Videoaula: Histologia da glândula paratireoide
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Oi, você chegou bem na hora!! Eu estou procurando um grupo de glândulas endócrinas com o formato de ervilha, mas eu não sei onde elas estão. Bem, elas não estão aqui. Vamos tentar um pouco mais em ...
Leia maisOi, você chegou bem na hora!! Eu estou procurando um grupo de glândulas endócrinas com o formato de ervilha, mas eu não sei onde elas estão. Bem, elas não estão aqui. Vamos tentar um pouco mais em cima? É, acho que nós precisamos focar mais na parte superior do corpo… Você conseguiu! Elas estão no pescoço!!
Próxima pista: elas ajudam na regulação dos níveis de cálcio no sangue. Bem, isso tecnicamente está certo. A glândula tireoide produz hormônios que regulam os níveis séricos de cálcio, mas não é ela que estamos procurando. As pequenas glândulas endócrinas que estamos buscando estão atrás da glândula tireoide - são as glândulas paratireoides. Vamos descobrir do que elas são formadas, já que agora vamos explorar a histologia das glândulas paratireoides.
Antes de começarmos, aqui está uma breve visão geral do que nós vamos ver hoje. Nós vamos começar olhando para as características macroscópicas da glândula paratireoide para nos lembrarmos da sua anatomia geral, fora do microscópio. Depois vamos nos aprofundar nas suas características histológicas, falando sobre sua vascularização e as células que formam o seu parênquima. Finalmente, vamos encerrar a nossa videoaula com algumas notas clínicas relacionadas a essas glândulas.
Mas primeiro, vamos ver alguns detalhes da anatomia macroscópica da glândula paratireoide.
Bem, as glândulas paratireoides são pequenas estruturas ovoides que fazem parte do sistema endócrino e são encontradas na superfície posterior da glândula tireoide. Normalmente existem quatro glândulas paratireoides - duas superiores e duas inferiores ou duas esquerdas e duas direitas, como você preferir. Células específicas dentro dessa glândula produzem um hormônio que é chamado de paratormônio ou PTH. Ele tem como função a regulação dos níveis de cálcio no sangue. Mais especificamente, quando as células paratireóideas detectam uma queda nos níveis sanguíneos de cálcio, a glândula paratireoide sintetiza e secreta PTH que, basicamente, faz com que os ossos liberem cálcio no sangue. O antagonista desse hormônio é a calcitonina, que reduz os níveis séricos de cálcio.
Muito bem, agora está na hora de aprendermos direitinho o que forma a glândula paratireoide. Vamos lá!
Essa é uma imagem histológica da glândula paratireoide e é nela que nós vamos focar durante toda a nossa videoaula. Esse corte foi preparado com hematoxilina e eosina, um corante frequentemente chamado de HE. Esse é o corante histológico mais utilizado, pois ele é simples e capaz de definir claramente a morfologia básica de um tecido, ao corar seus núcleos e citoplasmas em cores diferentes. A hematoxilina é aplicada primeiro e cora os núcleos e as partes do citoplasma que contêm RNA em roxo. A amostra então é corada com a eosina, que cora as proteínas e o citoplasma em tons de rosa.
Assim como vários órgãos, a glândula paratireoide é revestida por uma fina cápsula fibrosa que a separa do tecido da glândula tireoide ao seu redor. Septos de tecido conjuntivo se estendem da cápsula para dentro da glândula, dividindo-a em partes menores conhecidas como lóbulos. Esses lóbulos não são muito bem definidos na glândula paratireoide, mas separam cordões celulares próximos uns dos outros, como veremos mais à frente.
Muito bem, agora vamos olhar para os vários tipos de células que podemos encontrar na glândula paratireoide.
Existem dois tipos principais de células que nós vamos ver hoje. O primeiro tipo são as células principais. Essas células são as mais numerosas da glândula e sintetizam, armazenam e secretam o paratormônio. A célula principal é pequena, com cerca de 7 a 10 micrômetros de diâmetro, tem seu núcleo na região central e possui vesículas de glicogênio e gotas de lipídios dispersas pelo citoplasma. Mas a sua aparência pode variar um pouco de acordo com o nível de atividade da célula, como vamos ver a seguir.
Aqui temos algumas células principais ativas. Quando nós dizemos “ativas”, queremos dizer que elas estão produzindo paratormônio ativamente. Logo ao lado desse grupo de células ativas, encontramos algumas células principais inativas. Como eu tenho certeza que você adivinhou, essas células não estão produzindo paratormônio ativamente. Histologicamente nós podemos ver diferenças entre esses tipos de células principais. As células ativas se coram em um tom mais escuro e estão mais próximas entre si. Isso porque elas possuem grandes complexos de Golgi e muitas vesículas contendo paratormônio. Já as células principais inativas têm uma aparência mais clara. Elas não têm grandes complexos de Golgi, mas contêm mais grânulos de glicogênio do que as células ativas. As células inativas estão presentes em maior número em relação às células principais ativas - numa taxa de cerca de quatro para um.
O segundo tipo celular encontrado nas glândulas paratireoides são as células oxífilas. Essas células são um pouco maiores do que as células principais, possuindo cerca de 12 micrômetros de diâmetro. Elas contêm mais citoplasma, o que justifica a sua coloração, como você pode ver aqui. As células oxífilas só começam a aparecer na paratireoide próximo ao período da puberdade, e aumentam em número com a idade. Sua função ainda não é bem conhecida.
