Plexo coroide
Neste artigo nós vamos analisar vários aspectos sobre o plexo coroide.
Muitos conhecem o liquor e estão familiarizados com o seu importante papel na proteção do encéfalo e da medula espinal. Mas onde esse líquido transparente é encontrado? E onde ele é produzido?
A camada meníngea mais interna, chamada de pia-máter, forma invaginações em algumas partes dos ventrículos. Essas invaginações vascularizadas são revestidas por um plexo de células especializadas que produzem liquor chamado de plexo coroide.
O sistema ventricular do encéfalo é responsável pela produção do liquor. Esse sistema é formado por quatro cavidades interconectadas, denominadas ventrículos. Nós temos ainda três camadas de membranas chamadas de meninges, que oferecem proteção ao encéfalo e à medula espinal.
A camada meníngea mais interna, chamada de pia-máter, forma invaginações em algumas partes dos ventrículos. Essas invaginações vascularizadas são revestidas por um plexo de células especializadas que produzem liquor chamado de plexo coroide.
Definição e localização | Plexo vascular encontrado no assoalho dos ventrículos laterais e nos tetos do terceiro e do quarto ventrículos |
Funções | Produção e secreção de liquor Formação da barreira hematoliquórica Secreção de vários fatores de crescimento Facilitação do desenvolvimento encefálico Proteção contra toxinas e microorganismos |
- Terminologia
- Sistema ventricular
- Anatomia do plexo coroide
- Desenvolvimento embrionário
- Histologia do plexo coroide
- Notas clínicas
- Referências
Terminologia
A terminologia anatômica brasileira oficial usa o termo plexo corióideo. Entretanto, na prática clínica o termo plexo coroide é muito mais frequentemente utilizado, de forma que ao longo deste artigo este termo será preferido. De forma análoga, os termos glomo corióideo e artéria corióidea, utilizados na terminologia anatômica oficial, foram convertidos ao longo deste artigo para as versões mais utilizadas na prática diária, glomus coroide e artéria coroideia, respectivamente.
Sistema ventricular
Partes
O sistema ventricular é formado por:
- dois ventrículos laterais
- um terceiro ventrículo
- o aqueduto mesencefálico, também chamado de aqueduto de Sylvius
- um quarto ventrículo
Esses ventrículos são revestidos por um tipo especializado de células da glia, chamadas de células ependimárias, conhecidas em conjunto como epêndima. O plexo coroide é formado por invaginações vascularizadas do revestimento ependimário.
Ventrículos laterais
Os dois ventrículos laterais estão localizados no parênquima encefálico, em cada um dos hemisférios cerebrais. Eles possuem uma forma semelhante à da letra C, e são formados por um corpo e três cornos, um anterior (frontal), um posterior (occipital) e um inferior (temporal).
O corno inferior situa-se no lobo temporal. O corpo do ventrículo passa pelo lobo parietal até chegar ao lobo frontal. O corno anterior se estende mais anteriormente no lobo frontal, enquanto o corno posterior se projeta posteriormente no lobo occipital.
A extremidade anterior do corpo do ventrículo lateral (antes de se iniciar o corno anterior) é demarcada por uma abertura com o formato da letra Y, chamada de forame interventricular (forame de Monro), que conecta os dois ventrículos laterais ao terceiro ventrículo.
Terceiro ventrículo
O terceiro ventrículo é uma cavidade estreita situada na linha média, entre os dois hemisférios cerebrais. Mais especificamente, ele está situado na região do diencéfalo, onde é envolvido lateralmente pelos tálamos e inferolateralmente pelo hipotálamo.
O terceiro ventrículo está conectado ao quarto ventrículo posteroinferiormente pelo aqueduto mesencefálico (aqueduto de Sylvius). O aqueduto mesencefálico é um canal que cursa ao longo de toda a extensão do mesencéfalo, em direção à ponte.
Quarto ventrículo
O quarto ventrículo é uma cavidade com formato de diamante situada posteriormente ao tronco encefálico, mais especificamente à ponte e ao aspecto superior do bulbo. Aberturas laterais (forames de Luschka) e uma abertura mediana (forame de Magendie) permitem que o liquor deixe o quarto ventrículo.
Circulação liquórica
Todos os ventrículos produzem liquor, e também recebem liquor vindo das cavidades ventriculares mais craniais. Assim, o liquor produzido nos ventrículos laterais cursa para o terceiro ventrículo, e o liquor produzido no terceiro ventrículo segue para o quarto ventrículo. Uma combinação do liquor produzido nos ventrículos laterais e no terceiro e quarto ventrículos chega ao espaço subaracnoide, onde atua protegendo todo o sistema nervoso central.
Anatomia do plexo coroide
Plexo coroide nos ventrículos laterais
O corpo, o corno posterior e o corno inferior de cada ventrículo lateral se unem em uma área triangular conhecida como átrio do ventrículo lateral. O plexo coroide dos ventrículos laterais é encontrado na parte superomedial do corno inferior e na parte anteromedial do corpo, se estendendo até o átrio do ventrículo.
Na junção entre o corpo e o corno inferior, no átrio do ventrículo, o plexo coroide é mais largo e mais proeminente, formando uma estrutura conhecida como glômus coroide. Nos ventrículos laterais, o plexo coroide está sempre limitado a uma fina fenda chamada de fissura coroidea.
O plexo coroide dos ventrículos laterais é vascularizado pela artéria coroideia anterior (ramo da artéria carótida interna) e pela artéria coroideia posterior lateral (ramo da artéria cerebral posterior).
