Videoaula: Inervação do intestino delgado
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Você sabia que o intestino delgado é responsável por cerca de noventa por cento da digestão dos alimentos que ingerimos todos os dias? E que se a gente esticasse o nosso intestino delgado todo ele ...
Leia maisVocê sabia que o intestino delgado é responsável por cerca de noventa por cento da digestão dos alimentos que ingerimos todos os dias? E que se a gente esticasse o nosso intestino delgado todo ele mediria aproximadamente seis metros, que é mais ou menos do mesmo tamanho do que a altura combinada de três jogadores de basquete da NBA?
Ou mais ou menos do mesmo tamanho que uma girafa média do sexo masculino. O intestino delgado é um órgão impressionante do sistema digestivo, mas você já se perguntou como o corpo fala para o intestino delgado quando é hora de começar a digerir os alimentos e quando é hora de desacelerar esse processo para produzir mais energia para outras funções do corpo?
Ou o que faz a parede muscular do intestino delgado se contrair e depois relaxar, mantendo o alimento em movimento ao longo de seu comprimento? Vamos descobrir a resposta para essas perguntas agora analisando a inervação do intestino delgado.
Vamos direto ao assunto e vamos começar lembrando a anatomia do intestino delgado. Como você sabe, o intestino delgado consiste em três partes - o duodeno, o jejuno e o íleo. Como você pode ver na imagem aqui, antes do intestino delgado no trato gastrointestinal temos o estômago, e o intestino delgado termina no início do intestino grosso, também conhecido como ceco.
O intestino delgado recebe sinais de fontes externas ou extrínsecas, que vêm do cérebro, assim como de fontes internas ou intrínsecas, que vêm do próprio intestino delgado.
Esses impulsos nervosos permitem que o trato gastrointestinal realize as suas funções, que incluem motilidade, função secreto-motora das glândulas do trato gastrointestinal, regulação do fluxo sanguíneo e imunomodulação, que é a regulação do sistema imune no intestino delgado.
Vamos ver primeiro a inervação extrínseca do intestino delgado. Como outros órgãos do trato gastrointestinal, o intestino delgado recebe sua inervação externa ou extrínseca do sistema nervoso autônomo. E o sistema nervoso autônomo é a parte do sistema nervoso periférico responsável por controlar as funções corporais que não são conscientemente controladas, tais como a respiração, nossa frequência cardíaca e todo o trajeto da digestão.
O sistema nervoso autônomo é a divisão do sistema nervoso periférico que pode ser dividida em duas partes - o sistema nervoso simpático e o sistema nervoso parassimpático.
Antes de falar sobre a anatomia específica dessa região aqui, vamos primeiro nos familiarizar com alguns pontos básicos dos sistemas nervosos simpático e parassimpático. O sistema nervoso simpático consiste em uma cadeia de dois neurônios - um mais curto, conhecido como neurônio pré-ganglionar, e um mais longo que é conhecido como neurônio pós-ganglionar.
Neurônios pré-ganglionares surgem da medula espinal toracolombar e seus axônios seguem para um gânglio que contém um aglomerado de corpos celulares neuronais dos neurônios pós-ganglionares, com os quais fazem sinapse. A partir daqui os neurônios pós-ganglionares seguem para inervar as estruturas alvo.
No intestino delgado, os gânglios do sistema nervoso simpático são conhecidos como gânglios pré-vertebrais e estão localizados anteriormente à aorta abdominal. Vamos discutir isso daqui a pouco nesta videoaula.
De forma geral, a estimulação simpática inibe a digestão - o que significa desaceleração da atividade motora e secretora do trato digestivo, assim como causa a contração dos esfíncteres gastrointestinais e dos vasos sanguíneos.
Assim como o sistema nervoso simpático, o sistema nervoso parassimpático é uma via de cadeia dupla. A diferença é que o neurônio pré-ganglionar é longo, e o neurônio pós-ganglionar é curto. Os neurônios pré-ganglionares se originam da medula espinal craniossacral, mas os gânglios onde se encontram os neurônios pós-ganglionares e onde são realizadas as sinapses geralmente estão localizados na estrutura alvo, que no nosso caso hoje é o intestino delgado.
O efeito do estímulo parassimpático no intestino delgado é efetivamente o oposto daquele causado pela inervação simpática – ou seja, ele estimula a digestão, resultando num aumento das secreções e da atividade motora do trato digestivo.
Então vamos entrar nos detalhes da anatomia dessa região aqui, começando com os nervos que transmitem as fibras nervosas simpáticas. Existem várias estruturas envolvidas, mas não se assuste. Vamos entender tudo até o final desta videoaula.
