Dicas surpreendentes para entrares na faculdade de medicina em Portugal
Conseguir um lugar numa faculdade de medicina é um processo altamente competitivo e não é para pessoas desleixadas! A maior parte dos candidatos a faculdades de medicina têm excelentes notas, para além de serem pessoas muito completas.
Para entrar numa faculdade de medicina, deverás ter excelentes avaliações académicas e conhecer bem o processo de seleção dos candidatos para te preparares. Por vezes, simplesmente ser inteligente pode não ser suficiente. Quando te candidatares a uma faculdade de medicina, certifica-te de que conheces bem o processo e o curso. Muitos estudantes ficam surpreendidos com o plano curricular quando chegam à faculdade. Com este artigo, saberás como começar para te preparares.
- Processo de seleção
- Como preparar os exames nacionais
- O que fazer se não conseguires entrar em Medicina
- Sou Brasileiro(a) e quero estudar Medicina em Portugal
- Conclusão
- Bibliografia
Processo de seleção
Em Portugal, os cursos de medicina estão organizados na forma de mestrados integrados de 6 anos, incluindo geralmente 3 anos iniciais de licenciatura em ciências básicas da saúde. O curso de medicina em Portugal não existe em instituições privadas, sendo lecionado em 10 faculdades de medicina públicas:
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Escola de Medicina da Universidade do Minho (EMUM)
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Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP)
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Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar - Universidade do Porto (ICBAS)
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Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC)
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Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior (FCS-UBI)
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Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL)
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Faculdade de Ciências Médicas | Nova Medical School - Universidade Nova de Lisboa (FCM|NMS)
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Departamento de Ciências Biomédicas e Medicina da Universidade do Algarve (DCBM-UAlg)
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Universidade da Madeira (UM)
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Universidade dos Açores (UA)
Há algumas particularidades nos últimos três. O curso da Universidade do Algarve apenas está disponível para acesso por detentores de licenciatura. Já nas Universidades da Madeira e dos Açores, apenas é lecionado o ciclo inicial de ciências básicas da saúde; assim, no caso da Universidade da Madeira, os estudantes no 3.º ano prosseguem os seus estudos na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, enquanto que os estudantes da Universidade dos Açores passam, no 4.º ano, para a Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.
O acesso a todas estas faculdades para estudantes portugueses, à exceção do curso na Universidade do Algarve, faz-se através do concurso nacional de acesso ao ensino superior, organizado pela Direção Geral do Ensino Superior (DGES). Neste concurso, os estudantes são seriados de acordo com a sua nota de candidatura, que depende da ponderação entre a média final do ensino secundário e as classificações obtidas nas provas de ingresso específicas de cada faculdade. No caso das faculdades de medicina, as provas de ingresso têm um peso de 50% e são, para todas as faculdades:
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Biologia e Geologia
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Física e Química A
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Matemática A (a EMUM, a FMUP e o ICBAS aceitam em alternativa, como prova de ingresso, Matemática B)
A classificação mínima exigida nestes exames nacionais pelas faculdades é, na maioria dos casos, 140 (numa escala de 0 a 200), mas há faculdades que exigem notas superiores, nomeadamente a FCM|NMS (150) e a FMUL e UM (160). Assim, para calculares a tua nota de candidatura, deves fazer a média das tuas classificações nos três exames nacionais que são exigidos como prova de ingresso e multiplicar esse valor por 0,5 (correspondente ao peso de 50% atribuído às provas de ingresso). Deves também calcular a tua média final do ensino secundário e multiplicar por 0,5, somando depois ambos os valores. São selecionados para os cursos de medicina os candidatos que tiverem uma nota de candidatura mais elevada, até se preencherem todas as vagas disponíveis.
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Como preparar os exames nacionais
Os exames nacionais têm um grande peso no concurso para medicina. Vamos deixar aqui algumas dicas para a tua preparação para os exames, para teres a melhor nota possível!
Dicas gerais
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Estuda ao longo do ano letivo: Isto pode parecer óbvio, mas é provavelmente a dica mais importante. É fulcral que, durante o ensino secundário, te mantenhas a par da matéria. Lembra-te que os exame de Biologia e Geologia e Física e Química A avaliam matéria de 2 anos e o exame de Matemática A/B avalia matéria de 3 anos. Não é possível estudar tudo, sem bases, nas duas semanas entre o fim das aulas e o exame. Nesse período de 2 semanas é mais importante resolver os exames dos anos anteriores (que estão disponíveis no site do IAVE) e consolidar a teoria.
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Planeia: Não andes “ao sabor do vento”. Tenta definir um horário e objetivos a cumprir em cada dia. Ter objetivos a curto prazo é importante para te sentires recompensado. Mas, se não os conseguires cumprir, não desesperes. Às vezes isso acontece - compensas noutro dia. O importante é seres produtivo.
