Brônquios
Os brônquios são as vias que levam o ar aos pulmões. Os primeiros brônquios, chamados de brônquios principais direito e esquerdo, são os mais calibrosos e se originam da traqueia. Eles entram nos pulmões e logo depois se ramificam nos brônquios secundários, também conhecidos como brônquios lobares, e depois nos brônquios terciários (segmentares).
Os brônquios segmentares continuam a se ramificar até atingir a sexta e última geração de brônquios. Todas as ramificações brônquicas são sustentadas por uma parede cartilaginosa, exceto a sexta geração, onde a via de passagem é muito estreita para acomodar uma sustentação cartilaginosa. Em função de suas pequenas dimensões esses brônquios são chamados de bronquíolos (ou pequenos brônquios).
Ramificação | Traqueia -> bifurcação -> brônquios principais -> brônquios lobares -> brônquios segmentares -> -> brônquios de sexta geração -> bronquíolos terminais -> bronquíolos respiratórios -> ducto alveolar -> saco alveolar -> alvéolos |
Unidades respiratórias | Bronquíolos respiratórios e alvéolos |
Histologia brônquica |
Porção de condução (bifurcação traqueal -> -> bronquíolo terminal): - Cartilagem (reduz conforme avança a ramificação) - Membrana mucosa - Músculo liso (aumenta conforme avança a ramificação) Porção respiratória (bronquíolo respiratório -> -> alvéolos): - Músculo liso - Epitélio (simples cúbico -> -> simples escamoso) |
Histologia alveolar |
Surfactante Endotélio capilar Lúmen capilar Pneumócitos tipo I Pneumócitos tipo II Lúmen alveolar Eritrócitos Fibras elásticas Macrófagos alveolares |
Notas clínicas | Asma, aspiração, bronquite, síndrome da angústia respiratória da infância |
Este artigo irá discutir a anatomia dos brônquios.
Anatomia
Os brônquios são as vias aéreas que conduzem ar do trato respiratório para os pulmões. Os brônquios principais entram nos pulmões e se ramificam progressivamente, formando tubos cada vez menores que, eventualmente, dão origem aos bronquíolos.
A traqueia pode ser encontrada inferiormente à cartilagem tireóidea e superiormente à divisão dos brônquios principais direito e esquerdo, que se originam com a sua divisão. Esse ponto de divisão é conhecido como bifurcação traqueal, e está situado ao nível do ângulo do esterno e da quinta vértebra torácica (ou de duas vértebras acima ou abaixo, dependendo de alterações do volume pulmonar na respiração).
É importante observar que o brônquio principal direito é mais largo, mais curto e mais verticalizado do que o brônquio principal esquerdo, entrando no pulmão direito aproximadamente ao nível da quinta vértebra torácica. Ele tem 3 subdivisões, dando origem aos brônquios secundários (também conhecidos como brônquios lobares), que levam o ar para os 3 lobos do pulmão direito. A veia ázigos passa por trás do brônquio principal direito e faz um arco sobre ele. A artéria pulmonar direita se localiza inicialmente abaixo do brônquio direito, e em seguida fica anterior à ele.
Em contrapartida, o brônquio principal esquerdo é menor em diâmetro, mas maior em comprimento (cerca de 5 cm) quando comparado ao brônquio principal direito (cerca de 2-3 cm). Ele entra na raiz no pulmão esquerdo ao nível da sexta vértebra torácica, passa abaixo do arco aórtico e cruza na frente do esôfago, do ducto torácico e da aorta descendente. O brônquio principal esquerdo se divide em 2 brônquios secundários ou lobares que levam ar para os 2 lobos do pulmão esquerdo. A artéria pulmonar esquerda pode ser encontrada inicialmente acima do brônquio principal esquerdo, e depois anteriormente a ele. Os brônquios secundários se dividem, dando origem aos brônquios terciários, também chamados de brônquios segmentares. Cada um desses brônquios segmentares leva ar para o segmento broncopulmonar correspondente.
