Videoaula: Histologia do estômago
Você está assistindo uma prévia. Torne-se Premium para acessar o vídeo completo: Um olhar completo do estômago visto sob o microscópio.
Unidade de estudos relacionada
Artigos relacionados
Transcrição
Você já parou para pensar quanto suco gástrico seu estômago produz todos os dias? Se eu te disser que são de dois a três litros, você acreditaria? É bastante, não é mesmo? Este suco contém um ...
Leia maisVocê já parou para pensar quanto suco gástrico seu estômago produz todos os dias? Se eu te disser que são de dois a três litros, você acreditaria? É bastante, não é mesmo? Este suco contém um coquetel potente e poderoso de substâncias bioquímicas específicas, que ajudam o corpo a quebrar e digerir o alimento. Ele contém também muito ácido clorídrico, que é usado para matar microorganismos estranhos e criar um ambiente ácido perfeitamente compatível com as enzimas digestivas especializadas que trabalham para quebrar o alimento em moléculas menores que podem ser absorvidas pelo intestino.
Mas de onde todo esse suco gástrico vem? Bem, hoje nós vamos descobrir! Vamos dar uma olhada nas células e tecidos que formam a parede do estômago. Está na hora de explorarmos a histologia do estômago.
Nesta videoaula, nós vamos colocar a parede do estômago no microscópio e descobrir tudo o que você precisa saber sobre a histologia deste importante órgão digestivo.
Hoje nós vamos começar relembrando a anatomia macroscópica do estômago, com atenção às suas diferentes partes e regiões. Depois nós vamos ver a anatomia microscópica típica das diferentes camadas que formam a parede do estômago e aprender exatamente onde todo nosso suco gástrico é produzido. Depois disso, nós vamos ver algumas diferenças regionais na histologia do órgão antes de finalmente juntarmos tudo para analisarmos algumas notas clínicas sobre este assunto. Eu não sei você, mas eu estou com fome de conhecimento. Então, vamos começar relembrando a anatomia macroscópica do estômago.
Nós sabemos que o estômago é uma bolsa distendida do trato gastrointestinal, que está localizada distalmente ao esôfago e proximalmente ao duodeno do intestino delgado. O estômago por si só pode ser dividido em quatro partes. A cárdia está localizada aqui ao redor da junção esofagogástrica e é definida pela presença de glândulas cárdicas especializadas, sobre as quais nós vamos aprender mais em alguns instantes. Esta próxima área é chamada de fundo. Ela é a área acima da abertura esofágica e forma a curvatura superior, que está em contato com o diafragma. Já o corpo forma a maior parte do estômago. E é principalmente aqui, é claro, onde a mistura e a agitação acontecem. E finalmente, nós temos o piloro, que é formado por duas partes - o antro pilórico e, na sequência, o canal pilórico, mais estreito. Ele termina aqui, no esfíncter pilórico, que se abre para que a comida alcance o duodeno.
É importante que a gente saiba as diferentes partes do estômago, pois veremos em breve que cada região varia histologicamente.
E é claro que em anatomia nós sempre temos que ter em mente que a forma segue a função. Então vamos nos lembrar por um segundo dos papéis específicos do estômago no processo digestivo. Ele é responsável pela continuação da digestão mecânica da comida ingerida, ao combiná-la com seu conteúdo ácido, sendo tudo misturado pelas camadas musculares do estômago para formar o quimo. O estômago também está envolvido na digestão do bolus, pois inicia a digestão dos triglicérides - ou macromoléculas de gordura - ao secretar enzimas lipases e também facilita os primeiros estágios da digestão de proteínas com a enzima pepsina.
OK, agora nós vamos para o nível microscópico para começar a explorar cada detalhes celular do estômago. E o que seria de uma videoaula de histologia sem uma menção rápida sobre coloração, o que traz cor ao maravilhoso mundo da anatomia microscópica?
Você provavelmente já sabe que a maior parte dos tecidos corporais é incolor quando vistos ao microscópio, por isso precisamos usar corantes que fazem com que as estruturas sejam distinguíveis entre si.
