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Ausculta cardíaca

Coração in situ observado a partir de uma vista anterior.
Coração (vista anterior)

A ausculta cardíaca é um importante aspecto a ser avaliado em um exame físico de um paciente. O termo ausculta tem como base o verbo em latim “auscultare”, que significa escutar. Muitas vezes, os sinais vitais de um paciente, juntamente com detalhes importantes sobre a pressão arterial e os sons cardíacos ouvidos pela ausculta, podem ser suficientes para levar a um diagnóstico (sempre considerando o histórico médico e outras comorbidades).

A ausculta geralmente é realizada usando um estetoscópio, embora sopros cardíacos mais altos e algumas anormalidades vasculares possam às vezes ser audíveis sem o auxílio desse instrumento. A ausculta do coração auxilia na avaliação da frequência e ritmo cardíacos, da condição das valvas, bem como na identificação de possíveis anormalidades anatômicas, como defeitos congênitos ou de condições crônicas subjacentes.

Conteúdo
  1. Focos de ausculta
  2. Ausculta cardíaca
  3. Sopros cardíacos
    1. Características
    2. Efeitos da respiração
    3. Manobras
  4. Referências
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Focos de ausculta

Espaços intercostais (vista anterior)

A ausculta cardíaca é realizada utilizando como referência quatro pontos na superfície torácica, chamados de focos. Cada um desses focos está relacionado a uma das valvas cardíacas:

  • o foco aórtico está localizado no segundo espaço intercostal direito, junto à borda lateral direita do esterno.
  • o foco pulmonar encontra-se no segundo espaço intercostal esquerdo, junto à borda esquerda do esterno.
  • o foco tricúspide situa-se no quarto espaço intercostal esquerdo, junto à borda lateral esquerda do esterno.
  • o foco mitral está localizado no quinto espaço intercostal esquerdo, ao longo da linha hemiclavicular.

Existe ainda um foco aórtico acessório, que em alguns indivíduos permite uma melhor ausculta dos sons relacionados à valva aórtica. Ele está localizado no terceiro espaço intercostal esquerdo, junto à borda lateral esquerda do esterno.

Para mais informações sobre a anatomia do coração e das valvas cardíacas, confira as unidades de estudo abaixo:

Ausculta cardíaca

Um estetoscópio é usado para ausculta do coração, e seu receptor pode possuir um ou dois diafragmas que permitem a captação de sons de baixa frequência (campânula) e de alta frequência (diafragma). Alguns estetoscópios têm uma cabeça giratória, onde a campânula é a extremidade menor e o diafragma é a extremidade maior. Para estetoscópios com diafragmas que permitem frequências duplas, o modo de baixa frequência pode ser acessado apoiando levemente a peça torácica/receptor no paciente. Quando a membrana do diafragma é suspensa, a membrana ressoa os sons de baixa frequência. Para usar o modo diafragma (alta frequência), uma pressão de contato firme é usada para pressionar a peça torácica no paciente, de modo que o movimento da membrana do diafragma seja restrito. Dessa forma, os sons de frequência mais baixa são bloqueados ou atenuados, o que permite que os sons de frequência mais alta sejam ouvidos.

Valva tricúspide (vista superior)

Para avaliar os sons cardíacos, estudamos a frequência, o tipo e o ritmo do ruído auscultado, bem como quaisquer sons anormais ou adicionais, como arritmias, sopros ou outros. A cada batimento do coração, ouvem-se dois ruídos. Esses ruídos representam as valvas atrioventriculares (mitral e tricúspide) se fechando durante a sístole (B1), seguidos pelo fechamento das valvas cardíacas aórtica e pulmonar durante a diástole (B2). A bulha B1 é melhor ouvida na área mitral, e a bulha B2 é melhor ouvida na borda esternal superior esquerda. Sons adicionais são conhecidos como bulhas acessórias, e são chamados B3 e B4.
Uma bulha B3 é ouvida na fase diastólica inicial durante o enchimento ventricular rápido, e está associada a um aumento das pressões de enchimento (por exemplo, devido a uma insuficiência cardíaca ou regurgitação mitral) ou a dilatação ventricular. A bulha B4 é ouvida na fase diastólica tardia, quando o átrio esquerdo deve propelir o sangue contra uma parede ventricular esquerda rígida. A bulha B4 está, portanto, associada à hipertrofia ventricular.

Aprenda mais sobre as patologias das valvas cardíacas aqui.

Sopros cardíacos

Características

Valva mitral (vista lateral esquerda)

Os sopros cardíacos podem ser descritos por sua duração, frequência, forma e timbre, e podem ser acentuados pela respiração e posições do paciente, ou por manobras à beira do leito.

  • A duração descreve a fase da sístole ou diástole em que o sopro ocorre, e quanto tempo ele dura. Um sopro que se estende por toda a duração da sístole seria chamado de holossistólico ou pansistólico. Podem também ser classificados como proto, meso e telessistólico ou diastólico, de acordo com o momento que acontecem.
  • A frequência de um sopro descreve a frequência do som como alta, média ou baixa. O diafragma do estetoscópio é usado para identificar sons de frequência média e alta, e a campânula é usada para os sons de frequência baixa.
  • Um sopro também pode ser descrito pela forma do som, similar à intensidade e suavidade das notas em uma peça musical. Classificações comuns incluem “crescente”, “decrescente” e crescente-decrescente.
  • Finalmente, o sopro pode ser descrito por seu timbre. Essa descrição inclui categorizações como áspero/rude, suave, estrondoso, clique, agudo ou surdo. Esses timbres muitas vezes podem oferecer informações sobre o estado de uma valva cardíaca. Por exemplo, um som de suave é frequentemente ouvido durante a regurgitação valvar, quando há refluxo regurgitante através de uma valva fechada. Um som de clique é frequentemente ouvido quando uma valva está rígida e estenótica, quando após o sangue ser empurrado contra a valva afetada com pressão suficiente, ela irá "estalar" e se abrir com um "clique" (ou som de ejeção). Nesses casos, o sangue cursando através da valva cria então um som "estrondoso" devido à força de pressão necessária para causar abertura da valva enrijecida.

