Glândulas
O termo epitélio é o nome dado para um grupo de tecidos que derivam dos três folhetos embrionários e são relacionados a funções de absorção, secreção, difusão seletiva e proteção mecânica. Os tecidos epiteliais envolvidos na secreção são organizados em estruturas denominadas glândulas, que são invaginações do tecido epitelial que podem ser classificadas em dois principais tipos:
- Glândulas exócrinas
- Glândulas endócrinas
Esse artigo vai discutir a estrutura e a função das glândulas exócrinas e endócrinas, com exemplos e casos clínicos relacionados.
Glândulas exócrinas
As glândulas exócrinas liberam suas secreções em uma superfície epitelial por meio de um ducto. Elas consistem em duas partes principais: uma unidade secretora e um ducto. A unidade secretora é composta por um grupo de células epiteliais que liberam suas secreções em um lúmen. O ducto é revestido por epitélio e está envolvido no transporte das secreções da unidade secretora até uma superfície epitelial.
Classificação pela estrutura
As glândulas exócrinas podem ser classificadas em várias categorias com base na sua estrutura. Elas podem ser categorizadas de acordo com o formato de sua unidade secretora. Glândulas cujas unidades secretoras com formato tubular são chamadas de glândulas tubulares, enquanto aquelas com unidades esféricas são chamadas de glândulas alveolares ou glândulas acinares, no caso das glândulas localizadas no pâncreas. As glândulas exócrinas também podem ser compostas tanto por unidades secretoras tubulares quanto alveolares. Nesse caso, são chamadas de glândulas tubuloalveolares. Elas também podem ser classificadas de acordo com o padrão de ramificação de seu ducto. Uma glândula cujo ducto não é ramificado é chamada de glândula simples, enquanto uma com ducto ramificado é conhecida como glândula composta. Um exemplo de glândula simples é a glândula sudorípara, enquanto o pâncreas é um exemplo de glândula composta.
Classificação pela função
As glândulas exócrinas também podem ser classificadas de acordo com sua função. Podem ser categorizados em 3 subtipos, de acordo com o tipo de secreção produzida:
- Glândula serosa
- Glâdula mucosa
- Glândula mista
As glândulas serosas produzem fluido seroso, uma substância aquosa que contém enzimas. As glândulas mucosas estão envolvidas na produção de muco, uma glicoproteína viscosa (pegajosa). As glândulas mistas são compostas por glândulas serosas e mucosas, e secretam uma substância mista contendo tanto fluido seroso quanto muco.
Classificação pelo mecanismo de secreção
As glândulas exócrinas também podem ser categorizadas em outros três subtipos, baseados no seu mecanismo secretor:
- Glândulas merócrinas
- Glândulas apócrinas
- Glândulas halócrinas
As glândulas merócrinas são as mais comuns, e liberam suas secreções por meio de exocitose. Os principais produtos secretados por essas glândulas geralmente são proteínas. As glândulas apócrinas liberam seus produtos secretórios contidos em vesículas envolvidas por membranas. Esse tipo de secreção é raro. Essas glândulas consistem em algumas glândulas sudoríparas encontradas na mama. As glândulas holócrinas liberam células secretoras inteiras, que posteriormente se desintegram para liberar os produtos secretórios. Esse tipo de secreção é observado nas glândulas sebáceas associadas aos folículos pilosos.
A liberação dos produtos secretórios da unidade secretora é auxiliada por algumas células contráteis, conhecidas como células mioepiteliais. Essas células apresentam características tanto de células musculares quanto de células epiteliais, e estão localizadas entre a unidade secretora e a membrana basal. Os processos citoplasmáticos dessas células envolvem a unidade secretora, de modo que a contração dessas células resulta na liberação dos produtos secretórios das unidades secretoras para os ductos. A liberação dos produtos secretórios ocorre em resposta à estimulação por hormônios ou impulsos nervosos autonômicos.
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Glândulas endócrinas
As glândulas endócrinas liberam seus produtos secretórios diretamente na corrente sanguínea, e não através de um ducto. Essas glândulas são cercadas por uma firme cápsula de tecido conjuntivo, que possui extensões fibrosas conhecidas como trabéculas. Essas trabéculas fornecem suporte interno e dão à glândula uma aparência lobular. As glândulas endócrinas liberam secreções conhecidas como hormônios, que viajam pela corrente sanguínea até alcançarem suas células-alvo, onde provocam alterações funcionais. Os hormônios geralmente são armazenados intracelularmente em vesículas secretoras, sendo liberados intermitentemente por exocitose. Uma exceção é a glândula tireoide, que armazena seus hormônios extracelularmente como uma molécula precursora inativa. A secreção de hormônios é geralmente regulada por feedback negativo, onde um aumento nos níveis do hormônio no sangue diminui sua secreção.