Várias das imagens que exploraremos nesta videoaula foram tingidas com hematoxilina e eosina, mais conhecido como o corante HE. Este é o método de coloração mais comum em pesquisas clínicas e funciona ao adicionar moléculas de cor rosa às estruturas acidófilas, como proteínas citoplasmáticas, que são básicas por natureza e de cor roxa às estruturas basófilas, como o DNA ou o RNA. E é por isso que os núcleos e as partes do citoplasma que contêm RNA aparecem roxas.
Você sabia que apesar de algumas especializações e modificações ao longo do seu trajeto, o trato gastrointestinal tem uma composição consistente na maior parte de seu comprimento? Sim, é verdade. Isto significa que independente da parte do TGI que estivermos falando, nós normalmente conseguimos definir as mesmas camadas primárias na parede intestinal.
Elas incluem uma camada mais externa de tecido conjuntivo conhecida como serosa ou adventícia, uma camada muscular bem definida conhecida como muscular externa, que é responsável pela peristalse, assegurando que sua comida siga sempre em frente através do intestino. E ela por sua vez normalmente tem duas camadas - uma camada longitudinal externa e uma circular interna. Profundamente a ela está a submucosa, que é outra camada contendo vasos sanguíneos e tecido nervoso. E, finalmente, a mais interna, a mucosa, que reveste o ambiente interno do intestino, conhecido como lúmen.
Como eu mencionei, esta é a composição histológica geral do trato gastrointestinal. Entretanto, o que é interessante é que cada parte do trato gastrointestinal é altamente adaptada ou especializada em seu papel particular no processo digestivo. E é claro que o estômago não seria diferente. Então vamos descobrir a histologia deste órgão.
Bem, finalmente chegou a hora de olharmos especificamente para a estrutura das paredes do estômago. Nós vamos usar esta micrografia nos próximos minutos, que foi retirada do corpo do estômago. Nós podemos ver as diferentes camadas neste corte coradas com H&E, como eu mencionei antes.
Vamos dar uma olhada mais de perto em cada uma delas. Bem, a serosa é a camada mais externa do estômago e às vezes também é chamada de adventícia. Ela é formada por um epitélio simples escamoso na superfície conhecida como mesotélio e uma camada interna de tecido conjuntivo que se conecta com a camada muscular abaixo.
A palavra serosa se refere a uma estrutura que produz soro e, digna de seu nome, as células epiteliais da camada serosa produzem um fluido lubrificante que permite que o estômago se mova e se distenda suavemente no abdome.
É interessante notar nesta imagem que nós também conseguimos ver uma grande artéria aqui. Nós sabemos que isto é uma artéria, pois ela tem uma parede muscular espessa e aqui também encontramos algumas hemácias visíveis. Se você for estudar o suprimento sanguíneo do estômago você saberá que este provavelmente é um ramo de alguma das artérias gástricas ou gastromental, que suprem o estômago com sangue arterial.
Agora nós vamos continuar com a nossa próxima camada da parede do estômago, que é a muscular externa. Esta é a camada muscular primária do estômago, que controla o movimento da massa contida dentro do órgão. Como eu mencionei antes, normalmente existem duas camadas musculares dentro da muscular externa - uma longitudinal externa e uma circular interna. Entretanto, o estômago é a única exceção e possui uma terceira camada muscular oblíqua adicional.
É importante notarmos que todas as três camadas não são encontradas uniformemente ao longo da parede do estômago, o que significa que sua presença histológica vai depender de onde o corte foi feito.
Bem, olhando de novo para o nosso corte histológico, agora nós estamos vendo a camada longitudinal externa e, como você pode ver na ilustração, estas fibras correm de superior para inferior ao longo do comprimento do estômago.
Histologicamente, as células musculares se tingem de rosa, pois elas são acidófilas. Nós podemos vê-las aqui e observe que seus núcleos celulares são basófilos, por isso eles são mais arroxeados.
É importante notar que a camada muscular longitudinal está ausente nas paredes anterior e posterior do estômago, então tenha isso em mente ao se deparar com um corte feito em alguma dessas regiões.
A seguir temos a camada circular média. As fibras musculares desta camada atravessam ou correm ao longo do estômago e, se nós olharmos mais de perto para a nossa micrografia, nós podemos ver que as fibras estão orientadas em uma direção bem diferente daquelas longitudinais. Observe que esta camada é mal desenvolvida na cárdia do estômago.
