Videoaula: Histologia da glândula parótida
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Babar é inevitável! O que eu quero dizer é que vai acontecer pelo menos uma vez na sua vida. Quando bebê você provavelmente tinha um fluxo incontrolável de saliva o tempo todo. Ou talvez você babava ...
Leia maisBabar é inevitável! O que eu quero dizer é que vai acontecer pelo menos uma vez na sua vida. Quando bebê você provavelmente tinha um fluxo incontrolável de saliva o tempo todo. Ou talvez você babava um pouco quando estava sonhando com um lanche gostoso durante uma aula chata quando você tinha uns 12 anos. Talvez um pouco de saliva escorreu pelas suas bochechas quando você olhava para um carro chique que você não podia comprar e, é claro, todos nós conhecemos aquele pai cansado que dorme nos primeiros 5 minutos de um vôo e baba para todo lado. Mas quem é o culpado por trás de todos esses acidentes? É claro que são as glândulas salivares. Hoje nós vamos ver a glândula parótida. Mais especificamente, vamos ver a sua microestrutura ao investigar sua histologia.
Nós já estabelecemos qual é o nosso tópico do dia, mas vamos dar uma olhada mais detalhada no que vamos aprender hoje. Nós vamos relembrar a anatomia macroscópica, localização e função da glândula parótida. Depois vamos olhar para o tecido ou estroma da glândula parótida, incluindo sua cápsula e os septos interlobulares, e como eles dividem a glândula parótida em lóbulos. Em seguida, nós vamos ver a principal unidade funcional da glândula parótida, conhecida como adenômero, e a organização dos ductos dentro dela. Finalmente, vamos identificar algumas estruturas encontradas no tecido conjuntivo que circunda a glândula parótida e vamos terminar com algumas notas clínicas.
A glândula parótida é a maior dentre as três glândulas salivares maiores. Trata-se de um par de glândulas exócrinas que liberam secreções serosas na cavidade oral. Isso significa que as secreções são aquosas e ricas em enzimas que agem na digestão dos carboidratos.
A glândula está localizada no tecido subcutâneo na frente da orelha e possui um formato que lembra um triângulo. Ela é dividida em lobos superficial e profundo. As secreções da glândula parótida são drenadas na cavidade oral pelo ducto parotídeo, também conhecido como ducto de Stensen, que possui cerca de cinco a sete centímetros de comprimento. Se você quiser saber mais sobre a anatomia macroscópica da glândula parótida, nós temos um artigo inteiro dedicado à glândula parótida.
Agora que refrescamos a sua memória, chegou a hora de focarmos no nosso tópico do dia - a histologia da glândula parótida.
A glândula parótida, assim como as outras glândulas salivares principais, é coberta por uma espessa cápsula de tecido conjuntivo denso. A cápsula envia extensões ao parênquima da glândula parótida, formando septos interlobulares. Dentro dos septos você encontrará os grandes vasos sanguíneos e ductos excretores, que nós vamos ver daqui a pouco. Esses septos dividem a glândula parótida em lóbulos glandulares. Agora vamos dar uma olhada mais de perto no que nós encontramos nesses lóbulos.
Essencialmente, todos os elementos que você vai ver aqui fazem parte do adenômero, a unidade funcional das glândulas salivares. A primeira parte do adenômero é um saco chamado de ácino seroso. Os ácinos da glândula parótida têm formato aproximadamente circular e formam um padrão ramificado com os ductos parotídeos que lembram cachos de uva. Um ácino forma a parte secretora do adenômero e é formado por células acinares serosas. Essas células serosas possuem forma de cunha, com uma superfície basal ampla e um ápice estreito voltado para o lúmen.
A maior parte das organelas está situada na porção basal dessas células. Por causa do retículo endoplasmático rugoso e dos ribossomos livres, a parte basal se cora com hematoxilina em azul escuro. A extremidade apical é cheia de enzimas estocadas na forma de grânulos de zimogênio, que são coradas em rosa claro pela eosina. Apesar dessa coloração parecer linda na teoria, na prática as células estão tão próximas umas das outras que parecem roxas, especialmente quando vistas em baixas magnificações. Você vai identificar facilmente as células serosas em uma coloração HE pelo fato delas se corarem profundamente, enquanto as células mucosas, encontradas nas outras glândulas salivares, apresentam cor bem pálida.
Ao redor dos ácinos e das partes proximais do sistema ductal - que nós vamos discutir em breve - você encontrará células mioepiteliais. Elas são células contráteis encontradas entre os aspectos basais das células serosas secretoras e a lâmina basal. Ao se contraírem elas ajudam a propelir as secreções serosas para dentro do sistema de ductos.
Nessa lâmina histológica você só consegue identificar os núcleos alongados dessas células, pois os ácinos estão muito perto uns dos outros, mas você seria capaz de ver cada um deles usando microscopia eletrônica. Bem, todas essas secreções sintetizadas nas células acinares serosas precisam ir para algum lugar, certo? E é aqui que entra o restante do adenômero.
