Videoaula: Traqueia
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Leia maisNós todos conhecemos o som dessa tosse seca e desagradável associada com as infecções do trato respiratório. Você provavelmente já sofreu com ela em algum momento. Você também deve estar mais do que familiarizado com a experiência de ter aquele catarro verde e pegajoso subindo na sua boca após cada tosse. Mas de onde vem todo esse catarro e como ele chega até nossa boca?
Bem, nessa videoaula nós vamos descobrir tudo isso e muito mais ao estudarmos a histologia da traqueia.
Primeiro vamos dar uma rápida olhada na anatomia macroscópica da traqueia e discutir o lúmen traqueal. Depois nós vamos ver os tecidos que revestem as paredes da traqueia, que incluem a mucosa, o epitélio respiratório, a lâmina basal, a lâmina própria e a submucosa. Em seguida vamos ver as estruturas que formam a traqueia em si, ou seja, a cartilagem traqueal, o músculo traqueal e a túnica externa.
A traqueia é na verdade uma série de anéis cartilaginosos em forma de C que estão conectados por uma fina camada de músculo liso, chamado de músculo traqueal, e por uma membrana de tecido conjuntivo. Ela está entre a laringe e uma estrutura chamada carina. A carina é o ponto no qual a traqueia se divide ou se bifurca em dois ramos menores, para entrar nos seus pulmões. Esses são os brônquios primários. É claro que o meio da traquéia é oco, permitindo que o ar passe por ela. Essa área oca é chamada de lúmen.
Agora nós estamos olhando para um corte da traqueia visto sob o microscópio. Essa parte verde é um espaço vazio que representa o lúmen traqueal, onde o ar passa em seu caminho até os pulmões. O lúmen da traqueia é revestido por uma mucosa úmida e uma submucosa e nós vamos dedicar a próxima parte dessa videoaula à anatomia microscópica dessas estruturas.
Essa é a mucosa. É uma camada úmida de tecido epitelial que reveste diretamente o lúmen traqueal e abaixo dela existe uma camada de tecido conjuntivo chamada de lâmina própria. As células que formam o epitélio da mucosa são especificamente caracterizadas como células epiteliais colunares pseudoestratificadas ciliadas - e eu sei que esse nome é bem grande, mas ele nos conta tudo o que nós precisamos saber.
Epitélio significa que essas células revestem um órgão. Colunar significa que as células possuem formato retangular ou semelhante a uma coluna. Pseudoestratificado significa que, apesar das células terem aparência estratificada, elas na verdade não o são. Cada célula tem a sua superfície em contato com a lâmina basal, uma estrutura sobre a qual nós vamos conversar em breve, mas nem toda célula atinge a superfície luminal. Ciliado significa que as células possuem pequenas projeções citoplasmáticas na sua superfície. Você pode encontrar esse tipo de epitélio em vários locais do corpo, mas na traqueia ele tem um nome especial - epitélio respiratório. Vamos dar uma olhada nas pequenas projeções encontradas nessas células.
Se você olhar com atenção para o epitélio respiratório, você vai perceber que existe uma pequena linha na superfície das células que revestem o lúmen. Esses são os cílios. E se você olhar para essas células bem de perto usando um microscópio eletrônico, você vai ver as projeções como pequenos dedos se estendendo a partir dessas células.
Os cílios são móveis - o que significa que eles podem se mover e bater em um padrão coordenado para propelir para cima partículas que ficaram agarradas na membrana mucosa da traqueia, para que sejam expelidas. Então quando você escuta alguém com uma tosse seca, normalmente quando a pessoa está doente, isso é o resultado das partículas sendo empurradas em direção à faringe, para que elas sejam removidas da traqueia quando a pessoa tosse.
No meio do epitélio respiratório encontramos um tipo especial de célula chamada de célula caliciforme, também conhecida como célula mucosa. Ela é chamada de célula caliciforme por causa do seu formato. Ela se parece uma espécie de cálice de água preso entre as células epiteliais.