O primeiro grupo de estruturas que vamos conhecer são os nervos esplâncnicos maiores, que você pode ver aqui destacados em verde. Os nervos esplâncnicos maiores consistem em axônios simpáticos pré-ganglionares que surgem do quinto ao nono, e algumas vezes décimo, níveis da medula espinal torácica.
Esses neurônios emergem da medula espinal e passam diretamente através desta estrutura bem aqui, que é conhecida como cadeia simpática, e eles fazem isso sem fazer nenhuma sinapse. Uma vez formados, os nervos esplâncnicos maiores
chegam ao abdome perfurando o pilar ipsilateral do diafragma.
Nesta imagem aqui estamos vendo o nervo esplâncnico maior direito. Os axônios simpáticos pré-ganglionares dos nervos esplâncnicos maiores terminam ou fazem sinapse nos gânglios celíacos, que são esses dois agrupamentos de corpos celulares neuronais aqui.
Os gânglios celíacos são um dos principais gânglios pré-vertebrais onde surgem os neurônios simpáticos pós-ganglionares. São os maiores gânglios do sistema nervoso autônomo e se localizam de cada lado do tronco celíaco, que é o primeiro ramo principal da aorta abdominal.
Os gânglios celíacos projetam fibras para alguns outros gânglios e plexos que já vamos ver também, assim como projetam fibras simpáticas pós-ganglionares para o duodeno e para vários outros órgãos, como o estômago, o fígado, a vesícula biliar e o pâncreas.
Vale a pena mencionar que os gânglios celíacos também recebem algumas fibras parassimpáticas pré-ganglionares, vamos vamos vê-las mais tarde. Um outro par de gânglios que temos que conhecer nesta região são os gânglios aorticorrenais.
Considera-se que são uma parte inferior dos gânglios celíacos, mas como uma subdivisão distinta. Esses gânglios abrigam as sinapses dos axônios simpáticos de nervos conhecidos como nervos esplâncnicos menores, e ocasionalmente dos nervos esplâncnicos imos, sobre os quais vamos falar daqui a pouco.
Os gânglios aorticorrenais projetam fibras nervosas para o plexo celíaco, que também vamos falar, assim como para os rins, através do plexo renal, e para as glândulas adrenais.
Se você estiver ficando um pouco confuso, não se preocupe. Fique por aqui que tudo vai se encaixar. Estamos quase, quase lá! As próximas estruturas que vamos ver são os nervos esplâncnicos menores. Esses nervos surgem do décimo e décimo-primeiro níveis da medula espinal torácica, logo abaixo dos nervos esplâncnicos maiores, e então seguem lateralmente a eles, também perfurando os pilares do diafragma.
Os nervos esplâncnicos menores distribuem axônios para os gânglios celíacos e aorticorrenais ipsilaterais que acabamos de ver, e podemos ver o nervo esplâncnico menor aqui fazendo sinapse no gânglio aorticorrenal esquerdo.
Eu vou adicionar mais um nervo na nossa imagem aqui que é o nervo esplâncnico imo. Os nervos esplâncnicos imos surgem variavelmente do décimo-primeiro e décimo-segundo níveis da medula espinal e distribuem axônios para os gânglios aorticorrenais ipsilaterais como você pode ver na nossa imagem, e ocasionalmente distribuem axônios também para os gânglios celíacos.
Esses nervos estão mais relacionados à inervação dos rins, mas é bom que você saiba que eles estão presentes nesta região. Os gânglios celíacos e aorticorrenais são considerados partes do plexo celíaco; se você se lembra um plexo nervoso é uma rede complexa de neurônios que se cruzam.
O plexo celíaco é um plexo autônomo encontrado ao nível da décima-segunda vértebra torácica e primeira vértebra lombar. Sua densa rede de fibras conecta os dois gânglios celíacos aos dois gânglios aorticorrenais. Assim como os gânglios, o plexo celíaco abriga não só neurônios simpáticos como também integra neurônios parassimpáticos, que vamos ver daqui a pouco.
O plexo celíaco emite vários outros plexos menores que inervam o intestino delgado, o estômago, o fígado, o pâncreas, a vesícula biliar, o baço e os rins. Não vamos falar sobre todos esses plexos hoje, mas vamos focar em um desses plexos que está relacionado ao intestino delgado que é o plexo mesentérico superior.
