Videoaula: Anatomia do dente
Você está assistindo uma prévia. Torne-se Premium para acessar o vídeo completo: Estrutura e relações anatômicas do dente.
Unidade de estudos relacionada
Artigos relacionados
Transcrição
Olá a todos, e sejam muito bem-vindos à nossa videoaula sobre a anatomia do dente. Nós vamos começar falando o motivo pelo qual temos uma videoaula dedicada à anatomia do dente, e em seguida veremos o ...
Leia maisOlá a todos, e sejam muito bem-vindos à nossa videoaula sobre a anatomia do dente. Nós vamos começar falando o motivo pelo qual temos uma videoaula dedicada à anatomia do dente, e em seguida veremos o que vamos abordar hoje.
O conhecimento da anatomia do dente é obviamente importante para ajudar a manter uma boa saúde bucal. Mas embora seja importante principalmente para os dentistas, também é um assunto que todo médico ou profissional de saúde deve conhecer. Eu sei que em muitas faculdades esse assunto pode ser pouco abordado, então esta videoaula vai ajudar a esclarecer algumas dúvidas. Vamos usar esta imagem do dente para falar sobre suas diferentes partes e estruturas, incluindo as estruturas periodontais responsáveis pela sua sustentação. Mas, antes de começarmos, vamos conversar um pouco sobre o desenvolvimento e a função do dente.
Um dente é uma pequena estrutura calcificada localizada na arcada dentária. O tipo de tecido que forma o dente é encontrado somente na cavidade oral, e é limitado às estruturas dentárias. A principal função do dente é quebrar os alimentos em pedaços menores em um processo conhecido como digestão mecânica. Assim, o dente é considerado parte do sistema digestivo.
Os seres humanos são difiodontes, o que significa que eles desenvolvem dois conjuntos de dentes, ou seja, duas dentições, ao longo da vida. A primeira dentição é conhecida como dentição decídua, enquanto a segunda é conhecida como dentição permanente. A dentição decídua é composta por 20 dentes, enquanto a dentição permanente tem, geralmente, em torno de 32 dentes, às vezes menos.
A dentição decídua costuma estar completa até os três anos de idade, e aos seis anos iniciamos um processo conhecido como esfoliação, que é quando nossos dentes decíduos caem e são substituídos pelos dentes permanentes. A erupção dos dentes permanentes, que é quando eles se tornam visíveis na boca, se completa por volta dos 18 a 21 anos. Existem muitos tipos diferentes de dentes, mas vamos falar disso em uma outra videoaula.
Agora vamos falar sobre as diferentes partes do dente. A primeira parte que vemos aqui é a coroa, destacada em verde. E provavelmente é um bom momento para falar que esta imagem é de um dente molar, que é um tipo de dente localizado nas partes mais posteriores da boca. Os outros tipos de dentes são os pré-molares, os caninos e os incisivos. E como você provavelmente já notou na sua própria boca, esses outros dentes têm formatos um pouco diferentes, de acordo com suas funções, que são principalmente cortar e triturar alimentos. Aqui, podemos ver que o dente molar é grande e tem formato plano, sendo usado principalmente para moer o alimento.
A maior parte da coroa é composta de dentina, que é um tipo de tecido calcificado do nosso corpo. A cavidade pulpar fica contida no seu interior. Agora você pode ver uma seta apontando para a dentina na imagem. Ela é uma camada de coloração bege abaixo do esmalte, ao redor da câmara pulpar. Uma coisa importante para lembrar aqui é que antes do dente sofrer erupção, a coroa fica contida no osso, mas após a erupção, a coroa é quase sempre visível. Os dentistas separam a coroa em dois tipos – uma coroa anatômica, que é a parte do dente coberta por esmalte, e uma coroa clínica, que é toda a parte do dente visível acima da linha da gengiva, destacada agora na imagem.
Então, como acabei de mencionar, a coroa é coberta por um tecido duro e translúcido chamado de esmalte, que é essa estrutura verde aqui. O esmalte é a substância mais dura do corpo humano e é formado principalmente por um mineral chamado de hidroxiapatita, que é composto por uma mistura de cálcio e fósforo. Esse mineral constitui cerca de 95% da composição do esmalte dentário. A cor do esmalte pode variar de amarelo claro a branco.
E agora podemos ver a imagem do nosso dente com a sua raiz destacada. A raiz é a parte inferior do dente, que se insere no osso subjacente para ancorar esse dente em sua posição. Um dente pode ter de uma a quatro raízes, ocasionalmente até cinco, mas nessa imagem podemos ver só duas – esta raiz aqui e esta outra aqui, atrás da gengiva.
