imagem, mas se estivesse estaria separada do restante do testículo por um pequeno espaço conhecido como cavidade da túnica vaginal. A camada visceral da túnica vaginal, por outro lado, está presente, aderida firmemente à túnica subjacente que vamos ver daqui a pouco. A camada visceral da túnica vaginal é formada por mesotélio, que é um epitélio escamoso simples que também reveste nossa cavidade abdominal e alguns órgãos.
A próxima camada é a túnica albugínea. Podemos ver na ilustração que é uma camada esbranquiçada, que é o resultado de ser rica em colágeno. Também podemos ver essa camada facilmente no nosso corte corado por tricrômico. O colágeno se cora em azul ou roxo com esse tipo de corante, fazendo com que seja bem fácil identificar a túnica albugínea. Ela é uma camada espessa que fornece força e elasticidade para os tecidos subjacentes mais macios dos testículos. É importante observar que nesse corte a albugínea se separou dos testículos, mas isso se deve ao processo de preparação do tecido. In vivo, essa túnica está firmemente aderida aos testículos.
A camada mais interna que reveste os testículos é conhecida como túnica vascular, e é a camada menos definida das três que mencionamos. A túnica vascular é uma camada fina altamente vascularizada e contém um plexo de vasos sanguíneos que podemos ver aqui.
Ao longo da borda posterior dos testículos, a túnica albugínea e a túnica vascular se projetam internamente para formar o mediastino do testículo, uma massa de tecido conjuntivo fibroso que age como uma espécie de portão para a entrada e saída de vasos sanguíneos. O mediastino do testículo também abriga a rede testicular, que vamos abordar em um minuto. Podemos ver nessa lâmina que o mediastino se corou com a mesma coloração azul escura do que a túnica albugínea, o que demonstra que ele também é composto principalmente por fibras colágenas e, assim, fornece sustentação estrutural para o conteúdo testicular.
Se aproximarmos um pouco também podemos ver os lúmens de vários vasos sanguíneos relativamente grandes aqui e aqui. Esses são ramos da artéria testicular, que infiltram a túnica vascular no mediastino para fornecer sangue aos testículos. Você também pode reparar algumas extensões de tecido conjuntivo do mediastino testicular que parecem se estender profundamente nos testículos. Elas são conhecidas como septos de tecido conjuntivo e têm um papel muito importante de trazer nutrientes para o interior dos testículos.
Se ampliarmos a imagem em um septo, podemos ver que os estes são compostos por fibras colágenas da túnica albugínea, que se cora em azul, e também podemos ver os vasos da túnica vascular no meio do colágeno. Se voltarmos a nos afastar para essa lâmina, podemos ver que os septos parecem ter uma outra função: definir as subunidades dos testículos, que são conhecidas como lóbulos.
Na verdade, existem aproximadamente 250 a 300 desses lóbulos em cada testículo, sendo que aqueles no centro geralmente são maiores do que aqueles nas extremidades superior e inferior. Apenas alguns lóbulos podem ser vistos aqui, mas não se confunda. Lembre-se que este é somente um corte bidimensional, e esses lóbulos estão espalhados por toda uma estrutura tridimensional dos testículos. Mas qual é o objetivo desses lóbulos e o que eles contém? Cada lóbulo contém de um a quatro túbulos seminíferos.
Claro, como estamos vendo um corte dos testículos, parece que tem bem mais do que isso, não é mesmo? Bem, sim, isso está certo, mas preste atenção em uma coisa. Estes são túbulos seminíferos altamente contorcidos, o que significa que eles se dobram repetidamente sobre si mesmos dentro do lóbulo. Então o que estamos vendo aqui na nossa imagem são vários cortes do mesmo grupo de túbulos seminíferos. Cada túbulo tem aproximadamente 150 a 250 mícrons de diâmetro e cerca de 50 centímetros de comprimento, dando um comprimento total de 540 metros de túbulos em cada testículo. Isso faz com que os túbulos seminíferos tenham uma ampla área de superfície interna. E por que isso é importante? Bem, é nesses túbulos que a mágica acontece. Isso mesmo, é aí que todos os milhões de espermatozoides são produzidos todos os dias.