Em partes da glândula paratireoide, nós encontramos tecido adiposo no estroma. O tecido adiposo também começa a aparecer na puberdade e aumenta com a idade. Ele é proporcional à quantidade de gordura no restante do corpo. Na vida adulta, o tecido adiposo forma cerca de um terço da massa da glândula. Essa é uma característica que pode ser usada na diferenciação entre cortes histológicos de tecidos tireoidianos e paratireoidianos.
Quando olhamos as células principais ao redor das áreas de tecido adiposo, nós podemos ver que elas estão organizadas em cordões formados entre os adipócitos. Como o tecido adiposo só aparece após a puberdade na glândula paratireoide, essa organização só existe nos adultos.
Assim como todos os órgãos endócrinos, as glândulas paratireoides, precisam de suprimento sanguíneo. Então vamos dar uma olhada em como as estruturas vasculares aparecem dentro da glândula. O sangue ricamente oxigenado chega até as glândulas paratireoides principalmente através dos ramos da artéria tireóidea inferior ou através de ramos de sua anastomose com a artéria tireóidea superior. Aqui nós podemos ver um desses pequenos ramos arteriais em corte transversal.
Quando você for procurar artérias em um corte histológico, comece procurando um lúmen que é típico dos vasos sanguíneos, mas que é revestido por uma camada bem mais espessa de tecido do que as veias. As camadas das artérias, ou seja, as túnicas íntima, média e adventícia, são mais fáceis de diferenciar do que as das veias, assim elas podem ser identificadas nas lâminas histológicas.
Para que a troca gasosa ocorra entre o sangue e o tecido adjacente, o sangue precisa passar pelos capilares - os quais podemos ver destacados em verde. Eles também são necessários para que os hormônios produzidos pela glândula sejam liberados na corrente sanguínea e possam circular pelo corpo. Você pode ver na parte da imagem menos amplificada que os capilares são menos definidos. Eles possuem paredes bem mais finas do que as artérias, com apenas uma única camada celular, e por isso pode ser difícil identificá-los. Mas se você conseguir identificar hemácias na lâmina, que têm uma coloração rosa escuro nos cortes corados com HE, elas podem te ajudar a achar os capilares.
Na glândula paratireoide nós encontramos capilares fenestrados, que são típicos de órgãos endócrinos e garantem a livre passagem de hormônios para o sangue.
Bem, então se nós temos artérias e capilares, devemos ter veias também, certo? Agora, em destaque, temos uma veia dentro da glândula paratireoide. Nas imagens histológicas, as veias podem ser identificadas por suas paredes finas e lúmens relativamente grandes. Lembre-se que as veias transportam sangue desoxigenado, removendo o gás carbônico dos tecidos e levando-o de volta ao coração.
Outro tipo de vaso que pode ser identificado nesse tecido são os vasos linfáticos, que podemos ver destacados em verde. Nas glândulas paratireoides, os vasos linfáticos coletam fluidos e metabólitos do espaço intersticial e eventualmente devolvem esse fluido ao sistema cardiovascular.
Agora que você identificou as células e a estrutura da paratireoide, você acha que seria capaz de perceber se alguma coisa estivesse errada? Pois chegou a hora das notas clínicas!
Nessa imagem nós estamos vendo o que é chamado de adenoma paratireóideo. Um adenoma é um tumor benigno que se desenvolve no tecido glandular. Nesse caso, esse tecido glandular é o da glândula paratireoide. Nós podemos ver que o adenoma paratireóideo é formado por células principais e células oxífilas. As células principais adicionais vão produzir paratormônio, assim como as células principais normais do restante da glândula. Isso leva a uma condição chamada de hiperparatireoidismo, que significa que existe uma atividade aumentada na glândula paratireoide e muito paratormônio está sendo produzido.
Como o paratormônio estimula o aumento dos níveis séricos de cálcio, os adenomas paratireóideos podem levar à elevação dos níveis de cálcio no sangue. Para tratar esse problema é comum que os adenomas paratireóideos sejam removidos cirurgicamente.
E agora você é um expert na histologia da glândula paratireoide! Antes de nos despedirmos, vamos fazer um breve resumo do que vimos hoje.
Começamos vendo uma lâmina histológica de toda a glândula paratireoide e identificamos algumas estruturas macroscópicas - primeiro a cápsula que reveste a glândula e os septos interglandulares, que se projetam para dentro dela. Depois, vimos os lóbulos mal definidos que os septos criam. Em seguida falamos sobre os tipos de células da glândula paratireoide, começando com as mais comuns: as células principais. Elas podem ser encontradas em duas formas: células ativas, com coloração mais escura - essas, que você pode ver destacadas nessa imagem; e células inativas, de coloração mais clara.
O outro grupo de células da glândula paratireoide é o das células oxífilas, que ainda não têm sua função esclarecida. Depois das células oxífilas nós identificamos um pouco de tecido adiposo, que só começa a aparecer na glândula a partir da puberdade e pode fazer com que as células principais se organizem em cordões celulares. Finalmente, nós aprendemos como identificar os componentes vasculares dentro da paratireoide, começando com a artéria, de parede mais espessa; depois vimos os capilares, com paredes muito delgadas, onde ocorre a troca gasosa e por onde o paratormônio entra na corrente sanguínea; e identificamos uma veia, responsável pela drenagem do sangue desoxigenado da glândula.
Também vimos um vaso do sistema linfático, que ajuda a coletar excesso de fluido do espaço intersticial. E, por fim, conversamos sobre os adenomas paratireoióideos - tumores benignos das paratireoides que podem levar ao hiperparatireoidismo, aumentando os níveis séricos de cálcio.
E isso nos traz ao fim da nossa videoaula sobre a histologia da glândula paratireoide. Espero que você tenha gostado e obrigada por assistir.