Considera-se que este plexo seja uma continuação inferior do plexo celíaco, e ele acompanha a artéria mesentérica superior. Na origem do plexo mesentérico superior existe um gânglio que é conhecido como gânglio mesentérico superior. Assim como os gânglios celíacos, este é um dos gânglios pré-vertebrais onde os axônios pré-ganglionares fazem sinapse com os neurônios pós-ganglionares.
Algumas fibras nervosas simpáticas pré-ganglionares dos nervos esplâncnicos maiores e menores fazem sinapse aqui. O plexo mesentérico superior emite vários plexos secundários ou ramos que podemos ver aqui. Eles seguem os ramos da artéria mesentérica superior e portanto inervam particularmente as porções inferiores do duodeno, o jejuno e o íleo, assim como o ceco e o cólon ascendente do intestino grosso.
Nós falamos muito sobre a inervação simpática extrínseca do intestino delgado, agora é hora de voltarmos nossa atenção para o suprimento nervoso parassimpático. Você pode se lembrar que quando vimos o plexo celíaco mais cedo nós mencionamos que além de receber fibras simpáticas ele também tinha contribuições parassimpáticas. Essas contribuições vêm do nervo vago, também conhecido como nervo craniano número dez.
Originando-se no tronco encefálico, os nervos vagos esquerdo e direito seguem o seu trajeto através do pescoço e do tórax, seguindo lateralmente de cada lado do esôfago antes de se voltarem anteriormente e posteriormente para se tornarem os troncos vagais anterior e posterior, logo antes de atravessar o diafragma e entrarem no abdome.
O tronco vagal anterior, que podemos ver aqui, é um ramo do nervo vago esquerdo, mas ele de fato contém algumas fibras do nervo vago direito. Uma vez no abdome, ele inerva o estômago e pode emitir um ramo celíaco para os gânglios celíacos, como podemos ver nesta imagem.
Um outro ramo de interesse para nós é este nervo destacado agora em verde. Ele é conhecido como ramo hepático do tronco vagal anterior. E esse nervo fornece primariamente inervação parassimpática para o fígado que podemos ver aqui. Mas antes de atingir o seu alvo ele emite um ramo pilórico, como podemos ver aqui.
Esse ramo segue a artéria gastroduodenal e inerva o piloro do estômago e, o que é mais relevante para esta videoaula, a parte superior do duodeno. Vamos agora voltar a nossa atenção para o nervo vago rapidamente para explicar a localização do nosso próximo nervo de interesse.
Primeiro eu vou adicionar a metade inferior do esôfago na nossa imagem. Nós já mencionamos que esse nervo aqui, o tronco vagal anterior, segue anteriormente ao esôfago antes de atravessar o diafragma. E você se lembra que mencionamos um outro ramo do nervo vago que era o tronco vagal posterior.
Este nervo é primariamente um ramo do nervo vago direito, apesar de conduzir algumas fibras do nervo vago esquerdo, e como você pode ver na nossa imagem ele segue posteriormente ao esôfago antes de entrar no abdome. Um ramo importante do tronco vagal posterior que temos que conhecer é este aqui mostrado na imagem, chamado de ramo celíaco do tronco vagal posterior.
Ele fornece contribuições parassimpáticas para os gânglios e para o plexo celíacos, que a este ponto eu espero que você já conheça bem, e a partir do plexo celíaco as fibras parassimpáticas seguem o mesmo trajeto das fibras simpáticas. E, de novo, não se preocupe se estiver se sentindo confuso.
Nós vamos passar por tudo isso de novo no final desta videoaula. Eu espero que você ainda esteja comigo onde quer que você esteja vendo este vídeo. Foi um longo caminho para chegar até aqui, mas estamos quase, quase lá.
Tudo o que acabamos de estudar é o que chamamos de inervação extrínseca do intestino delgado - ou seja, a inervação do intestino delgado pelo sistema nervoso autônomo que vem lá do seu cérebro. Mas nós também sabemos que o intestino delgado, assim como a maior parte do trato gastrointestinal, tem sua própria inervação intrínseca ou interna.
Algumas vezes deixada de lado, essa inervação intrínseca do intestino delgado é comumente conhecida como sistema nervoso entérico, e eu tenho certeza que você já ouviu falar dele antes. O termo “entérico” vem do latim “enteron”,
que significa “intestino”.
O sistema nervoso entérico é primariamente composto por dois plexos que seguem dentro da parede do intestino. O primeiro é conhecido como plexo mioentérico, ou plexo de Auerbach, e é encontrado entre as camadas musculares circular e longitudinal do intestino, algumas vezes conhecidas em conjunto como camada muscular externa.