E, finalmente, nós chegamos até a camada mais interna, a oblíqua. Esta é uma camada incompleta de fibras musculares que correm formando um ângulo com as duas camadas prévias. Como eu mencionei previamente, esta camada muscular é exclusiva do estômago, já que você não a encontrará no resto do trato gastrointestinal. Ela é uma destas variações funcionais que conversamos anteriormente. As fibras oblíquas estão mais concentradas na cárdia e se estendem tanto na parede anterior quanto na posterior do estômago.
Agora nós sabemos que o estômago é envolvido tanto na digestão mecânica, como na química, de forma que esta robusta camada muscular ajuda a garantir uma mistura bem feita da comida ingerida com o suco gástrico. Ela também ajuda a prevenir uma hiperdistensão do estômago.
As camadas da muscular externa são inervadas por feixes nervosos que formam um plexo mioentérico, também conhecido como plexo de Auerbach. Ele contém tanto fibras parassimpáticas do nervo vago, como fibras simpáticas que se originam do plexo celíaco. Nós podemos ver dois destes feixes nervosos neste corte entre as camadas musculares.
Vamos parar por um momento e falar sobre o sistema nervoso autônomo, pois eu sei que sempre tenho dificuldade em lembrar as diferenças entre as funções simpáticas e parassimpáticas. Lembre-se, o sistema nervoso simpático e o parassimpático são divisões do sistema nervoso autônomo, que regula o ambiente interno do corpo, ao controlar suas funções. Ele age principalmente em um nível subconsciente, o que faz sentido, já que obviamente nós não temos controle consciente do que acontece no nosso estômago.
A divisão simpática é responsável pela nossa resposta ao estresse, também chamada de “luta ou fuga”, então ela lentifica ou inibe o processo digestivo, pois digerir nosso almoço não é uma grande prioridade quando, por exemplo, você está sendo caçado em uma fazenda por uma vaca louca.
A divisão parassimpática faz o oposto. Ela supra regula a digestão da comida durante o que é chamado de resposta “descansa e digere”. Quando estamos relaxados, nosso corpo gasta tempo digerindo a comida e guardando energia para nossa próxima queima.
Agora vamos seguir na nossa jornada através da parede do estômago onde a próxima estrutura que vamos conhecer é a submucosa. Esta é uma camada composta primariamente de tecido conjuntivo, profundamente à camada muscular primária do estômago. Ela é o abrigo dos menores ramos de vasos e nervos que suprem a parede do estômago.
Esta é a segunda estrutura de tecido conjuntivo que nós vimos, mas espere um minuto. O que exatamente é tecido conjuntivo?
Bem, tecido conjuntivo pode ser várias coisas, desde sangue até tendões e ligamentos, mas no estômago, estamos falando sobre o que é conhecido como tecido conjuntivo propriamente dito, que é formado principalmente por fibras de colágeno. Estas fibras dão ao estômago estrutura e força, mas também flexibilidade e proteção, permitindo que ele seja durável, mas também flexível e móvel.
Na submucosa, os vasos sanguíneos estão amplamente distribuídos na matriz de tecido conjuntivo, como você pode ver aqui, por exemplo, esta veia submucosa.
Os vasos sanguíneos encontrados na submucosa suprem os tecidos vizinhos com sangue oxigenado, através das arteríolas, e drenam o sangue desoxigenado, através das vênulas. Eles são numerosos no estômago, para garantir que o órgão tenha suprimento sanguíneo suficiente para realizar suas funções digestivas.
Existem também vários vasos linfáticos na submucosa, que drenam os metabólitos celulares, debris, proteínas e o excesso de fluido intersticial, formando a linfa do estômago. Eles drenam nos linfonodos que estão localizados ao redor dos principais vasos das curvaturas maior e menor e região posterior do estômago, mas se você quiser saber mais sobre isto, por que não dá uma olhada na nossa videoaula sobre os linfáticos do estômago e do fígado para aprender tudo sobre eles?