A raiz do dente é coberta por uma substância calcificada que chamamos de cemento. O cemento é histologicamente diferente do esmalte, mas atua como seu equivalente abaixo da linha da gengiva. Como podemos ver aqui, o cemento cobre toda a raiz do dente. O ponto de encontro entre o esmalte e o cemento é conhecido como junção cemento-esmalte, que podemos ver bem aqui. E, assim como o esmalte, o cemento contém grande quantidade de hidroxiapatita, cerca de 65%.
A coroa e a raiz do dente se encontram em um ponto importante conhecido como colo do dente, que também é chamado de margem cervical. Sua importância se deve ao fato de ser utilizado como um marco para ortodontistas e cirurgiões quando analisam o movimento do dente.
Então, como mencionamos anteriormente, imediatamente abaixo do esmalte e do cemento existe este outro tecido que é conhecido como dentina. E, assim como o esmalte e o cemento, ela também é composta principalmente por hidroxiapatita, formando cerca de 70% da sua estrutura. É importante observar aqui que a cor da dentina é amarela, e ela contribui significativamente para a cor dos nossos dentes, pois o esmalte acima dela é translúcido. A principal função da dentina é dar sustentação ao esmalte e adicionar outra camada de sustentação ao dente. O esmalte e a dentina devem estar intactos para que o dente permaneça vivo e saudável, pois se uma bactéria entrar na cavidade pulpar, o dano é irreversível. E é importante observar também que a dentina é mais macia que o esmalte, mas é mais dura que o cemento.
Agora vamos à nossa imagem da cavidade pulpar, também conhecida como câmara pulpar. Como podemos ver, abaixo da dentina há um espaço oco que contém nervos, vasos sanguíneos e tecido conjuntivo. Esse amplo espaço é chamado de cavidade pulpar. A forma da cavidade pulpar corresponde à forma geral do dente e, portanto, cada dente tem uma cavidade pulpar de formato diferente.
Nesta imagem podemos ver a cavidade pulpar continuando para o interior da raiz do dente como um canal oco. Esse canal é conhecido como canal radicular, e é um espaço anatômico que conduz vasos sanguíneos e nervos para os dentes. E eu tenho certeza que todos vocês já ouviram falar sobre ter que ir ao dentista para fazer um tratamento de canal, que pode ser bem doloroso. Bem, a razão pela qual isso é tão doloroso é porque, nessas situações, o esmalte se encontra desgastado, seja por causa de alguma cárie ou até uma fratura, e isso permite que bactérias entrem e gerem inflamação e infecção não apenas na cavidade pulpar, com seus nervos e vasos sanguíneos, mas também no canal radicular. E se esta infecção não for tratada, ela pode causar um abscesso aqui na raiz do dente, e isso é extremamente doloroso. O número de canais radiculares dentro de um dente depende do número de raízes, já que geralmente há um canal radicular para cada raiz. E, como podemos ver nesta imagem, temos um único canal radicular, descendo por uma única raiz.
Tanto a cavidade pulpar quanto o canal radicular contêm polpa dentária, que é um dos quatro principais componentes do dente, juntamente com esmalte, o cemento e a dentina, que mencionamos antes. E essa polpa dentária tem uma característica especial, pois ela também contém odontoblastos, que são células responsáveis pela produção de dentina.
Agora vamos falar um pouco sobre a vascularização do dente. Nós já vimos mais cedo como os vasos sanguíneos e os nervos chegam até a cavidade pulpar através do canal radicular. Então, nesse slide, vamos falar sobre as artérias responsáveis por esta irrigação dos dentes, as chamadas artérias alveolares ou artérias dentais. Podemos vê-las destacadas em verde neste slide. Essas artérias são ramos da artéria maxilar, que por sua vez é um ramo da artéria carótida externa.
Vamos dar uma olhada nesse esquema aqui. Então, a artéria carótida externa dá origem à artéria maxilar, que então dá origem às artérias alveolares ou artérias dentais. E, para complicar um pouco mais, os dentes superiores são irrigados por duas artérias alveolares superiores, chamadas de artérias alveolares superiores anterior e posterior, e os dentes inferiores são irrigados pela artéria alveolar inferior. Mas lembre-se que todas essas artérias são ramos da artéria maxilar.
Na cavidade pulpar e no canal radicular, além das artérias temos, é claro, as veias dentais, destacadas em verde neste slide. E, de modo geral, as veias dentais superiores e inferiores seguem as artérias correspondentes. Ou seja, as veias dentais superiores drenam os dentes superiores, e as veias dentais inferiores drenam os dentes inferiores. Todas essas veias drenam para o plexo pterigóideo ou para a veia facial.