Plexo coroide do terceiro ventrículo
Como mencionado anteriormente, os ventrículos laterais estão conectados ao terceiro ventrículo por uma abertura em forma da letra Y, chamada de forame interventricular (forame de Monro). Na junção do corno anterior e da parte inferior do corpo dos ventrículos laterais o plexo coroide continua ao longo do forame interventricular de ambos os lados.
O plexo coroide de cada ventrículo lateral se dirige ao teto do terceiro ventrículo. O plexo coroide do terceiro ventrículo é irrigado pelas artérias coroideias posteriores medianas (ramos das artérias cerebrais posteriores).
Plexo coroide do quarto ventrículo
O terceiro ventrículo está conectado ao quarto ventrículo pelo aqueduto mesencefálico. O aqueduto cerebral não possui plexo coroide. No quarto ventrículo, o plexo coroide está localizado no véu medular posterior, que forma parte do teto dessa cavidade. Ele é irrigado por ramos das artérias cerebelares inferiores posteriores.
Desenvolvimento embrionário
O sistema ventricular é derivado do canal neural, ou seja, do lúmen do tubo neural. Por volta da quarta semana gestacional, três vesículas se formam ao redor do canal neural. Essas vesículas representam o prosencéfalo, o mesencéfalo e o rombencéfalo. Entre a quarta e a sexta semanas de gestação, considera-se que o sistema nervoso central possui cinco vesículas, já que o prosencéfalo está dividido em telencéfalo e diencéfalo, enquanto o rombencéfalo está dividido em metencéfalo e mielencéfalo. Os ventrículos laterais derivam do telencéfalo, enquanto o terceiro ventrículo é derivado do diencéfalo. Os ventrículos do rombencéfalo se tornam o quarto ventrículo, enquanto o aqueduto mesencefálico é derivado do mesencéfalo.
Os ventrículos, juntamente com as células epiteliais do plexo coroide, derivam do tubo neural. Entretanto, as células endoteliais de todo o plexo coroide e as células-tronco mesenquimais (células que podem se diferenciar em outros tipos de células) do plexo coroide do quarto ventrículo derivam da crista neural mesencefálica. Os sinais do desenvolvimento do plexo coroide do quarto ventrículo são evidentes por volta da 6ª ou 7ª semanas gestacionais, enquanto o plexo coroide dos ventrículos laterais podem se desenvolver ao mesmo tempo ou logo após a 7ª semana. O plexo coroide do terceiro ventrículo geralmente começa a se desenvolver um pouco mais tarde, na oitava semana. As células epiteliais do plexo coroide e os ventrículos continuam se desenvolvendo até a 40ª semana da gestação.
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Histologia do plexo coroide
Conforme mencionado acima, se observarmos de perto a parede medial do ventrículo lateral e o teto do terceiro e quarto ventrículos, pequenas invaginações podem ser visualizadas. A região dos ventrículos que contém invaginações da pia-máter são conhecidas como tela coroidea.
O componente mais profundo do plexo coroide é uma camada simples de células epiteliais cúbicas, conhecidas em conjunto como epêndima. Essa camada ependimária, com projeções semelhantes a cílios, é composta por células ependimárias, células gliais especializadas (derivadas das células-tronco neurais) com habilidade de produzir liquor, que é liberado nos ventrículos. A superfície apical das células ependimárias abrigam muitos pequenos processos, chamados de microvilos. Os microvilos são responsáveis por aumentar a área de superfície do epêndima. Há também evidência de algumas vilosidades maiores na superfície apical, que ajudam a direcionar o fluxo liquórico.
Na superfície lateral das células ependimárias, próximo ao polo apical, os desmossomos (junções que são especializadas na adesão celular) e as junções de oclusão são responsáveis por manter as células unidas, constituindo a barreira hematoliquórica e impedindo a passagem de grandes moléculas.
Na sua superfície basal, o epêndima é envolvido por uma membrana basal, que é ancorada pela pia-máter, ricamente vascularizada. A pia-máter é formada de tecido conjuntivo frouxo fibroso. A porção proximal desse tecido conjuntivo abriga capilares fenestrados, enquanto arteríolas maiores são evidentes na base.
O plexo coroide recebe inervação simpática e parassimpática. As fibras simpáticas do gânglio cervical superior controlam o fluxo sanguíneo para o plexo coroide, enquanto as fibras parassimpáticas reduzem a produção de liquor.
Notas clínicas
Papiloma do plexo coroide
O papiloma do plexo coroide é um raro tumor benigno do epitélio do plexo coroide. Essa condição é vista mais comumente no ventrículo lateral de crianças, com mais de 85% dos casos ocorrendo em crianças menores de 5 anos. Os tumores também podem se desenvolver em adultos, entretanto nesses casos eles são muito mais frequentes no quarto ventrículo.
Os pacientes geralmente se apresentam com hidrocefalia, um aumento do volume dos ventrículos cerebrais decorrente do aumento no volume liquórico. Uma massa sólida com algumas calcificações geralmente é evidente nos exames de imagem. O tratamento mais comum para o papiloma do plexo coroide é a excisão cirúrgica completa.
Cisto antenatal do plexo coroide
Os cistos antenatais do plexo coroide são cistos benignos que surgem durante o desenvolvimento embrionário, mais frequentemente nos ventrículos laterais. Suas dimensões variam de poucos milímetros a 1 ou 2 cm, e eles ocorrem em cerca de 2% das gestações. São descritos como bolsas de plexo coroide preenchido com liquor e material celular. Esses cistos tipicamente são visíveis à ultrassonografia no 2º trimestre. Geralmente os cistos desaparecem mais tarde na gestação sem gerar repercussões, entretanto o feto deve ser monitorado em busca de outras anormalidades do cariótipo, principalmente nos casos de cistos grandes e múltiplos.
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