Finalmente, as fibras nervosas autônomas e células ganglionares também são encontradas espalhadas nesta camada para formar o plexo submucoso, também conhecido como plexo nervoso de Meissner. Um plexo é um feixe de fibras nervosas intersticiais e, neste caso, são nervos parassimpáticos. Estes nervos aumentam a atividade dos tecidos do estômago, em particular, as secreções glandulares e os movimentos da superfície luminal do órgão.
Agora vamos seguir para a mucosa gástrica, que é a camada mais interna da parede do estômago e a mais próxima do lúmen. Ela é certamente a mais complexa das camadas do estômago e é formada por três partes - a muscular da mucosa, a lâmina própria e a camada epitelial. Vamos olhar cada uma delas para compreendê-las melhor.
Então, vamos começar olhando para a muscular da mucosa, que é encontrada imediatamente adjacente à borda submucosa. Ela é formada por duas finas camadas de músculo liso - uma circular interna e uma camada longitudinal externa, mas pode ser difícil diferenciar uma estrutura da outra no corte.
A muscular da mucosa possui fibras finas de musculatura lisa que se estendem até a lâmina própria, facilitando o fluxo de secreções das glândulas gástricas. A muscular da mucosa é inervada pelo plexo nervoso submucoso, que nós vimos antes.
Agora vamos dar uma olhada na lâmina própria. Esta é uma camada um pouco irregular e fina de tecido conjuntivo composta principalmente de fibras reticulares que se dispõem abaixo do epitélio, fornecendo a ele nutrientes e suporte. Ela é rica em células imunes e é importante na resposta inflamatória do estômago e do trato gastrointestinal. Nós podemos ver aqui que a lâmina própria é um pouco irregular no corte e segue os contornos do epitélio sobrejacente. Ela também se cora menos do que o epitélio, pois ela não é tão densamente ocupada por células.
Agora vamos voltar nossa atenção para a parte mais interna da mucosa, que é a camada epitelial. Bem, como você pode ver, tem muita coisa por aqui, mas acredite em mim, não é nada que você não possa aprender.
Na superfície luminal, o estômago é dotado de milhões de dobras tubulares ou invaginações que são conhecidas como fossetas ou fovéolas gástricas. Mas para termos uma ideia melhor da aparência dessas fossetas gástricas, eu vou te mostrá-las em um corte longitudinal.
Então, como você pode ver aqui, a superfície luminal do estômago é revestida por epitélio colunar simples, o que significa que ele tem uma única camada de células retangulares ou colunares, que revestem a superfície interna do estômago. Baseado na sua localização e função, nós nos referimos genericamente a estas células como células mucosas superficiais. Elas também podem ser chamadas de epitélio foveolar, justamente pelo fato desta camada epitelial se estender até as fossetas gástricas. Estas células secretam uma camada grossa e insolúvel de muco, que contém íons bicarbonato que protegem a parede do estômago do ácido gástrico encontrado no seu lúmen. Como você pode imaginar, isto é muito importante, já que sem este muco nosso estômago iria basicamente digerir a si mesmo, o que todos nós sabemos que não iria terminar bem.
As fossetas gástricas são contínuas com longas estruturas tubulares ramificadas que são conhecidas como glândulas gástricas. Elas mergulham profundamente na mucosa até a muscular da mucosa e, como termo glândula sugere, elas são primariamente responsáveis pela produção da maior parte do suco gástrico.
Cada glândula gástrica pode ser dividida em três regiões principais, cada uma podendo ser distinguida pelos tipos celulares encontrados ali. Estes são o istmo, o colo e a base. O istmo é uma pequena área onde a fosseta gástrica e a glândula se encontram. Ele também contém algumas células mucosas superficiais, como aquelas vistas na fosseta gástrica. Esta região da glândula gástrica também é chamada de nicho de células tronco, o que significa que é onde as células tronco da camada epitelial residem. E isto é extremamente importante na regeneração da camada epitelial do estômago.
O epitélio gástrico está em contato com vários químicos potentes. Como o suco gástrico é forte o suficiente para digerir a comida, ele é definitivamente forte o suficiente para lesar as células epiteliais e secretoras encontradas ali. Estas células tronco substituem quaisquer células que se danifiquem, o que ocorre a cada quatro a seis dias. Sem elas, o estômago teria tantos buracos quanto um pedaço de queijo suíço. Já pensou?!
