Glândulas sudoríparas
As glândulas sudoríparas são glândulas exócrinas distribuídas pela superfície do corpo. Seu nome deriva do latim “sudor”, que significa suor. Existem dois tipos de glândulas sudoríparas:
- As glândulas sudoríparas écrinas, encontradas ao longo de todo corpo, que secretam um produto aquoso que resfria a pele.
- As glândulas sudoríparas apócrinas, mais comumente encontradas nas axilas e na região perianal, que secretam um produto mais viscoso e odorífero.
Existem várias diferenças histológicas entre esses dois tipos glandulares, mas eles compartilham uma estrutura geral em comum: possuem segmentos secretores e segmentos ductais (excretores).
Neste artigo vamos abordar a histologia e as funções das glândulas sudoríparas.
Definiação | Glândulas exócrinas que produzem suor e secreções, localizadas na derme/camadas subcutâneas da pele |
Tipos |
Glândulas sudoríparas écrinas Glândulas sudoríparas apócrinas |
Glândulas écrinas | Glândulas simples, em formato enovelado, cuja excreção aquosa atua na termorregulação ao evaporar da superfície da pele |
Glândulas apócrinas | Glândulas simples, com formato tubular, cuja excreção contribui para o odor corporal |
- Estrutura básica
- Glândulas sudoríparas écrinas
- Glândulas sudoríparas apócrinas
- Notas clínicas
- Referências
Estrutura básica
Em geral, as glândulas sudoríparas tendem a possuir uma unidade secretora, que está localizada na derme profunda ou no tecido subcutâneo, e um ducto que continua da unidade secretora em direção à superfície da pele, através do qual passa o suor ou o produto secretado.
As unidades secretoras das glândulas sudoríparas são cercadas por células mioepiteliais contráteis que atuam para ajudar a secretar o produto da glândula. A contração dessas células é controlada por hormônios ou pela ação nervosa.
As glândulas sudoríparas se abrem na superfície da pele ou, no caso das glândulas sudoríparas apócrinas, nos folículos pilosos. A parte da glândula que se abre para a pele ou folículo piloso é conhecida como acrossiríngeo. Embora as glândulas sudoríparas compartilhem uma estrutura básica comum, as glândulas sudoríparas apócrinas e écrinas têm muitas diferenças, que serão descritas no restante deste artigo.
Glândulas sudoríparas écrinas
As glândulas écrinas são glândulas simples, de formato enovelado, cuja principal função é auxiliar na regulação da temperatura corporal. Elas secretam uma solução hipotônica, o suor, cuja evaporação ajuda a resfriar o corpo. No processo de produção do suor, as glândulas écrinas reabsorvem certa quantidade de sódio e água, por isso o suor é hipotônico. Juntamente com o suor, elas eliminam amônia, uréia, ácido úrico e cloreto de sódio.
Em contraste com as glândulas apócrinas, as glândulas écrinas não estão relacionadas ao folículo piloso, mas existem como estruturas independentes localizadas na pele de todo o corpo, exceto nos lábios e na genitália externa.
As glândulas écrinas possuem dois segmentos: o secretor e o ductal. O segmento secretor encontra-se na derme profunda ou na parte superficial do tecido subcutâneo. O segmento ductal é contínuo com o secretor, e assume formato enovelado em direção à superfície da pele.
Segmento secretor
O segmento secretor consiste em três tipos de células que se encontram na lâmina basal: as células claras, as células escuras e as células mioepiteliais. As células claras e escuras são as células secretoras, enquanto as mioepiteliais são as células contráteis. Dados os diferentes tamanhos das células, o revestimento do segmento secretor assemelha-se ao epitélio pseudoestratificado.
- As células claras contêm grandes quantidades de glicogênio, numerosos retículos endoplasmáticos lisos e mitocôndrias, bem como um pequeno complexo de Golgi. A função dessas células é produzir o componente aquoso dos eletrólitos do suor.
- As células escuras contêm numerosos retículos endoplasmáticos rugosos e um complexo de Golgi bem desenvolvido. Isso ocorre porque eles produzem o componente glicoproteico do suor. Esses componentes estão acondicionados em grânulos secretores que geralmente são encontrados agregados no citoplasma apical.
- As células mioepiteliais são células contráteis, geralmente dispersas entre as células claras e escuras. Elas são preenchidas com filamentos contráteis e sua contração promove rápida excreção de suor.
Segmento ductal
O segmento ductal continua a partir do segmento secretor e segue em direção à superfície da pele. Depois de sair da derme, apresenta trajeto levemente contorcido. Ele é revestido pelo epitélio cúbico estratificado, que possui duas camadas: a camada basal ou periférica, que é profunda, e a camada luminal ou apical, que fica no topo da camada basal. É importante notar que o segmento ductal não contém células mioepiteliais.
As células basais possuem núcleo elipsoide com nucléolo proeminente, além de grande quantidade de ribossomos e mitocôndrias. As células luminais têm núcleo menor que as células basais. Sua característica mais marcante é a presença de uma estrutura vítrea ou hialinizada no seu citoplasma, que representa tonofilamentos acumulados.
Função
As glândulas écrinas são responsáveis pela sudorese termorreguladora. Ou seja, quando a temperatura ambiente está muito alta, essas glândulas liberam suor, que evapora e reduz o calor do corpo. Este tipo de suor fisiológico começa primeiro na pele do couro cabeludo e na fronte, depois no rosto e no resto da pele. As últimas regiões a apresentar sudorese termorreguladora são as palmas das mãos e as plantas dos pés.