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Um segmento broncopulmonar é uma divisão do pulmão delimitada por um septo de tecido conjuntivo. Essa divisão anatômica é muito útil nas cirurgias pulmonares, uma vez que um segmento broncopulmonar pode ser removido sem afetar os segmentos adjacentes. Existem 10 segmentos broncopulmonares no pulmão direito (3 no lobo superior, 2 no lobo médio, 5 no lobo inferior) e 8 segmentos no pulmão esquerdo (4 no lobo superior, 4 no lobo inferior). Durante o desenvolvimento embrionário, há inicialmente 10 segmentos em cada pulmão - mas como o pulmão esquerdo só tem 2 lobos, 2 pares de segmentos broncopulmonares se fundem, dando origem a um total de 8 segmentos, 4 em cada lobo. Os brônquios segmentares se dividem em vários bronquíolos menores, que por sua vez também se dividem, dando origem aos bronquíolos terminais e depois aos bronquíolos respiratórios. Cada bronquíolo respiratório se divide em 2 a 11 ductos alveolares, e cada um desses tem 5 ou 6 sacos alveolares associados. O alvéolo é a unidade anatômica básica da troca gasosa.
Para resumir, uma vez que traqueia se bifurca nos brônquios principais direito e esquerdo, cada subdivisão posterior dá origem a brônquios progressivamente menores em diâmetro do que os brônquios que os originaram. Os brônquios principais se dividem nos brônquios secundários (lobares), depois nos brônquios terciários (segmentares), nos brônquios subsegmentares maiores, nos brônquios subsegmentares menores e, finalmente, nos bronquíolos. Esses são constituídos primeiro pelos bronquíolos terminais, depois pelos bronquíolos respiratórios e, por fim, pelos sacos alveolares (que permitem a troca gasosa).
Para mais detalhes sobre a anatomia dos pulmões, dê uma olhada nos recursos a seguir:
Revestimento epitelial alveolar
Os componentes do revestimento epitelial alveolar são:
- Surfactante
- Células endoteliais capilares
- Lúmen capilar
- Pneumócitos tipo I
- Pneumócitos tipo II
- Lúmen alveolar
- Eritrócitos
- Fibras elásticas no septo interalveolar
- Macrófagos alveolares
Função
Não ocorre troca gasosa nos brônquios. A parte condutora da árvore brônquica se estende da bifurcação traqueal até o bronquíolo terminal, incluindo esse segmento. A parte respiratória inclui o bronquíolo respiratório, os ductos alveolares, os sacos alveolares e os alvéolos. Conforme o volume do pulmão muda junto com a cavidade torácica durante a ventilação (respiração), toda a árvore brônquica se movimenta dentro dos pulmões. Esses movimentos estruturais são mais pronunciados nas porções da árvore brônquica que estão mais distantes do hilo pulmonar.
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Histologia
Os brônquios primários têm cartilagem e uma membrana mucosa que são similares àquelas encontradas na traqueia. A cartilagem hialina forma um anel incompleto nos brônquios, dando aos brônquios maiores um formato característico de letra “D” e um aspecto de “placas e ilhas” aos brônquios de menores dimensões.
Conforme a ramificação vai ocorrendo progressivamente na árvore brônquica, a quantidade de cartilagem hialina vai diminuindo até chegar nos bronquíolos, que têm uma parede não cartilaginosa. Por outro lado, a quantidade de músculo liso, que está presente de forma contínua ao redor de todo o brônquio, vai aumentando à medida em que a quantidade de cartilagem diminui. Além disso, a membrana mucosa passa por uma transição, de epitélio colunar pseudoestratificado ciliado para epitélio cúbico simples e depois para epitélio escamoso simples.
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Notas clínicas
Asma
A causa mais comum de comprometimento respiratório a nível brônquico é a asma, que corresponde a uma hiperreatividade dos brônquios a um componente inflamatório, tais como alérgenos. Os brônquios se contraem em resposta à inflamação causando cansaço, dificuldade respiratória e, por fim, resultando na redução da quantidade de oxigênio disponível para os processos celulares.