Esse plexo controla o tônus da musculatura lisa do intestino, assim como a velocidade e a intensidade das contrações musculares. O segundo plexo que segue ao longo das paredes do intestino delgado é conhecido como plexo submucoso ou plexo de Meissner, e é encontrado na - você adivinhou - submucosa do intestino.
O plexo submucoso está envolvido nas condições locais dos intestinos e controla processos como a secreção intestinal local de enzimas que digerem os alimentos, a absorção de alimentos, assim como os movimentos musculares submucosos e o fluxo sanguíneo para a parede intestinal.
O sistema nervoso entérico no intestino é algumas vezes conhecido como “pequeno cérebro”, porque diferente do restante do sistema nervoso periférico, ele é capaz de operar independentemente do cérebro e da medula espinal. É legal, não é mesmo?
E isso significa que ele é capaz de monitorar e reagir a condições no intestino delgado por conta própria, sem receber sinais do sistema nervoso central. Ele faz isso através dos neurônios sensitivos que são encontrados na mucosa da parede intestinal, e que transmitem as condições do intestino para ambos os plexos entéricos.
Esses neurônios sensitivos também transmitem informações de volta para o sistema nervoso central. Dito isso, na maior parte do tempo o sistema nervoso entérico age em conjunto com a inervação simpática e parassimpática do sistema nervoso autônomo que vimos mais cedo. E isso conclui os nossos estudos sobre a anatomia relacionada à inervação do intestino delgado.
Antes de recapitular o que nós acabamos de abordar, vamos rapidamente ver uma das muitas situações clínicas relevantes e de interesse aqui. Eu espero que você se lembre que quando vimos os gânglios e o plexo celíacos nós mencionamos que o plexo emite ramos para várias regiões do abdome superior - como por exemplo o duodeno e o pâncreas.
Pacientes que têm um câncer avançado nessas regiões muitas vezes têm dores crônicas que não conseguem ser tratadas com medicamentos de forma eficaz. Para lidar com isso, os médicos podem fazer o que é conhecido como bloqueio do plexo celíaco, que bloqueia as vias nervosas para os órgãos inervados pelo plexo celíaco, incluindo o duodeno.
O bloqueio do plexo celíaco é também conhecido como neurólise do plexo celíaco. Bem, já falei muita informação para você assimilar, eu admito, mas antes de terminar esta videoaula eu acho que é importante recapitular rapidamente o que abordamos e eu espero que isso te ajude a conectar todos os pontos nesta videoaula.
Primeiro vimos a inervação simpática do intestino delgado. As fibras nervosas pré-ganglionares emergem da medula espinal como os nervos esplâncnicos maiores e seguem para o abdome para os gânglios celíacos, que continua inferiormente como os gânglios aorticorrenais, que também recebem fibras nervosas pré-ganglionares dos nervos esplâncnicos menores.
Todas essas contribuições acabam se juntando no plexo celíaco, que continua inferiormente em direção ao gânglio mesentérico superior e ao plexo mesentérico superior. A partir daqui, as fibras nervosas simpáticas pós-ganglionares são distribuídas para a parte inferior do duodeno, jejuno e íleo do intestino delgado.
Nós então vimos a inervação parassimpática do intestino delgado. A inervação parassimpática vem dos nervos vagos esquerdo e direito, que se ramificam nos troncos vagais anterior e posterior. O tronco vagal anterior inerva o intestino delgado através de seu ramo celíaco para os gânglios celíacos, assim como através do seu ramo pilórico que inerva a parte superior do duodeno.
Nós então vimos o tronco vagal posterior, que emite contribuições parassimpáticas através dos seus ramos celíacos para os gânglios celíacos. As fibras parassimpáticas que seguem através dos gânglios celíacos seguem o mesmo trajeto das fibras nervosas simpáticas para o intestino delgado.
Lembre-se, os impulsos simpáticos para o intestino delgado são responsáveis pela inibição ou desaceleração da digestão, enquanto os impulsos parassimpáticos tipicamente estimulam a digestão. Por fim, mas não menos importante, não se esqueça que o trato gastrointestinal tem seu próprio sistema nervoso interno independente, conhecido como sistema nervoso entérico, que consiste principalmente no plexo mioentérico e no plexo submucoso.
E isso nos leva ao final desta videoaula – um dos temas mais complicados da anatomia – mas eu espero que você tenha aproveitado e obrigada por usar o Kenhub hoje; vemos você na próxima videoaula.