Em contraste com a sudorese termorreguladora, também existe a sudorese induzida pelo estresse emocional. Nessa situação, as palmas das mãos, plantas dos pés e axilas são as primeiras regiões a suar.
A estimulação nervosa para a transpiração termorreguladora e de estresse é diferente. O estímulo para a sudorese termorreguladora é colinérgico, enquanto o estímulo para a sudorese de estresse é adrenérgico.
Glândulas sudoríparas apócrinas
As glândulas apócrinas são glândulas sudoríparas tubulares contorcidas associadas aos folículos capilares da pele. Elas são encontradas na pele da axila, aréola, mamilos, pele perianal e pele dos órgãos genitais externos.
As glândulas apócrinas secretam uma substância viscosa e oleosa, de cor amarela e odor acre. Essa secreção é produzida em resposta à decomposição bacteriana. As glândulas sudoríparas apócrinas são controladas por hormônios sexuais e, portanto, só se tornam ativas a partir da puberdade. Em contraste com as glândulas écrinas, não há reabsorção ou qualquer modificação do produto a ser excretado nas glândulas apócrinas.
Assim como as glândulas écrinas, elas também são formadas por um segmento secretor e um segmento ductal.
Segmento secretor
A porção secretora geralmente está localizada na camada superficial do subcutâneo, porém às vezes pode ser encontrada na derme profunda. Existem algumas características histológicas que diferem o segmento secretor das glândulas apócrinas daquele das glândulas écrinas:
- A parte secretora das glândulas apócrinas é muito mais larga que a das glândulas écrinas.
- As glândulas apócrinas armazenam seus produtos no seu lúmen, enquanto, como observamos anteriormente, as glândulas écrinas os armazenam nos grânulos dentro do citoplasma apical de suas células.
O segmento secretor das glândulas apócrinas é revestido por epitélio simples, que consiste em apenas um tipo de célula. Essas células são eosinofílicas e apresentam uma protrusão em sua região apical. Acreditava-se que esta saliência da célula fosse o mecanismo de excreção do produto celular. É por isso que as glândulas levam o nome de apócrinas, derivado da palavra ápice que significa “a ponta”, sugerindo que o pinçamento da ponta é a forma de excreção. No entanto, estudos recentes provaram que isso não é verdade. Em vez disso, as células embalam os seus produtos em pequenos grânulos, que atingem o lúmen através do processo de exocitose. Essa forma de secreção é chamada de secreção merócrina.
As células também são ricas em lisossomos, mitocôndrias e lipofuscina, e apresentam um complexo de Golgi proeminente, especialmente quando a fase de secreção está ativa.
As células mioepiteliais também estão dispersas por todo o revestimento do segmento secretor. Sua função é auxiliar na excreção durante as contrações.
Segmento ductal
O ducto das glândulas apócrinas tem um lúmen estreito e um trajeto relativamente reto em direção ao folículo piloso onde se abre. É revestido por epitélio cúbico estratificado, desprovido de células mioepiteliais.
O epitélio geralmente consiste em 2 a 3 camadas de células. As células da camada luminal, que é a mais superficial, contêm agregação vítrea em seu citoplasma apical, que, semelhante ao das glândulas écrinas, representa a agregação de tonofilamentos.
Funções
A atividade das glândulas apócrinas depende fortemente dos hormônios sexuais. Em outros mamíferos, essas glândulas liberam uma quantidade significativa de feromônios que afetam o odor e a “impressão digital química” de um animal. Considera-se que o odor desempenha um papel importante no emparelhamento sexual e no tratamento social de um animal.
Embora em humanos o produto das glândulas apócrinas também afete o odor corporal, seu significado social e sexual é considerado rudimentar ou inexistente.
Notas clínicas
A disfunção das glândulas sudoríparas pode levar a uma variedade de anormalidades e doenças. Por exemplo, a inflamação das glândulas sudoríparas apócrinas pode levar a doenças raras conhecidas como doença de Fox-Fordyce. Isso causa uma erupção cutânea persistente nas regiões pubianas e nas axilas, e é mais comum em mulheres. Além disso, se as glândulas écrinas ficarem exaustas devido à atividade excessiva, isso pode contribuir para a insolação. Isto, por sua vez, pode resultar em hiperpirexia, que é categorizada como um aumento extremo da temperatura corporal que pode ser potencialmente fatal.
Além disso, as glândulas sudoríparas podem estar associadas à fibrose cística. As glândulas sudoríparas écrinas geralmente reabsorvem íons sódio e cloreto através do epitélio ductal, o que faz com que o suor seja hipotônico. Este processo é controlado pelo hormônio aldosterona. No entanto, se ocorrer uma reabsorção deficiente do íon cloreto, isso pode fazer com que os pais percebam que a criança tem a pele salgada ao beijá-la. Esse reconhecimento os leva ao médico, que geralmente termina com o diagnóstico de fibrose cística. As glândulas sudoríparas de pessoas com fibrose cística parecem histologicamente normais, porém apresentam suor mais salgado devido à superprodução de sódio e cloreto. Esse problema está relacionado a uma proteína conhecida como regulador transmembrana da fibrose cística (CFTR - Cystic Fibrosis Transmembrane Conductance Regulator), que é geneticamente codificada. A fibrose cística é o resultado de um gene recessivo, o que significa que ambos os pais devem fornecer uma cópia do gene defeituoso ao filho para que a doença ocorra.
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