Músculos abdominais anteriores

Hiperlordose

Como os músculos da parede abdominal são os principais flexores da coluna vertebral, sua fraqueza ou desenvolvimento anormal podem levar à hiperlordose da coluna vertebral lombar e rotação anterior da pelve.

Anatomicamente, a lordose é a curvatura interna (anterior) encontrada nas regiões cervical e lombar da coluna vertebral. As curvaturas da coluna fazem com que o peso do tronco seja bem distribuído sobre a pelve, permitindo uma postura correta.

A hiperlordose ocorre quando há uma lordose excessiva na coluna lombar. Ela é causada pela ação incorreta dos músculos extensores da coluna vertebral, o que ocorre por exemplo em casos de espasmos após a elevação de objetos pesados de maneira incorreta. A contração insuficiente dos músculos da parede abdominal anterior, que se opõem à hiperlordose, também pode contribuir.

A observação da curvatura lombar exagerada é um sinal visual de hiperlordose, mas o ângulo de lordose pode ser medido através de radiografias.

O tratamento é feito principalmente com exercícios corretivos que fortalecem os grupos musculares que contribuem para a postura, incluindo os músculos da região glútea, da parede abdominal, os flexores do quadril, o quadríceps e os isquiotibiais.

Rotação pélvica anterior

A rotação pélvica anterior é uma rotação anormal da pelve, de forma que a abertura pélvica superior fique orientada anteriormente. A fraqueza dos músculos da parede abdominal anterior é um fator que contribui na rotação pélvica anterior, juntamente com a debilidade de outros grupos musculares, como os glúteos e isquiotibiais. A fraqueza desses grupos musculares leva à incapacidade do corpo de se opor à ação do quadríceps femoral e dos flexores do quadril. O tratamento é focado no fortalecimento do reto abdominal e do piramidal, para se contrapor à ação do quadríceps e dos músculos flexores do quadril, que estão causando a rotação anterior da pelve.

Cirurgia abdominal

Na cirurgia abdominal, as incisões paramedianas são tipicamente escolhidas para reduzir o risco de hérnia inguinal no pós-operatório. A incisão abdominal é feita sobre o ventre do músculo reto abdominal. Enquanto a fáscia é cortada, o músculo continua intacto, e pode ser puxado lateralmente sem que seu suprimento neurovascular seja interrompido, já que os nervos e vasos entram no músculo na sua porção lateral. Na cesárea, uma incisão horizontal é tipicamente realizada no abdome, e o músculo reto abdominal é separado e movido lateralmente para permitir acesso à cavidade pélvica.

Diástase do reto do abdome

A diástase do reto do abdome ocorre em casos de aumento da pressão intra-abdominal, como nos casos de obesidade, gravidez e esforço crônico. Isso leva a abertura de um espaço entre os ventres musculares do reto abdominal, o que significa que a força transmitida pelos músculos abdominais anteriores não seja transmitida diretamente em toda a linha média em direção a linha alba, mas sim para os ventres do reto abdominal separadamente, de cada lado da linha alba. Como resultado, quando o músculo se contrai, o conteúdo abdominal tende a se projetar contra a parede abdominal na linha média, podendo ocorrer uma hérnia neste local.

A diástase do reto normalmente se apresenta como uma ponte abaixo da pele, localizada na linha média em qualquer lugar entre o processo xifoide e o púbis, e se torna mais proeminente com a contração do reto abdominal. O diagnóstico normalmente é feito no exame físico, mas exames de imagem como o ultrassom e a TC podem ser utilizados na sua confirmação. O tratamento dessa condição normalmente não é necessário, mas no caso de complicações, como hérnias umbilicais, ele deve ser realizado.

Hérnias umbilicais

As hérnias umbilicais ocorrem quando parte do conteúdo abdominal se insinua através da parede abdominal anterior, especificamente através da linha alba, acima ou abaixo do umbigo. Ela se apresenta como uma protuberância próxima ao umbigo, que pode ou não ser óbvia, dependendo se o abdome está ou não relaxado.

Hérnias umbilicais congênitas verdadeiras ocorrem no local onde há uma anormalidade presente desde o nascimento. Em alguns casos, o tubo intestinal em desenvolvimento, que se projeta dentro do cordão umbilical da 6.ª a 10.ª semanas de gestação, não entra novamente de maneira completa no abdome, e permanece parcialmente presente como um saco revestido por peritônio, fora da parede abdominal anterior. Isso é chamado de onfalocele. As hérnias umbilicais infantis estão presentes nos recém-nascidos, e estão associadas com o aumento da pressão intra-abdominal.

Hérnias umbilicais ou paraumbilicais também podem ocorrer nos adultos, as chamadas hérnias adquiridas, e normalmente ocorrem devido ao enfraquecimento de um ponto ao longo da linha alba.

O diagnóstico de uma hérnia umbilical é tipicamente feito durante o exame físico, mas sua confirmação pode ser feita com ultrassom ou tomografia. As hérnias umbilicais podem ser perigosas devido ao risco de estrangulamento do intestino. A parte do intestino que se projeta através da parede abdominal também pode sofrer isquemia, o que pode levar à sua necrose.

Se houver complicações, a cirurgia deve ser feita para o reparo da hérnia. O procedimento cirúrgico é relativamente simples, e envolve uma pequena incisão próxima ao umbigo, através da qual o intestino é puxado de volta para o abdome de maneira segura. A parede abdominal normalmente é reforçada por uma tela para prevenir novas herniações antes da incisão ser suturada.

Gestação

Na gestação, os músculos da parede abdominal anterior se tornam esticados à medida que o feto cresce e o útero se projeta da cavidade pélvica para o abdome. A gestante fica suscetível à diástase do reto abdominal, devido ao aumento da pressão intra-abdominal. No pós-parto ela também pode ocorrer devido à fraqueza residual desses músculos.