Epiglote
A epiglote é um retalho cartilaginoso no pescoço que recobre a abertura laríngea durante a deglutição.
Basicamente, a epiglote cobre a abertura laríngea no processo de deglutição, de modo a evitar que a comida entre na laringe.
A disfunção da epiglote resulta em disfagia perigosa e pode causar pneumonia por aspiração.
Neste artigo, vamos discutir o desenvolvimento, vascularização, inervação, drenagem linfática e funções da epiglote.
Anatomia |
Desenvolve-se a partir do quarto arco faríngeo Retalho de fibrocartilagem em forma de folha Protege a abertura laríngea na deglutição Fixa-se, a partir de: ligamento tireoepiglótico, pregas epiglóticas medianas, pregas epiglóticas laterais, pregas ariepiglóticas Suprimento sensitivo: ramo laríngeo interno do nervo laríngeo superior Vascularização: artéria laríngea superior Drenagem venosa: veias laríngeas superiores e inferiores Drenagem linfática: linfonodos cervicais profundos |
Histologia |
Face lingual é recoberta por epitélio escamoso (pavimentoso) estratificado não queratinizado Face laríngea é recoberta por epitélio respiratório |
Clínica | Epiglotite, Cisto laríngeo, Invasão do espaço pré-epiglótico por carcinomas |
Anatomia
A epiglote desenvolve-se a partir do quarto arco faríngeo. Torna-se visível durante o desenvolvimento às 5 semanas de gestação.
A epiglote é um retalho de fibrocartilagem em forma de folha, coberto por mucosa na sua face lingual, e tem como função proteger a abertura laríngea na deglutição. Isto evita que os alimentos passem para a laringe.
Para relembrar a anatomia da laringe, dê uma olhada nos materiais de estudo abaixo:
A cartilagem tem origem numa base semelhante a um tronco. A epiglote fixa-se, a partir da face dorsal da cartilagem tireóidea (via ligamento tireoepiglótico), à língua (através das pregas epiglóticas medianas), à faringe (através das pregas epiglóticas laterais), e os seus lados estão fixos às cartilagens aritenóideas por pregas ariepiglóticas. A parte inferior da face anterior tem um ligamento hio-epiglótico, que a liga ao osso hioide. A epiglote projeta-se em sentido superior e dorsal, com uma direção oblíqua.
A epiglote permanece vertical durante a respiração e, portanto, permite que o ar seja exalado e inalado pelos pulmões. O espaço entre a raiz da língua, anteriormente, e a face lingual da epiglote, posteriormente, é chamado de valécula epiglótica e está presente em cada lado das pregas medianas. A epiglote tem algumas papilas gustativas que são inervadas pelas fibras do nervo vago a partir do gânglio inferior.
A epiglote é uma estrutura fundamental para a proteção do trato respiratório. Faça uma revisão deste sistema e aprofunde os seus conhecimentos com a nossa apostila de exercícios sobre o sistema respiratório!
Histologia
A epiglote tem uma face lingual e uma face laríngea. A primeira é consistente com a orofaringe posteriormente, e é recoberta por epitélio escamoso (pavimentoso) estratificado não queratinizado. Este epitélio também recobre a extremidade da face laríngea que, ocasionalmente, entra em contacto com o bolo alimentar. A face laríngea é recoberta por epitélio respiratório, que consiste de epitélio pseudoestratificado ciliado com células caliciformes (que secretam muco) e, portanto, é consistente com o restante epitélio laríngeo. Esta face forma a parede anterior do vestíbulo laríngeo. Existe um espaço pré-epiglótico entre a face lingual da epiglote e a membrana tireo-hióidea, que contém tecido adiposo.
Durante a deglutição, o osso hioide eleva-se, o que faz com que a epiglote se mova dorsalmente para cobrir a abertura laríngea. Isto é conseguido graças a três músculos: os músculos ariepiglóticos, tireoaritenóideos e tireoepiglóticos.
A epiglote é uma das três grandes cartilagens laríngeas não pares, sendo as outras duas a cartilagem tireóidea, em forma de livro, e as cartilagens cricoides, em forma de anel de sinete. A incisura tireóidea forma a proeminência laríngea, também conhecida como maçã de Adão.
Existem também três cartilagens pares, isto é, as aritenóideas, as corniculadas e as cuneiformes. As três cartilagens pares são intrínsecas à própria laringe e responsáveis pela fonação. As cartilagens aritenóideas estão ligadas aos ligamentos vocais e têm forma piramidal. As suas faces anteriores dão origem a uma projeção cartilaginosa chamada de processo (apófise) vocal. Isto dá origem aos músculos cricoaritenóideos, que correm dentro dos bordos superiores dos limites laterais da membrana quadrangular (cobre a abertura laríngea lateralmente na deglutição). As pequenas cartilagens corniculadas repousam sobre os ápices das cartilagens aritenóideas, e encontram-se na parte posterior das pregas ariepiglóticas. As cartilagens cuneiformes situam-se anteriormente às cartilagens corniculadas, na substância das próprias pregas ariepiglóticas, e podem ser vistas como elevações esbranquiçadas. O osso hioide não faz parte da laringe, mas dá origem a vários músculos que auxiliam no movimento da laringe.
Vascularização e inervação
Os nervos laríngeos recorrentes entram na laringe através do sulco entre a traqueia e o esôfago. Estes nervos inervam os músculos da laringe (exceto o cricotireóideo). O suprimento sensitivo da epiglote provém do ramo laríngeo interno do nervo laríngeo superior (ramo do nervo vago)
A epiglote obtém a sua vascularização a partir da artéria laríngea superior, que é um ramo da artéria tireóidea superior (um ramo da artéria carótida externa). Esta entra na laringe passando por uma abertura da membrana tireo-hióidea. A drenagem linfática da epiglote ocorre ao longo da artéria laríngea superior, que drena para os linfonodos (gânglios) cervicais profundos. A drenagem venosa ocorre através das veias laríngeas superiores e inferiores, que seguem o mesmo percurso das artérias e drenam para a veia jugular interna e veia braquiocefálica esquerda, respetivamente.
Sumário
- A epiglote é uma cartilagem em forma de folha que recobre a abertura laríngea durante a deglutição.
- A inervação sensorial provém do ramo laríngeo interno do nervo laríngeo superior, e a inervação motora provém do nervo vago.
- A vascularização ocorre pelas artérias laríngeas superiores.
- A drenagem linfática segue a artéria laríngea superior até os linfonodos (gânglios) cervicais profundos.
Agora que você já estudou sobre a anatomia da epiglote, que tal aprofundar os seus conhecimentos? Aprenda ainda mais e memorize o conteúdo com a ajuda dos nossos testes sobre as estruturas da laringe.
Nota clínica
Epiglotite
Esta é uma condição ameaçadora da vida, causada por bactérias Haemophilus influenza B, resultando em inflamação e, portanto, obstrução das vias aéreas. Os sintomas incluem febre, salivação, dificuldade em respirar, mal estar, posição em tripé, estridor inspiratório e disfagia grave. Tenta-se a intubação endotraqueal, mas, se o edema das vias aéreas não o permitir, realiza-se uma cricotireoidotomia com agulha.
Cisto laríngeo
Pode formar-se em qualquer parte da laringe, mas é mais comum que se forme na epiglote e na valécula (o recesso entre a face posterior da língua e a face lingual da epiglote). Os pacientes podem apresentar estridor inspiratório e falta de ar.
Invasão do espaço pré-epiglótico por carcinomas
O carcinoma da porção infra-hióidea da epiglote dissemina frequentemente para o espaço pré-epiglótico.
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