Veja bem, os túbulos seminíferos contorcidos fornecem um ambiente favorável para a espermatogênese, que é uma palavra chique para o processo de diferenciação de uma célula germinativa em um espermatozoide maduro.
Agora vamos dar uma olhada mais de perto nas células e tecidos ao redor e dentro do túbulo seminífero para entender melhor a sua histologia. Se aproximarmos um pouco podemos ver que os túbulos seminíferos estão envoltos por uma membrana basal que sustenta o epitélio dos túbulos seminíferos e o separa do tecido conjuntivo circundante.
Observe que ainda estamos vendo cortes corados por tricrômico, o que dá à membrana basal essa cor azul-arroxeada fazendo com que ela seja fácil de se identificar. Na lâmina própria da membrana basal existem células musculares lisas conhecidas como células mioides peritubulares, que podem ser definidas por sua aparência fusiforme. Seu papel exato não é bem definido, mas acredita-se que a contração peristáltica dessas células ajude a transportar os espermatozoides maduros através dos túbulos.
Elas também fornecem sustentação estrutural adicional aos túbulos, e têm um papel na regulação da espermatogênese. Se você olhar entre os túbulos seminíferos verá o que é conhecido como tecido conjuntivo intertubular ou intersticial. Nesse tecido intertubular você encontrará células especializadas conhecidas como células endócrinas intersticiais, comumente chamadas de células de Leydig. Como você pode ver na imagem, elas são encontradas principalmente em grupos, espalhados pelo tecido conjuntivo.
Essas células se caracterizam por terem um núcleo central e citoplasma abundante circundante. Como o nome “célula endócrina intersticial” sugere, a função das células de Leydig é secretar hormônio, a testosterona, que é responsável pelo desenvolvimento das características sexuais secundárias do sexo masculino e também pela regulação da espermatogênese. Ela afeta também a massa óssea, a distribuição de gordura, o crescimento muscular e a produção de glóbulos vermelhos.
As células de Leydig são mais ativas durante o desenvolvimento fetal do trato genita, durante a vida intra-uterina, e depois permanecem em repouso até a puberdade e início da vida adulta. Por outro lado, seu número diminui com a idade. Se você tiver um olhar atento, você também vai observar outras células no tecido conjuntivo intertubular.
São os fibroblastos, que podem ser identificados por seu núcleo fusiforme. Eles agem produzindo o tecido fibroso que compõe a maior parte do tecido conjuntivo intertubular. Vamos agora voltar a nossa atenção para a estrutura interna dos túbulos seminíferos, que é revestida por um epitélio especializado conhecido como epitélio germinativo, ou epitélio espermatogênico.
Este tecido é formado por dois tipos de células - grandes células de sustentação que não se dividem, ou células de Sertoli, e células que se dividem e estão envolvidas no processo de espermatogênese. As células de sustentação, também conhecidas como células de Sertoli ou sustentócitos, são células epiteliais colunares que se estendem desde a membrana basal até o lúmen, no centro do túbulo. Apesar de não podermos ver isso usando um microscópio de luz, células de Sertoli adjacentes se unem através de junções de oclusão ou zonas de oclusão, criando uma barreira de difusão, conhecida mais especificamente como barreira hematotesticular. Sim, eu sei. Identificar as células de Sertoli dentre as milhares de outras células nessa lâmina não é uma função muito fácil, mas lembre-se apenas que as células de Sertoli têm uma morfologia ovoide ou triangular e um citoplasma abundante, com um ou dois nucléolos grandes, que são esses pontos escuros aqui.