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Utiliza a melhor estratégia para ti: Não há fórmulas milagrosas. Ao longo do secundário, deves perceber qual é o método de estudo que funciona melhor para ti e confiar nele. Há pessoas que gostam de fazer resumos textuais, há pessoas que fazem fluxogramas, há pessoas que gostam de flashcards, etc. Cada sistema diferente tem diferentes vantagens, o que importa é o que funciona melhor para ti.
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Fica calmo: Isto é mais fácil dizer do que fazer, mas é a verdade. Se te preparaste ao longo do ano, já fizeste tudo o que podias. O exame é só uma formalidade. Lembra-te que, provavelmente, já resolveste muitos exames em casa ou na escola. A ansiedade pode toldar-te o raciocínio, por isso tenta, ao máximo, permanecer calmo e confiante nos teus conhecimentos.
Dicas para Biologia e Geologia
O exame de Biologia e Geologia consiste, geralmente, em quatro grupos, sendo dois de Biologia e dois de Geologia. Os grupos têm como base um texto científico, sendo o texto seguido de perguntas de escolha múltipla, associação, resposta curta ou longa. Este exame frequentemente exige não só um conhecimento sobre a matéria, mas também um bom domínio científico para a interpretação dos textos, porque as respostas, muitas vezes, não são diretas e implicam interpretação do texto. Assim, algumas dicas para este exame são:
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Percebe a matéria: Pode parecer óbvio, mas muitos estudantes cometem o erro de se limitarem a decorar os manuais de Biologia e Geologia. Contudo, como o exame tem uma grande componente de interpretação e aplicação dos conhecimentos a novos problemas, isto é, frequentemente, insuficiente. É importante perceber as relações entre os conceitos e as causalidades e explicações dos processos. Há quem goste de fazer mapas mentais, mas qualquer método é possível.
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Tem cuidado com o vocabulário científico e a estruturação do discurso: Podes perder pontos valiosos na resposta às questões de desenvolvimento por não utilizares um vocabulário científico adequado - por exemplo, os nomes das espécies têm de ser escritos em itálico ou sublinhados. Além disso, é importante que estrutures a resposta, porque a ausência de um tópico pode implicar a ausência dos seguintes. Muitas vezes, um dos tópicos da resposta está presente no texto do grupo. Mesmo que algo pareça óbvio e sintas que não é necessário escrever, é melhor jogar pelo seguro: escreve tudo o que seja necessário para responder à questão.
Dicas para Física e Química A
O exame de Física e Química A envolve conceitos teóricos e práticos. Assim, é importante que domines quer a teoria, quer a prática:
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Conhece as atividades laboratoriais: Um dos grupos do exame é sempre sobre uma das atividades laboratoriais que fazem parte do programa. Conhece bem os protocolos e os aspetos mais importantes destas atividades. Nas questões sobre as atividades experimentais, geralmente, é preciso ter atenção às regras dos algorismos significativos: conhece-as, para que não percas pontos por isso.
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Dá importância à teoria: A teoria é importante, não só porque muitas questões do exame são teóricas, mas também porque a teoria é a base da prática. Assim, é possível saber teoria sem saber prática, mas não é possível saber prática sem saber teoria. Resolvendo os exames dos anos anteriores, podes perceber que há matérias cuja teoria é mais vezes avaliada diretamente: deves conhecer bem essas matérias, o que não significa que não devas saber as outras.
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Pratica: Praticar é a base para conseguires resolver os exercícios práticos. Há muitos recursos à tua disposição, sendo um dos mais valiosos os exames dos anos anteriores. Quanto mais praticares, mais preparado estarás para resolver exercícios no exame. Mas o mais importante não é decorar as resoluções dos exercícios, mas sim percebê-las, para que sejas capaz de resolver exercícios em contextos novos - e para isso é importante conhecer a teoria que é a base de qualquer resolução.
Dicas para Matemática A
O exame de Matemática A engloba matéria de três anos e, além disso, muitas vezes a matéria de um ano é a base da matéria para o ano seguinte, pelo que é ainda mais importante levar um estudo contínuo. De resto, o mais importante é:
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Praticar, praticar, praticar: Quantos mais exercícios diferentes e de diferentes graus de dificuldade resolveres, mais preparado estarás. A chave é ser capaz de desconstruir o problema mentalmente nos passos que são necessários para o resolver, e isso só é possível se estiveres bem ciente de todas as particularidades que a matemática tem. Por isso é que é importante que resolvas vários exercícios, para que sejas colocado perante novas situações e, assim, percebas as diferentes formas de aplicar os conhecimentos teóricos.