As secreções serosas são coletadas primeiro por um ducto intercalar. Esses ductos são os menores do sistema ductal e são facilmente identificados pelo seu epitélio cúbico que os reveste. Os ductos intercalares não só levam as secreções serosas para longe dos ácinos, mas também adicionam íons bicarbonato à ela e absorvem o cloreto, para regular a composição química das secreções. As secreções são então esvaziadas em ductos estriados maiores. Eles são revestidos por epitélio cúbico simples na porção mais próxima aos ductos intercalares, mas ele se torna colunar nas porções mais próximas aos ductos excretores. Em grandes magnificações você pode ver algumas dobras na superfície basal da membrana celular que aparecem como estriações e que, por sua vez, dão nome aos ductos estriados. Assim como os ductos intercalares, os ductos estriados mudam a composição da secreção serosa. Eles adicionam íons bicarbonato e potássio e absorvem o sódio da mistura.
A última parte do adenômero é o ducto excretor. Ele é o maior ducto do sistema ductal e você pode identificá-lo pelo epitélio cúbico estratificado ou pseudoestratificado que o reveste. Os ductos excretores são encontrados em meio aos septos de tecido conjuntivo que dividem a glândula em lóbulos.
Existem vários ductos excretores de tamanhos variados na glândula parótida. O que nós estamos vendo agora é conhecido como ducto interlobular, já que é encontrado no tecido conjuntivo entre os lóbulos. Os ductos excretores se esvaziam na cavidade oral através do ducto parotídeo, também conhecido como ducto de Stensen. Uma coisa que você deve se lembrar se estiver pensando na estrutura da glândula parótida em termos de adenômeros é que esse é um modelo muito simplificado. Na realidade, eles se ramificam um pouco, como um cacho de uvas.
Então o que mais há para ver na glândula parótida? Vamos dar uma olhada em duas estruturas que não contribuem para sua ação como glândula exócrina.
Primeiro, você vai ver algum tecido adiposo misturado com as partes do adenômero. Nessa imagem um dos adipócitos está destacado em verde. O tecido adiposo é na verdade uma das características encontradas na glândula parótida que ajudam a distingui-la das outras glândulas salivares. Você também vai encontrar o mesmo tecido adiposo circundando a superfície externa da glândula parótida, o que é conhecido como gordura periglandular.
No tecido conjuntivo ao redor da glândula parótida nós também encontramos alguns linfonodos periglandulares. Isso não é nenhuma surpresa já que a região pré-auricular, onde a glândula parótida está localizada, é bem rica em linfonodos. Próximo aos linfonodos periglandulares nós também podemos ver um ramo de um nervo periférico.
Com isso acabamos a histologia da glândula parótida, mas é claro que não podemos esquecer da nossa sessão de notas clínicas.
Os tumores de glândulas salivares são encontrados em todas as principais glândulas salivares, mas são mais comuns da glândula parótida. Os tumores da glândula parótida normalmente se manifestam como um edema próximo à orelha e podem ser acompanhados por xerostomia, que significa simplesmente a secura da boca causada pelo bloqueio dos ductos parotídeos. A parestesia da face também pode ocorrer, caso o tumor comprima o nervo facial, que perfura a glândula parótida.
Existem várias ferramentas diagnósticas que podem ser utilizadas na identificação de um tumor de parótida, incluindo - mas não se limitando a - radiografias, ultrassom, ressonância magnética e tomografia, mas a que mais nos interessa é a biópsia, que é a coleta de uma amostra histológica que será observada no microscópio. O que você veria em uma biópsia é bem interessante. Os tumores são formados por algumas células epiteliais revestindo o sistema de ductos e por células mioepiteliais que produzem uma matriz semelhante a uma cartilagem, na qual as células estão suspensas. Bem diferente da aparência regular do tecido da glândula parótida, ao meu ver. Uma grande parte dos tumores de parótida são benignos e, se for o caso, a excisão do tumor é recomendada, embora frequentemente toda a glândula parótida seja removida. Com tumores malignos a radioterapia costuma ser recomendada, além da remoção da glândula. É interessante que a quimioterapia não se mostrou muito efetiva em tumores parotídeos.
E assim concluímos nossa videoaula de hoje. Mas vamos fazer um breve resumo de tudo o que nós aprendemos? Começamos vendo a anatomia macroscópica e a função da glândula parótida. Nós vimos que ela é um órgão exócrino localizado anteriormente à orelha e que contribui na digestão dos carboidratos. A glândula parótida se esvazia na cavidade oral através do ducto parotídeo.
Depois seguimos para a histologia da glândula parótida começando com os elementos do estroma. Vimos a cápsula de tecido conjuntivo denso que reveste a glândula e suas extensões, conhecidas como septos de tecido conjuntivo, que dividem a glândula em lóbulos glandulares. Dentro dos lóbulos nós vimos a unidade funcional da glândula parótida, conhecida como adenômero. Ele é composto por células serosas que formam os ácinos serosos, que são circundados por células mioepiteliais contráteis e se esvaziam em um sistema de ductos que aumentam progressivamente de tamanho. Aqui nós estamos vendo ductos intercalares revestidos por epitélio cúbico simples, ductos estriados maiores revestidos por epitélio cúbico ou colunar simples e ductos excretores revestidos por epitélio cúbico ou colunar pseudoestratificado. Distribuído ao redor dos ácinos e ductos nós encontramos depósitos de tecido adiposo - uma das características da glândula parótida.
Depois nós revisamos rapidamente algumas estruturas adjacentes à glândula parótida. Aqui nós encontramos a gordura periglandular, linfonodos periglandulares e ramos de um nervo periférico.
E terminamos com a sessão de notas clínicas sobre tumores da glândula parótida. E isso é tudo! Espero que você tenha gostado dessa videoaula. Nos vemos na próxima e bons estudos!