As células caliciformes secretam muco no lúmen traqueal para proteger a mucosa de lesões e para permitir a adesão de partículas de poeira que podem entrar no lúmen traqueal. Elas são mais facilmente visíveis quando possuem grânulos de mucinogênio acumulados em seu citoplasma. As células caliciformes aumentam bastante em número durante inflamações crônicas das vias aéreas.
Agora que nós vimos as células próximas ao lúmen traqueal, vamos dar uma olhada nas células que ficam mais longe do lúmen e são chamadas de células basais. A palavra basal se refere às células que estão no fundo ou na base do epitélio. Células basais - as células progenitoras do epitélio respiratório - são responsáveis por substituir as células que foram eliminadas no lúmen traqueal.
De maneira semelhante aos cílios ao longo do lúmen traqueal, a lâmina basal possui uma linha fina ao longo do epitélio respiratório, porém aqui essa linha é encontrada na parte mais profunda do epitélio e não na sua superfície - e nós podemos vê-la aqui em verde. As células basais estão sobre a lâmina própria e a mucosa. Vamos dar uma olhada nelas agora.
A lâmina própria, vista aqui em verde, é uma camada de tecido conjuntivo encontrada logo abaixo da lâmina basal. Ela é rica em tecido linfático e vasos sanguíneos e contém os ductos de pequenas glândulas submucosas que lubrificam a mucosa respiratória.
Profundamente à lâmina própria nós encontramos uma grande camada de tecido conjuntivo chamada de submucosa. A palavra submucosa significa que esse tecido está abaixo da mucosa. Apesar da submucosa que reveste a maioria dos órgãos do nosso corpo ser formada por tecido conjuntivo denso, o tecido conjuntivo da traqueia é frouxo, como nós podemos observar nesses espaços em branco.
Mais cedo nós mencionamos as glândulas encontradas na submucosa. Elas não estão visíveis na nossa lâmina histológica, pois na traqueia essas glândulas não são muito abundantes, mas esse diagrama vai te ajudar a ver a sua localização na submucosa. As glândulas encontradas na traqueia são glândulas exócrinas, o que significa que elas liberam suas secreções através de ductos que são mais facilmente visíveis na lâmina própria. Nessa imagem, nós podemos ver um par desses ductos cortados transversalmente logo abaixo do epitélio.
As células desses ductos são diferentes do tecido ao redor, possuindo um padrão cúbico e organizado. A maioria das glândulas exócrinas são classificadas como glândulas serosas ou glândulas mucosas. Entretanto, as glândulas da traqueia secretam uma substância que é uma mistura dos dois tipos, então essas são chamadas de glândulas seromucosas.
Os tecidos da traqueia recebem suprimento sanguíneo de pequenas artérias chamadas de arteríolas e nós podemos identificá-las por seu formato relativamente arredondado, com pequenos pontos dentro do seu lúmen. Esses pontos na verdade são hemácias que transportam moléculas de oxigênio. O sangue deixa a traqueia por pequenas veias que também contém hemácias, mas possuem paredes muito finas que tendem a se colapsar e, portanto, não são arredondadas como as das arteríolas.
Bem, nós comentamos que a traqueia é formada por uma série de anéis cartilaginosos em formato de C mantidos no lugar por tecido conjuntivo e músculo liso. Vamos dar uma olhada nessa estrutura agora.
Assim como a maior parte da cartilagem no corpo, a cartilagem hialina que forma os anéis em formato de C da traqueia é revestida por pericôndrio. O pericôndrio visto aqui é uma camada de tecido conjuntivo contendo vasos sanguíneos, nervos, vasos linfáticos e células cartilaginosas imaturas. O tecido cartilaginoso não tem vascularização própria e depende do pericôndrio para obter nutrientes e oxigênio.
Como nós acabamos de dizer, a cartilagem da traqueia é uma cartilagem hialina, e esse tipo de cartilagem consiste em células espaçadas, conhecidas como condrócitos, envolvidas por uma grande quantidade de matriz extracelular. Essa matriz contém uma grande quantidade de água, que dá a aparência lisa e brilhante sob o microscópio. Por causa das características dessa matriz, a cartilagem hialina fornece um suporte flexível, porém firme. Os anéis em C são capazes de se dobrar, mas permanecem abertos para permitir o fluxo de ar.