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Domina a tua calculadora: Há, geralmente, pelo menos um exercício que recorre às potencialidades gráficas da calculadora gráfica, pelo que é importante que a domines, para que o consigas resolver. Mas, além disso, podes utilizar a calculadora em muitas outras situações, mesmo quando esta não é necessária, como para confirmares se a tua resposta está correta (por exemplo, se quiseres saber se duas expressões são equivalentes, podes simplesmente utilizar o menu gráfico da calculadora para desenhares os gráficos de ambas as expressões e, assim, perceberes se estes são iguais).
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Treina sem calculadora: Existindo um caderno em que a utilização da calculadora não é permitida, é muito importante que sejas capaz de manipular expressões sem recurso à calculadora. Para tal, é fulcral conhecer a teoria, não só do secundário mas também dos anos anteriores.
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Conhece os critérios gerais: Lê, no site do IAVE, os critérios gerais de avaliação, para saberes quais são os erros que geralmente levam a descontos desnecessários e como evitá-los.
O que fazer se não conseguires entrar em Medicina
A entrada nos cursos de medicina é, normalmente, muito competitiva, pelo que é preciso ter uma nota de candidatura muito elevada. Muitos estudantes não conseguem entrar à primeira. Se for o teu caso, não desesperes! Há várias opções que podes tomar:
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Melhorar as provas de ingresso: Se a tua nota de candidatura não foi suficiente, podes sempre melhorar os teus resultados nas provas de ingresso para a aumentares. Os exames nacionais apenas se realizam no final de cada ano letivo, pelo que terás invariavelmente de esperar um ano para os repetires no ano seguinte. Durante este período, deves estudar afincadamente para os exames nacionais, mas podes também aproveitar para investir em novas experiências (por exemplo, fazer voluntariado ou viajar), trabalhar a tempo parcial ou mesmo entrar num outro curso que não medicina (alguns cursos que tenham unidades curriculares semelhantes às do curso de medicina podem permitir-te obter algumas equivalências no ano seguinte, caso entres, por fim, em medicina)
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Entrar como licenciado: As faculdades de medicina têm um número limitado de vagas exclusivas para pessoas já licenciadas. O concurso de acesso para licenciados é específico de cada faculdade, pelo que podes obter mais informações no site de cada instituição.
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Fazer medicina noutro país: Se não conseguires entrar em Portugal, há sempre a possibilidade de fazer o curso noutro país. Geralmente, os países mais procurados pelos estudantes portugueses são Espanha e República Checa, mas nada te impede de te candidatares ao curso noutros países. A candidatura funcionará de modo diferente e é específica para cada país/instituição, mas também há empresas específicas que te podem ajudar no processo.
Sou Brasileiro(a) e quero estudar Medicina em Portugal
Por fim, se você é Brasileiro e quer estudar Medicina em Portugal, o processo é semelhante, mas é necessário cumprir pré-requisitos:
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Residir legalmente em Portugal há, pelo menos, 2 anos sem interrupção: deverá possuir autorização de residência, número de identificação fiscal (NIF), entre outros documentos que comprovem a residência legal há mais de 2 anos. Estes 2 anos deverão estar completos até ao dia 31 de agosto do ano letivo em que se pretende ingressar na faculdade; ou
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Solicitar o estatuto de igualdade em direitos e deveres: para solicitar este estatuto deve residir em Portugal há, pelo menos, 6 meses. O processo pode ser demorado, podendo demorar 8 meses ou até mais para obter o estatuto.
Cumprindo um dos pré-requisitos acima e tendo feito os exames nacionais exigidos, poderá candidatar-se através do concurso nacional de acesso, em igualdade com qualquer estudante português.
Nenhuma destas dicas é infalível, mas acreditamos que se as seguires estarás mais próximo do teu objetivo!
Conclusão
A entrada nos cursos de medicina é difícil, mas não impossível. É importante que conheças bem o processo de candidatura às faculdades públicas que lecionam o curso de medicina, para te preparares e saberes o que esperar logo desde o início do ensino secundário. As disciplinas de Biologia e Geologia, Física e Química A e Matemática A (ou B) são as mais importantes, porque são as provas de ingresso exigidas para entrada no curso de medicina, mas é igualmente importante ter boas classificações finais nas restantes. Assim, é fulcral que te prepares bem para os exames nacionais destas disciplinas, estudando ao longo do ano letivo. Há muitas dicas que podem funcionar, incluindo as que escrevemos neste artigo, mas não há uma fórmula secreta que seja 100% eficaz: tudo depende de ti! Por fim, não te esqueças: se não entrares em nenhuma faculdade de medicina, há outras opções que podes tentar, nomeadamente melhorar as provas de ingresso, entrar mais tarde como licenciado, ou optar por estudar medicina noutro país.
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