E não podemos esquecer dos que passam pelos canais radiculares, os ramos dentais dos nervos alveolares, que você pode ver agora destacados em verde. Todos os nossos dentes são inervados por ramos do nervo trigêmeo, o quinto nervo craniano. E, mais uma vez, se dermos uma olhada no nosso esquema aqui, podemos ver que os dentes superiores são inervados pelos ramos alveolares superiores. Portanto, temos o nervo trigêmeo, que dá origem ao nervo maxilar, que por sua vez dá origem aos nervos alveolares superiores, que inervam os dentes superiores através dos seus ramos dentais. Por sua vez, os dentes inferiores são inervados pelo nervo alveolar inferior. Novamente, o nervo trigêmeo dá origem ao nervo mandibular, que dá origem ao nervo alveolar inferior, que inerva os dentes inferiores através de seus ramos dentais.
E agora, depois de toda essa ramificação, vamos conversar um pouco sobre uma parte bem pequena do dente – o forame apical. O forame apical é essa pequena abertura destacada aqui em verde. Ele é importante porque todos os vasos e nervos do dente entram ou saem do dente através desta pequena abertura na raiz. Ele também representa a junção entre a polpa e o tecido periodontal, composto por estruturas que sustentam o dente, que é o assunto sobre o qual nós vamos falar nos próximos slides.
Vou fazer uma pequena pausa aqui para te agradecer por ter ficado comigo até agora. Espero que você esteja gostando da nossa videoaula sobre o dente. Então, aqui estamos com a nossa imagem, com a gengiva destacada em um verde mais brilhante. A gengiva é formada por tecidos periodontais especializados da mucosa oral que circundam o dente, selando-o na cavidade oral. Ela está fixa ao osso subjacente, como podemos ver nesta imagem.
Vamos dar uma olhada em algumas imagens de diferentes partes da gengiva e onde elas se inserem. Nesta primeira imagem, podemos ver a gengiva alveolar, que é a parte da gengiva que se fixa aos dentes. E, como podemos ver, essas são as áreas que se aderem diretamente aos dentes, aqui e aqui. Temos também a gengiva marginal, que é uma área onde a gengiva está livre e não fixada aos dentes, como podemos ver nesta pequena parte destacada aqui entre os dentes. Por isso ela também pode ser chamada de gengiva livre, ou parte livre da gengiva.
A gengiva é formada por um epitélio escamoso estratificado não queratinizado e pela lâmina própria subjacente, mostrada aqui em verde. Juntos, o epitélio e a lâmina própria são chamados de mucosa, ou seja, pode-se considerar que a gengiva também é um tecido mucoso. A lâmina própria da gengiva se insere no osso subjacente, também chamado de osso alveolar, que pode ser a maxila ou a mandíbula, como pode ser visto aqui.
Agora, olhando para esta imagem, podemos ver a papila interdental, também chamada de papila gengival, que é a parte da gengiva que preenche o espaço entre os dentes. A função da papila interdental é prevenir a impactação de alimentos. Podemos ver uma papila interdental aqui destacada em verde, nesta pequena área entre os dois molares.
A última estrutura que vamos ver fora dos tecidos periodontais é o ligamento periodontal, que conecta o dente ao osso alveolar subjacente e funciona como uma estrutura de sustentação. Sua função é auxiliar no processo de erupção dentária, bem como fornecer informações sensoriais sobre a posição do dente.
Mais uma vez obrigado por ficar comigo por tanto tempo, mas fique tranquilo que agora já estamos no nosso último slide. Então, para finalizar esta videoaula, vamos dar uma olhada em algumas notas clínicas que são relevantes em relação ao dente. Entender sobre traumas agudos dos dentes é muito útil no departamento de emergência, pois algumas vezes você pode se deparar com pacientes com lesões agudas ou doenças nos dentes. Você provavelmente está se perguntando que tipo de queixa pode chegar no departamento de emergência, considerando que são apenas dentes. O que você provavelmente verá com maior frequência são as fraturas dos dentes, que podem ser classificadas em categorias usando o sistema de classificação de Ellis. A classificação de Ellis leva em consideração o tipo e a extensão da lesão, como por exemplo se acomete alguma estrutura subjacente ou se é apenas uma lesão superficial. E, embora ela classifique as lesões em nove tipos, hoje nós vamos falar de apenas três. As fraturas Ellis tipo I são fraturas da coroa que envolvem o esmalte; as fraturas tipo II envolvem o esmalte e a dentina; e as fraturas tipo III envolvem o esmalte, a dentina e a polpa dentária. Quando a polpa é exposta, ela pode infeccionar, causando o que conhecemos como pulpite.
Existem também doenças que podem afetar as estruturas periodontais e são chamadas de doenças periodontais. A doença periodontal mais comum é a inflamação da gengiva, conhecida como gengivite, causada por biofilmes bacterianos que também são conhecidos como placas. A gengivite geralmente é reversível mas, se não for controlada, pode levar à periodontite, que por sua vez pode levar à perda do dente.
E isso conclui nossa videoaula sobre a anatomia do dente. Obrigado por assistir, espero que vocês tenham gostado, e até a próxima!