Uma faixa de músculo liso se conecta às extremidades dos anéis cartilaginosos e é vista aqui destacada em verde, completando o círculo posteriormente e formando o lúmen da traqueia. Esse músculo involuntário é chamado de músculo traqueal.
Além de fechar os anéis cartilaginosos, o músculo traqueal possui duas importantes funções na traqueia. Primeiro, ele relaxa quando você engole algo, de forma que o bolo alimentar possa passar atrás da traqueia sem a deslocar, como nós podemos ver nesse corte transversal. E segundo, o músculo traqueal se contrai quando você tosse, para ajudar a propelir o ar e as partículas superiormente.
Finalmente, vamos ver a camada adventícia. A camada adventícia é uma camada de tecido conjuntivo na superfície externa da cartilagem traqueal. Ela reveste a superfície do pericôndrio, bem aqui. A camada adventícia é a camada da traqueia que fica em contato com os outros tecidos no pescoço e no tórax.
Então agora que nós acabamos de ver a histologia da traqueia, vamos dar uma olhada nas notas clínicas.
Bem, é claro que você sabe que a estação da gripe e do frio não é nada divertida, especialmente para o músculo traqueal, os cílios e as glândulas mucosas do epitélio respiratório, que trabalham excessivamente quando você fica doente. As infecções virais fazem com que suas glândulas secretem mais muco no lúmen traqueal e isso pode ser muito desconfortável. O seu médico pode prescrever expectorantes que vão fluidificar o muco para que seus cílios o empurrem para fora de sua traqueia mais facilmente. Quando você tosse, o músculo traqueal se contrai para ajudar a empurrar o ar e as partículas para fora.
Então agora que chegamos ao fim dessa videoaula, vamos resumir o que aprendemos hoje,
Bem, nessa videoaula nós vimos a estrutura microscópica da traqueia - um tubo cartilaginoso que transmite o ar entre sua laringe e seus pulmões. Primeiro nós vimos o lúmen traqueal - o espaço aberto pelo qual o ar passa - depois nós vimos a mucosa que reveste a superfície interna da traqueia. Dentro da mucosa nós vimos várias camadas de células - o epitélio respiratório - revestindo diretamente o lúmen traqueal.
Vimos os pequenos cílios que se estendem a partir dessas células para mover as partículas de corpos estranhos em direção à faringe. Nós vimos as células caliciformes especiais no epitélio, produzindo muco para manter a mucosa úmida. Vimos as células mais profundas do epitélio respiratório, que são as chamadas células basais, e essas células recobrem a lâmina basal, que é uma pequena camada de tecido separando a mucosa da lâmina própria.
A lâmina própria em si é uma camada de tecido conjuntivo rica em vasos linfáticos e sanguíneos, e diretamente abaixo da lâmina própria está a submucosa, uma camada espessa de tecido conjuntivo que contém múltiplos vasos sanguíneos e pequenas glândulas. As glândulas seromucosas da submucosa secretam seus produtos através de ductos, sendo classificadas como glândulas exócrinas e o suprimentos sanguíneo da submucosa vem de uma série de pequenas arteríolas.
Depois de termos visto todo o epitélio e os tecidos conjuntivos que revestem o lúmen traqueal, nós então vimos os anéis cartilaginosos que dão formato à traqueia e são formados pela flexível, porém firme, cartilagem hialina. Assim como a maior parte das cartilagens do corpo, os anéis da traqueia são revestidos por uma camada de tecido conjuntivo chamada de pericôndrio.
Os anéis cartilaginosos têm formato de C. O lúmen da traqueia é fechado por uma fina camada de músculo liso chamado de músculo traqueal e, finalmente, a superfície externa dos anéis cartilaginosos são cobertos por uma camada adventícia que está em contato com os tecidos adjacentes do pescoço e do tórax. Para fechar, nós vimos a anatomia microscópica da traqueia e como ela facilita a tosse.
E agora chegamos ao final dessa videoaula. Muito obrigada por assistir e bons estudos!