Placenta
A placenta é uma estrutura encontrada dentro do útero durante a gestação, e é o ponto de encontro dos sistemas circulatórios materno e fetal. Ela é composta por duas partes: uma parte materna, chamada de decídua basal, e uma parte fetal, formada pelas vilosidades coriônicas.
A principal função da placenta é permitir trocas metabólicas entre a mãe e o feto. Mais especificamente, ela fornece nutrientes e oxigênio ao feto e remove as resíduos metabólicos e o dióxido de carbono.
Neste artigo, vamos explorar a anatomia e a função da placenta.
Definição | Estrutura discoide que se desenvolve no útero durante a gestação e permite a troca metabólica entre a mãe e o feto |
Partes |
Parte fetal: vilosidades coriônicas Parte materna: decídua basal |
Superfícies |
Superfície fetal (placa coriônica) com cordão umbilical Superfície materna (placa basal) |
Funções |
Trocas gasosas, nutrição e excreção fetais Proteção fetal e imunidade Produção hormonal (função endócrina) |
Anatomia
A placenta é um órgão discoide com peso de aproximadamente 450 a 500 gramas na gestação a termo, sendo sua espessura proporcional à idade gestacional. Ela geralmente se localiza na parede anterior ou na parede posterior do útero, e pode se expandir para a parede lateral ao longo da gestação.
Estrutura
A placenta é formada por duas superfícies diferentes: a superfície fetal (placa coriônica) e a superfície materna (placa basal).
Superfície fetal da placenta
A superfície fetal da placenta (placa coriônica) é coberta pela membrana amniótica, responsável pela aparência brilhante de sua superfície. A membrana amniótica secreta o líquido amniótico, que serve como uma proteção fetal e facilita as trocas entre a mãe e o feto.
Abaixo da membrana amniótica está o córion, uma membrana mais espessa, contínua com o revestimento da parede uterina. No córion encontramos os vasos coriônicos, que são contínuos com os vasos do cordão umbilical. Durante os primeiros estágios do desenvolvimento da placenta, todo o córion é coberto pelas vilosidades coriônicas. As vilosidades adjacentes à decídua capsular (porção da decídua que reveste o embrião) se degeneram para formar o córion liso. As vilosidades adjacentes à decídua basal persistem, aumentam de tamanho e formam o córion frondoso, que é a parte fetal da placenta. As vilosidades coriônicas da placenta completamente desenvolvida contêm uma rede de capilares fetais que permite uma máxima área de contato com o sangue materno. As trocas entre as circulações do feto e da mãe ocorrem no espaço interviloso.
O cordão umbilical é uma conexão entre a placenta e o feto, e se insere em uma posição ligeiramente excêntrica na placa coriônica. Ele possui uma veia, a veia umbilical, que transporta nutrientes e oxigênio da placenta até o feto, e duas artérias, as artérias umbilicais, que transportam os resíduos metabólicos do feto de volta para a placenta.
Superfície materna da placenta
A superfície materna da placenta, ou placa basal, é uma superfície artificial, que é vista após a separação da placenta da parede uterina no parto. Esta superfície é formada pela decídua, o endométrio modificado que se forma durante a preparação para a gravidez. A decídua tem três partes:
- Decídua basal - forma parte da placenta
- Decídua capsular - reveste o embrião
- Decídua parietal - o restante do tecido decidual
Na superfície materna da placenta existem cerca de 10 a 40 regiões ligeiramente elevadas, os lobos ou cotilédones, que são separados por sulcos. Dentro da placenta, os sulcos correspondem aos septos placentários. Cada cotilédone visível na superfície materna corresponde a posição das árvores vilosas que se originam da placa coriônica.
Desenvolvimento
O desenvolvimento placentário ocorre logo após a implantação do embrião no útero. O blastocisto se fixa ao epitélio endometrial e as células trofoblásticas se diferenciam em duas camadas: o citotrofoblasto (camada interna) e o sinciciotrofoblasto (camada externa).
As células do sinciciotrofoblasto se fundem, formando uma massa celular multinucleada que produz enzimas responsáveis por digerir parte da camada endometrial, formando lacunas. As células do citotrofoblasto ocupam essas lacunas, formando as vilosidades primárias.
O mesoderma extraembrionário se desenvolve em direção às vilosidades primárias, transformando-as em vilosidades secundárias. A partir da formação dos vasos sanguíneos, elas passam a ser chamadas de vilosidades terciárias.
As vilosidades terciárias se conectam com os vasos embrionários originados do alantoide, formando a circulação fetal. Os vasos fetais se desenvolvem em íntimo contato com os vasos endometriais, permitindo as trocas materno-fetais e dando origem à placenta.
Função
A placenta é um tecido especializado, responsável por fornecer nutrição e oxigênio ao feto, bem como por remover os resíduos metabólicos e o dióxido de carbono gerados por ele. Ela também é responsável por criar uma separação entre as circulações materna e fetal, que é conhecida como barreira placentária. Além disso, a placenta protege o feto de infecções e de outras doenças maternas, enquanto ajuda no desenvolvimento do sistema imune fetal. Este órgão possui ainda função endócrina, já que secreta hormônios como a gonadotrofina coriônica, que age na gestação, no metabolismo, no crescimento fetal e no parto.
Notas clínicas
Placenta bilobada
A placenta bilobada é uma variação anatômica na qual este órgão é separado em dois lobos de tamanhos semelhantes, ocorrendo em cerca de 4% das gestações. Ela pode estar associada a algumas complicações, como sangramento no primeiro trimestre.
Placenta prévia
Além das anormalidades do seu desenvolvimento, a placenta também pode ser acometida por outras desordens. Um exemplo é uma condição chamada de placenta prévia, na qual a implantação da placenta ocorre sobre o óstio do colo uterino. Esta condição geralmente provoca sangramento vaginal indolor durante o terceiro trimestre. Nos casos de placenta prévia, a mãe e o feto precisam ser cuidadosamente monitorados, e o parto geralmente é feito por cesária.
Placenta acreta
A placenta acreta, ou acretismo placentário, ocorre devido a uma fixação muito intensa entre a placenta e o útero, dificultando a expulsão do órgão após o parto. Esta condição é mais comum em mulheres acima de 35 anos, com histórico de cesáreas prévias, com miomas ou, principalmente, com placenta prévia. O diagnóstico pode ser feito durante a gestação, por ultrassonografia. A placenta acreta é uma causa importante de hemorragia pós-parto e, em alguns casos, é necessária a realização de histerectomia, a retirada cirúrgica do útero, para tratar a condição.
Descolamento de placenta
O descolamento da placenta ocorre quando há uma separação prematura entre a placenta e a parede uterina após 20 semanas de gestação. Esta condição causa sangramento vaginal e fortes cólicas, e ameaça a saúde materna e fetal. O tratamento depende da evolução da gestação, podendo ser feito com monitoramento cuidadoso da gestante e do feto ou com antecipação do parto.
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