Um pouco mais profundamente no istmo encontramos um longo colo, que contém células mucosas. Estas são menos colunares e estão presentes ao redor do núcleo quando comparada às células mucosas superficiais. Elas também produzem uma secreção mucosa solúvel, que é menos alcalina que a das células mucosas superficiais. Esta secreção é liberada por estímulo simpático, ou seja, quando a digestão não está ocorrendo ativamente no estômago.
Outro tipo celular encontrado na região do colo e nas glândulas profundas são as células parietais. Também conhecidas como células oxínticas, elas produzem ácido clorídrico - um ácido forte que quebra o alimento, e - importante - mata microorganismos. Estas células também produzem uma substância chamada de fator intrínseco, que está envolvida na absorção de vitamina B12 no intestino delgado.
Células parietais são fáceis de achar quando visualizadas histologicamente, já que elas apresentam este citoplasma corado em rosa-alaranjado devido a sua natureza acidófila e parecem um ovo frito com seu núcleo redondo centralmente localizado.
Aprofundando na glândula gástrica, chegamos a seguir na base da glândula. Aqui, nós podemos ver outro tipo de célula conhecida como célula principal, péptica ou zimogênica. Estas células secretam um zimogênio chamado pepsinogênio, que quando exposto ao ácido clorídrico das células parietais, se torna a pepsina - uma enzima que quebra as proteínas. Elas também secretam uma enzima lipase fraca que começa o processo de digestão dos lipídeos.
Se olharmos mais de perto para a nossa micrografia, nós podemos ver melhor a aparência histológica de uma célula principal. Elas são mais arroxeadas, especialmente em seu aspecto basal, já que contêm um grande volume de RNA, necessário para produção de enzimas de base proteica. Você também notará que elas frequentemente têm uma aparência triangular no corte. Também podemos ver os grânulos de zimogênio dentro do citoplasma celular das células principais, que é claro, é o precursor ou o material enzimático inativo que será secretado por estas células.
Outro tipo celular que eu quero mencionar brevemente são as células neuroendócrinas, também conhecidas como células enteroendócrinas, que liberam hormônios nos tecidos locais para iniciar as ações digestivas e as respostas protetoras. A não ser que sejam especificamente coradas, estas células são dificilmente visualizadas no tecido, mas normalmente estão localizadas na base da glândula.
Estes hormônios agem como mensageiros locais e um exemplo é a gastrina, que é produzida em resposta à presença de proteína no lúmen, entre outros estímulos. A gastrina inicia a produção de ácido clorídrico e pepsinogênio pelas células parietais e principais.
E antes de seguirmos em frente, você se lembra da muscular da mucosa, a camada muscular na base da mucosa? Bem, seu constante movimento faz com que as secreções não caiam simplesmente no fundo da glândula gástrica. Ao invés disso, ele são puxadas para o lúmen do estômago, onde elas podem agir na digestão do alimento.
Nós mencionamos vários tipos celulares e secreções diferentes, então eu queria dar uma rápida olhada no suco gástrico de novo.
Começando no topo da fosseta gástrica, o epitélio de superfície ou epitélio mucoso foveolar produz muco para proteger a parede luminal das poderosas substâncias digestivas. As secreções protetoras são alcalinas ou básicas e neutralizam o ácido que fica em contato próximo com as células.
A seguir, espalhadas nas glândulas gástricas, estão nossas células parietais que produzem o ácido clorídrico para quebrar o alimento e matar microorganismos e o fator intrínseco para ajudar na absorção de B12.
Na sequência, nós vimos algumas células principais, também chamadas de células pépticas ou zimogênicas, que produzem pepsinogênio para quebrar as proteínas.
Células neuro-endócrinas secretam hormônios que agem como sinais químicos para iniciar funções específicas nos tecidos ao redor deles e, finalmente, células tronco, que não secretam nada, mas repõem células danificadas na glândula gástrica.
OK, então isto é tudo o que nós precisamos saber sobre as glândulas gástricas. É muita coisa, eu sei, mas não se preocupe, você pode assistir a esta videoaula quantas vezes você quiser, para ter certeza que você aprendeu tudo.