As células de Sertoli agem promovendo o desenvolvimento das espermatogônias, ou espermatozoides imaturos, guiando-as pelo processo de espermatogênese. Veja, as espermatogônias são meio teimosas, e não se diferenciam a não ser que sejam cuidadas. Cada célula de Sertoli só consegue cuidar de um número fixo de espermatogônias - pense nela como se fosse uma enfermeira responsável por uma ala com um número fixo de pacientes. Isso significa que o número de células de Sertoli é um fator importante na grande variação do número de espermatozoides e do tamanho testicular entre os homens. Esse número é definido durante o desenvolvimento, mas pode diminuir com fatores relacionados ao estilo de vida, como o tabagismo.
As células de Sertoli criam uma espécie de linha de produção para o desenvolvimento para a diferenciação dos espermatozoides, no qual as espermatogônias situam-se próximas à membrana basal e os espermatozoides completamente diferenciados próximos ao lúmen. Espermatogônias são células germinativas masculinas não diferenciadas encontradas na base das células de Sertoli, logo acima da membrana basal.
Existem três tipos de espermatogônias. As células tipo A com núcleos escuros, que agem como uma reserva de células tronco e se dividem ocasionalmente para formar células tronco adicionais. As células tipo A com núcleos pálidos, que sofrem mitose para produzir células tipo B. E as células tipo B, que sofrem divisões mitóticas para dar origem aos espermatócitos primários.
Os espermatócitos primários são células diploides, o que significa que elas têm duas cópias de cada cromossomo. Elas são formadas quando uma espermatogônia diploide, que se localiza no compartimento basal dos túbulos seminíferos, se divide mitoticamente, resultando em dois espermatócitos primários diploides.
Cada espermatócito primário então segue para o compartimento adluminal dos túbulos seminíferos. Os espermatócitos primários têm núcleos redondos grandes e são maiores do que as espermatogônias. Eles estão posicionados mais ou menos na metade do caminho entre a membrana basal e o lúmen. Seus núcleos podem conter eucromatina, que é material genético solto, que se cora de uma cor mais clara, dando ao núcleo uma aparência granular. Espermatócitos secundários são células haploides, o que significa que elas só têm uma cópia de cada cromossomo. É muito raro conseguirmos ver essas células histologicamente, já que elas se diferenciam rapidamente para formar duas espermátides; no entanto, elas têm núcleos que são de certa forma mais compactos.
Espermátides são células haploides que têm um núcleo pequeno escuro que é redondo nas espermátides jovens e oval nas espermátides mais maduras, devido à condensação do DNA. Além disso, algumas espermátides são discretamente alongadas, o que marca o surgimento dos flagelos característicos dos espermatozoides maduros, que são aquelas caudas que conhecemos. Quando as espermátides alcançam o lúmen do túbulo seminífero elas passam a ser chamadas de espermatozoides, que são o produto final da linha de produção organizada pelas células de Sertoli.
Os espermatozoides células haploides, e podem ser identificados pelo seu flagelo ou cauda característica e pelo seu núcleo em fenda. Se olharmos um segundo para nosso corte tricrômico podemos ter uma visão ainda mais clara desses espermatozoides maduros, com suas caudas voltadas para o lúmen do túbulo seminífero, bem aqui. O processo de desenvolvimento de um espermatócito até um espermatozoide leva aproximadamente dois meses. Se pensarmos nisso, é realmente incrível que cerca de 1500 espermatozoides são criados a cada segundo.
Bem, assim descrevemos rapidamente o processo de espermatogênese, mas se você quiser saber mais verifique nosso artigo sobre a gametogênese, onde você encontrará muito mais informação e detalhes sobre o início da vida de um espermatozoide. Quando terminam sua diferenciação, os espermatozoides ainda não são móveis e dependem do fluxo do fluido gerado pelas contrações do músculo liso para se movimentarem pelo lúmen dos túbulos contorcidos. Esse fluido é secretado pelas células de Sertoli e é rico em nutrientes que mantém os espermatozoides saudáveis na sua jornada para fora dos testículos.