Efeitos da respiração

Geralmente, os sons de sopro que aumentam com a expiração se originam do lado esquerdo do coração (valvas aórtica ou mitral), enquanto os sopros que aumentam de intensidade com a inspiração se originam do lado direito do coração (valvas tricúspide ou pulmonar).

De forma resumida, a inspiração intensifica os sons cardíacos do lado direito, e a expiração intensifica os sons cardíacos do lado esquerdo. O mecanismo que explica esses fenômenos está descrito abaixo:

Átrio direito (visão posterior)
    • Durante a inspiração, há uma pressão intratorácica negativa que puxa o sangue venoso do corpo para o coração. O aumento do retorno venoso resulta em aumento do enchimento do ventrículo direito (VD). Além disso, a inspiração também reduz a pressão atrial direita. Simultaneamente, durante a inspiração, os pulmões estão se expandindo, o que faz com que o volume sanguíneo pulmonar aumente, resultando, portanto, na diminuição do fluxo sanguíneo dos pulmões para o átrio esquerdo. Isso significa que os sons cardíacos e sopros do lado direito terão sua intensidade aumentada, enquanto os sons cardíacos e sopros do lado esquerdo terão sua intensidade diminuída durante a inspiração.
    • Átrio esquerdo (visão posterior)
      Durante a expiração, o oposto acontece: a pressão intratorácica aumenta conforme o retorno venoso diminui. A pressão atrial direita também aumenta durante a expiração. Esses processos resultam em diminuição da pré-carga para o lado direito do coração. Com a expiração, os pulmões são esvaziados, e mais sangue flui dos pulmões para o átrio esquerdo, aumentando a pré-carga do lado esquerdo do coração. Portanto, durante a expiração, os sons cardíacos e sopros do lado esquerdo terão maior intensidade do que os do lado direito.

    Manobras

    Algumas manobras podem ser usadas para acentuar sons cardíacos e sopros para melhor identificação e classificação. Essas manobras podem ser agrupadas em 4 grupos com base em mecanismos fisiológicos:

    1. Manobras que aumentam a pré-carga
    2. Manobras que diminuem a pré-carga
    3. Manobras que aumentam a pós-carga
    4. Manobras que diminuem a pós-carga
    • Manobras que aumentam a pré-carga: agachamento, elevação passiva das pernas, levar o joelho ao peito.

    Mecanismo: O aumento da pré-carga resulta em mais sangue disponível ser bombeado pelo coração bombear através das valvas. Com o aumento do retorno venoso, haverá mais fluxo sanguíneo no lado direito do coração. Em geral, a intensidade da maioria dos sopros aumentará. Algumas patologias podem causar efeitos fisiológicos semelhantes, como estenose mitral, estenose aórtica, regurgitação mitral, regurgitação aórtica, defeito do septo ventricular). Vale mencionar ainda que há medicamentos que causam bradicardia ou expansão do volume intravascular (por exemplo, betabloqueadores), que resultam no mesmo efeito.

    • Manobras que diminuem a pré-carga: Valsalva (fase II) e ortostatismo

    Mecanismo: Oposto ao explicado para o aumento da pré-carga. A intensidade da maioria dos sopros diminuirá.

    • Manobras que aumentam a pós-carga: preensão da mão.

    Mecanismo: A preensão da mão aumenta a resistência periférica total, semelhante à compressão das artérias do braço, o que aumenta a pós-carga. Ao contrário do que ocorre com a manobra de agachamento, a preensão da mão não resulta em aumento do retorno venoso, já que o fluxo sanguíneo envolvido é menor. A pós-carga aumentada tornará mais difícil o fluxo sanguíneo anterógrado a partir do ventrículo esquerdo em direção à aorta e, portanto, haverá aumento do volume de sangue no ventrículo esquerdo. Como resultado, a redução do fluxo sanguíneo significa uma diminuição na intensidade dos sopros de fluxo direto (por exemplo, sopros relacionados à estenose aórtica), enquanto a intensidade dos sopros de fluxo regurgitante ou retrógrado aumenta (por exemplo, sopros da regurgitação mitral, regurgitação aórtica, defeito do septo ventricular).

    • Manobras que diminuem a pós-carga: inalação de nitrato de amila.

    Mecanismo: O nitrato de amila tem propriedades vasodilatadoras semelhantes à nitroglicerina. No entanto, enquanto a nitroglicerina é um venodilatador potente, o nitrato de amila atua como um dilatador potente de artérias e arteríolas. Portanto, o principal efeito do nitrato de amila é uma diminuição na pós-carga, que depende das artérias. A dilatação de grandes artérias resulta em uma diminuição na resistência periférica total que então diminui a pós-carga e, finalmente, permite um aumento no fluxo sanguíneo anterógrado no lado esquerdo do coração. Vale a pena mencionar que as manobras que afetam a pós-carga não afetam o enchimento ventricular durante a diástole.

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    Kim Bengochea Kim Bengochea, Universidade de Regis, Denver
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