Então, até aqui, estávamos olhando para a histologia típica do corpo do estômago, agora vamos dar uma olhada em algumas diferenças regionais da histologia do estômago.
A primeira área que nós vamos ver é a junção esofagogástrica que, como seu nome sugere, é a região onde a extremidade distal do esôfago encontra a cárdia do estômago. Histologicamente, esta região é bem interessante, pois nós podemos ver claramente que há uma transição quase instantânea do epitélio escamoso estratificado do esôfago, visto aqui, para o epitélio colunar simples do estômago, aqui.
Neste slide, nós também podemos ver as camadas histológicas externas que nós conhecemos - a mucosa, a submucosa e a muscular externa bem definida. Esta espessa muscular externa está contraída na maior parte do tempo para manter o esfíncter fechado, e quando ela relaxa, ela permite que a comida deglutida passe do esôfago para o estômago.
A falência deste esfíncter resulta em regurgitação do ácido do estômago para o esôfago, frequentemente chamado de refluxo gastroesofágico. Isso provoca o que muitos chamam de pirose e nosso esôfago não gosta nada disso, já que o refluxo gastroesofágico pode estar relacionado ao desenvolvimento de câncer de esôfago.
Outra especialização na região da junção esofagofástrica são as glândulas cárdicas, que são versões modificadas das glândulas gástricas que nós vimos há poucos minutos atrás. Essas glândulas produzem principalmente muco, que ajuda a proteger o epitélio esofágico do suco gástrico, altamente ácido. Estas glândulas são mais rasas do que as encontradas em outras partes do estômago e são formadas principalmente por células epiteliais colunares que se coram fracamente e secretam a camada mucosa. Elas geralmente não contêm células parietais ou principais, que são encontradas nas glândulas gástricas típicas.
A próxima região que nós vamos examinar para aprender as diferenças regionais é o fundo gástrico, que você pode ver nesta micrografia. Nesta parte do estômago, a composição das fossetas gástricas e das glândulas é a mesma daquela vista no corpo do estômago.
A maior dica aqui está na muscular externa, que não é bem desenvolvida, quando comparada às outras partes do estômago. É claro que isso, funcionalmente, faz sentido, uma vez que a mistura por ali é muito menor do que no corpo do estômago.
Nós também podemos identificar pequenas cristas ou dobras nesta micrografia, conhecidas como rugas. Elas são visíveis a olho nu e são características anatômicas da parede interna do estômago. As rugas são formadas por pregas da mucosa e da submucosa da parede do estômago, ficando apenas a muscular externa e a serosa sem dobrarem-se, como visto nesta imagem. A função das rugas é direcionar o quimo para o piloro enquanto também permite a expansão do estômago quando ele se enche.
Estamos chegando na nossa última região, que é o piloro, onde nós também podemos ver algumas diferenças regionais na mucosa da parede do estômago.
Bem, eu tenho dois cortes desta região para mostrar para você - um do antro pilórico e o outro do canal pilórico.
De maneira geral, as fossetas gástricas da região pilórica tendem a ser mais profundas do que as encontradas no corpo do estômago. As glândulas pilóricas, que são contínuas com as fossetas pilóricas, normalmente são mais ramificadas ou enroladas em comparação a outras regiões. Assim como as glândulas cárdicas, as encontradas no piloro são formadas de células epiteliais secretoras de muco.
Lembre-se, este tipo de epitélio se cora pouco devido ao conteúdo celular rico em muco. Células enteroendócrinas também estão presentes aqui, enquanto as células principais e parietais, mais uma vez, estão ausentes nesta região.
O piloro também possui uma muscular externa bem desenvolvida, que propele o conteúdo do estômago, conhecido como quimo, para o duodeno.
E ao mesmo tempo que chegamos ao fim do estômago, chegamos ao fim da nossa videoaula de hoje. Mas antes de terminarmos, vamos ver rapidamente as informações que aprendemos hoje sob uma perspectiva mais clínica.