Alguns pacientes são descritos como “pink puffers” (“sopradores rosados”) devido ao esforço que fazem para respirar quantidades suficientes de ar. Dispositivos conhecidos como inaladores podem ajudar a aliviar os sintomas da asma. Esses inaladores contém um broncodilatador, que ajuda a relaxar os brônquios contraídos, permitindo assim a expansão das vias aéreas e um maior fluxo de ar. O salbutamol é um agonista β2-adrenérgico de curta duração que é comumente usado para promover uma broncodilatação rápida e eficaz.
Aspiração
- Posição sentada/de pé - Como o brônquio principal direito é mais largo, mais curto e mais verticalizado, quando adultos aspiram na posição ortostática há uma chance maior de obstrução do brônquio principal direito em relação ao esquerdo (que se origina da traqueia num ângulo mais agudo). Uma forma fácil de se lembrar disso é utilizando a frase “deglutição malfeita desce pra direita”. Os pacientes que aspiram quando estão de pé podem ter infiltrados bilaterais nos lobos pulmonares inferiores. No entanto, isso pode não ocorrer nas crianças. Dependendo da idade, o tronco brônquico esquerdo pode ter um tamanho semelhante ao tronco brônquico direito. Além disso, o brônquio esquerdo pode não se originar num ângulo tão agudo quanto nos adultos. Logo, o risco de aspiração para o brônquio direito pode não ser tão maior assim. De forma geral, dois terços dos objetos aspirados se alojam em um dos principais troncos brônquicos, em vez dos brônquios mais distais, e são aspirados para a região do lobo inferior direito.
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Posição supina - A aspiração em decúbito dorsal (posição supina) geralmente causa obstrução no segmento superior do lobo inferior direito.
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Deitado do lado direito - Se o paciente estiver nessa posição quando aspirar, a obstrução geralmente será no lobo médio direito ou no segmento posterior do lobo superior direito.
- Tubo endotraqueal - Se um tubo endotraqueal for inserido muito para baixo na traqueia, ele poderá se posicionar no brônquio principal direito. Isso permitirá a ventilação do pulmão direito, mas não do esquerdo.
Bronquite
Bronquite pode ser definida como uma inflamação dos brônquios, uma condição que pode ser aguda ou crônica. A bronquite aguda geralmente é causada por infecções virais ou bacterianas. Já os pacientes com bronquite crônica geralmente apresentam também doença obstrutiva pulmonar crônica (DPOC), que está associada ao tabagismo e a exposição prolongada a agentes irritantes. No enfisema pulmonar, que ocorre no DPOC, os alvéolos estão danificados ou até destruídos, o que reduz a área de superfície para a troca gasosa nos pulmões.
Produção de surfactante
Surfactante é uma fosfolipoproteína produzida e distribuída pelas células alveolares tipo II (pneumócitos tipo II). Após a sua produção, o surfactante é absorvido pelas células alveolares tipo I. O principal componente lipídico do surfactante é o dipalmitoilfosfatidilcolina (DPPC), que reduz a tensão superficial dentro do alvéolo, evitando o colapso alveolar durante a expiração e facilitando, assim, a expansão pulmonar.
Em recém-nascidos prematuros, os pulmões imaturos podem não conseguir produzir quantidades suficientes de surfactante, levando a problemas respiratórios. Diante da ameaça de um parto prematuro, a relação lecitina/esfingomielina (“relação L/E”) no líquido amniótico pode ajudar a determinar o grau de maturação pulmonar do feto e o risco de síndrome do desconforto respiratório do recém-nascido (SDR). Uma relação L/E < 2,0 indica que os pulmões fetais podem ser deficientes de surfactante, aumentando o risco de SDR após o nascimento. Uma outra razão utilizada é a razão surfactante/albumina (“razão S/A”), na qual uma razão menor do que 35 indica imaturidade pulmonar; níveis entre 35 e 55 podem ser considerados indeterminados; e uma razão maior do que 55 indica produção suficiente de surfactante e maturidade pulmonar (se correlaciona com uma razão L/E ≥ 2.2).
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