Glândulas sebáceas
As glândulas sebáceas são glândulas exócrinas simples, ramificadas e acinares localizadas na pele. Elas secretam uma substância gordurosa conhecida como sebo no ducto folicular, que envolve a haste dos pelos. O sebo ajuda a manter a pele flexível e evita a perda de água. Essas glândulas são conhecidas como glândulas holócrinas, pois o sebo é liberado quando as células secretoras sofrem degeneração.
Glândula hipófise
A glândula hipófise ou pituitária é uma pequena glândula endócrina localizada no cérebro, envolvida na síntese e regulação de hormônios. Ela é composta por duas partes: o lobo anterior, ou adeno-hipófise, e o lobo posterior, ou neuro-hipófise. A adenohipófise secreta:
- Hormônio do crescimento (GH)
- Prolactina
- Hormônio adrenocorticotrófico (ACTH)
- Hormônio folículo-estimulante (FSH)
- Hormônio luteinizante (LH)
- Hormônio tireoestimulante (TSH)
O ACTH e o TSH viajam até seus órgãos-alvo, respectivamente as glândulas adrenais e a tireoide, para estimular a liberação de outros hormônios. A neuro-hipófise secreta o hormônio antidiurético (ADH), também conhecido como vasopressina, e a ocitocina.
Pâncreas
O pâncreas é um órgão composto por glândulas exócrinas e endócrinas. A maior parte do pâncreas possui função exócrina, e secreta um fluido alcalino rico em enzimas no ducto pancreático. Este ducto se junta ao ducto colédoco antes de se esvaziar no duodeno. As glândulas exócrinas secretam as enzimas proteolíticas tripsinogênio e quimotripsinogênio, que são ativadas em tripsina e quimotripsina no duodeno, onde auxiliam na digestão.
O pâncreas exócrino também secreta íons bicarbonato, que neutralizam o quimo ácido à medida que ele alcança o duodeno. Há também agrupamentos de glândulas endócrinas localizadas dentro do tecido exócrino, chamados de ilhotas de Langerhans, também conhecidas como ilhotas pancreáticas. Os dois principais hormônios liberados pelas glândulas endócrinas do pâncreas são a insulina e o glucagon. O pâncreas também secreta:
- Somatostatina
- Peptídeo intestinal vasoativo (VIP)
- Polipeptídeo pancreático (PP)
- Motilina
- Serotonina
- Substância P, em pequenas quantidades
Outras glândulas
Outros exemplos de glândulas:
- Glândulas sudoríparas
- Glândulas salivares
- Glândula tireoide
- Glândulas paratireoides
- Glândula pineal
- Glândulas adrenais (ou suprarrenais)
Notas clínicas
Adenocarcinomas
Os adenocarcinomas são tumores malignos que se originam do epitélio glandular, e são comuns no sistema gastrointestinal, no útero, nos pulmões, na mama e na próstata. Eles são compostos por glândulas anormais, e podem secretar muco. Geralmente, são diagnosticados por biópsia, tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RM). O tratamento pode envolver cirurgia, quimioterapia, radioterapia, ou uma combinação dessas opções.
Adenomas
Os adenomas são as contrapartes benignas dos adenocarcinomas, sendo comumente encontrados na glândula hipófise. Adenomas hipofisários não invadem os tecidos adjacentes, mas podem ter sérias consequências devido à compressão de estruturas vizinhas, como por exemplo o quiasma óptico, cuja compressão pode levar a alterações da visão. Eles também podem secretar hormônios, como o ACTH, levando à doença de Cushing, ou o GH, causando gigantismo em crianças ou acromegalia em adultos.
Hiperfunção glandular
hiperfunção de uma glândula endócrina, como a glândula tireoide, a glândula hipófise ou as glândulas adrenais, pode levar ao aumento da secreção de seus hormônios. Um exemplo disso é a doença de Graves, que é causada pela superprodução de hormônios tireoidianos, podendo causar sintomas como irritabilidade, perda de peso, tremores e batimento cardíaco acelerado. O tratamento pode envolver medicamentos, cirurgia ou radioiodoterapia.
Hipofunção glandular
Uma glândula endócrina também pode apresentar redução da sua função, resultando em uma produção reduzida de hormônios. Um exemplo disso é o hipopituitarismo, onde a produção de um ou mais hormônios da glândula hipófise é reduzida. Os sintomas estão relacionados aos hormônios envolvidos e podem incluir baixa estatura (deficiência de GH), poliúria (deficiência de ADH) e fraqueza (deficiência de ACTH). O tratamento pode envolver reposição hormonal, cirurgia ou radioterapia.
Outro exemplo de uma doença relacionada a uma hipofunção glandular é o diabetes mellitus tipo I, onde a destruição autoimune das células beta pancreáticas leva à redução da insulina em circulação na corrente sanguínea. Isso pode causar poliúria (aumento da micção) e polidipsia (aumento da sede) devido à redução no armazenamento de glicose. O tratamento envolve injeções diárias de insulina e monitoramento da glicose no sangue para tentar prevenir complicações, como a nefropatia diabética (dano nos rins) e a neuropatia diabética (danos nos nervos).
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