A maioria de nós só pensa na comida quando ela chega nas nossas papilas gustativas, mas neste estágio, nosso trato gastrointestinal está apenas começando o seu trabalho. Depois de termos apreciado aquele momento, nós não pensamos mais na comida, a não ser que a gente não se sinta bem. Porque aí é bem difícil pensar em qualquer outra coisa!
Vamos dar uma rápida olhada no que acontece quando o estômago não funciona como ele deveria. O ambiente interno do estômago é basicamente um balanço entre ser ácido o suficiente para quebrar o alimento e matar os microorganismos e não o suficiente para digerir as paredes do próprio estômago.
O muco que reveste as paredes faz um ótimo trabalho ao proteger o tecido do estômago, mas às vezes, alguma coisa prejudica este balanço como uma bactéria, dieta ou o uso de anti-inflamatórios não esteroides. Isto pode resultar em uma condição chamada de gastrite. Ela é causada pela inflamação e erosão da mucosa gástrica pelo ácido e pode levar à náusea, vômito e dor no abdome superior.
A gastrite pode ser tratada com várias medicações que reduzem a quantidade de ácido produzido, como inibidores de bomba de prótons, aqueles que neutralizam o excesso de acidez no estômago, bem como antibióticos, usados para tratar infecções bacterianas.
A mucosa que reveste o estômago se regenera rapidamente, a cada quatro a seis dias na verdade, o que significa que o estômago normalmente se recupera bem rápido quando tratado adequadamente.
Entretanto, sem tratamento, a parede do estômago vai sendo continuamente erodida, levando ao desenvolvimento de uma úlcera gástrica ou péptica. Em casos extremos, isto pode levar à perfuração e a infecção secundária da cavidade abdominal, na forma de peritonite.
Então, é isso! Tudo o que você precisa saber sobre a histologia do estômago.
Antes de nos despedirmos, vamos resumir o que aprendemos hoje. Então vamos voltar para esta imagem histológica do corpo do estômago e aqui nós podemos ver a serosa - a camada mais externa da parede do estômago, que é formada por células epiteliais simples escamosas chamadas de mesotélio. A camada intermediária adjacente à serosa é a muscular externa e, ao contrário do restante do trato gastrointestinal, nós aprendemos que aqui existem três camadas musculares distintas - a camada longitudinal externa, a camada circular média e a que é exclusiva do estômago, a camada oblíqua, a mais interna.
Lembre-se, nós também falamos sobre o plexo mioentérico encontrado entre as camadas musculares. Ele carrega tanto fibras nervosas simpáticas como parassimpáticas, para controlar os movimentos do estômago.
Abaixo da muscular externa está a submucosa - outra camada de tecido conjuntivo onde são encontrados vasos sanguíneos, linfáticos e nervos. Foi aqui que nós vimos o plexo submucoso ou de Meissner de nervos parassimpáticos, que fornecem a inervação secretomotora para a membrana mucosa.
E, finalmente, a camada mais profunda, a mucosa. Nós vimos três tecidos distintos aqui. Primeiro nós vimos a muscular da mucosa - a fina camada muscular que mantém a mucosa em um estado constante de movimento e forma as rugas. Depois tinha a lâmina própria que é o tecido conjuntivo ao redor das fossetas gástricas e o epitélio de superfície, células colunares simples que revestem a parede interna ou luminal das fossetas gástricas.
Dentro das fossetas gástricas, nós vimos várias células diferentes, cada uma produzindo substâncias distintas que são importantes para o processo digestivo. Rapidamente falamos sobre as células epiteliais foveolares e as células mucosas do colo e como elas produzem um muco viscoso para proteger a parede interna do estômago e diluir seus conteúdos, células parietais que produzem ácido clorídrico e fator intrínseco e células principais ou zimogênicas, que produzem pepsina.
Finalmente, nós vimos as diferenças regionais dos tecidos do estômago, comparando a cárdia, o fundo e o piloro do estômago.
Então é isso! Tudo o que você precisa saber sobre a histologia do estômago dividido em porções bem digeríveis. Obrigada por ficar comigo nesta videoaula. Eu espero que tenha sido útil e não se esqueça de olhar todas essas imagens no nosso atlas e de avaliar seus conhecimentos no nosso teste sobre a histologia do estômago.
Boa sorte e bons estudos!