A próxima estrutura que os espermatozoides alcançam são os túbulos seminíferos retos. A boa notícia para nós é que, apesar de ter um nome semelhante, os túbulos retos podem ser facilmente diferenciados dos túbulos contorcidos. A primeira coisa que observamos nesta lâmina é que os túbulos retos têm um diâmetro tipicamente menor do que os túbulos contorcidos, e um lúmen achatado. Inicialmente os túbulos retos são revestidos somente por células de Sertoli. Não há células espermatogênicas e não ocorre espermatogênese aqui. Próximo à extremidade distal dos túbulos retos o epitélio começa sofrer uma transição, deixando de ser constituído completamente por células de Sertoli e passando a ser um epitélio cúbico simples, que também é característico da nossa próxima estrutura - a rede testicular.
A rede testicular se localiza no mediastino do testículo e é formada por uma rede de ductos que se anastomosam. Esses ductos não são envoltos por músculo liso, e são revestidos por um epitélio cúbico simples que parece bem achatado. Esses canais têm formato relativamente irregular, e agem juntando os numerosos túbulos seminíferos em aproximadamente 15 dúctulos eferentes.
Certo, isso praticamente completa a histologia dos testículos. Agora que entendemos mais a histologia normal, vamos dar uma olhada nas nossas notas clínicas no que acontece quando as coisas não são como deveriam ser.
A síndrome das células de Sertoli, também chamada de aplasia germinativa ou síndrome de Del Castillo, é uma doença dos túbulos seminíferos na qual as células espermatogênicas estão ausentes no epitélio, restando somente as células de Sertoli. Isso significa que a espermatogênese não pode ocorrer, e os pacientes portadores dessa doença são inférteis.
A maioria dos casos é idiopática, o que significa que a causa não é conhecida; mas alguns casos podem ter uma origem genética, com mutações no cromossomo Y, particularmente no fator de azoospermia. Pacientes com a síndrome das células de Sertoli têm uma anatomia macroscópica normal, com testículos de tamanho normal e níveis normais de testosterona. Consequentemente, o diagnóstico tipicamente só é feito quando o paciente não consegue conceber.
O primeiro passo para o diagnóstico é identificar que o paciente é azoospérmico, o que significa que existe uma ausência completa de espermatozoides no esperma. O segundo passo é uma biópsia testicular para confirmar a ausência de espermatozoides no epitélio seminífero.
O tratamento só é possível nos homens com algumas células espermatogênicas presentes. Nesses casos, uma microcirurgia é realizada para extrair os espermatozoides. Os espermatozoides recuperados são testados em relação à sua viabilidade e podem então ser usados para uma fertilização in vitro.
Cento e trinta milhões de espermatozoides por dia - um número enorme que requer uma estrutura altamente especializada para produzi-los. Nessa videoaula, abordamos a histologia dessa estrutura especializada, começando com as túnicas que envolvem os testículos.
Essas túnicas são a túnica vaginal, com suas camadas parietal e visceral e a cavidade no meio, que fornece amortecimento; a túnica albugínea, que é rica em colágeno e fornece proteção; e a túnica vascular, que fornece sangue para as superfícies externa e interna dos testículos. A túnica albugínea e a túnica vascular então entram nos testículos na face posterior, formando o mediastino do testículo.
A partir daí, septos se projetam formando os septos testiculares, que dividem o órgão em vários lóbulos. Esses lóbulos são repletos de túbulos seminíferos contorcidos - onde ocorre a espermatogênese.
Esses túbulos têm um epitélio colunar e são revestidos por células espermatogênicas e células de Sertoli. O interstício é repleto de células de Leydig.
Os espermatozoides produzidos nos túbulos seminíferos contorcidos então seguem no fluxo líquido gerado pelas contrações peristálticas até os túbulos seminíferos retos, e daí para a rede testicular.
E isso é o suficiente para esta videoaula. Espero que tenha gostado e bons estudos!